Mason Blake
Minhas patas tocaram o chão com a terra ainda molhada, cada passo impulsionado pela força que só um Alfa pode sentir. O cheiro da floresta, da umidade e das folhas recém-caídas me envolve, e eu corro mais rápido, permitindo que Tornado, meu lobo, tome controle.
O mundo ao nosso redor se torna um borrão verde e marrom enquanto avançamos, e eu sinto a pura liberdade que só a forma de um lobo pode me dar.
Voltar à minha parte humana era sempre uma mistura de frustração e alívio. Frustração porque, como lobo, tudo é mais simples, mais claro. Alívio porque, como humano, eu controlo o poder, não o contrário.
Enquanto me transformava de volta, sinto os ossos se realinham, a pele se esticar, e o lobo cede espaço para o homem. A floresta ao redor é silenciosa, respeitando o processo, como sempre faz. A dor era insuportável, mas eu já estava acostumado.
A raiva borbulhava dentro de mim, após lembrar do que meu pai fez comigo. Eu era o único herdeiro homem que ele tinha, fora a minha irmã que não se importava com os negócios da família. E mesmo assim, ele colocou uma condição estúpida para que eu pudesse continuar com as minhas heranças.
Ele me deu dois anos: o prazo de exatos dois anos para que eu reivindicasse uma companheira da linhagem Evans e tivesse um filho. E eu me perguntava desesperadamente, por quê? Eles eram humanos, até onde eu sabia.
Meu pai sempre foi um homem cheio de enigmas, mesmo em seus últimos dias. Ele gostava de ensinar lições com o silêncio, deixando que eu descobrisse a resposta sozinho. Mas sua última ordem não era um enigma — era uma sentença.
Eu me lembro das suas palavras como se tivesse sido ontem. "Você será Alfa, Mason. Mas a herança, as terras e tudo o que é direito da linhagem Blake só serão suas completamente se você der à matilha um descendente. E não qualquer descendente. Precisa ser do sangue dos Evans."
Na época, eu achava que ele estava delirando. Meu pai, em seu leito de morte, murmurando nomes que pareciam saídos de contos antigos. Os Evans. Um nome que ressoava em nossa história, mas que ninguém mencionava há décadas. Por que isso importava agora?
Eu engoli minha descrença e segui em frente. Meses se passaram, anos, e aquela ordem absurda foi guardada em uma gaveta na minha mente, trancada sob o peso de responsabilidades mais urgentes.
Até agora.
E ao receber a mensagem do maldito advogado do falecido Blake eu não tinha mais opção.
Eu pesquisei, ela era a última dos Evans, e por mais que eu quisesse ignorar, sabia que não podia. Perguntas pairavam pela minha mente: como eu iria fazer para me casar com essa patricinha?
Até que a chegada dela era mais do que uma coincidência — era a chave para meu futuro e o da matilha. Meu pai havia dito que as terras seriam minhas, mas não apenas por direito. Era uma barganha. Um preço a ser pago.
A humana não fazia ideia de nada disso. Para ela, Brașov era apenas um refúgio, uma tentativa de recomeço após perder os pais. Ela não sabia que estava entrando no território de lobos, muito menos que o destino dela já havia sido decidido.
Eu deveria ser frio, calculista. Tornar isso simples. Mas algo em Elena tornava tudo complicado. Talvez fosse o cheiro dela, ou o jeito como ela olhava para o mundo, como se não tivesse ideia de quão perigoso ele realmente era.
Meu lobo rosnou em minha mente, impaciente. Ele também sentia a conexão, mesmo que eu quisesse negar. O sangue dos Evans corria nas veias dela, e isso significava que ela era essencial.
Eu só precisava fazer com que ela permanecesse aqui. Que aceitasse o que estava por vir e eu sabia exatamente como.
Enquanto me vestia, meu telefone tocou. Foster, meu tio e conselheiro, estava na linha.
"Fala, tio," atendi, puxando a camisa sobre a cabeça.
"Mason, tenho um favor para pedir. É sobre Elena Evans."
Um sorriso frio surgiu em meu rosto. Foster não fazia ideia de que eu já estava três passos à frente. "E o que tem ela?"
"Ela precisa de um emprego. Pensei que talvez pudesse ajudar. Os pais dela eram conhecidos nossos."
"Conhecidos, é?"
"Sim, mas isso é uma longa história. O que importa é que ela está sozinha e precisa de ajuda."
"Você quer que eu dê uma oportunidade para ela no hotel?" perguntei, testando a paciência de Foster.
"Exatamente. Faça isso, Mason. Considere um gesto de boa vontade."
Meu tio não sabia dessa condição maluca que meu pai havia imposto. Eu já havia calculado cada passo. A casa onde ela estava morando, acreditando ser uma herança, era, na verdade, minha.
Agora, ela estava exatamente onde eu precisava: Na minha mão.
