Elena Evans
Fui levada até uma pequena sala com um telefone. Minhas mãos tremiam tanto que levei alguns segundos para conseguir segurar o aparelho e discar. Meu coração batia acelerado. Eu não sabia se aquilo era o certo a se fazer. Eu só sabia que ele era a única pessoa para quem eu podia ligar. Quando Mason atendeu, sua voz era calma, quase como se estivesse esperando por isso. "Evans, sabia que iria ligar." Fechei os olhos, sentindo o peso da humilhação me esmagar. Eu o odiava, completamente. "Eu... aceito. Aceito o seu acordo," sussurrei, minha voz carregada de dor. Houve um momento de silêncio do outro lado, e eu imaginei o sorriso triunfante que ele provavelmente tinha no rosto. "Boa escolha," ele respondeu, frio e controlado. Lágrimas silenciosas escorreram pelo meu rosto enquanto eu desligava. Eu havia vendido minha alma para o diabo e tinha plena consciência disto. De volta à cela, a porta se fechou com um estrondo, e eu senti como se o peso do mundo estivesse pressionando meus ombros. Me joguei no banco duro, abraçando os joelhos enquanto tentava conter o desespero que ainda me consumia. Mas o nó na garganta não cedia, e a umidade das lágrimas ainda estava quente em meu rosto. "Então, princesinha, o que você fez?" A voz rouca e carregada de cinismo veio da mulher que dividia a cela comigo. Alta, corpulenta e cheia de tatuagens, ela tinha um sorriso que mais parecia um aviso de perigo. "Eu não fiz nada." Minha voz saiu trêmula, mas tentei soar firme. Ela riu, um som seco e amargo que ecoou pelas paredes frias. "Ah, claro. Todos aqui dizem isso. Deixa eu adivinhar… roubo, né? Vocês 'santas' sempre vêm parar aqui por isso." Olhei para ela, tentando ignorar o tom debochado. "Eu fui incriminada. Colocaram algo no meu casaco, mas eu não roubei nada." "Claro, querida." Ela se recostou na parede, cruzando os braços. "E o que era? Alguma bijuteria barata ou algo mais sofisticado?" "A safira azul de um leilão. Algo muito caro." Seus olhos se arregalaram levemente, e ela me avaliou com mais interesse. "E quem foi o sortudo que te colocou nessa encrenca?" Suspirei, hesitando por um momento antes de dizer o nome que eu preferia esquecer. "Eu não sei ao certo. Mas acho que Mason Blake." A expressão dela mudou instantaneamente, o tom debochado desaparecendo. Ela se inclinou para frente, encarando-me como se eu tivesse acabado de dizer que conhecia o próprio diabo. "Mason Blake?" ela repetiu, incrédula. "Você está falando do homem mais rico da cidade? Dono de metade dos negócios daqui?" Assenti, tentando ignorar o aperto no peito. "Menina, você está brincando com fogo." Ela balançou a cabeça, os olhos cheios de uma seriedade que me deu calafrios. "A fama desse homem não é boa. Ele não chegou onde está jogando limpo." "Eu não escolhi isso!" protestei, minha voz subindo um tom. "Ele apareceu na minha vida e… agora estou presa aqui, sem saída." Ela riu novamente, mas desta vez parecia mais por nervosismo do que diversão. "Se Blake tá no meio disso, você está ferrada, garota. Ele não faz nada sem um motivo." Me afundei ainda mais no banco, sentindo como se as paredes estivessem se fechando. O pouco de controle que eu achava ter sobre a situação desmoronou completamente. Por mais que eu odiasse admitir, a mulher tinha razão. Eu estava brincando com fogo, e agora ele queimava tudo ao meu redor. "A família dele sempre foi esquisita," comentou a mulher, casualmente, enquanto passava a unha lascada pelo chão. A encarei, tentando entender o que ela queria dizer com aquilo. "Esquisita?" perguntei, arqueando uma sobrancelha. "É. Misteriosos. O pai dele era um homem poderoso e rude. Todo mundo nessa cidade sabia quem ele era, e ninguém se metia com os Blake sem pagar o preço," disse, com um sorriso amargo, como se estivesse falando de fantasmas antigos. Minha curiosidade aumentou. Algo naquele comentário parecia ecoar os murmúrios de advertência que eu já havia ouvido antes. "Você mora aqui nessa cidade há muito tempo?" perguntei, estudando sua expressão envelhecida. "Desde que nasci, patricinha. Cresci vendo gente como você passar por aqui achando que sabe de tudo. Mas o tempo ensina..." Engoli a irritação e foquei no que importava. Eu precisava de respostas. "Preciso saber," comecei, hesitante, mas determinada. "Você conheceu meus pais?" A mulher soltou uma risada curta, sarcástica, mas seus olhos se estreitaram ao ouvir a pergunta. "E quem são seus pais?" "Minha mãe se chamava Eleonor... Eleonor Evans." Assim que pronunciei o nome, algo mudou. Sua expressão endureceu por um breve instante. Uma sombra de reconhecimento