Elena Evans.
O som dos pneus esmagando o cascalho foi a única coisa que quebrou o silêncio enquanto o táxi parava em frente a uma casa antiga e esquecida no fim de uma rua estreita. Paguei ao motorista e desci com as malas nas mãos, o vento frio da Transilvânia me envolvia como uma lembrança de que aquele lugar não era Nova York. Infelizmente. Brașov era no fim do mundo.
Assim que o táxi partiu, percebi que as ruas estavam vazias demais para o horário. O silêncio absoluto me causou um arrepio. Enquanto caminhava até a porta, uma sensação incômoda se instalou em mim. Era como se estivesse sendo observada.
Olhei para a casa. Suja, coberta de teias de aranha, parecia que ninguém tinha posto os pés ali em décadas. Essa era a minha nova vida. Um novo começo, mas de um jeito que eu nunca imaginaria. Com os bolsos vazios e uma vida destruída, meus pais haviam falecido em um acidente e tudo o que me restava era apenas esse lugar e algumas economias.
Suspirei e empurrei a porta, sentindo uma estranha resistência. O ar dentro da casa era denso, como se as paredes guardassem segredos que preferiam permanecer enterrados. Joguei minhas malas no chão, tentando ignorar o vazio dentro de mim.
Decidi sair para explorar um pouco a cidade e ver se encontrava algo para comer. As ruas de Brașov pareciam ter parado no tempo, com suas construções antigas e a iluminação fraca dos postes de luz espalhados em intervalos irregulares. Poucas pessoas andavam por ali, e as poucas que vi murmuravam entre si quando eu passava.
Virei uma esquina e entrei em um beco estreito, tentando cortar caminho até uma rua maior. O erro ficou claro no instante em que ouvi passos apressados atrás de mim. O som ecoava nas paredes de pedra, e uma onda de adrenalina percorreu meu corpo.
Acelerei o passo, mas os passos atrás de mim fizeram o mesmo. Meu peito subia e descia rapidamente enquanto tentava manter a calma. Foi quando um vulto escuro surgiu na minha frente.
"Olha só o que temos aqui… "A voz do homem era baixa e carregada de algo que me fez estremecer.
"O que você quer?" eu dei dois passos para trás."
"Temos uma carne nova no pedaço."ele se aproximou me segurando pela cintura."
"Me solta seu louco!" me debati contra o homem." SOCORRO!" gritei."
Antes que eu pudesse reagir, outra sombra se moveu.
Um homem. Seus olhos eram azuis intensos, seus cabelos pretos como a noite, e um olhar que eu não sabia descrever.
Ele apareceu do nada, se colocando entre mim e o homem, sua postura tensa e dominante. O estranho hesitou, e por um instante pareceu lutar contra a própria vontade de recuar. Mas o que havia chegado agora não disse nada, apenas o encarou, e aquilo foi suficiente para que o pervertido desaparecesse na escuridão.
Minha respiração estava descompassada. O que diabos tinha acabado de acontecer?
Antes que eu conseguisse agradecer, ele se virou para mim, seus olhos ainda mais frios do que antes.
"Vá embora,dessa cidade patricinha. Esse lugar não é para você. "Sua voz era dura, quase um aviso.
"Primeiramente, obrigado por me salvar." respirei fundo." Qual seu nome."
Ele me encarou friamente.
"Mason." seus olhos me analisaram." Mason Blake. E não quero seu agradecimento."
E então, sem esperar resposta, ele se afastou, sumindo na noite.
Eu deveria o escutar? Talvez. Mas algo dentro de mim dizia que ir embora não era uma opção.
Mais tarde naquela noite, quando finalmente consegui dormir, um sonho estranho tomou conta de mim. Estava em uma floresta densa, envolta por névoa. Sussurros ecoavam ao meu redor, e sombras se moviam entre as árvores. No centro da clareira, uma figura me observava, seus olhos brilhando no escuro. Um arrepio subiu por minha espinha.
Acordei ofegante, o coração disparado. Algo estava errado. E de alguma forma, eu sabia que Mason Blake fazia parte disso.
Meu coração disparou. Meu corpo queria correr, mas minhas pernas não obedeciam.
Antes que pudesse me recompor, meu celular vibrou. Um número desconhecido.
Ao abrir a mensagem, meu estômago revirou.
“Você tem pendências financeiras com o hospital de Nova York, senhorita Evans. Sua dívida continua ativa. Entre em contato imediatamente para evitar ações legais.”
A mensagem foi um soco no estômago. As contas do hospital. Eu tinha tentado esquecer disso, mas ali estavam, voltando para me assombrar. Como eu pagaria aquilo? Não tinha dinheiro, nem sequer um plano. Meu coração disparou. Eu precisava de um emprego. Urgente.
