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07. O Convite Imprevisto

Elena Evans 

Eu estava nervosa. Abri a porta com um barulho, mas não havia ninguém, mas pude notar, uma carta no chão. Era um vestido, que tinha chegado na caixa de correios, parecia ter sido feito sob medida para mim, como se soubesse exatamente o que eu queria ou o que eu precisava. Mas como isso era possível? Eu mal tinha começado a trabalhar como secretária de Mason Blake, e agora me via envolvida em algo que não conseguia entender.

Fiquei parada diante do espelho, tentando processar o convite. Um jantar com Mason? Aquilo não fazia sentido. Não havia explicação lógica para aquele convite. Ele era meu chefe, e eu mal o conhecia. Cada pensamento que surgia só fazia o aperto no meu peito piorar.

O que ele queria comigo? E aquela mensagem… Tudo parecia piorar.

Mas eu não podia recusar. Não podia ser indelicada. Não com um convite dele, de Mason Blake. O homem misterioso e, de certa forma,enigmatico. E eu mal sabia por onde começar a entender aquele homem, ou o que ele queria de mim.

Fechei os olhos por um momento, tentando me acalmar.

"Eu sou só a secretária dele", pensei, tentando me convencer. "Esse é meu papel."

Com um suspiro pesado, comecei a me arrumar. Coloquei o vestido. Ele me fazia sentir estranha, como se estivesse vestindo outra pessoa. O ajuste perfeito e o vermelho que realçava minha pele.

Eu realmente não queria ir. Mas, por outro lado, sabia que não poderia simplesmente ignorar aquilo. 

Terminei de me arrumar, e o aperto no meu peito parecia só aumentar. Ele viria me buscar, como dizia no seu convite idiota.

Terminei de calçar os saltos, e a campainha tocou, e meu coração pulou na garganta. Eu sabia que era ele. Não podia ser mais ninguém. Mason Blake, o homem que até agora só havia sido meu chefe distante, mas que agora, de alguma forma, parecia estar invadindo minha vida de maneira inesperada e desconcertante. 

Meus pés estavam pesados enquanto eu me dirigia até a porta. Cada passo parecia arrastado, como se meu corpo soubesse o que a minha mente se recusava a aceitar. Abri a porta e lá estava ele, mais bonito do que o normal, e seu olhar era tão intenso que quase me fez prender a respiração.

"Senhor," minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria, e ele me observou por um momento com aquele olhar penetrante, que parecia conseguir ver através de mim.

"Me chame somente de Mason. Pronta?" Ele perguntou, com um tom que não oferecia espaço para recusa. Seu olhar rapidamente percorreu meu corpo, e pude sentir uma espécie de aprovação silenciosa, algo que me deixou desconfortável, mas, ao mesmo tempo, me fez querer agradá-lo, de algum modo que eu não compreendia.

"Sim," respondi, mais para mim mesma do que para ele. Dei um passo para o lado, permitindo que ele entrasse. E, como se fosse natural, ele seguiu sem hesitar, com a confiança de alguém acostumado a ser obedecido. Eu deveria estar em pânico, mas algo naquela calma dele fazia minha mente se embaralhar, como se eu não fosse capaz de raciocinar direito.

"Você está linda, Elena," ele disse, e como a palavra "linda" saiu da boca dele fez com que minha pele formigasse. "O vestido que escolhi coube perfeitamente."

Eu respirei fundo, tentando afastar a tensão de saber que ele havia escolhido o vestido, pessoalmente "Obrigado," murmurei, sentindo uma leve onda de embaraço, algo que nunca experimentei antes com ele. 

"Vamos," Mason disse, me levando pela mão de forma abrupta. 

A viagem até o local do jantar foi silenciosa, e o desconforto crescia a cada metro percorrido. Eu olhava pela janela do carro, tentando processar o que estava acontecendo, mas meus pensamentos estavam turvos. 

