Elena Evans
O som dos pneus esmagando o cascalho foi a única coisa que quebrou o silêncio enquanto o táxi parava em frente a uma casa antiga e esquecida no fim de uma rua estreita. Paguei ao motorista e desci com as malas nas mãos, o vento frio da Transilvânia me envolvia como uma lembrança de que aquele lugar não era Nova York. Infelizmente. Brașov era no fim do mundo.
Olhei para a casa. Suja, coberta de teias de aranha, parecia que ninguém tinha posto os pés ali em décadas. Essa era a minha nova vida. Um novo começo, mas de um jeito que eu nunca imaginaria. Com os bolsos vazios e uma vida destruída, meus pais haviam falecido em um acidente e tudo o que me restava era apenas esse lugar e algumas economias.
Suspirei e empurrei a porta, sentindo uma estranha resistência. O ar dentro da casa era denso, como se as paredes guardassem segredos que preferiam permanecer enterrados. Joguei minhas malas no chão, tentando ignorar o vazio dentro de mim.
Logo que coloquei o pé na varanda, um movimento no canto da rua chamou minha atenção. Um homem caminhava em minha direção. Alto, imponente, com o tipo de confiança que exalava perigo. Seus olhos, de um azul profundo, se fixaram em mim como se estivesse me estudando. O jeito que ele andava era calculado.
"Você é a nova inquilina?" A voz dele era grossa, carregada de uma arrogância que me fez sentir ainda mais pequena.
"Elena Evans," respondi, tentando ignorar o tom rude. "E quem é você?"
Ele sorriu, mas não de um jeito amigável. "Mason Blake."
"Olha," continuei, tentando parecer corajosa, "Se você veio me dar as boas-vindas, poderia começar sendo um pouco mais educado."
Ele soltou uma risada baixa, novamente,que soou mais como um rosnado.
Mason deu um passo mais perto, o suficiente para eu sentir a intensidade de sua presença. Ele inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse tentando decidir se eu era uma ameaça ou uma presa.
"Quer um conselho?" Ele abaixou a voz, agora quase um sussurro. "Esse lugar não é para uma patricinha como você"
"Quem você acha que é? " Falei irritada."
"Eu mando nessa cidade."
Ele não falou mais nada, e saiu. Meus olhos acompanharam ele saindo e meu coração bateu mais forte. O que ele tinha de bonito, tinha de estúpido.
Ótimo! Bela maneira de começar em um lugar novo.
Com um número de telefone rabiscado em um pedaço de papel amassado, eu caminhei pelas ruas de Brașov à procura do Sr. Foster. Era a única referência que eu tinha para conseguir um emprego na cidade. O advogado que cuidou do testamento dos meus pais mencionou que ele era uma espécie de “resolve-tudo” por aqui. Se havia trabalho a ser feito, ele saberia onde encontrar.
Enquanto eu caminhava, o vento gelado me envolvia, e a sensação de estar sendo observada era constante. As ruas estreitas, com seus edifícios antigos de pedra e janelas fechadas, pareciam saídas de outra era. As pessoas que cruzavam meu caminho olhavam para mim de maneira peculiar. Gente esquisita.
Continuei andando, tentando ignorar as sensações estranhas e focar no objetivo: encontrar o velho que ia me dar um emprego.
Finalmente, avistei uma construção maior, um tanto isolada. O letreiro antigo e descascado indicava que era ali. Uma pequena loja, com uma fachada que, assim como o resto da cidade, parecia ter parado no tempo. O nome "Foster" estava gravado na porta de madeira escura.
Empurrei a porta, que rangeu com um som agudo, e entrei. O ar dentro da loja era espesso e denso, como se o tempo ali passasse mais devagar. Um homem estava atrás do balcão, polindo um relógio antigo. Ele levantou os olhos e me encarou.
“Você deve ser Elena Evans,” disse ele sem preâmbulos, como se já soubesse quem eu era.