passou por seus olhos, mas ela logo a encobriu com uma expressão neutra. "Não conheço," respondeu friamente, mas o tom evasivo me fez desconfiar. Antes que eu pudesse insistir, a porta da cela se abriu com um rangido. Um guarda apareceu, com a postura rígida e a voz firme. "Evans. Seu advogado chegou." Meu coração pulou no peito. Mason. Me levantei, os joelhos ainda fracos, e olhei uma última vez para a mulher. Ela desviou o olhar, mas algo em sua expressão dizia que ela sabia mais do que estava disposta a compartilhar. Caminhei até a saída, cada passo carregando o peso de minha decisão. Do lado de fora, lá estava ele: impecável, frio e no controle de tudo. "Pronta para sair daqui?" Mason perguntou, sua voz baixa, mas carregada de intenções. Assenti, ainda sem coragem de olhar diretamente para ele. "Não tão rápido," ele continuou, entregando-me uma pasta com papéis. "Assine." "Você só pode estar brincando," murmurei, minha voz quase inaudível. "Não, Evans. Estou bem sério. Você assina o contrato agora ou volta para a cela. A escolha é sua." O peso da pasta em minhas mãos parecia aumentar. Era como se a tinta naquele papel fosse o preço da minha liberdade, mas também da minha alma. Eu sabia que não tinha outra escolha.Mason Blake"O que você quer em troca?" perguntei, minha voz firme enquanto observava a matriarca dos Rousseau, sentada à minha frente com aquele sorriso insuportável de satisfação."Eu fiz como você pediu, Mason. Acusei a garota de roubar o colar. Agora quero que você dê à minha família livre acesso para trabalharmos em suas terras," disse ela, sem rodeios."Somente as terras do Sul da cidade. E nada mais," respondi, mantendo o olhar fixo nela."Aceito." Ela sorriu, triunfante. "Mas me diga, por que fez isso com a garota, hein? Sabia da sua fama de pessoa má, mas não sabia que era tanto.""Isso não é da sua conta, senhora Rousseau," rebati, seco. "Tínhamos um acordo. Ele foi cumprido. Isso é o suficiente."Ela ergueu uma sobrancelha, como se quisesse me provocar, mas, felizmente, não insistiu. Apenas me lançou um último olhar inquisitivo antes de se levantar e sair do meu escritório.Acendi um charuto assim que a porta se fechou. Recostei-me na cadeira, colocando os pés sobre a mesa,
Elena Evans Mason Blake estava parado à minha frente, com uma pasta em mãos que parecia pesar uma tonelada, cheia de intenções sombrias. O sorriso de satisfação que ele ostentava me enojava, mas eu sabia que não podia fraquejar. Não agora.Eu respirei fundo, tentando silenciar o turbilhão de pensamentos que corria pela minha mente, e abri a maldita pasta. O papel dentro dela parecia gritar, cada linha carregada de implicações que condenariam minha liberdade."Dois anos," murmurei, lendo a primeira cláusula. "Precisamos ficar casados por dois anos no máximo, e eu não posso contar a ninguém sobre esse acordo."Mason cruzou os braços, o olhar fixo em mim como um predador observando sua presa."Isso é só o básico, Elena. Continue lendo," ele disse, a voz fria e controlada.Com mãos trêmulas, virei a página e me deparei com detalhes ainda mais específicos. "Manter as aparências como um casal feliz… " li em voz alta, sentindo a bile subir na garganta."Eu não sou uma atriz, Mason. Isso é r
Elena Evans O som do motor do carro de Mason rugia suavemente enquanto eu olhava pela janela, tentando ignorar a presença opressiva dele ao meu lado. Desde que ele me resgatou, ou sequestrou, ainda não tinha certeza de qual termo era mais apropriado, meu coração não havia parado de martelar contra o peito. Era uma sensação confusa, como se eu estivesse à beira de um precipício: o medo de cair se misturava a uma absurda confiança de que ele me seguraria se eu tropeçasse. Como alguém tão assustador podia me fazer sentir segura? Essa dualidade me irritava mais do que qualquer outra coisa. Tento não olhar para seu rosto, mas evitar contato visual era quase impossível."Você vai me levar para casa agora, certo?" perguntei, quebrando o silêncio tenso que preenchia o espaço entre nós.Mason não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam fixos na estrada à frente, mas percebi um pequeno sorriso no canto de seus lábios. Era um sorriso sutil, enigmático, que parecia carregar algo além de si
