10. Acordo com o diabo.

Elena Evans

Fui levada até uma pequena sala com um telefone. Minhas mãos tremiam tanto que levei alguns segundos para conseguir segurar o aparelho e discar. Meu coração batia acelerado.

Eu não sabia se aquilo era o certo a se fazer. Eu só sabia que ele era a única pessoa para quem eu podia ligar.

Quando Mason atendeu, sua voz era calma, quase como se estivesse esperando por isso. "Evans, sabia que iria ligar."

Fechei os olhos, sentindo o peso da humilhação me esmagar. Eu o odiava, completamente.

"Eu... aceito. Aceito o seu acordo," sussurrei, minha voz carregada de dor.

Houve um momento de silêncio do outro lado, e eu imaginei o sorriso triunfante que ele provavelmente tinha no rosto.

"Boa escolha," ele respondeu, frio e controlado.

Lágrimas silenciosas escorreram pelo meu rosto enquanto eu desligava. Eu havia vendido minha alma para o diabo e tinha plena consciência disto.

De volta à cela, a porta se fechou com um estrondo, e eu senti como se o peso do mundo estivesse pressionando meus ombros. Me joguei no banco duro, abraçando os joelhos enquanto tentava conter o desespero que ainda me consumia. Mas o nó na garganta não cedia, e a umidade das lágrimas ainda estava quente em meu rosto.

"Então, princesinha, o que você fez?"

A voz rouca e carregada de cinismo veio da mulher que dividia a cela comigo. Alta, corpulenta e cheia de tatuagens, ela tinha um sorriso que mais parecia um aviso de perigo.

"Eu não fiz nada." Minha voz saiu trêmula, mas tentei soar firme.

Ela riu, um som seco e amargo que ecoou pelas paredes frias.

"Ah, claro. Todos aqui dizem isso. Deixa eu adivinhar… roubo, né? Vocês 'santas' sempre vêm parar aqui por isso."

Olhei para ela, tentando ignorar o tom debochado. "Eu fui incriminada. Colocaram algo no meu casaco, mas eu não roubei nada."

"Claro, querida." Ela se recostou na parede, cruzando os braços. "E o que era? Alguma bijuteria barata ou algo mais sofisticado?"

"A safira azul de um leilão. Algo muito caro."

Seus olhos se arregalaram levemente, e ela me avaliou com mais interesse. "E quem foi o sortudo que te colocou nessa encrenca?"

Suspirei, hesitando por um momento antes de dizer o nome que eu preferia esquecer. "Eu não sei ao certo. Mas acho que Mason Blake."

A expressão dela mudou instantaneamente, o tom debochado desaparecendo. Ela se inclinou para frente, encarando-me como se eu tivesse acabado de dizer que conhecia o próprio diabo.

"Mason Blake?" ela repetiu, incrédula. "Você está falando do homem mais rico da cidade? Dono de metade dos negócios daqui?"

Assenti, tentando ignorar o aperto no peito.

"Menina, você está brincando com fogo." Ela balançou a cabeça, os olhos cheios de uma seriedade que me deu calafrios. "A fama desse homem não é boa. Ele não chegou onde está jogando limpo."

"Eu não escolhi isso!" protestei, minha voz subindo um tom. "Ele apareceu na minha vida e… agora estou presa aqui, sem saída."

Ela riu novamente, mas desta vez parecia mais por nervosismo do que diversão. "Se Blake tá no meio disso, você está ferrada, garota. Ele não faz nada sem um motivo."

Me afundei ainda mais no banco, sentindo como se as paredes estivessem se fechando. O pouco de controle que eu achava ter sobre a situação desmoronou completamente.

Por mais que eu odiasse admitir, a mulher tinha razão. Eu estava brincando com fogo, e agora ele queimava tudo ao meu redor.

"A família dele sempre foi esquisita," comentou a mulher, casualmente, enquanto passava a unha lascada pelo chão.

A encarei, tentando entender o que ela queria dizer com aquilo.

"Esquisita?" perguntei, arqueando uma sobrancelha.

"É. Misteriosos. O pai dele era um homem poderoso e rude. Todo mundo nessa cidade sabia quem ele era, e ninguém se metia com os Blake sem pagar o preço," disse, com um sorriso amargo, como se estivesse falando de fantasmas antigos.

Minha curiosidade aumentou. Algo naquele comentário parecia ecoar os murmúrios de advertência que eu já havia ouvido antes.

"Você mora aqui nessa cidade há muito tempo?" perguntei, estudando sua expressão envelhecida.

"Desde que nasci, patricinha. Cresci vendo gente como você passar por aqui achando que sabe de tudo. Mas o tempo ensina..."

Engoli a irritação e foquei no que importava. Eu precisava de respostas.

"Preciso saber," comecei, hesitante, mas determinada. "Você conheceu meus pais?"

A mulher soltou uma risada curta, sarcástica, mas seus olhos se estreitaram ao ouvir a pergunta.

"E quem são seus pais?"

"Minha mãe se chamava Eleonor... Eleonor Evans."

Assim que pronunciei o nome, algo mudou. Sua expressão endureceu por um breve instante. Uma sombra de reconhecimento passou por seus olhos, mas ela logo a encobriu com uma expressão neutra.

"Não conheço," respondeu friamente, mas o tom evasivo me fez desconfiar.

Antes que eu pudesse insistir, a porta da cela se abriu com um rangido. Um guarda apareceu, com a postura rígida e a voz firme.

"Evans. Seu advogado chegou."

Meu coração pulou no peito. Mason.

Me levantei, os joelhos ainda fracos, e olhei uma última vez para a mulher. Ela desviou o olhar, mas algo em sua expressão dizia que ela sabia mais do que estava disposta a compartilhar.

Caminhei até a saída, cada passo carregando o peso de minha decisão. Do lado de fora, lá estava ele: impecável, frio e no controle de tudo.

"Pronta para sair daqui?" Mason perguntou, sua voz baixa, mas carregada de intenções.

Assenti, ainda sem coragem de olhar diretamente para ele.

"Não tão rápido," ele continuou, entregando-me uma pasta com papéis. "Assine."

"Você só pode estar brincando," murmurei, minha voz quase inaudível.

"Não, Evans. Estou bem sério. Você assina o contrato agora ou volta para a cela. A escolha é sua."

O peso da pasta em minhas mãos parecia aumentar. Era como se a tinta naquele papel fosse o preço da minha liberdade, mas também da minha alma.

Eu sabia que não tinha outra escolha.

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