06.Primeiro Passo

Mason Blake 

Ter Elena por perto era intrigante. Eu tentava entender por quê. Por que meu pai colocou esse acordo estúpido? 

Por que eu precisaria me casar com ela? Na minha mente, era só ter um filho, já que isso era importante para ele.

Nada disso entrava na minha cabeça, eu precisava de respostas. Eu não podia ficar perto dessa garota.

Abri a porta da casa do ancião. Ele era um dos lobos mais antigos da região, e um bom conselheiro. Garravermelha, como era chamado, tinha uma sabedoria que os mais jovens nem conseguiam entender.

"Alfa." Ele se curvou com respeito. "É um prazer tê-lo aqui, meu jovem Mason."

"Vim em busca de respostas." Falei de forma direta, sem rodeios. "Por que meu pai me forçou a esse acordo? Por que eu preciso me casar com uma Evans e gerar um filho? O que isso significa?"

Ele me olhou com aqueles olhos amarelos penetrantes, e por um momento parecia que ele estava ponderando o que dizer. Finalmente, ele falou, sua voz grave e cheia de significado: "Eu sei o que você procura, Mason, mas há coisas que não posso dizer. Nem tudo deve ser revelado. Algumas verdades são perigosas demais."

Isso me fez perder a paciência. "Então, por que me fez vir aqui? Se não pode me ajudar, por que está me fazendo perder meu tempo?"

Ele permaneceu em silêncio por um momento, e eu senti uma onda de frustração crescente. O maldito lobo velho não parecia intimidado pela minha ira, mas também não estava disposto a me dar as respostas que eu precisava. 

"Nem todas as respostas são para agora, Alfa," ele disse, com um tom calmo, mas firme.

Minha raiva explodiu. "RESPOSTAS, AGORA. Ou irei embora e farei as minhas próprias descobertas!"

Garravermelha levantou-se lentamente, e sua presença tornou-se ainda mais imponente. "Cuidado com o que deseja, jovem Alfa. Algumas coisas são melhores quando não são reveladas."

O puxei pelo colarinho da camisa, senti meu sangue ferver. E a única resposta que recebi me deixou ainda mais irritado.

"Sou fiel a seu pai. Ele foi o meu Alfa, e será até a morte."

O segurei com força, levantando-o do chão. O olhar que ele me lançou era impassível, mas a tensão entre nós dois se tornava cada vez mais palpável. Eu o mantive suspenso por alguns segundos, até que a frustração tomou conta de mim e o soltei abruptamente.

"Só não te mato, em consideração ao mesmo", murmurei, com os dentes cerrados, antes de me afastar em um impulso de raiva.

Sai da casa do ancião enfurecido. Minhas mãos se fechavam com força nos bolsos, procurando as chaves da minha moto. Eu gostava de carros, mas ser um motoqueiro tinha suas vantagens. Rapidez, agilidade, e a liberdade de driblar o trânsito. Era perfeito. A sensação de controle que a moto me dava, a adrenalina que percorria minhas veias, tudo isso me ajudava a afastar a raiva.

Mas, assim que subi na moto, um cheiro familiar invadiu minhas narinas, e, num instante, minha mente ficou alerta. Era o cheiro dela.

Elena.

Minha mandíbula se apertou. Eu havia emprestado a moto a Gabriel essa semana, já que a dele estava quebrada, e ele a havia usado para dar carona àquela humana. Só de pensar naquilo, uma onda de frustração tomou conta de mim.

Coloquei o capacete com uma raiva crescente e acelerei em direção ao meu escritório, que ficava na casa. A propriedade dos Blake era gigantesca, com mais de dez quartos, um jardim majestoso e uma garagem tão grande que parecia um estacionamento. Meu pai sempre gostou de ostentar, e eu não ia renunciar a tudo aquilo devido a uma exigência dele. Eu me casaria com ela, faria o que fosse necessário – engravidaria aquela garota e depois viveria minha vida como sempre quis: livre, sem amarras, cercado de luxo e com lobas à minha disposição.

Estacionei na garagem de casa, ainda com a mente cheia de pensamentos pesados. O cheiro de Elena ainda estava no ar. Ele parecia ter se impregnado na moto, se infiltrando nos meus sentidos. A parada abrupta da moto me fez lembrar do momento em que nossos olhares se encontraram no hotel, quando aqueles papéis caíram no chão. E aquilo foi o suficiente para me deixar... completamente duro.

Que merda era isso?

Respirei fundo, tentando afastar a sensação desconcertante. Meus pensamentos estavam uma bagunça, mas uma coisa estava clara: eu precisava me livrar do cheiro dela, pelo menos enquanto estivesse por aqui, sozinho.

Chamei um dos empregados, tentando manter a compostura.

"Peça para que a moto seja completamente lavada", ordenei, com um tom que não admitia discussões. "Agora."

Eu precisava remover qualquer vestígio dela. Essa merda não podia continuar. Eu tinha controle sobre tudo, e não ia deixar que um cheiro de mulher fosse capaz de bagunçar minha mente dessa forma.

Meu beta entrou na minha sala com uma cara de poucos amigos.

"O que aconteceu?"perguntei."

"Uma loba da matilha, está afirmando que vou ser pai." ele passou a mão entre os cabelos."

"Isso que dá sair fodendo qualquer uma sem se proteger, babaca." ri."

"Eu nunca transei com ela, Alfa. Ela é louca."

"Vou mandar alguém resolver isso."

Ele me observou com dúvida." Por que não me chamou? Normalmente vamos aos jantares de negócios juntos."

"Você saberá. Se tudo correr bem."

O relógio marcava a hora e eu estava prestes a sair. Olhei para o espelho do meu quarto, ajustando a gravata com precisão. 

Era mais do que um simples encontro, era o primeiro passo para consolidar o que meu pai exigiu – o casamento com uma Evans. Não que eu gostasse da ideia, mas estava determinado a fazer o que fosse necessário para que isso acontecesse da maneira que eu desejava.

A verdade é que aquele jantar era uma fachada. Um leilão de peças caras. Mas eu sabia que Elena não entenderia isso, não de imediato. Convencê-la de que tudo aquilo era parte de um jantar de negócios, um simples evento onde ela poderia observar a elite em ação, era fácil. Ela era uma menina ingênua, ainda não entendia o jogo. E eu estava disposto a usar isso a meu favor.

O terno preto que vesti era de um corte impecável, feito sob medida para mim. Quando se é Alfa, tudo deve refletir sua posição. Não poderia ser visto como fraco ou, pior, desleixado. O espelho me refletia de forma fria, calculista. 

Respirei fundo. Era agora ou nunca. Esse jantar significaria o início de tudo. Eu tinha que forçar ela a aceitar aquele casamento, ou, pelo menos, aceitar a ideia. Eu não tinha tempo a perder com incertezas.

Sai do quarto, indo em direção ao carro. Uma parte de mim estava irritada por precisar seguir esse jogo, mas outra sabia que o que estava em jogo era muito maior do que minha raiva ou resistência. Eu precisava daquilo. Precisava dela. O futuro do meu dinheiro dependia disso.

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