CAPÍTULO 03
Fernanda Antero Quando dei por mim, aquele cara já estava correndo atrás da gente! Ele era o subordinado do infeliz que matou o meu pai, e depois que eu e a minha irmã conseguirmos fugir daqui, ele será o meu segundo alvo, vingarei a morte do meu pai nem que seja a última coisa que eu faça. — Vem, Rose! Precisamos correr! — falei para a minha irmã, e perna pra quem tem! — corri feito doida e a Rose me acompanhou. Haviam muitos carros ali parados, a maioria deveria ser apreendido, e tinha uma barreira os separando, e algumas bancas que vendiam alimentos. Nos escondemos atrás de uma delas e quando vi o cara ali nos procurando, eu gritei feito uma maluca: — PEGA LADRÃO! PEGA LADRÃO! ELE TÁ ROUBANDO TODO MUNDO, EU VI! — Apontei o dedo pra ele. — OLHEM! ELE TEM COISAS NAS MÃOS!!! — Fiz cara de desesperada, e outra vez... corri sem olhar pra trás, mas confesso que adoraria ter ficado mais dois segundos para ver a cena, pelo barulho do alvoroço que se formou, eu preciso rezar muito, para esse cara nunca me encontrar, pois ele é capaz de me torturar antes de matar, só por causa disso! Entrei no meio de rochas grandes com a Rose, e falei: — O trem está ali! Aqui tem dinheiro, você só precisa atravessar por aqui. — apontei. — Vá até a encosta, de lá você pegará um barco, e irá para a ilha de Creta! Vamos nos encontrar lá no cais! — Mas, e você? — perguntou com aqueles olhinhos desesperados. — Eu vou despistar eles, para que não peguem você! Mas eu me garanto, e prometo te encontrar lá o quanto antes! Agora corre que o infeliz de vermelho já está saindo de lá! — Eu disse e a vi correr na direção do trem, e quando entrou eu atraí a atenção do de vermelho, para que ele viesse atrás de mim e não da Rose, mas eu estava bem ferrada... Assim que ele me viu, pensei que sairia “picadinho de Fernanda”, então corri como se não houvesse amanhã. Entrei no meio das rochas para despistá-lo, e vi que tinha outros vindo atrás dele quando peguei uma curva. Mas eu precisaria correr mais, não poderia correr o risco deles pegarem a Rose, pois ela não saberia se defender. Não me perguntem se eu sei, pois não sei bulhufas nenhuma, mas eu dou os meus pulos. — Pare, sua rata de esgoto! Você não tem pra onde fugir! — olhei para a frente, e eu já estava a beira de um precipício, apenas mais um passo, e eu cairia de uma altura significativa, que provavelmente não sobreviveria se tivesse pedras lá em baixo. — Quem é você? O que quer comigo? — questionei, mesmo sabendo o que ele queria, mas precisava enrolar, quem sabe eu não pensaria em algo. — Meu nome é Yago! Mas, isso não faz diferença pra você, agora! Tem cinco segundos para dizer aonde está o mapa do dinheiro do Gura! — um deles falou. Ele estava atrás do de vermelho, e era o mesmo cara que matou o meu pai, e agora o ódio me consumiu e nem fodendo eu entregaria pra ele, prefereria morrer naquele precipício com o mapa do que entregar à ele, com sorte as ondas do mar me jogariam para a costa. — Vai dizer, porra! — quase gritou o de vermelho. — Vão para o inferno! — eu disse, quando pulei de ponta no precipício e nem vi mais nada ali. Eu tive sorte que não havia rocha onde eu pulei, mas era um mar muito bravo, que batia em pedras grandes e muito próximas de onde eu estava. As ondas vinham por cima de mim e eu precisei me esforçar muito para conseguir ficar para cima e nadar contra a correnteza para conseguir sair dali. Não sei se ainda me olhavam ou se estavam atrás de mim, mas a única coisa que eu pensava naquele momento, era em sair daquela água e encontrar a minha irmã! Eu precisava saber se ela estava bem. Engoli muita água, e chegou um momento que fiquei exausta e precisei boiar na água, precisando retroceder um pouco o que eu já tinha nadado, pois vi que estava começando a ter cãibras e não conseguiria dessa forma. Então, eu acho que hoje não é o meu dia de azar, pois vi um pequeno barco se aproximando e alguém jogou uma corda com uma boia na ponta para que eu subisse no barco. Com as poucas forças que eu ainda tinha, eu consegui me apoiar, e quando cheguei na beira do barco alguém me ergueu. Eu não conseguia nem falar, ouvia algumas pessoas falando ao meu redor mas naquele momento apenas vomitei um pouco da água que tinha engolido e