A manhã começou mais cedo do que eu gostaria. O som distante de pássaros e o vento frio soprando pelas janelas abertas da casa velha me trouxeram de volta à realidade.
Depois daquele sonho idiota, eu não consegui dormir bem.
Eu estava nervosa. Um peso estranho de expectativas sobre mim.
Arrumei-me rapidamente, minha mente ainda presa nas lembranças confusas do encontro com Foster no dia anterior. Ele me conhecia. Mas como? E por que não falava mais sobre isso? A cidade, meus pais... tudo parecia envolto em uma loucura.
Apressada, comecei a revirar minhas roupas na mala, em busca de algo minimamente apresentável. Optei por uma blusa simples e uma calça social. Nada glamouroso como as roupas que eu tinha anteriormente, mas pelo menos parecia profissional.
Me olhei no espelho e, embora a ansiedade estivesse clara em meu rosto, eu me senti pronta. Não havia outra escolha. Precisava desse emprego.
Ao sair de casa, percebi o quanto estava atrasada e um surto de pânico tomou conta de mim.
"Merda, vou perder essa entrevista!" murmurei, acelerando o passo.
Foi quando vi um homem saindo da casa ao lado. Ele parecia estar saindo para o trabalho também, mas, ao notar minha pressa, se aproximou rapidamente.
"Ei, você está bem?" Ele perguntou, a voz calma contrastando com minha agitação.
Eu o observei por um momento, surpresa com sua presença. Era um homem jovem, com um sorriso amigável e um ar descontraído. Seus cabelos eram castanhos claros, levemente bagunçados pelo vento, e seus olhos castanhos tinham uma expressão curiosa. Ele era notavelmente bonito, e atraente.
"Eu estou atrasada," disse, tentando manter a calma enquanto procurava meu caminho. "Tenho uma entrevista no hotel, e já deveria estar lá."
Ele riu levemente, o que me irritou um pouco, mas logo continuou. "Bem, se está tão atrasada assim, talvez precise de uma carona."
"Eu não... não sei…" comecei, hesitando por um momento. Afinal, ele era um estranho.
"Relaxa, sou apenas seu vizinho. Me chamo Gabriel," disse ele, apontando para a casa ao lado. "Vi que você se mudou recentemente, e parece que precisa de ajuda. Minha carona vai te levar bem mais rápido do que você correndo por aí."
Olhei para a moto e, em seguida, para o meu relógio. Eu estava realmente sem tempo. "Ok, obrigada," respondi finalmente, tentando soar grata, mesmo que a ansiedade ainda estivesse tomando conta de mim.
Gabriel me entregou um capacete e subiu na moto. "Pode subir, Evans," disse ele com um sorriso, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
"Como você sabe meu nome?" perguntei, surpresa.
"Pequena cidade. As pessoas falam," respondeu ele com um sorriso, enquanto eu subia na moto.
O vento batia em meu rosto enquanto ele acelerava pelas ruas da cidade. Eu me agarrei à jaqueta dele, lutando para manter o equilíbrio. Embora eu estivesse nervosa pela entrevista, o instante de adrenalina me distraiu, pelo menos um pouco.
"Chegamos," disse Gabriel, parando em frente ao imponente hotel, bem a tempo. "Boa sorte lá dentro."
Desci da moto e tirei o capacete, meu coração ainda batendo rápido. "Obrigada. Eu te devo uma."
Ele acenou despreocupado. "Não se preocupe. A gente se vê por aí. Quem sabe eu te mostro a cidade qualquer dia desses."
Eu sorri de leve, tentando controlar meus nervos, antes de virar e entrar no hotel. A recepcionista estava esperando por mim, como se já soubesse exatamente quem eu era. "Você deve ser Elena Evans," disse ela, me avaliando de cima a baixo. "O tio do nosso chefe, Sr Foster me avisou sobre você."
Agradeci, um tanto desconcertada. Então Foster tinha mais influência do que eu imaginava. Ela me levou até uma sala de espera luxuosa, onde tudo exalava riqueza e sofisticação. Sentei-me, tentando acalmar meus nervos enquanto aguardava. Eu nunca tinha precisado trabalhar, essa era a minha primeira entrevista.