Antes que pudesse processar a situação, um barulho veio da porta. Um leve farfalhar, quase imperceptível. Olhei ao redor e fui até a entrada. Quando abri a porta, apenas o vento frio da madrugada me recebeu. Mas algo estava ali. Um bilhete dobrado no chão.
Peguei o papel com dedos trêmulos e o desdobrei.
“Não confie nele.”
Meu estômago revirou novamente. Meus olhos percorreram a rua escura, mas não havia ninguém à vista. Quem tinha deixado isso? E, mais importante, sobre quem estavam falando?
Olhei para todos os lados, não havia ninguém. Fechei a porta e tranquei tudo rapidamente. Meu corpo estava tremendo, eu não estava segura nessa cidade, mas precisava ficar aqui.
A manhã começou mais cedo do que eu gostaria. O som distante de pássaros e o vento frio soprando pelas janelas abertas da casa velha me trouxeram de volta à realidade.Depois daquele sonho idiota, eu não consegui dormir bem. Eu estava nervosa. Um peso estranho de expectativas sobre mim.Arrumei-me rapidamente, minha mente ainda presa nas lembranças confusas do encontro com Foster no dia anterior. Ele me conhecia. Mas como? E por que não falava mais sobre isso? A cidade, meus pais... tudo parecia envolto em uma loucura. Apressada, comecei a revirar minhas roupas na mala, em busca de algo minimamente apresentável. Optei por uma blusa simples e uma calça social. Nada glamouroso como as roupas que eu tinha anteriormente, mas pelo menos parecia profissional. Me olhei no espelho e, embora a ansiedade estivesse clara em meu rosto, eu me senti pronta. Não havia outra escolha. Precisava desse emprego.Ao sair de casa, percebi o quanto estava atrasada e um surto de pânico tomou conta de mim.
Mason BlakeMinhas patas tocaram o chão com a terra ainda molhada, cada passo impulsionado pela força que só um Alfa pode sentir. O cheiro da floresta, da umidade e das folhas recém-caídas me envolve, e eu corro mais rápido, permitindo que Tornado, meu lobo, tome controle. O mundo ao nosso redor se torna um borrão verde e marrom enquanto avançamos, e eu sinto a pura liberdade que só a forma de um lobo pode me dar.Voltar à minha parte humana era sempre uma mistura de frustração e alívio. Frustração porque, como lobo, tudo é mais simples, mais claro. Alívio porque, como humano, eu controlo o poder, não o contrário. Enquanto me transformava de volta, sinto os ossos se realinham, a pele se esticar, e o lobo cede espaço para o homem. A floresta ao redor é silenciosa, respeitando o processo, como sempre faz. A dor era insuportável, mas eu já estava acostumado.A raiva borbulhava dentro de mim, após lembrar do que meu pai fez comigo. Eu era o único herdeiro homem que ele tinha, fora a mi
Elena EvansEu mal conseguia disfarçar o desprezo que sentia ao encará-lo, mas meus olhos teimavam em permanecer fixos nele, como se ele me desafiasse apenas por existir. Suas feições arrogantes e o jeito debochado com que ele me olhava faziam meu sangue ferver. Eu não acreditava que isso estava acontecendo!O pior de tudo, era que eu precisava daquele maldito emprego, sabendo que minhas economias já estavam no fim do fim.Enquanto eu aguardava sem esperar, Mason voltou até a sala passando as instruções."Uma das encarregadas irá te ajudar, você será a minha secretária, terá de revisar meus papéis, responder meus e-mails, cuidar de tudo que é importante e eu obviamente não estou afim."Ele deu três passos à frente, ficando completamente próximo a mim. Nossas respirações estavam sincronizadas e eu não pude evitar não ficar tensa. "Só mais uma coisa para eu realmente te contratar, peça desculpas por ser tão rude e mimada"Suspirei. Precisava engolir o meu orgulho.Como se ele não fosse
Elena EvansO dia amanheceu nublado, e o céu parecia refletir minha ansiedade. Era meu primeiro dia no trabalho, e o peso das expectativas parecia tão real quanto o frio que eu sentia ao sair de casa. Novamente, Gabriel me ajudou a chegar ao hotel, mas, ao me despedir dele, eu sabia que enfrentaria um dia difícil.O *The Raven’s Roost Hotel* era imponente, uma construção de elegância que parecia abraçar um ar de mistério. Ao entrar, fui recebida por uma recepcionista que me conduziu até o escritório de Mason Blake, onde começaria meu dia de trabalho.Fui seguindo o caminho que a mulher me mostrou ontem, e ao pegar o elevador, encarei meu reflexo no espelho. Tantas coisas se passavam em minha mente... Há um ano, minha vida era outra. Estava entrando na universidade, tinha um namorado que me amava, uma vida estável e maravilhosa, e tinha meus pais. Agora, eu só tinha a mim mesma.Me recompus, enxugando as lágrimas que insistiram em cair, e abri a porta do escritório. Dei de cara com Ma