“Sim,” respondi, surpresa. “Estou procurando um emprego. Disseram que o senhor poderia me ajudar.”
O homem, que eu presumi ser o Sr. Foster, assentiu levemente. Ele era baixo e corpulento, com uma barba espessa e um olhar astuto.
“Trabalho sempre tem,” ele disse calmamente, enquanto voltava a polir o relógio. “Mas aqui, não é fácil. Tem certeza de que está pronta para o que essa cidade tem a oferecer?”
Suas palavras me causaram um calafrio, e a sensação de que algo estava muito errado aqui só aumentava. “Eu só preciso de um emprego. Para me sustentar,” respondi, tentando manter a calma.
Ele fez uma pausa antes de responder, como se estivesse ponderando algo maior. “Muito bem. Tenho alguns contatos. Vá ao hotel no centro da cidade. E você é idêntica a sua mãe."
Eu sorri sem entender, como ele sabia quem era a minha mãe?
Bom,cidade pequena, tanto faz.
Apenas agradeci, peguei o papel com o endereço e me apressei para sair. Enquanto caminhava para o hotel, o desconforto que sentia desde que cheguei a esse lugar parecia aumentar a cada passo. As ruas se tornavam mais estreitas e as sombras mais longas, mesmo que o sol ainda estivesse no céu.
Pessoas passavam por mim murmurando entre si, e alguns sussurravam palavras que não conseguia entender. Uma mulher mais velha, com um lenço escuro na cabeça, me fitou diretamente, seus olhos eram profundos e vazios.
Eu me pergunto o que meus pais faziam nesse lugar.
Apressei o passo, ignorando as batidas aceleradas do meu coração, e finalmente cheguei ao hotel. Era um prédio grande e luxuoso.
Entrei no saguão e me aproximei da recepção. O homem atrás do balcão me olhou de cima a baixo, como se já soubesse quem eu era, mas não disse nada além de um seco “Preencha este formulário,e amanhã esteja aqui as sete da manhã.”
Todo mundo aqui era mal-educado??
Foda-se o importante é que consegui a entrevista.
Quando voltei para casa mais tarde naquela noite, exausta, deitei na cama dura e, finalmente, me permiti relaxar um pouco. Mas o sono não veio fácil, e amanhã eu precisava limpar todo esse lixo.
Quando finalmente adormeci, fui arrastada para um sonho estranho e perturbador.
Eu estava em uma floresta densa, envolta por uma névoa que parecia viva. A cada passo que eu dava, ouvia sussurros, como se a própria natureza estivesse falando comigo. As árvores se inclinavam em minha direção, e havia sombras que se moviam entre os troncos.
De repente, uma presença forte se aproximou de mim. Um lobo enorme, com olhos penetrantes e cheios de sabedoria, surgiu das sombras.
O lobo então começou a rosnar baixo, e logo, outros lobos apareceram ao seu redor, formando um círculo ao meu redor. Eu tentei correr, mas meus pés pareciam presos ao chão. A sensação de desespero tomou conta de mim.
Eu acordei com um sobressalto, suando frio, o coração batendo descontrolado. Olhei em volta, mas estava sozinha no quarto.
Mas que porra era essa?
A manhã começou mais cedo do que eu gostaria. O som distante de pássaros e o vento frio soprando pelas janelas abertas da casa velha me trouxeram de volta à realidade.Depois daquele sonho idiota, eu não consegui dormir bem. Eu estava nervosa. Um peso estranho de expectativas sobre mim.Arrumei-me rapidamente, minha mente ainda presa nas lembranças confusas do encontro com Foster no dia anterior. Ele me conhecia. Mas como? E por que não falava mais sobre isso? A cidade, meus pais... tudo parecia envolto em uma loucura. Apressada, comecei a revirar minhas roupas na mala, em busca de algo minimamente apresentável. Optei por uma blusa simples e uma calça social. Nada glamouroso como as roupas que eu tinha anteriormente, mas pelo menos parecia profissional. Me olhei no espelho e, embora a ansiedade estivesse clara em meu rosto, eu me senti pronta. Não havia outra escolha. Precisava desse emprego.Ao sair de casa, percebi o quanto estava atrasada e um surto de pânico tomou conta de mim.
