Olhei para Mason sem acreditar no que eu estava ouvindo. A reação foi ficar parada, enquanto o encarava por trás daquelas grades.
"Você realmente não tem limites, tem?" murmurei, olhando diretamente para Mason, a raiva queimando em cada palavra. "Estou te oferecendo uma solução,querida," ele respondeu, calmo, como se não estivesse manipulando toda a situação. "Uma solução? Você armou isso tudo, Mason! É isso ou estou louca? Porque, sinceramente, o que mais explicaria aquela joia estar no meu casaco?!" Ele suspirou, cruzando os braços. "Já disse, não importa como chegamos aqui. O que importa é como vamos resolver." "Resolver? Casando comigo? Você quer me transformar em uma peça do seu jogo sujo!" cuspi, minha voz subindo. "Eu preferia apodrecer na cadeia a aceitar algo assim." Os olhos de Mason se estreitaram, mas ele manteve a calma. "Seja racional. Se você for condenada, sua vida acaba. Isso não é um jogo, Elena. Estou te dando uma chance de escapar disso." "Escapar? Você quer que eu escape me vendendo para você? Você é patético, Mason Blake." Ele deu um passo à frente, sua presença quase sufocante. "Última chance. Aceite minha ajuda e saia dessa agora, ou enfrente tudo isso sozinha. A escolha é sua." Meu olhar encontrou o dele, cheio de desprezo e ódio. "Prefiro enfrentar. Vá embora, Mason." Por um momento, pensei ter visto algo nos olhos dele, talvez surpresa. Mas logo sua expressão voltou àquele tom indiferente e calculado. "Como quiser," ele disse, dando de ombros. "Mas não diga que não avisei." Com isso, ele saiu da sala, fechando a porta com força atrás de si. Poucos minutos depois, a porta se abriu novamente, desta vez revelando um policial com um rosto sério. "Senhora Evans, está na hora do interrogatório," disse ele. Levantei-me com dificuldade, minhas pernas tremendo. A sala onde fui levada era ainda mais fria e impessoal do que a anterior. Do outro lado da mesa, um homem de terno, provavelmente o advogado de acusação, me esperava com uma expressão rígida. "Senhora Evans," começou ele, colocando alguns papéis sobre a mesa. "Preciso que entenda a gravidade da situação em que se encontra. Você está sendo acusada de roubo de uma joia avaliada em mais de dois milhões de dólares." Engoli em seco. Dois milhões? "Essa joia pertence à família Rousseau, uma das famílias mais influentes daqui. O peso das acusações contra você é imenso." "Eu não roubei nada!" rebati, sentindo minha voz tremer. "Eu fui incriminada. Isso é um absurdo!" "É o que todos dizem," ele respondeu, frio. "Mas a evidência é clara: a joia foi encontrada em sua posse, e temos testemunhas que afirmam tê-la visto próxima ao item antes do roubo." Eu tremi. As palavras dele pareciam pregos sendo martelados em um caixão. "Se for condenada, está ciente de que pode pegar até quinze anos de prisão, certo?" continuou ele, impassível. "Quinze anos?" sussurrei, sentindo meu mundo desabar. "Isso é o mínimo," ele disse. "Além disso, a família Rousseau pretende levar o caso ao extremo, considerando o valor sentimental da peça. Eles querem um exemplo." Senti meu estômago revirar. Não era só dinheiro. Era status, influência. Pessoas como eles nunca perdiam. "Por favor, eu... eu não fiz isso," tentei mais uma vez, mas o homem sequer piscou. "Tem algo mais a acrescentar, ou podemos seguir para a próxima etapa?" Meus olhos ardiam, mas eu balancei a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa. Estava perdida. "Voltaremos com a sentença preliminar amanhã de manhã," ele finalizou, levantando-se e ajeitando os papéis. Quando saí daquela sala, sentia-me uma sombra de quem eu era. Mason estava certo. Eu não tinha saída. Agora era só uma questão de tempo até o pesadelo se tornar realidade. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu não sabia o que fazer, meu corpo doía, eu soluçava. Quinze anos. Dois milhões de dólares. A frase ecoava na minha cabeça como um martelo, golpeando sem piedade. Era impossível de processar. Quinze anos de prisão por algo que eu não fiz. "Eu não posso..." sussurrei, minha voz engasgada, quebrada. "Eu não posso pegar quinze anos..." Minha mente voltou àquela mensagem anônima: "Tome cuidado com Mason Blake." Por quê? Por que ele faria isso comigo? O que ele ganharia? Mason já tinha dinheiro, poder. Então por que me destruir? Eram tantas perguntas sem respostas que minha cabeça parecia prestes a explodir. Meus joelhos fraquejaram, e eu caí no chão frio e sujo daquela cela, incapaz de me segurar. A sujeira grudava na minha pele, mas eu não me importava. Minhas mãos tremiam, meus soluços eram altos e incontroláveis. As lágrimas escorriam pelo meu rosto em torrentes, misturando-se com o gosto amargo da derrota. "Por quê?" gritei, a voz rouca, olhando para o teto, como se esperasse que Deus me