Foi quando ouvi passos firmes se aproximando, e, ao levantar os olhos, meu coração disparou. Na porta, estava o mesmo homem com quem tive um encontro desconfortável no dia anterior.
Isso só poderia ser brincadeira.
Ele entrou na sala com uma presença que dominava o ambiente, seus olhos azuis que eu tinha reparado anteriormente, me avaliavam com um misto de curiosidade e algo mais que eu não conseguia identificar.
Era ele: Mason Blake. O homem que apareceu na minha casa, dono do hotel e, aparentemente, o homem mais poderoso daquela cidade.
"Parece que a patricinha da cidade grande decidiu aparecer," ele disse, um sorriso frio e irônico em seus lábios.
"VOCÊ? " Rebati rapidamente, o calor subindo ao meu rosto.
Mason arqueou uma sobrancelha, claramente surpreso pela minha resposta. "Interessante," ele murmurou, aproximando-se com passos calculados.
"Para quem quer um emprego, você está muito mal-educada. Vamos ver se você tem o que é necessário para trabalhar aqui, Srta. Evans."
Eu engoli em seco, mas não deixaria que ele me intimidasse. Se ele achava que eu ia ser só mais uma garota assustada, estava muito enganado.
Senti meu corpo enrijecer ao perceber que ele não estava apenas avaliando minhas qualificações, mas também me testando de uma maneira mais profunda, quase pessoal. Havia algo em sua presença que irradiava autoridade, mas também uma arrogância que me fazia querer enfrentá-lo, mesmo sabendo que ele detinha o poder naquela sala.
"Então, você acha que está preparada para lidar com as responsabilidades aqui?" Ele perguntou, caminhando lentamente ao redor da sala, com as mãos casualmente nos bolsos do paletó perfeitamente ajustado. Seus olhos não me deixavam por um segundo, como se estivesse estudando cada movimento meu.
Eu respirei fundo, tentando manter a calma. "Sim, senhor, eu realmente preciso deste emprego."
Ele arqueou uma sobrancelha, um meio sorriso provocador surgindo em seu rosto. "Então, o que exatamente te trouxe a Brașov? Parece uma escolha curiosa para alguém como você."
Havia algo naquela frase, “alguém como você,” que me fez querer gritar. Ele não sabia nada sobre mim, e ainda assim, achava que podia me rotular com base em uma primeira impressão.
"Isso não é da sua conta," retruquei, talvez de maneira mais afiada do que deveria, mas não consegui me conter. Eu estava cansada de ser subestimada e rotulada por estranhos que mal conheciam minha história.
Mason deu um passo à frente, diminuindo a distância entre nós. Seu perfume amadeirado era quase intoxicante, e sua proximidade fez meu coração acelerar de um jeito irritante. Ele era desconcertante, em todos os sentidos possíveis. "Você tem coragem, Srta. Evans. Gostei disso. Mas aqui, no meu hotel, a coragem não será suficiente."
O tom de voz dele, grave e quase sussurrado, fez minha pele arrepiar. Por um segundo, pensei ter visto algo mais profundo por trás de sua expressão controlada — algo que ele estava escondendo, como se houvesse uma guerra interna acontecendo dentro dele.
"Eu vou provar que você está errado," declarei, com firmeza, embora minha mente estivesse uma bagunça.
Mason sorriu novamente, dessa vez com um toque de desafio.
