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Um contrato com o Alfa
Um contrato com o Alfa
Por: Ellencarolinne
01. Bem-vinda a cidade

Elena Evans 

                    

O som dos pneus esmagando o cascalho foi a única coisa que quebrou o silêncio enquanto o táxi parava em frente a uma casa antiga e esquecida no fim de uma rua estreita. Paguei ao motorista e desci com as malas nas mãos, o vento frio da Transilvânia me envolvia como uma lembrança de que aquele lugar não era Nova York. Infelizmente. Brașov era no fim do mundo. 

Olhei para a casa. Suja, coberta de teias de aranha, parecia que ninguém tinha posto os pés ali em décadas. Essa era a minha nova vida. Um novo começo, mas de um jeito que eu nunca imaginaria. Com os bolsos vazios e uma vida destruída, meus pais haviam falecido em um acidente e tudo o que me restava era apenas esse lugar e algumas economias.

Suspirei e empurrei a porta, sentindo uma estranha resistência. O ar dentro da casa era denso, como se as paredes guardassem segredos que preferiam permanecer enterrados. Joguei minhas malas no chão, tentando ignorar o vazio dentro de mim.

Logo que coloquei o pé na varanda, um movimento no canto da rua chamou minha atenção. Um homem caminhava em minha direção. Alto, imponente, com o tipo de confiança que exalava perigo. Seus olhos, de um azul profundo, se fixaram em mim como se estivesse me estudando. O jeito que ele andava era calculado.

"Você é a nova inquilina?" A voz dele era grossa, carregada de uma arrogância que me fez sentir ainda mais pequena.

"Elena Evans," respondi, tentando ignorar o tom rude. "E quem é você?"

Ele sorriu, mas não de um jeito amigável. "Mason Blake."

"Olha," continuei, tentando parecer corajosa, "Se você veio me dar as boas-vindas, poderia começar sendo um pouco mais educado."

Ele soltou uma risada baixa, novamente,que soou mais como um rosnado. 

Mason deu um passo mais perto, o suficiente para eu sentir a intensidade de sua presença. Ele inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse tentando decidir se eu era uma ameaça ou uma presa.

"Quer um conselho?" Ele abaixou a voz, agora quase um sussurro. "Esse lugar não é para uma patricinha como você"

"Quem você acha que é? " Falei irritada."

"Eu mando nessa cidade."

Ele não falou mais nada, e saiu. Meus olhos acompanharam ele saindo e meu coração bateu mais forte.  O que ele tinha de bonito, tinha de estúpido.

Ótimo! Bela maneira de começar em um lugar novo. 

Com um número de telefone rabiscado em um pedaço de papel amassado, eu caminhei pelas ruas de Brașov à procura do Sr. Foster. Era a única referência que eu tinha para conseguir um emprego na cidade. O advogado que cuidou do testamento dos meus pais mencionou que ele era uma espécie de “resolve-tudo” por aqui. Se havia trabalho a ser feito, ele saberia onde encontrar.

Enquanto eu caminhava, o vento gelado me envolvia, e a sensação de estar sendo observada era constante. As ruas estreitas, com seus edifícios antigos de pedra e janelas fechadas, pareciam saídas de outra era. As pessoas que cruzavam meu caminho olhavam para mim de maneira peculiar. Gente esquisita.

Continuei andando, tentando ignorar as sensações estranhas e focar no objetivo: encontrar o velho que ia me dar um emprego.

Finalmente, avistei uma construção maior, um tanto isolada. O letreiro antigo e descascado indicava que era ali. Uma pequena loja, com uma fachada que, assim como o resto da cidade, parecia ter parado no tempo. O nome "Foster" estava gravado na porta de madeira escura.

Empurrei a porta, que rangeu com um som agudo, e entrei. O ar dentro da loja era espesso e denso, como se o tempo ali passasse mais devagar. Um homem estava atrás do balcão, polindo um relógio antigo. Ele levantou os olhos e me encarou.

“Você deve ser Elena Evans,” disse ele sem preâmbulos, como se já soubesse quem eu era.

“Sim,” respondi, surpresa. “Estou procurando um emprego. Disseram que o senhor poderia me ajudar.”

O homem, que eu presumi ser o Sr. Foster, assentiu levemente. Ele era baixo e corpulento, com uma barba espessa e um olhar astuto. 

“Trabalho sempre tem,” ele disse calmamente, enquanto voltava a polir o relógio. “Mas aqui, não é fácil. Tem certeza de que está pronta para o que essa cidade tem a oferecer?”

Suas palavras me causaram um calafrio, e a sensação de que algo estava muito errado aqui só aumentava. “Eu só preciso de um emprego. Para me sustentar,” respondi, tentando manter a calma.

Ele fez uma pausa antes de responder, como se estivesse ponderando algo maior. “Muito bem. Tenho alguns contatos. Vá ao hotel no centro da cidade. E você é idêntica a sua mãe."

Eu sorri sem entender, como ele sabia quem era a minha mãe?  

Bom,cidade pequena, tanto faz.

Apenas agradeci, peguei o papel com o endereço e me apressei para sair. Enquanto caminhava para o hotel, o desconforto que sentia desde que cheguei a esse lugar parecia aumentar a cada passo. As ruas se tornavam mais estreitas e as sombras mais longas, mesmo que o sol ainda estivesse no céu.

Pessoas passavam por mim murmurando entre si, e alguns sussurravam palavras que não conseguia entender. Uma mulher mais velha, com um lenço escuro na cabeça, me fitou diretamente, seus olhos eram profundos e vazios.

Eu me pergunto o que meus pais faziam nesse lugar.

Apressei o passo, ignorando as batidas aceleradas do meu coração, e finalmente cheguei ao hotel. Era um prédio grande e luxuoso.

Entrei no saguão e me aproximei da recepção. O homem atrás do balcão me olhou de cima a baixo, como se já soubesse quem eu era, mas não disse nada além de um seco “Preencha este formulário,e amanhã esteja aqui as sete da manhã.”

Todo mundo aqui era mal-educado?? 

Foda-se o importante é que consegui a entrevista. 

Quando voltei para casa mais tarde naquela noite, exausta, deitei na cama dura e, finalmente, me permiti relaxar um pouco. Mas o sono não veio fácil, e amanhã eu precisava limpar todo esse lixo.

Quando finalmente adormeci, fui arrastada para um sonho estranho e perturbador.

Eu estava em uma floresta densa, envolta por uma névoa que parecia viva. A cada passo que eu dava, ouvia sussurros, como se a própria natureza estivesse falando comigo. As árvores se inclinavam em minha direção, e havia sombras que se moviam entre os troncos.

De repente, uma presença forte se aproximou de mim. Um lobo enorme, com olhos penetrantes e cheios de sabedoria, surgiu das sombras. 

O lobo então começou a rosnar baixo, e logo, outros lobos apareceram ao seu redor, formando um círculo ao meu redor. Eu tentei correr, mas meus pés pareciam presos ao chão. A sensação de desespero tomou conta de mim.

Eu acordei com um sobressalto, suando frio, o coração batendo descontrolado. Olhei em volta, mas estava sozinha no quarto.

Mas que porra era essa?

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