respondesse. "Por que isso está acontecendo comigo?!" Mas não havia resposta. Apenas o eco das minhas palavras, devolvido pelas paredes frias daquela cela. Eu não conseguia pensar. Estava à beira de um colapso. Eu não ia aguentar. Não naquele lugar, não com aquela acusação pendendo sobre minha cabeça. Foi então que ouvi o barulho de passos. A porta da cela se abriu com um rangido metálico, e uma mulher entrou. Ela era grande, de cabelos desgrenhados e tatuagens por toda parte. Seus olhos eram duros, frios, e havia algo em sua presença que fazia meu coração disparar. "Ótimo," ela murmurou, jogando um olhar desdenhoso para mim. "Me colocam com uma princesinha chorona." Ela atirou uma sacola velha no canto da cela e se jogou na cama superior, me ignorando completamente. Minha garganta secou. Aquilo era demais. Era o inferno. A ideia de passar mais uma hora, mais um minuto ali, era insuportável. Senti o desespero crescer como uma onda avassaladora. Eu precisava sair. Levantando-me com dificuldade, fui até a porta da cela e bati com força. "Eu quero meu direito a uma ligação! Agora!" gritei, minha voz quase histérica. Nada. Nenhuma resposta. Continuei batendo, sem parar. "Por favor! Eu preciso falar com alguém!" "Acho melhor calar a boca patricinha. Antes que eu me irritei com você." A mulher falou." Depois do que pareceu uma eternidade, um guarda apareceu. "O que foi agora?" ele perguntou, irritado. "Minha ligação," exigi, tentando manter a compostura, embora minha voz ainda tremesse. "Eu tenho direito a uma ligação. Quero fazer agora." Ele bufou, mas abriu a cela. "Vamos. Mas é só uma ligação. Use bem."Elena Evans Fui levada até uma pequena sala com um telefone. Minhas mãos tremiam tanto que levei alguns segundos para conseguir segurar o aparelho e discar. Meu coração batia acelerado. Eu não sabia se aquilo era o certo a se fazer. Eu só sabia que ele era a única pessoa para quem eu podia ligar. Quando Mason atendeu, sua voz era calma, quase como se estivesse esperando por isso. "Evans, sabia que iria ligar." Fechei os olhos, sentindo o peso da humilhação me esmagar. Eu o odiava, completamente. "Eu... aceito. Aceito o seu acordo," sussurrei, minha voz carregada de dor. Houve um momento de silêncio do outro lado, e eu imaginei o sorriso triunfante que ele provavelmente tinha no rosto. "Boa escolha," ele respondeu, frio e controlado. Lágrimas silenciosas escorreram pelo meu rosto enquanto eu desligava. Eu havia vendido minha alma para o diabo e tinha plena consciência disto. De volta à cela, a porta se fechou com um estrondo, e eu senti como se o peso do mundo estives
Mason Blake"O que você quer em troca?" perguntei, minha voz firme enquanto observava a matriarca dos Rousseau, sentada à minha frente com aquele sorriso insuportável de satisfação."Eu fiz como você pediu, Mason. Acusei a garota de roubar o colar. Agora quero que você dê à minha família livre acesso para trabalharmos em suas terras," disse ela, sem rodeios."Somente as terras do Sul da cidade. E nada mais," respondi, mantendo o olhar fixo nela."Aceito." Ela sorriu, triunfante. "Mas me diga, por que fez isso com a garota, hein? Sabia da sua fama de pessoa má, mas não sabia que era tanto.""Isso não é da sua conta, senhora Rousseau," rebati, seco. "Tínhamos um acordo. Ele foi cumprido. Isso é o suficiente."Ela ergueu uma sobrancelha, como se quisesse me provocar, mas, felizmente, não insistiu. Apenas me lançou um último olhar inquisitivo antes de se levantar e sair do meu escritório.Acendi um charuto assim que a porta se fechou. Recostei-me na cadeira, colocando os pés sobre a mesa,
Elena Evans Mason Blake estava parado à minha frente, com uma pasta em mãos que parecia pesar uma tonelada, cheia de intenções sombrias. O sorriso de satisfação que ele ostentava me enojava, mas eu sabia que não podia fraquejar. Não agora.Eu respirei fundo, tentando silenciar o turbilhão de pensamentos que corria pela minha mente, e abri a maldita pasta. O papel dentro dela parecia gritar, cada linha carregada de implicações que condenariam minha liberdade."Dois anos," murmurei, lendo a primeira cláusula. "Precisamos ficar casados por dois anos no máximo, e eu não posso contar a ninguém sobre esse acordo."Mason cruzou os braços, o olhar fixo em mim como um predador observando sua presa."Isso é só o básico, Elena. Continue lendo," ele disse, a voz fria e controlada.Com mãos trêmulas, virei a página e me deparei com detalhes ainda mais específicos. "Manter as aparências como um casal feliz… " li em voz alta, sentindo a bile subir na garganta."Eu não sou uma atriz, Mason. Isso é r