"Estarei contando com isso, você está contratada, Elena"
Mason BlakeMinhas patas tocaram o chão com a terra ainda molhada, cada passo impulsionado pela força que só um Alfa pode sentir. O cheiro da floresta, da umidade e das folhas recém-caídas me envolve, e eu corro mais rápido, permitindo que Tornado, meu lobo, tome controle. O mundo ao nosso redor se torna um borrão verde e marrom enquanto avançamos, e eu sinto a pura liberdade que só a forma de um lobo pode me dar.Voltar à minha parte humana era sempre uma mistura de frustração e alívio. Frustração porque, como lobo, tudo é mais simples, mais claro. Alívio porque, como humano, eu controlo o poder, não o contrário. Enquanto me transformava de volta, sinto os ossos se realinham, a pele se esticar, e o lobo cede espaço para o homem. A floresta ao redor é silenciosa, respeitando o processo, como sempre faz. A dor era insuportável, mas eu já estava acostumado.A raiva borbulhava dentro de mim, após lembrar do que meu pai fez comigo. Eu era o único herdeiro homem que ele tinha, fora a mi
Elena EvansEu mal conseguia disfarçar o desprezo que sentia ao encará-lo, mas meus olhos teimavam em permanecer fixos nele, como se ele me desafiasse apenas por existir. Suas feições arrogantes e o jeito debochado com que ele me olhava faziam meu sangue ferver. Eu não acreditava que isso estava acontecendo!O pior de tudo, era que eu precisava daquele maldito emprego, sabendo que minhas economias já estavam no fim do fim.Enquanto eu aguardava sem esperar, Mason voltou até a sala passando as instruções."Uma das encarregadas irá te ajudar, você será a minha secretária, terá de revisar meus papéis, responder meus e-mails, cuidar de tudo que é importante e eu obviamente não estou afim."Ele deu três passos à frente, ficando completamente próximo a mim. Nossas respirações estavam sincronizadas e eu não pude evitar não ficar tensa. "Só mais uma coisa para eu realmente te contratar, peça desculpas por ser tão rude e mimada"Suspirei. Precisava engolir o meu orgulho.Como se ele não fosse
Elena EvansO dia amanheceu nublado, e o céu parecia refletir minha ansiedade. Era meu primeiro dia no trabalho, e o peso das expectativas parecia tão real quanto o frio que eu sentia ao sair de casa. Novamente, Gabriel me ajudou a chegar ao hotel, mas, ao me despedir dele, eu sabia que enfrentaria um dia difícil.O *The Raven’s Roost Hotel* era imponente, uma construção de elegância que parecia abraçar um ar de mistério. Ao entrar, fui recebida por uma recepcionista que me conduziu até o escritório de Mason Blake, onde começaria meu dia de trabalho.Fui seguindo o caminho que a mulher me mostrou ontem, e ao pegar o elevador, encarei meu reflexo no espelho. Tantas coisas se passavam em minha mente... Há um ano, minha vida era outra. Estava entrando na universidade, tinha um namorado que me amava, uma vida estável e maravilhosa, e tinha meus pais. Agora, eu só tinha a mim mesma.Me recompus, enxugando as lágrimas que insistiram em cair, e abri a porta do escritório. Dei de cara com Ma
Mason Blake Ter Elena por perto era intrigante. Eu tentava entender por quê. Por que meu pai colocou esse acordo estúpido? Por que eu precisaria me casar com ela? Na minha mente, era só ter um filho, já que isso era importante para ele.Nada disso entrava na minha cabeça, eu precisava de respostas. Eu não podia ficar perto dessa garota.Abri a porta da casa do ancião. Ele era um dos lobos mais antigos da região, e um bom conselheiro. Garravermelha, como era chamado, tinha uma sabedoria que os mais jovens nem conseguiam entender."Alfa." Ele se curvou com respeito. "É um prazer tê-lo aqui, meu jovem Mason.""Vim em busca de respostas." Falei de forma direta, sem rodeios. "Por que meu pai me forçou a esse acordo? Por que eu preciso me casar com uma Evans e gerar um filho? O que isso significa?"Ele me olhou com aqueles olhos amarelos penetrantes, e por um momento parecia que ele estava ponderando o que dizer. Finalmente, ele falou, sua voz grave e cheia de significado: "Eu sei o que v