De volta ao escritório, Gabriel, meu Beta, entrou. "Algo errado, meu Alfa?"
"Uma humana, Elena Evans é o seu nome. E Foster quer que eu a contrate no hotel."
Gabriel arqueou uma sobrancelha, mas respondeu com seu tom sempre contido. "Ela é minha vizinha. Parece uma garota perdida."
"Perdida, mas necessária," murmurei.
Gabriel me lançou um olhar curioso, mas sabia não questionar. Ele entenderia em breve por que eu estava tão interessado nela. Decidi manter segredo por enquanto, mesmo sendo meu braço direito, havia coisas que eu guardava somente para mim até que estivessem concretizadas.
Eu me levantei e fui até o andar de baixo, onde algumas das lobas estavam reunidas para quando eu quisesse. Havia uma em particular que sempre estava disponível para me ajudar a aliviar a tensão, e eu sabia que ela não faria perguntas. Talvez, depois disso, eu finalmente conseguisse tirar a humana da minha mente.
Ela me seguiu para o quarto sorridente por ser a escolhida da vez.
"Tira a roupa logo, não tenho tempo." eu ordenei."
Mas enquanto eu observava a loba com o traseiro perfeitamente empinado para mim, uma voz interna, quase imperceptível, questionava: o que essa garota tinha que mexia tanto com a minha mente?"
Elena EvansEu mal conseguia disfarçar o desprezo que sentia ao encará-lo, mas meus olhos teimavam em permanecer fixos nele, como se ele me desafiasse apenas por existir. Suas feições arrogantes e o jeito debochado com que ele me olhava faziam meu sangue ferver. Eu não acreditava que isso estava acontecendo!O pior de tudo, era que eu precisava daquele maldito emprego, sabendo que minhas economias já estavam no fim do fim.Enquanto eu aguardava sem esperar, Mason voltou até a sala passando as instruções."Uma das encarregadas irá te ajudar, você será a minha secretária, terá de revisar meus papéis, responder meus e-mails, cuidar de tudo que é importante e eu obviamente não estou afim."Ele deu três passos à frente, ficando completamente próximo a mim. Nossas respirações estavam sincronizadas e eu não pude evitar não ficar tensa. "Só mais uma coisa para eu realmente te contratar, peça desculpas por ser tão rude e mimada"Suspirei. Precisava engolir o meu orgulho.Como se ele não fosse
Elena EvansO dia amanheceu nublado, e o céu parecia refletir minha ansiedade. Era meu primeiro dia no trabalho, e o peso das expectativas parecia tão real quanto o frio que eu sentia ao sair de casa. Novamente, Gabriel me ajudou a chegar ao hotel, mas, ao me despedir dele, eu sabia que enfrentaria um dia difícil.O *The Raven’s Roost Hotel* era imponente, uma construção de elegância que parecia abraçar um ar de mistério. Ao entrar, fui recebida por uma recepcionista que me conduziu até o escritório de Mason Blake, onde começaria meu dia de trabalho.Fui seguindo o caminho que a mulher me mostrou ontem, e ao pegar o elevador, encarei meu reflexo no espelho. Tantas coisas se passavam em minha mente... Há um ano, minha vida era outra. Estava entrando na universidade, tinha um namorado que me amava, uma vida estável e maravilhosa, e tinha meus pais. Agora, eu só tinha a mim mesma.Me recompus, enxugando as lágrimas que insistiram em cair, e abri a porta do escritório. Dei de cara com Ma
Mason Blake Ter Elena por perto era intrigante. Eu tentava entender por quê. Por que meu pai colocou esse acordo estúpido? Por que eu precisaria me casar com ela? Na minha mente, era só ter um filho, já que isso era importante para ele.Nada disso entrava na minha cabeça, eu precisava de respostas. Eu não podia ficar perto dessa garota.Abri a porta da casa do ancião. Ele era um dos lobos mais antigos da região, e um bom conselheiro. Garravermelha, como era chamado, tinha uma sabedoria que os mais jovens nem conseguiam entender."Alfa." Ele se curvou com respeito. "É um prazer tê-lo aqui, meu jovem Mason.""Vim em busca de respostas." Falei de forma direta, sem rodeios. "Por que meu pai me forçou a esse acordo? Por que eu preciso me casar com uma Evans e gerar um filho? O que isso significa?"Ele me olhou com aqueles olhos amarelos penetrantes, e por um momento parecia que ele estava ponderando o que dizer. Finalmente, ele falou, sua voz grave e cheia de significado: "Eu sei o que v