Elena EvansEu tentava a todo custo fechar meus olhos. Dormir parecia impossível estando ali naquela casa. Pensava em meus pais e em como a presença deles me fazia falta, era completamente inevitável não me debulhar em lágrimas.Nunca fui uma pessoa difícil de lidar, mas a todo momento, meus pais agiam como se eu fosse. Cochichavam pelos cantos, mantinham aparentes segredos, como se não pudessem confiar em sua própria filha. E agora, em um maldito acidente, eles me deixaram… Sozinha.Pelo que eu sabia, não tinham parentes. Minha mãe sempre dizia que sua família inteira faleceu em um incêndio, e meu pai… nunca foi muito de falar. Eu não sabia que segredos o sobrenome Evans herdado pela minha mãe carregava.Após me virar diversas e diversas vezes naquela cama que era confortável, confesso, eu levantei. Olhei no relógio pendurado na parede do quarto,eram duas da madrugada. Eu precisava beber água, mas estava com medo. Medo de Mason, medo desse contrato,e de tudo que essa situação repre
Mason Blake Quando ouço a porta abrir me viro para olhar quem era. Gabriel, meu beta, e seu olhar de poucos amigos. "Não quero que faça mais perguntas." digo enquanto ele se aproxima.""Eu não ia falar nada." ele levanta os braços em rendição."Estava no escritório do hotel. Tenho evitado estar em casa desde ontem, desde que aquela humana chegou, e seu cheiro completamente adocicado e provocativo não saia das minhas narinas. Eu podia senti-la, em cada canto daquela casa.E isso me deixava irritado.Uma das secretárias dá duas batidas na porta,entrando em seguida com duas xícaras de café. "Com licença, senhor Blake."ela diz colocando a bandeja na mesa e se retirando.""Toda." observo a bunda perfeitamente desenhada balançar enquanto a mulher sai."O beta me encara e em seguida dá um sorriso."Se vai mesmo seguir com esse casamento, deveria pelo menos disfarçar.""São só negócios."sussurro.""Isso é uma loucura Alfa. A nossa matilha nunca vai aceitar uma humana como nossa Luna.""El
Elena evans Só havia pensado em casamento uma única vez. Com meu primeiro namorado.Me casar com um homem que eu nem conhecia, que era extremamente cínico e maldoso não fazia parte dos meus sonhos… mas parecia que isso seria meu destino.Cruel destino. Olhando aquela janela várias possibilidades surgiam em minha mente. Eu poderia fugir? Será que eu conseguiria? Não… Mason é o dono da cidade, eu jamais conseguiria escapar daqui. E mesmo se escapasse e renunciasse a esse acordo maldito, eu seria jogada na penitenciária, transferida para um lugar com mulheres perigosas, assassinas, por quinze anos. E pior, por um crime que eu não cometi. Estava destruída. Eu me perguntava o por que eu tive de vir para essa cidade?Algumas pessoas acreditam no destino,outras em coincidências. Eu acreditava apenas na má sorte de ter perdido meus pais, e cruzado com o caminho de Mason Blake. "Use esse vestido essa noite." Haverá um jantar onde lhe apresentarei a algumas pessoas importantes como minh
A mansão onde o jantar aconteceria se erguia como um monstro adormecido nos arredores daquela cidade estranha. Senti um nó no estômago assim que o carro parou diante da construção que mais parecia um castelo antigo. Meus dedos estavam gelados quando desci do carro, a mão segurando a lateral do vestido como se fosse uma armadura frágil.Mason não me ofereceu a mão. Ele saiu do carro com a graça de alguém acostumado a ser o centro das atenções. Caminhou à minha frente, deixando-me sozinha por alguns segundos. Suspirei, endireitei os ombros e o segui.Babaca.Dentro, o salão principal era um cenário luxuoso que chegava a ser sufocante. Lustres de cristal pendiam como cascatas de gelo, e o piso de mármore refletia as luzes com um brilho frio. Os convidados estavam espalhados, vestidos em roupas caras demais para parecerem confortáveis. Eu não conhecia ninguém ali. Homens de terno preto e mulheres com vestidos lindos.Quando entramos, senti o peso dos olhares, obviamente todos focados
Elena Evans Quando fiz a pergunta para Mason, a música parou. Nossos olhares se cruzaram, e percebi que todos ao redor nos observavam. Inclusive Madeleine, a irmã de Mason, me encarava com uma expressão confusa, como se não compreendesse nada do que estava acontecendo. Para ser honesta, nem eu entendia.“Está na hora de servirem o jantar. Preciso verificar algumas coisas com Gabriel. Fique aqui. Cumprimente todos e seja gentil.” A voz dele veio num sussurro firme, quase uma ordem.Eu odiava isso.Odiava seu tom autoritário, seus olhos que pareciam querer dominar tudo ao redor, e odiava o que ele representava na minha vida.Fiquei ali, imóvel como uma estátua, esperando aquele homem voltar. A pergunta que não saía da minha mente era: como minha vida chegou a esse ponto? Eu precisei escolher entre a prisão e o casamento com um louco possessivo.Mason Blake não era uma pessoa normal. Havia algo nele, algo que eu precisava descobrir.Na verdade, não era apenas ele. As pessoas dessa cidad