Elena Evans Eu estava nervosa. Abri a porta com um barulho, mas não havia ninguém, mas pude notar, uma carta no chão. Era um vestido, que tinha chegado na caixa de correios, parecia ter sido feito sob medida para mim, como se soubesse exatamente o que eu queria ou o que eu precisava. Mas como isso era possível? Eu mal tinha começado a trabalhar como secretária de Mason Blake, e agora me via envolvida em algo que não conseguia entender.Fiquei parada diante do espelho, tentando processar o convite. Um jantar com Mason? Aquilo não fazia sentido. Não havia explicação lógica para aquele convite. Ele era meu chefe, e eu mal o conhecia. Cada pensamento que surgia só fazia o aperto no meu peito piorar.O que ele queria comigo? E aquela mensagem… Tudo parecia piorar.Mas eu não podia recusar. Não podia ser indelicada. Não com um convite dele, de Mason Blake. O homem misterioso e, de certa forma,enigmatico. E eu mal sabia por onde começar a entender aquele homem, ou o que ele queria de mim.F
Elena Evans.Observei aquela mulher sem entender o que estava acontecendo. Como eu podia estar sendo acusada? Isso era loucura."Eu não roubei nada!" declarei firme, encarando a mulher loira de meia-idade, que exalava arrogância com sua roupa luxuosa. "Eu vi você pegando a joia, mocinha!" ela acusou, com o dedo praticamente enfiado no meu rosto. Desgraçada.Meu estômago revirou. Era como se o chão estivesse se desfazendo sob os meus pés. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Mason apareceu ao meu lado, colocando-se entre mim e a mulher. "Isso é um engano, senhora. Elena é minha secretária, e não faria algo assim," disse ele, sua voz firme, mas com um tom quase despreocupado, como se tentasse abafar a situação. "Oh, então você é o advogado dela agora?" a mulher retrucou, cruzando os braços. "Pois bem, se é um engano, então ela não se importaria que verificassem seus pertences." Olhei para Mason, confusa. Seus olhos encontraram os meus por um segundo, e ele parecia...
Olhei para Mason sem acreditar no que eu estava ouvindo. A reação foi ficar parada, enquanto o encarava por trás daquelas grades. "Você realmente não tem limites, tem?" murmurei, olhando diretamente para Mason, a raiva queimando em cada palavra."Estou te oferecendo uma solução,querida," ele respondeu, calmo, como se não estivesse manipulando toda a situação."Uma solução? Você armou isso tudo, Mason! É isso ou estou louca? Porque, sinceramente, o que mais explicaria aquela joia estar no meu casaco?!"Ele suspirou, cruzando os braços. "Já disse, não importa como chegamos aqui. O que importa é como vamos resolver.""Resolver? Casando comigo? Você quer me transformar em uma peça do seu jogo sujo!" cuspi, minha voz subindo. "Eu preferia apodrecer na cadeia a aceitar algo assim."Os olhos de Mason se estreitaram, mas ele manteve a calma. "Seja racional. Se você for condenada, sua vida acaba. Isso não é um jogo, Elena. Estou te dando uma chance de escapar disso.""Escapar? Você quer que e
Elena Evans Fui levada até uma pequena sala com um telefone. Minhas mãos tremiam tanto que levei alguns segundos para conseguir segurar o aparelho e discar. Meu coração batia acelerado. Eu não sabia se aquilo era o certo a se fazer. Eu só sabia que ele era a única pessoa para quem eu podia ligar. Quando Mason atendeu, sua voz era calma, quase como se estivesse esperando por isso. "Evans, sabia que iria ligar." Fechei os olhos, sentindo o peso da humilhação me esmagar. Eu o odiava, completamente. "Eu... aceito. Aceito o seu acordo," sussurrei, minha voz carregada de dor. Houve um momento de silêncio do outro lado, e eu imaginei o sorriso triunfante que ele provavelmente tinha no rosto. "Boa escolha," ele respondeu, frio e controlado. Lágrimas silenciosas escorreram pelo meu rosto enquanto eu desligava. Eu havia vendido minha alma para o diabo e tinha plena consciência disto. De volta à cela, a porta se fechou com um estrondo, e eu senti como se o peso do mundo estives