EstelaAndo de um lado para o outro, mas tenho a sensação de que não estou saindo do lugar. Os corredores parecem ficar cada vez mais estreitos, então o ar foge dos meus pulmões e sinto minha boca seca, mas continuo andando, sem saber para onde estou indo. Começo a me desesperar, sendo sufocada pelo medo, olhando para todos os lados enquanto as paredes se fecham mais e mais ao meu redor.Então ouço uma voz me chamando, é quase um sussurro, mas quando olho ao redor, não vejo ninguém.É quando eu paro, bem em frente a uma porta escura, viro o rosto para trás e vejo as paredes dos corredores se encontrarem, fazendo um barulho assustador. Eu não posso voltar.Minha mão encontra a maçaneta, girando e abrindo a porta pesada.Quando me acostumo com a iluminação do outro lado, o pavor me invade.Estou parada e olhando para o que está do outro lado da porta, ou melhor, quem está.É George, e ele sorri com os dentes absurdamente brancos enquanto me encara com sangue escorrendo de sua orelha.
Owen Já tem quase dois meses que só sei dormir dividindo a cama com Estela, e o pior é que isso não está me enlouquecendo, muito menos quero que ela vá embora.E, mesmo sendo um cafajeste, nunca mais consegui olhar para outra mulher.É como se só Estela existisse, ela é a única que eu desejo.Isso foi alguma praga que Chris jogou em mim, ele falava que uma hora ou outra isso aconteceria, e foi da maneira mais improvável possível.Sinto como se estivesse perdendo o controle, como se tivesse caído em um abismo sem fundo.Prometi a mim mesmo que nunca me permitiria cair nesse jogo perigoso do amor, mas então Estela apareceu e tudo mudou.Seu sorriso, sua voz, seus olhos... Ela virou meu mundo de cabeça para baixo. Agora me vejo mergulhado em um oceano de sentimentos que sempre rejeitei, e é assustador, eu admito, sinto o medo do que isso significa para mim, para nós, mesmo assim, não consigo negar a intensidade do que cresce dentro de mim, apesar de todos os meus esforços para resistir
OwenMinha cabeça dói e minhas pálpebras parecem pesar uma tonelada. Parece que fui atropelado por um trator, tamanha é a dor no meu corpo.Abro os olhos, vendo um teto emoldurado, então me sento na cama, olhando ao redor e percebendo que estou no meu antigo quarto, o que fica na casa dos meus pais.Como vim parar aqui? Então flashs começam a invadir minha mente.Estela me contando que estava grávida...Eu ficando apavorado...Eu a deixando sozinha e saindo do apartamento, parando no primeiro bar que encontrei e bebendo uma garrafa de whisky sozinho.Estela está grávida... Eu vou ser pai.Meu coração está acelerado e um frio percorre minha espinha desde que recebi a notícia.Eu, pai? A ideia me apavora mais do que consigo expressar. Nunca quis um filho, nunca me vi capaz de ser o pai que uma criança merece.Os fantasmas do passado me assombram, os mesmos erros que meu próprio pai cometeu ecoam em minha mente, me fazendo tremer de medo.Não posso ser como ele, não posso repetir os me
EstelaJá passou uma semana desde que Owen apareceu, implorando perdão e jurando que me ama.Por mais que eu desejasse acreditar nele, que eu quisesse expressar meus próprios sentimentos, sabia que ceder significaria abaixar minha guarda e permitir que ele me ferisse novamente.Ele prometeu não desistir, decidido a provar a veracidade de suas palavras.Owen demonstrou seu esforço enviando flores diariamente, acompanhadas de bilhetes de desculpas, além de todas as minhas refeições, e mesmo que eu recusasse, os entregadores persistiam, deixando os itens na minha porta.Agora, suas táticas tornaram-se mais intensas, até Evelyn, em sua visita de ontem, defendeu Owen e mencionou o quanto ele estava sofrendo sem mim.Além disso, Edward começou a insistir que estou sendo dura demais com ele, com o apoio de Nikolai. Sem falar que Ares está em um mau humor terrível, com saudades daquele idiota.Seria tão mais fácil se eu não o amasse como amo e, mesmo me esforçando para ignorar o que sinto, é