Quando chegamos, o lugar era impressionante. Um salão elegante, com luzes suaves e uma decoração que exalava sofisticação. Mas o que mais me chamou a atenção foi a sensação de que ali não era apenas um jantar de negócios. Eu só não sabia o quê.

Mason me guiou até a mesa reservada, e todos os olhares foram para nós assim que entramos. Havia algo diferente no ar. As conversas cessaram por um instante, como se todos estivessem aguardando algo que ainda não havia acontecido.

Ele se sentou, e eu segui o movimento, me sentando ao seu lado. O garçom trouxe uma taça de vinho para cada um de nós, e eu peguei a minha com a mão trêmula. A sensação de ser observada me fez sentir ainda mais deslocada. Mas Mason, ao meu lado, estava à vontade. Como se fosse o seu mundo, sua arena.  

Aquilo era um leilão.

"Você está tensa," ele comentou, sem desviar o olhar. "Relaxe, Evans. Não é nada além de uma formalidade, e você, como minha secretária, deve me acompanhar às vezes."

O que realmente me intrigava era que um solteiro cobiçado poderia ter qualquer mulher que quisesse aqui com ele, e escolheu justamente a secretária. Eu merecia!

As peças eram lindas, com lances exorbitantes que ultrapassavam qualquer coisa que eu já tinha visto. Chegava a ser descomunal;

Quando o leilão finalmente terminou, me senti aliviada, pronta para sair dali e tentar esquecer tudo aquilo. Mas Mason parecia ter outros planos.

"Venha," ele disse, levantando-se e estendendo a mão para mim.

Eu o encarei, confusa. "Para onde?"

Ele arqueou uma sobrancelha, como se a pergunta fosse desnecessária. "Para dançar."

"Dançar?" Minha voz saiu mais aguda do que eu pretendia, mas antes que pudesse recusar, ele segurou minha mão e me guiou até a pista de dança, ignorando qualquer protesto.

Mason me puxou para perto, sua mão se posicionando firme na minha cintura, a outra segurando minha mão com uma segurança que fez meu coração acelerar ainda mais. Eu estava nervosa, mas ele parecia estar completamente no controle, como sempre. A proximidade era desconcertante.

"Relaxe," ele murmurou, os lábios perto do meu ouvido. "É só uma dança."

Mas não parecia só uma dança. Seus olhos estavam fixos nos meus, como se estivessem me lendo, decifrando cada pedaço de mim. Eu me sentia vulnerável e, ao mesmo tempo, inexplicavelmente atraída.

Nossos corpos estavam colados, movendo-se no ritmo da música. O calor que emanava dele parecia me envolver, e eu não sabia como reagir. Meus pensamentos estavam confusos, mas meu corpo parecia responder de forma automática. Era um jogo de poder, de controle, mas também... algo mais. Algo que eu não queria admitir.

"Você é boa nisso," ele comentou, um sorriso de canto surgindo em seus lábios.

"Boa no quê?" perguntei, tentando manter minha voz firme.

"Em fingir que não está gostando dos nossos corpos assim."

Aquele comentário me fez corar, e tentei desviar o olhar, mas ele segurou meu queixo com delicadeza, forçando-me a encará-lo. Seu olhar era intenso, quase hipnotizante. Eu me sentia presa ali, incapaz de me mover ou falar.

E então, como um balde de água fria, uma voz alta interrompeu o momento.

"É ela! A ladra!"

Virei-me para o som, confusa, enquanto uma mulher apontava diretamente para mim. Sua expressão era de raiva, e sua voz cortava o ar como uma lâmina.

Eu congelei, incapaz de entender o que estava acontecendo. Ladra? Eu? O que estava acontecendo ali? Olhei para Mason, em busca de respostas, mas seu rosto estava sério, os olhos fixos na mulher que havia feito a acusação.

O salão ficou em silêncio, todas as atenções voltadas para nós. Eu sentia os olhares perfurando minha pele, minha respiração ficando mais pesada. E pela primeira vez naquela noite, eu senti algo mais profundo do que desconforto. Era medo.

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