09. Desespero

Olhei para Mason sem acreditar no que eu estava ouvindo. A reação foi ficar parada, enquanto o encarava por trás daquelas grades.

"Você realmente não tem limites, tem?" murmurei, olhando diretamente para Mason, a raiva queimando em cada palavra.

"Estou te oferecendo uma solução,querida," ele respondeu, calmo, como se não estivesse manipulando toda a situação.

"Uma solução? Você armou isso tudo, Mason! É isso ou estou louca? Porque, sinceramente, o que mais explicaria aquela joia estar no meu casaco?!"

Ele suspirou, cruzando os braços. "Já disse, não importa como chegamos aqui. O que importa é como vamos resolver."

"Resolver? Casando comigo? Você quer me transformar em uma peça do seu jogo sujo!" cuspi, minha voz subindo. "Eu preferia apodrecer na cadeia a aceitar algo assim."

Os olhos de Mason se estreitaram, mas ele manteve a calma. "Seja racional. Se você for condenada, sua vida acaba. Isso não é um jogo, Elena. Estou te dando uma chance de escapar disso."

"Escapar? Você quer que eu escape me vendendo para você? Você é patético, Mason Blake."

Ele deu um passo à frente, sua presença quase sufocante. "Última chance. Aceite minha ajuda e saia dessa agora, ou enfrente tudo isso sozinha. A escolha é sua."

Meu olhar encontrou o dele, cheio de desprezo e ódio. "Prefiro enfrentar. Vá embora, Mason."

Por um momento, pensei ter visto algo nos olhos dele, talvez surpresa. Mas logo sua expressão voltou àquele tom indiferente e calculado.

"Como quiser," ele disse, dando de ombros. "Mas não diga que não avisei."

Com isso, ele saiu da sala, fechando a porta com força atrás de si.

Poucos minutos depois, a porta se abriu novamente, desta vez revelando um policial com um rosto sério.

"Senhora Evans, está na hora do interrogatório," disse ele.

Levantei-me com dificuldade, minhas pernas tremendo. A sala onde fui levada era ainda mais fria e impessoal do que a anterior. Do outro lado da mesa, um homem de terno, provavelmente o advogado de acusação, me esperava com uma expressão rígida.

"Senhora Evans," começou ele, colocando alguns papéis sobre a mesa. "Preciso que entenda a gravidade da situação em que se encontra. Você está sendo acusada de roubo de uma joia avaliada em mais de dois milhões de dólares."

Engoli em seco. Dois milhões?

"Essa joia pertence à família Rousseau, uma das famílias mais influentes daqui. O peso das acusações contra você é imenso."

"Eu não roubei nada!" rebati, sentindo minha voz tremer. "Eu fui incriminada. Isso é um absurdo!"

"É o que todos dizem," ele respondeu, frio. "Mas a evidência é clara: a joia foi encontrada em sua posse, e temos testemunhas que afirmam tê-la visto próxima ao item antes do roubo."

Eu tremi. As palavras dele pareciam pregos sendo martelados em um caixão.

"Se for condenada, está ciente de que pode pegar até quinze anos de prisão, certo?" continuou ele, impassível.

"Quinze anos?" sussurrei, sentindo meu mundo desabar.

"Isso é o mínimo," ele disse. "Além disso, a família Rousseau pretende levar o caso ao extremo, considerando o valor sentimental da peça. Eles querem um exemplo."

Senti meu estômago revirar. Não era só dinheiro. Era status, influência. Pessoas como eles nunca perdiam.

"Por favor, eu... eu não fiz isso," tentei mais uma vez, mas o homem sequer piscou.

"Tem algo mais a acrescentar, ou podemos seguir para a próxima etapa?"

Meus olhos ardiam, mas eu balancei a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa. Estava perdida.

"Voltaremos com a sentença preliminar amanhã de manhã," ele finalizou, levantando-se e ajeitando os papéis.

Quando saí daquela sala, sentia-me uma sombra de quem eu era. Mason estava certo. Eu não tinha saída.

Agora era só uma questão de tempo até o pesadelo se tornar realidade.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu não sabia o que fazer, meu corpo doía, eu soluçava.

Quinze anos. Dois milhões de dólares.

A frase ecoava na minha cabeça como um martelo, golpeando sem piedade. Era impossível de processar. Quinze anos de prisão por algo que eu não fiz.

"Eu não posso..." sussurrei, minha voz engasgada, quebrada. "Eu não posso pegar quinze anos..."

Minha mente voltou àquela mensagem anônima: "Tome cuidado com Mason Blake."

Por quê? Por que ele faria isso comigo? O que ele ganharia? Mason já tinha dinheiro, poder. Então por que me destruir?

Eram tantas perguntas sem respostas que minha cabeça parecia prestes a explodir.

Meus joelhos fraquejaram, e eu caí no chão frio e sujo daquela cela, incapaz de me segurar. A sujeira grudava na minha pele, mas eu não me importava. Minhas mãos tremiam, meus soluços eram altos e incontroláveis. As lágrimas escorriam pelo meu rosto em torrentes, misturando-se com o gosto amargo da derrota.

"Por quê?" gritei, a voz rouca, olhando para o teto, como se esperasse que Deus me respondesse. "Por que isso está acontecendo comigo?!"

Mas não havia resposta. Apenas o eco das minhas palavras, devolvido pelas paredes frias daquela cela.

Eu não conseguia pensar. Estava à beira de um colapso. Eu não ia aguentar. Não naquele lugar, não com aquela acusação pendendo sobre minha cabeça.

Foi então que ouvi o barulho de passos. A porta da cela se abriu com um rangido metálico, e uma mulher entrou. Ela era grande, de cabelos desgrenhados e tatuagens por toda parte. Seus olhos eram duros, frios, e havia algo em sua presença que fazia meu coração disparar.

"Ótimo," ela murmurou, jogando um olhar desdenhoso para mim. "Me colocam com uma princesinha chorona."

Ela atirou uma sacola velha no canto da cela e se jogou na cama superior, me ignorando completamente.

Minha garganta secou. Aquilo era demais. Era o inferno.

A ideia de passar mais uma hora, mais um minuto ali, era insuportável. Senti o desespero crescer como uma onda avassaladora.

Eu precisava sair.

Levantando-me com dificuldade, fui até a porta da cela e bati com força. "Eu quero meu direito a uma ligação! Agora!" gritei, minha voz quase histérica.

Nada. Nenhuma resposta.

Continuei batendo, sem parar. "Por favor! Eu preciso falar com alguém!"

"Acho melhor calar a boca patricinha. Antes que eu me irritei com você." A mulher falou."

Depois do que pareceu uma eternidade, um guarda apareceu. "O que foi agora?" ele perguntou, irritado.

"Minha ligação," exigi, tentando manter a compostura, embora minha voz ainda tremesse. "Eu tenho direito a uma ligação. Quero fazer agora."

Ele bufou, mas abriu a cela. "Vamos. Mas é só uma ligação. Use bem."

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