OwenA solidão se tornou um fardo pesado demais para eu carregar. Cada canto dessa casa parece ecoar com o vazio deixado pela ausência de Estela e Ares. O silêncio é ensurdecedor e cada objeto ao meu redor só serve para me lembrar do que perdi.Não consigo mais suportar a visão da cama vazia, onde costumávamos nos abraçar todas as noites, ou a cozinha, onde compartilhávamos risadas enquanto cozinhávamos juntos.Tento ocupar minha mente com qualquer distração, mas nada parece ser suficiente para preencher o vazio que ela deixou.Meus passos ecoam pelos corredores vazios e a solidão se agarra a mim como uma sombra persistente.Sinto falta dela a cada momento, cada segundo que passo longe de Estela é uma eternidade de dor e arrependimento.Sei que cometi erros, mas estou disposto a fazer o que for necessário para consertar o seu coração quebrado.Preciso que Estela me perdoe, que volte para minha vida.É por isso que decidi ficar na casa de Evelyn, mesmo com ela fazendo da minha vida um
EstelaSabe quando você sente que algo horrível acabou? É como me sinto agora.Acabou. George está preso e Mary está foragida, e eu não preciso responder por acusação alguma.A ficha ainda não caiu, porque eu sei que atirei em um homem, um que poderia ter me matado, que poderia ter me impedido de conhecer meu filho.Aconchego meu rosto no peito de Owen, ouvindo-o dizer que me ama enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto.Eu tive medo de nunca mais vê-lo, de não poder dizer mais uma vez que o amo.— Eu estou bem — digo, me afastando e limpando as lágrimas, então Evelyn corre em minha direção, me abraçando apertado.— Meu Deus, Estela! Você está bem? Olha o seu pescoço! Aquele desgraçado, devia ter atirado em algum órgão vital — bufa.— Evelyn — Owen a repreende —, estamos em uma delegacia — fala entredentes.— Meu bebê está bem? — pergunta, fazendo bico. Assinto, vendo-a se afastar quando Edward se aproxima.— Está tudo certo aqui, Estela, já podemos ir — Edward diz atrás de mim.
Owen PergattiBocejo, girando a caneta entre os dedos, ansioso para estar longe.Amo minha empresa e meu trabalho, mas não suporto reuniões, quando preciso ser simpático o tempo todo, entendo que essa é a parte chata de ser o CEO da System Tecnology, participar de tudo e me empenhar é o que a faz ser uma das maiores empresas de tecnologia do país.E saber que a fiz crescer sozinho, sem precisar apelar para o meu sobrenome, isso faz com que eu me sinta ainda mais foda.Minha vida é incrível. Difícil acreditar que o garotinho tímido, que sofria bullying no colégio e vivia à sombra do irmão mais velho, voaria tão alto. Tenho trinta anos, uma empresa de renome e tudo o que desejo em um estalar de dedos ou um apertar de botão.Olho para a mesa, me esforçando para prestar atenção enquanto o homem asiático e baixinho, com bochechas de buldogue, tenta me convencer de que lucraríamos se fechássemos com eles a distribuição de placas de rede para os nossos produtos.O assunto não era de todo ru
OwenOwen Aperto as têmporas, olhando para os prédios iluminados dentro do carro em movimento, minha cabeça está começando a doer já que minha mãe tagarelou durante todo o jantar e ainda me obrigou a deixá-la em casa antes de seguir com o motorista, não ousei argumentar, já que não estou em uma posição favorável com ela.Dei uma passada rápida no meu apartamento, tempo suficiente para tomar um banho e fugir de alguns urubus da imprensa, procurando alguma coisa para ferrar ainda mais com minha imagem.Recebi vários directs no meu instagram, perfis de fofoca querendo apurar os fatos com relação à famigerada foto e alguns xingamentos vindos de adolescentes, o que me fez rir. Eu estava decidido a não lidar com isso, deixaria com Silvya e Evelyn a contratação de uma empresa de Relações Públicas, uma que pudesse gerenciar toda essa crise e abafar o caso.Não me importava com o que falavam a meu respeito, lido bem com o rótulo de cafajeste e até gosto disso, mas também sei que isso pode me