Mason BlakeMinhas patas tocaram o chão com a terra ainda molhada, cada passo impulsionado pela força que só um Alfa pode sentir. O cheiro da floresta, da umidade e das folhas recém-caídas me envolve, e eu corro mais rápido, permitindo que Tornado, meu lobo, tome controle. O mundo ao nosso redor se torna um borrão verde e marrom enquanto avançamos, e eu sinto a pura liberdade que só a forma de um lobo pode me dar.Voltar à minha parte humana era sempre uma mistura de frustração e alívio. Frustração porque, como lobo, tudo é mais simples, mais claro. Alívio porque, como humano, eu controlo o poder, não o contrário. Enquanto me transformava de volta, sinto os ossos se realinham, a pele se esticar, e o lobo cede espaço para o homem. A floresta ao redor é silenciosa, respeitando o processo, como sempre faz. A dor era insuportável, mas eu já estava acostumado.A raiva borbulhava dentro de mim, após lembrar do que meu pai fez comigo. Eu era o único herdeiro homem que ele tinha, fora a mi
Elena EvansEu mal conseguia disfarçar o desprezo que sentia ao encará-lo, mas meus olhos teimavam em permanecer fixos nele, como se ele me desafiasse apenas por existir. Suas feições arrogantes e o jeito debochado com que ele me olhava faziam meu sangue ferver. Eu não acreditava que isso estava acontecendo!O pior de tudo, era que eu precisava daquele maldito emprego, sabendo que minhas economias já estavam no fim do fim.Enquanto eu aguardava sem esperar, Mason voltou até a sala passando as instruções."Uma das encarregadas irá te ajudar, você será a minha secretária, terá de revisar meus papéis, responder meus e-mails, cuidar de tudo que é importante e eu obviamente não estou afim."Ele deu três passos à frente, ficando completamente próximo a mim. Nossas respirações estavam sincronizadas e eu não pude evitar não ficar tensa. "Só mais uma coisa para eu realmente te contratar, peça desculpas por ser tão rude e mimada"Suspirei. Precisava engolir o meu orgulho.Como se ele não fosse
Elena EvansO dia amanheceu nublado, e o céu parecia refletir minha ansiedade. Era meu primeiro dia no trabalho, e o peso das expectativas parecia tão real quanto o frio que eu sentia ao sair de casa. Novamente, Gabriel me ajudou a chegar ao hotel, mas, ao me despedir dele, eu sabia que enfrentaria um dia difícil.O *The Raven’s Roost Hotel* era imponente, uma construção de elegância que parecia abraçar um ar de mistério. Ao entrar, fui recebida por uma recepcionista que me conduziu até o escritório de Mason Blake, onde começaria meu dia de trabalho.Fui seguindo o caminho que a mulher me mostrou ontem, e ao pegar o elevador, encarei meu reflexo no espelho. Tantas coisas se passavam em minha mente... Há um ano, minha vida era outra. Estava entrando na universidade, tinha um namorado que me amava, uma vida estável e maravilhosa, e tinha meus pais. Agora, eu só tinha a mim mesma.Me recompus, enxugando as lágrimas que insistiram em cair, e abri a porta do escritório. Dei de cara com Ma
