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Banquete do governador

CAPÍTULO 10

Fernanda Antero

Me senti bem, vestida daquele jeito depois que me olhei no espelho. Um vestido longo, e sofisticado, me traziam uma sensação de poder, maior, que nem eu entendi. Provavelmente por não ser acostumada com isso.

O local me trouxe um pouquinho de receio quando cheguei, era muito sofisticado, com pessoas muito bem vestidas, e eu só tentava andar direito com aquele salto da Pati sem tropeçar. Segurei um lado do vestido, e ele segurou na minha mão quando chegamos próximos da entrada.

— O que está fazendo? — questionei.

— Somos casados, esqueceu? Precisamos deixar natural.

— Estou um pouco incomodada com as pessoas.

— Fernanda. — parou, e puxou o meu queixo com a sua enorme mão, mas foi delicado. — Já te mostrei o quanto está bonita, não há motivos para se preocupar, apenas mantenha uma boa postura, deixe a cabeça erguida, e fale apenas o necessário quando se dirigirem a você. Não precisamos contar tudo de bandeja para as pessoas, elas precisam adivinhar algumas coisas para ficar interessante.

— Tudo bem. Só me diga se isso faz parte do meu treinamento.

— Claro. Praticamente tudo! — assenti, e fui respirando melhor quando voltamos a andar.

A comida estava ótima, e ninguém veio nos cumprimentar, apenas alguns acenos à distância. Então recebi um convite um tanto complicado.

— Dança comigo, Fernanda? — olhei para aquele homem enorme, em pé na minha frente sem reação.

— Eu não sei...

— Aposto que aprende rápido!

— É um desafio, grandão? — sorriu.

— Grandão, eu já ouvi, mas não foi nesse sentido. — franzi o cenho. — É um desafio, Fernanda!

— Então, ótimo! Adoro desafios. — coloquei a minha mão sobre a dele, e seja como Deus quiser.

— Segure no braço com elegância, e do mesmo jeito na minha mão, é só contar dois passos para um lado, e dois para o outro. Não endureça a cintura, vou guiar os seus movimentos. — ele sussurrou, e segurou com firmeza na minha cintura, então me lembrei quando eu rebolava no bar em que eu trabalhava, e comecei a remexer seguindo o ritmo do corpo do Don.

— Não é tão difícil. — comentei.

— Não, principalmente quando a parceira diz que não sabe, e começa a dar um show na pista! — gargalhou. — olhe para os lados. Repare como todos nos olham agora, e os homens babam por você! — olhei, e fiquei surpresa com os olhares que recebíamos.

— Eles não tiram os olhos da gente.

— Você é linda, Fernanda! Pode muito bem usar isso a seu favor!

— De que jeito? — ele parecia prestar atenção ao redor.

— Esbanje poder, mesmo com receio. Demonstre segurança e empatia, mas também jogue os cabelos e os quadris de vez em quando para os lados, e sorria para si mesma. E quando alguém sorrir demais pra você, permaneça séria... só recebe um belo sorriso quem merecer, e isso significa que serão poucos! Já dançou forró?

— Não.

— Então presta atenção, que vamos começar o verdadeiro show! — puxou a minha mão, e me deu um giro, me tirando um sorriso.

Comecei a entender as jogadas dele, e segui o fluxo. Ele ficou charmoso demais, me soltava, e ao mesmo tempo me puxava de volta, e nos girava. Fizemos vários passos novos, e chegou um momento que nem me lembrava que estávamos num lugar tão chique, e só percebi com os aplausos que recebemos pelo espetáculo.

— Parece que agora chamamos a atenção! — falou sorridente.

— Sim. — respondi, e vi uma senhora bem vestida, com um coqui se aproximar.

— Don Pietro Kosta, sou a governanta do governador, e ele deseja vê-lo antes de se retirar do evento, tudo bem para o senhor?

— Claro, só me dê alguns minutos.

— Ok, senhor. — assim que a mulher se retirou, o Don me virou e de forma discreta me mostrou um homem.

— Eu quero que aproveite a ocasião, e se aproxime daquele juiz. O foco é obter a história interna do projeto de lei, que é sobre uma

denúncia de tráfico de drogas de um especialista em pesquisa do tema. Me conte tudo o que descobrir, que depois terá uma recompensa!

— Só isso?

— Sim. Espero que consiga.

— Missão dada... — coloquei a mão no seu ombro. — Missão cumprida! — ele assentiu e se afastou, então fui até o balcão aonde o juiz estava, e chamei o atendente.

— O que deseja, senhora?

— Eu não sei o que pedir, não conheço nada de bebidas... acredito que vou querer o mesmo que esse jovem senhor, para começar! — pisquei para o juiz que sorriu virando completamente para mim.

— whisky é um pouco forte para uma bela dama como você! — esticou a mão para me cumprimentar, e a beijou.

— Não vou saber se não provar, não é? — é claro que conheço muito bem das bebidas, pois trabalhava num bar.

— Tome devagar, então.

Assim que peguei o copo, praticamente virei, mas permaneci com postura, e com os dedos joguei o cabelo para trás, fazendo charme.

— Vai ficar tonta, senhorita...

— Não... — chamei o atendente. — pode trazer outro!

Olhei para cima, e vi que o lustre estava se soltando, e cairia bem em cima do juiz, então sem pensar subi numa cadeira ao lado, e terminei de puxar, segurando um lustre lindo de vidro, e pesado em cima de mim, e o juiz assustado me ajudou a segurar quando levantou, e levamos até o balcão.

— Caramba, você é rápida... salvou a minha vida, obrigado!

— Sou boa observadora, apenas!

— Nunca te vi por aqui, é de onde?

— Atenas!

— Interessante.

— E essa caneta no seu bolso? — reparei numa caneta diferente.

— Ela é um gravador! Me acostumei a andar com ela.

— Sempre sonhei em ter uma dessas! Assim poderei provar quando alguém desconfiar de mim. — me sentei com postura na cadeira, jogando o cabelo para o outro lado, e apoiei o cotovelo no balcão.

— Fique com ela! — ofereceu, e sorri internamente.

— Não, imagina! Ela é sua companheira, não posso ser tão má. — fiz uma carinha manhosa.

— Tenho outras, pode ficar! Assim lembrará de mim...

— Obrigada então!

— Qual o seu nome, bela moça?

— Cecília! — lembrei dos documentos falsos que o Don me arrumou.

— Lindo nome...

Peguei a caneta e logo apertei o botão a ligando disfarçadamente, e deixei próxima do corpo.

— Sabe... não vou ficar muito tempo aqui em Creta! — passei o dedo na boca do copo, fazendo o caminho do círculo devagar.

— Mas, porque? Não se apresse em voltar...

— Estou preocupada com a segurança do local, não sei, mas acredito que nem exista um projeto de lei a respeito disso!

— Não diga isso, senhorita Cecília! Eu sou juiz e tenho muitos projetos a respeito disso, só não saíram ainda, mas vão sair.

— Sério? Que interessante... e do que se trata? Como irão impedir o tráfico, e a violência?

— Bom... eu não poderia falar sobre isso, mas já que foi tão simpática posso te contar! Chega mais perto... — me aproximei e comecei a ouvir tudo, e prestando atenção na caneta, se estava mesmo gravando, e certamente deixarei o Don satisfeito hoje.

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