levei certo tempo para me recuperar. Pouco depois, descobri que eram pescadores e por sorte me salvaram da morte que ficou tão perto de mim. Me ajudaram a chegar até o local aonde combinei com a Rose, mas acho que meu azar voltou, pois eu não a encontrei em lugar nenhum, mesmo dando voltas e mais voltas, não encontrei ela. Depois de um bom tempo esperando, eu decidi que precisava ir até o local que o meu pai me direcionou, encontrar esse tal Pietro Kosta, e ver no que ele poderia ajudar, se eu me casasse, ele seria responsável por nós. A gente tinha um acordo de casamento horroroso, mas que me beneficiaria, então eu faria o sacrifício. O local era bem movimentado e precisei passar por um beco assustador. No final dele, havia um casal encostado na parede e nem liguei, mas quando ouvi o que o homem disse, uma antena minha ligou. — Cala a boca, sua puta! Se eu quiser te comer aqui, não poderá fazer nada! Você não aguenta um tapa! E, se eu tô pagando, tem que abaixar a calcinha e me dar! — aquilo me lembrou algo que já vivi, e hoje não aceito ver esse tipo de coisa, então eu simplesmente voltei, e o intimidei... — Escuta aqui, seu filho da put@! Você vai soltar essa mulher agora mesmo, pois eu não tenho medo de você! — coloquei as mãos na cintura. — Outra vadia? Eu acabo com as duas, não precisa ficar com ciúmes, cadela! — e ele soltou ela, e veio na minha direção para me pegar, mas eu fui muito mais rápida... Ele era grande, mas não era dois, então mirei o saco, e dei uma joelhada certeira lá, pisei no seu pé com força, e enquanto ele se curvava por causa da dor, eu meti a bolsa na cara dele, que caiu no chão. A mulher veio me ajudar, e cobrimos o cara no chute, ele resistiu enquanto deu e depois levantou correndo como um covarde. — Obrigada! Nunca vi uma mulher que brigasse tão bem! Prazer, sou Pati Sales! — falou ela, me estendendo a mão. — Prazer, Pati! Sou Fernanda Antero! Aquele homem... você conhece? — perguntei não querendo parecer indelicada. — Mais ou menos! Já fiz programa com ele, mas o cara não respeita! Eu não faço em qualquer lugar, tem que pagar o quarto, não vou sair dando no meio da rua e nem queria fazer agora, cara petulante! — respondeu ela, toda se ajeitando e agora entendi. — Garota de programa? — perguntei receosa. — Sim, querida! Mas, só faço com homens! E de preferência aqueles enormes, com muitas tatuagens, braços imensos, cabelos compridos, tipo sexy, sabe... — Ela gesticulava com as mãos imaginando o homem perfeito pelo que vi, e eu só ouvia, mas aí ela parou, e... — É brincadeira, sua louca! — Se rachou de rir. — pagando bem, que mal tem, não é... Eu não me aguentava de rir, aquela mulher era hilária. Sinto que encontrei uma amiga, ela foi a única a me fazer rir depois de tudo isso. — Ohh, Pati... eu adoraria te conhecer melhor, pois adorei você, mas agora preciso encontrar o Pietro Kosta, tenho assuntos a tratar com ele... — falei com calma para não parecer indelicada. — Sem crise, amiga, vem que eu te levo! — enganchou no meu braço, e foi me guiando. Pati não parava de falar por um minuto, ela é muito divertida. — Obrigada! Vou ali ver com os seguranças! — falei. — Vai! Vai, que te espero aqui... se precisar dá um grito, que eu corro! — falou sorridente. Cheguei nos guardas e falei: — Eu preciso falar com o Kosta! Ele está? — se entre olharam. — Don Pietro, seria? Não o chame assim, que ele não gosta... ele está resolvendo coisas de negócios! Precisará voltar mais tarde! — um deles falou, e voltei atordoada. — O que foi amiga? — Pati perguntou. — O homem não está! Vou ter que voltar mais tarde! — expliquei. — Você tem pra onde ir? Vem pra minha casa! Eu não vou mais sair hoje, descansa um pouco e depois você volta aqui! — falou ela. — Eu preciso encontrar a minha irmã... — comecei a explicar a confusão pra ela, que é um amor, e resolveu me ajudar a sair para procurar a Rose. Andamos até a noite e nada dela aparecer no local combinado. Então voltei para procurar o tal Don Pietro Kosta, que parece que gosta mais é do título que tem, e assim que eles me liberaram para entrar, a Pati foi pra casa, mas deixou ordens bem claras, para que eu voltasse lá depois. — Por aqui, moça! — apontou o segurança. — Obrigada! — Você veio a mando de quem? — perguntou, ao