Mason Blake Ter Elena por perto era intrigante. Eu tentava entender por quê. Por que meu pai colocou esse acordo estúpido? Por que eu precisaria me casar com ela? Na minha mente, era só ter um filho, já que isso era importante para ele.Nada disso entrava na minha cabeça, eu precisava de respostas. Eu não podia ficar perto dessa garota.Abri a porta da casa do ancião. Ele era um dos lobos mais antigos da região, e um bom conselheiro. Garravermelha, como era chamado, tinha uma sabedoria que os mais jovens nem conseguiam entender."Alfa." Ele se curvou com respeito. "É um prazer tê-lo aqui, meu jovem Mason.""Vim em busca de respostas." Falei de forma direta, sem rodeios. "Por que meu pai me forçou a esse acordo? Por que eu preciso me casar com uma Evans e gerar um filho? O que isso significa?"Ele me olhou com aqueles olhos amarelos penetrantes, e por um momento parecia que ele estava ponderando o que dizer. Finalmente, ele falou, sua voz grave e cheia de significado: "Eu sei o que v
Elena Evans Eu estava nervosa. Abri a porta com um barulho, mas não havia ninguém, mas pude notar, uma carta no chão. Era um vestido, que tinha chegado na caixa de correios, parecia ter sido feito sob medida para mim, como se soubesse exatamente o que eu queria ou o que eu precisava. Mas como isso era possível? Eu mal tinha começado a trabalhar como secretária de Mason Blake, e agora me via envolvida em algo que não conseguia entender.Fiquei parada diante do espelho, tentando processar o convite. Um jantar com Mason? Aquilo não fazia sentido. Não havia explicação lógica para aquele convite. Ele era meu chefe, e eu mal o conhecia. Cada pensamento que surgia só fazia o aperto no meu peito piorar.O que ele queria comigo? E aquela mensagem… Tudo parecia piorar.Mas eu não podia recusar. Não podia ser indelicada. Não com um convite dele, de Mason Blake. O homem misterioso e, de certa forma,enigmatico. E eu mal sabia por onde começar a entender aquele homem, ou o que ele queria de mim.F
Elena Evans.Observei aquela mulher sem entender o que estava acontecendo. Como eu podia estar sendo acusada? Isso era loucura."Eu não roubei nada!" declarei firme, encarando a mulher loira de meia-idade, que exalava arrogância com sua roupa luxuosa. "Eu vi você pegando a joia, mocinha!" ela acusou, com o dedo praticamente enfiado no meu rosto. Desgraçada.Meu estômago revirou. Era como se o chão estivesse se desfazendo sob os meus pés. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Mason apareceu ao meu lado, colocando-se entre mim e a mulher. "Isso é um engano, senhora. Elena é minha secretária, e não faria algo assim," disse ele, sua voz firme, mas com um tom quase despreocupado, como se tentasse abafar a situação. "Oh, então você é o advogado dela agora?" a mulher retrucou, cruzando os braços. "Pois bem, se é um engano, então ela não se importaria que verificassem seus pertences." Olhei para Mason, confusa. Seus olhos encontraram os meus por um segundo, e ele parecia...
Olhei para Mason sem acreditar no que eu estava ouvindo. A reação foi ficar parada, enquanto o encarava por trás daquelas grades. "Você realmente não tem limites, tem?" murmurei, olhando diretamente para Mason, a raiva queimando em cada palavra."Estou te oferecendo uma solução,querida," ele respondeu, calmo, como se não estivesse manipulando toda a situação."Uma solução? Você armou isso tudo, Mason! É isso ou estou louca? Porque, sinceramente, o que mais explicaria aquela joia estar no meu casaco?!"Ele suspirou, cruzando os braços. "Já disse, não importa como chegamos aqui. O que importa é como vamos resolver.""Resolver? Casando comigo? Você quer me transformar em uma peça do seu jogo sujo!" cuspi, minha voz subindo. "Eu preferia apodrecer na cadeia a aceitar algo assim."Os olhos de Mason se estreitaram, mas ele manteve a calma. "Seja racional. Se você for condenada, sua vida acaba. Isso não é um jogo, Elena. Estou te dando uma chance de escapar disso.""Escapar? Você quer que e