Elena Evans O som do motor do carro de Mason rugia suavemente enquanto eu olhava pela janela, tentando ignorar a presença opressiva dele ao meu lado. Desde que ele me resgatou, ou sequestrou, ainda não tinha certeza de qual termo era mais apropriado, meu coração não havia parado de martelar contra o peito. Era uma sensação confusa, como se eu estivesse à beira de um precipício: o medo de cair se misturava a uma absurda confiança de que ele me seguraria se eu tropeçasse. Como alguém tão assustador podia me fazer sentir segura? Essa dualidade me irritava mais do que qualquer outra coisa. Tento não olhar para seu rosto, mas evitar contato visual era quase impossível."Você vai me levar para casa agora, certo?" perguntei, quebrando o silêncio tenso que preenchia o espaço entre nós.Mason não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam fixos na estrada à frente, mas percebi um pequeno sorriso no canto de seus lábios. Era um sorriso sutil, enigmático, que parecia carregar algo além de si
Elena EvansEu tentava a todo custo fechar meus olhos. Dormir parecia impossível estando ali naquela casa. Pensava em meus pais e em como a presença deles me fazia falta, era completamente inevitável não me debulhar em lágrimas.Nunca fui uma pessoa difícil de lidar, mas a todo momento, meus pais agiam como se eu fosse. Cochichavam pelos cantos, mantinham aparentes segredos, como se não pudessem confiar em sua própria filha. E agora, em um maldito acidente, eles me deixaram… Sozinha.Pelo que eu sabia, não tinham parentes. Minha mãe sempre dizia que sua família inteira faleceu em um incêndio, e meu pai… nunca foi muito de falar. Eu não sabia que segredos o sobrenome Evans herdado pela minha mãe carregava.Após me virar diversas e diversas vezes naquela cama que era confortável, confesso, eu levantei. Olhei no relógio pendurado na parede do quarto,eram duas da madrugada. Eu precisava beber água, mas estava com medo. Medo de Mason, medo desse contrato,e de tudo que essa situação repre
Mason Blake Quando ouço a porta abrir me viro para olhar quem era. Gabriel, meu beta, e seu olhar de poucos amigos. "Não quero que faça mais perguntas." digo enquanto ele se aproxima.""Eu não ia falar nada." ele levanta os braços em rendição."Estava no escritório do hotel. Tenho evitado estar em casa desde ontem, desde que aquela humana chegou, e seu cheiro completamente adocicado e provocativo não saia das minhas narinas. Eu podia senti-la, em cada canto daquela casa.E isso me deixava irritado.Uma das secretárias dá duas batidas na porta,entrando em seguida com duas xícaras de café. "Com licença, senhor Blake."ela diz colocando a bandeja na mesa e se retirando.""Toda." observo a bunda perfeitamente desenhada balançar enquanto a mulher sai."O beta me encara e em seguida dá um sorriso."Se vai mesmo seguir com esse casamento, deveria pelo menos disfarçar.""São só negócios."sussurro.""Isso é uma loucura Alfa. A nossa matilha nunca vai aceitar uma humana como nossa Luna.""El
Elena evans Só havia pensado em casamento uma única vez. Com meu primeiro namorado.Me casar com um homem que eu nem conhecia, que era extremamente cínico e maldoso não fazia parte dos meus sonhos… mas parecia que isso seria meu destino.Cruel destino. Olhando aquela janela várias possibilidades surgiam em minha mente. Eu poderia fugir? Será que eu conseguiria? Não… Mason é o dono da cidade, eu jamais conseguiria escapar daqui. E mesmo se escapasse e renunciasse a esse acordo maldito, eu seria jogada na penitenciária, transferida para um lugar com mulheres perigosas, assassinas, por quinze anos. E pior, por um crime que eu não cometi. Estava destruída. Eu me perguntava o por que eu tive de vir para essa cidade?Algumas pessoas acreditam no destino,outras em coincidências. Eu acreditava apenas na má sorte de ter perdido meus pais, e cruzado com o caminho de Mason Blake. "Use esse vestido essa noite." Haverá um jantar onde lhe apresentarei a algumas pessoas importantes como minh
A mansão onde o jantar aconteceria se erguia como um monstro adormecido nos arredores daquela cidade estranha. Senti um nó no estômago assim que o carro parou diante da construção que mais parecia um castelo antigo. Meus dedos estavam gelados quando desci do carro, a mão segurando a lateral do vestido como se fosse uma armadura frágil.Mason não me ofereceu a mão. Ele saiu do carro com a graça de alguém acostumado a ser o centro das atenções. Caminhou à minha frente, deixando-me sozinha por alguns segundos. Suspirei, endireitei os ombros e o segui.Babaca.Dentro, o salão principal era um cenário luxuoso que chegava a ser sufocante. Lustres de cristal pendiam como cascatas de gelo, e o piso de mármore refletia as luzes com um brilho frio. Os convidados estavam espalhados, vestidos em roupas caras demais para parecerem confortáveis. Eu não conhecia ninguém ali. Homens de terno preto e mulheres com vestidos lindos.Quando entramos, senti o peso dos olhares, obviamente todos focados