abrir a porta, e um homem alto e bem encorpado, com algumas tatuagens no braço, se virou para me olhar, colocou a mão na cintura, e eu quase caí durinha no chão... Eu já o conhecia... mas porque o meu pai me mandou até a ele? Digamos que não fomos tão bem apresentados...CAPÍTULO 4 Fernanda Antero — Puta que pariu! — pronunciei. — O quê disse? — o grandão perguntou, e agora que vi que falei alto demais. — Você se chama, Pietro Kosta? — perguntei com receio, o cara era grande. — Sim! Mas, alguns me chamam de escorpião, outros de chefe, ou até Don! Pietro não é permitido para qualquer um! Quem te mandou me procurar? — parou na minha frente, e no seu movimento, percebi que sacaria uma arma. — O meu pai! Ou melhor... Antero, mais conhecido como cobra! Ele pareceu pensar em algo, tirou a mão da cintura e então se ajeitou encostando na beira da sua mesa. Parecia me analisar por alguns segundos. — E, você é a metida que quase morreu esses dias por se intrometer nos meus negócios! — falou dando uma volta ao meu redor, de forma lenta e horrorosa, me senti sufocada, com ele me comprimindo. — Eu não fiz nada! Foram vocês que invadiram o meu local de trabalho, e por sua culpa perdi o emprego! — reclamei de cara feia. — Deveria me agradecer, você me pa
CAPÍTULO 05 Fernanda Antero Foi difícil negociar com o grandão, e o pior é saber que agora estou noiva dele, e amanhã bem cedo estaremos casados, e só essa palavra já me assombra... tenho medo que ele me faça mal como o meu ex já fez, e não sei se suportaria. Quando saí daquele escritório toda descabelada para descansar, fui surpreendida por uma bela voz de mulher. — Quem é você? Pietro não me disse que contratou empregada nova! — levantei a cabeça e me deparei com uma mulher maravilhosa, parecia uma celebridade, num salto alto, roupas de grife, cabelo escovado, e uma maquiagem que parecia ser de uma modelo, mas só pelo seu jeito, já não gostei dela. — Eu não sou empregada nenhuma, e não te devo explicações! — eu disse calmamente, pois é a verdade, e não me importo se essa bruaca gostou ou não. — Até parece que o Pietro te deixaria andar livremente se não fosse empregada dele! Me poupe sua folgada, segure a minha bolsa e pendure o meu casaco, que vim passar a noite com o meu ga
CAPÍTULO 6 Don Pietro Eu não entendo o que a Karina pensa que temos, pois eu nunca a assumi, assim como nunca pretendia assumir ninguém, só aceitei a Fernanda por conhecer bem as regras da máfia, e o valor da riqueza do Gura, mas, também tem o acordo que fiz com o cobra, pai dela. Dei a regalia de dar para a Karina até uma casa, para que não me cobrasse nada, pois ela conhece as minhas restrições, tem do meu dinheiro e tudo o que precisa, mas pra mim é apenas uma puta de luxo que não se valoriza, nada mais. — Karina, vá embora! Já tenho problemas demais para o final de semana, e você está ultrapassando as minhas regras. — fiquei entre as duas, pois já vi que também terei problemas com essa minha noiva, que parece ter fibra. — Amorzinho, vamos para o seu quarto e poderemos resolver os nossos problemas lá! Já entendi que está nervoso, aposto que estão te forçando a cumprir algum acordo, sabe que posso te acalmar rapidinho... — Cala a boca, sua oferecida! Não percebeu que está so
CAPÍTULO 07 Don Pietro Voltei a me conter e manter o meu silêncio que é o mais comum. Não posso me deixar comover por essa mulher, só porque ela é mais agitada que as outras, e destemida. Tá certo quem nunca vi alguém com tanta fibra e que roubasse um pouco da minha atenção, e principalmente que não fosse nos seios e nem na bunda, mas preciso me conscientizar que não pode passar disso. Voltei apenas à observar tudo o que acontecia ao meu redor. Indiquei o caminho à seguir, e ainda tentava entender como dirigia tão bem, se não sabia... será que ela mentiu? Então quando chegamos, coloquei uma das pistolas na cintura, e a outra no porta-luvas, para verificar o que tinha acontecido. — Qual foi a informação que te deram? — perguntou olhando para todos os lados, assim como eu. — Que Rosa Antero estava aqui, alguém a encontrou e a ajudou a chegar nesse lugar. Ela tem aproximadamente dez anos, mas é maior que a sua idade representa. — falei sério e sem rodeios, apertando a campainha.