Elena Evans Eu estava nervosa. Abri a porta com um barulho, mas não havia ninguém, mas pude notar, uma carta no chão. Era um vestido, que tinha chegado na caixa de correios, parecia ter sido feito sob medida para mim, como se soubesse exatamente o que eu queria ou o que eu precisava. Mas como isso era possível? Eu mal tinha começado a trabalhar como secretária de Mason Blake, e agora me via envolvida em algo que não conseguia entender.Fiquei parada diante do espelho, tentando processar o convite. Um jantar com Mason? Aquilo não fazia sentido. Não havia explicação lógica para aquele convite. Ele era meu chefe, e eu mal o conhecia. Cada pensamento que surgia só fazia o aperto no meu peito piorar.O que ele queria comigo? E aquela mensagem… Tudo parecia piorar.Mas eu não podia recusar. Não podia ser indelicada. Não com um convite dele, de Mason Blake. O homem misterioso e, de certa forma,enigmatico. E eu mal sabia por onde começar a entender aquele homem, ou o que ele queria de mim.F
Elena Evans.Observei aquela mulher sem entender o que estava acontecendo. Como eu podia estar sendo acusada? Isso era loucura."Eu não roubei nada!" declarei firme, encarando a mulher loira de meia-idade, que exalava arrogância com sua roupa luxuosa. "Eu vi você pegando a joia, mocinha!" ela acusou, com o dedo praticamente enfiado no meu rosto. Desgraçada.Meu estômago revirou. Era como se o chão estivesse se desfazendo sob os meus pés. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Mason apareceu ao meu lado, colocando-se entre mim e a mulher. "Isso é um engano, senhora. Elena é minha secretária, e não faria algo assim," disse ele, sua voz firme, mas com um tom quase despreocupado, como se tentasse abafar a situação. "Oh, então você é o advogado dela agora?" a mulher retrucou, cruzando os braços. "Pois bem, se é um engano, então ela não se importaria que verificassem seus pertences." Olhei para Mason, confusa. Seus olhos encontraram os meus por um segundo, e ele parecia...
Olhei para Mason sem acreditar no que eu estava ouvindo. A reação foi ficar parada, enquanto o encarava por trás daquelas grades. "Você realmente não tem limites, tem?" murmurei, olhando diretamente para Mason, a raiva queimando em cada palavra."Estou te oferecendo uma solução,querida," ele respondeu, calmo, como se não estivesse manipulando toda a situação."Uma solução? Você armou isso tudo, Mason! É isso ou estou louca? Porque, sinceramente, o que mais explicaria aquela joia estar no meu casaco?!"Ele suspirou, cruzando os braços. "Já disse, não importa como chegamos aqui. O que importa é como vamos resolver.""Resolver? Casando comigo? Você quer me transformar em uma peça do seu jogo sujo!" cuspi, minha voz subindo. "Eu preferia apodrecer na cadeia a aceitar algo assim."Os olhos de Mason se estreitaram, mas ele manteve a calma. "Seja racional. Se você for condenada, sua vida acaba. Isso não é um jogo, Elena. Estou te dando uma chance de escapar disso.""Escapar? Você quer que e
Elena Evans Fui levada até uma pequena sala com um telefone. Minhas mãos tremiam tanto que levei alguns segundos para conseguir segurar o aparelho e discar. Meu coração batia acelerado. Eu não sabia se aquilo era o certo a se fazer. Eu só sabia que ele era a única pessoa para quem eu podia ligar. Quando Mason atendeu, sua voz era calma, quase como se estivesse esperando por isso. "Evans, sabia que iria ligar." Fechei os olhos, sentindo o peso da humilhação me esmagar. Eu o odiava, completamente. "Eu... aceito. Aceito o seu acordo," sussurrei, minha voz carregada de dor. Houve um momento de silêncio do outro lado, e eu imaginei o sorriso triunfante que ele provavelmente tinha no rosto. "Boa escolha," ele respondeu, frio e controlado. Lágrimas silenciosas escorreram pelo meu rosto enquanto eu desligava. Eu havia vendido minha alma para o diabo e tinha plena consciência disto. De volta à cela, a porta se fechou com um estrondo, e eu senti como se o peso do mundo estives
Mason Blake"O que você quer em troca?" perguntei, minha voz firme enquanto observava a matriarca dos Rousseau, sentada à minha frente com aquele sorriso insuportável de satisfação."Eu fiz como você pediu, Mason. Acusei a garota de roubar o colar. Agora quero que você dê à minha família livre acesso para trabalharmos em suas terras," disse ela, sem rodeios."Somente as terras do Sul da cidade. E nada mais," respondi, mantendo o olhar fixo nela."Aceito." Ela sorriu, triunfante. "Mas me diga, por que fez isso com a garota, hein? Sabia da sua fama de pessoa má, mas não sabia que era tanto.""Isso não é da sua conta, senhora Rousseau," rebati, seco. "Tínhamos um acordo. Ele foi cumprido. Isso é o suficiente."Ela ergueu uma sobrancelha, como se quisesse me provocar, mas, felizmente, não insistiu. Apenas me lançou um último olhar inquisitivo antes de se levantar e sair do meu escritório.Acendi um charuto assim que a porta se fechou. Recostei-me na cadeira, colocando os pés sobre a mesa,