Mason Blake Ter Elena por perto era intrigante. Eu tentava entender por quê. Por que meu pai colocou esse acordo estúpido? Por que eu precisaria me casar com ela? Na minha mente, era só ter um filho, já que isso era importante para ele.Nada disso entrava na minha cabeça, eu precisava de respostas. Eu não podia ficar perto dessa garota.Abri a porta da casa do ancião. Ele era um dos lobos mais antigos da região, e um bom conselheiro. Garravermelha, como era chamado, tinha uma sabedoria que os mais jovens nem conseguiam entender."Alfa." Ele se curvou com respeito. "É um prazer tê-lo aqui, meu jovem Mason.""Vim em busca de respostas." Falei de forma direta, sem rodeios. "Por que meu pai me forçou a esse acordo? Por que eu preciso me casar com uma Evans e gerar um filho? O que isso significa?"Ele me olhou com aqueles olhos amarelos penetrantes, e por um momento parecia que ele estava ponderando o que dizer. Finalmente, ele falou, sua voz grave e cheia de significado: "Eu sei o que v
Elena Evans Eu estava nervosa. Abri a porta com um barulho, mas não havia ninguém, mas pude notar, uma carta no chão. Era um vestido, que tinha chegado na caixa de correios, parecia ter sido feito sob medida para mim, como se soubesse exatamente o que eu queria ou o que eu precisava. Mas como isso era possível? Eu mal tinha começado a trabalhar como secretária de Mason Blake, e agora me via envolvida em algo que não conseguia entender.Fiquei parada diante do espelho, tentando processar o convite. Um jantar com Mason? Aquilo não fazia sentido. Não havia explicação lógica para aquele convite. Ele era meu chefe, e eu mal o conhecia. Cada pensamento que surgia só fazia o aperto no meu peito piorar.O que ele queria comigo? E aquela mensagem… Tudo parecia piorar.Mas eu não podia recusar. Não podia ser indelicada. Não com um convite dele, de Mason Blake. O homem misterioso e, de certa forma,enigmatico. E eu mal sabia por onde começar a entender aquele homem, ou o que ele queria de mim.F
Elena Evans.Observei aquela mulher sem entender o que estava acontecendo. Como eu podia estar sendo acusada? Isso era loucura."Eu não roubei nada!" declarei firme, encarando a mulher loira de meia-idade, que exalava arrogância com sua roupa luxuosa. "Eu vi você pegando a joia, mocinha!" ela acusou, com o dedo praticamente enfiado no meu rosto. Desgraçada.Meu estômago revirou. Era como se o chão estivesse se desfazendo sob os meus pés. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Mason apareceu ao meu lado, colocando-se entre mim e a mulher. "Isso é um engano, senhora. Elena é minha secretária, e não faria algo assim," disse ele, sua voz firme, mas com um tom quase despreocupado, como se tentasse abafar a situação. "Oh, então você é o advogado dela agora?" a mulher retrucou, cruzando os braços. "Pois bem, se é um engano, então ela não se importaria que verificassem seus pertences." Olhei para Mason, confusa. Seus olhos encontraram os meus por um segundo, e ele parecia...
Olhei para Mason sem acreditar no que eu estava ouvindo. A reação foi ficar parada, enquanto o encarava por trás daquelas grades. "Você realmente não tem limites, tem?" murmurei, olhando diretamente para Mason, a raiva queimando em cada palavra."Estou te oferecendo uma solução,querida," ele respondeu, calmo, como se não estivesse manipulando toda a situação."Uma solução? Você armou isso tudo, Mason! É isso ou estou louca? Porque, sinceramente, o que mais explicaria aquela joia estar no meu casaco?!"Ele suspirou, cruzando os braços. "Já disse, não importa como chegamos aqui. O que importa é como vamos resolver.""Resolver? Casando comigo? Você quer me transformar em uma peça do seu jogo sujo!" cuspi, minha voz subindo. "Eu preferia apodrecer na cadeia a aceitar algo assim."Os olhos de Mason se estreitaram, mas ele manteve a calma. "Seja racional. Se você for condenada, sua vida acaba. Isso não é um jogo, Elena. Estou te dando uma chance de escapar disso.""Escapar? Você quer que e