CAPÍTULO 08 Don Pietro Kosta — Como assim? Quer que eu seja seu padrinho? — questionei a Fernanda. — Sim. Me ensine o que eu ainda não sei, quero me tornar alguém de confiança na máfia em que o marido é o Don. — pensei um pouco. — Marido... sabe que estamos casados, não sabe? — me aproximei dela na cama. — não quer a minha companhia nessa cama? Se você for a metade do que é no sexo, do que foi lá fora, hoje... — Se afasta! — colocou a mão na frente do corpo. — não quero nada, por enquanto apenas proteção e treinamento! — Precisamos consumar o casamento para se tornar de fato, válido! Não vou te forçar a nada, assinamos um acordo, mas... se cresceu na máfia, sabe como funciona... por acaso é virgem? — Olha... você me deu a sua palavra! — parecia sem respirar. — respeite a minha decisão, e me ajude com o que realmente vim atrás! — fiquei imóvel a olhando, e agora vejo ela bem séria. — Tudo bem... entendo que o dia não foi fácil para você, e ainda tem a sua irmã, então... te dar
CAPÍTULO 09 Don Pietro É um absurdo que ela pense essas coisas à meu respeito. Eu apenas queria ver como ela se sairia em uma situação como aquela, e não resisti a sua boca quando abri os olhos debaixo da água. — Acha mesmo que eu desonraria com a minha palavra? Com certeza não ouviu muita coisa a meu respeito! — falei quando ela levantou. — É que eu ainda não entendi o que aconteceu aqui. — Esta foi a primeira lição que lhe ensinei e aconselho a nunca levar isso de forma leviana, Fernanda! — Eu quase morri! — começou a se mover, com a perna melhor. — Então precisamos treinar mais essas partes! — respondi um pouco ríspido, fazendo a frente para que ela visse tudo o que eu mandei trazer. Sou um homem de princípios, e a desconfiança dela, me afronta. — Vá se secar e colocar outra das minhas camisetas que te esperarei na sala! — pedi. — Ok. . . Quando ela voltou, eu já observava algumas das peças que estilista trouxe, só estranhei que não me lembro dela trazer nenhuma roupa mi
CAPÍTULO 10 Fernanda Antero Me senti bem, vestida daquele jeito depois que me olhei no espelho. Um vestido longo, e sofisticado, me traziam uma sensação de poder, maior, que nem eu entendi. Provavelmente por não ser acostumada com isso. O local me trouxe um pouquinho de receio quando cheguei, era muito sofisticado, com pessoas muito bem vestidas, e eu só tentava andar direito com aquele salto da Pati sem tropeçar. Segurei um lado do vestido, e ele segurou na minha mão quando chegamos próximos da entrada. — O que está fazendo? — questionei. — Somos casados, esqueceu? Precisamos deixar natural. — Estou um pouco incomodada com as pessoas. — Fernanda. — parou, e puxou o meu queixo com a sua enorme mão, mas foi delicado. — Já te mostrei o quanto está bonita, não há motivos para se preocupar, apenas mantenha uma boa postura, deixe a cabeça erguida, e fale apenas o necessário quando se dirigirem a você. Não precisamos contar tudo de bandeja para as pessoas, elas precisam adivinhar al
CAPÍTULO 11 Don Pietro Kosta Demorei mais do que queria com o governador, e odiei cada segundo. Essas babozeiras que esse povo fala, são patéticas, e faço um esforço enorme para não demonstrar o meu tamanho desconforto, tentando transparecer ser um homem dentro da lei, principalmente quando existem mais deles presentes, pois nem todos acreditam nos boatos do meu nome envolvido na máfia, e assim fica melhor. Saí depressa atrás da Fernanda, e confesso que fiquei bastante decepcionado quando a avistei conversando com um homem barbado aos risos, e o juiz nem ali estava. Ela falhou na missão, e o deixou ir sem descobrir plano nenhum. Parei no caminho, e fiquei observando. Não sei se foi a sua falha ou os sorrisos com o barbado ali, mas ela estava conseguindo me deixar bem irritado, e só queria saber do que tanto falavam, porquê comigo ela não se diverte assim... Encostei no balcão, e apoiei o cotovelo, e como não tirei os olhos dela, percebi rapidamente quando os nossos olhares se cruz