CAPÍTULO 05
Fernanda Antero Foi difícil negociar com o grandão, e o pior é saber que agora estou noiva dele, e amanhã bem cedo estaremos casados, e só essa palavra já me assombra... tenho medo que ele me faça mal como o meu ex já fez, e não sei se suportaria. Quando saí daquele escritório toda descabelada para descansar, fui surpreendida por uma bela voz de mulher. — Quem é você? Pietro não me disse que contratou empregada nova! — levantei a cabeça e me deparei com uma mulher maravilhosa, parecia uma celebridade, num salto alto, roupas de grife, cabelo escovado, e uma maquiagem que parecia ser de uma modelo, mas só pelo seu jeito, já não gostei dela. — Eu não sou empregada nenhuma, e não te devo explicações! — eu disse calmamente, pois é a verdade, e não me importo se essa bruaca gostou ou não. — Até parece que o Pietro te deixaria andar livremente se não fosse empregada dele! Me poupe sua folgada, segure a minha bolsa e pendure o meu casaco, que vim passar a noite com o meu gato. — olhou para a governanta. — Aonde ele está? Antes que ela respondesse, eu sorri debochada, pois não deixaria aquela mulher me humilhar. Que fique claro que não tenho nada contra ser empregada, inclusive eu era uma um pouco antes de vir pra cá, mas eu não deixaria ela me humilhar coisa nenhuma... — Escuta aqui, filhote de cruz credo! “Eu” sou a noiva de Pietro, então você pode dar meia volta que ele não precisa mais dos teus serviços! — ela ficou enfurecida. — Eu sou atriz e modelo, sua empregadinha de quinta! Venho aqui nas terças e sextas-feiras, que são os dias em que estou no país, e conheço muito bem o Pietro, ele nunca se amarraria à um casamento, ainda mais com uma maltrapilha como você! — fiquei com raiva. Eu sei muito bem que não estou nada apresentável, mas essa mulher é nojenta demais. — Maltrapilha, eu? — respondi irritada, pronta para um ataque, quando arregalei os olhos ao ouvir a voz do grandão. — O que é que está acontecendo aqui? — olhei para ele apavorada. “Só falta o maldito me desmentir e eu ficar com cara de taxo na frente da beldade nojenta!“ Penso, rezando para que ele leve em conta que o contrato já está sendo redigido. — Querido, você me assustou deixando essa mulher andando pela casa, assim! Acredita que ela teve a audácia de falar que é a sua noiva? Diz pra ela que somos muito mais do que isso! — falou com voz melosa, se aproximando do Don, passando a mão no braço dele como se realmente fossem íntimos. — Karina... ela disse a verdade! — abri e fechei a boca e os olhos várias vezes, ao ver que ele realmente me assumiu como noiva, pensei que negaria, já que ainda não assinamos o documento oficial de casamento. — Do que está falando, Don Pietro? Já olhou pra ela? Parece um rapaz com essas roupas horrorosas e masculinas. Esse cabelo nunca viu um shampoo ou uma escova, ela não serve para te satisfazer! Não estou te entendendo, e nós? — Karina, não pedi a tua opinião! — ele reclamou, mas eu o cortei. — Olha querida... não te devo explicações da minha vida, mas te garanto que sou muito mais mulher do que você! Se dando ao trabalho de vir em dias agendados na casa de um homem sem ter um compromisso com ele, e ainda se dar o direito de opinar na vida dele! — Você quer saber o que venho fazer? — me disse enfurecida e veio mais perto do Don. Jogou a bolsa em cima da governanta, e depois tirou o casaco de luxo, praticamente pulando nos braços do grandão que pareceu gostar da surpresa. Por isso não confio em homem nenhum, são uns malditos fracos, manipulados pelo pau que carregam. Ela levou a mão no peito dele e enfiou por baixo da camisa, e não consegui resistir. Eu precisava virar o rosto, olhar para outro lado, sei lá..., mas a verdade é que olhei. Olhei bem para o movimento da mão daquela vadia que chegou a abrir o botão da camisa, e o acariciou no pescoço e no peito, e só agora reparei na quantidade de tatuagens que ele tem em todo o pescoço. — Meu bem, vamos para o quarto pra eu cavalgar gostoso no seu pau? Ou já esqueceu que te deixo louco facilmente... — sorriu safada, e vi que fiz um péssimo negócio. Esse Don Pietro é um safado, deve trazer muitas amantes para esta casa, e terei que ficar passando vergonha e explicando a nossa situação para os outros, pois irão rir de mim ser traída na minha própria cara. Não vou ser hipócrita e dizer que me importo com o que ele faz ou deixa de fazer com essas mulheres na cama, nem sei porquê fiquei olhando e senti raiva, então vou ignorar. Percebi que a mulher o beijaria ou faria algo a mais na minha frente, e nem quis ver, virei de costas pra eles junto com a governanta, disfarçando enquanto olhava o jardim, e ainda precisei ouvir: — Gato, não precisa me evitar... estou vendo que está de pau duro... — abri a boca incrédula, aquela mulher era muito vulgar. — Karina, já chega! Eu estou mesmo noivo da... é... — parecia ter esquecido o meu nome! Que imbecil! — Fernanda! E então você não poderá mais frequentar esta casa... — Você não pode fazer isso comigo! Ela é garota de programa por acaso? Está me trocando por uma puta mal vestida? — me virei na mesma hora e voei naquela mulher a empurrando com força pra longe do Don, e ela caiu no sofá. — Vou te ensinar a lavar a boca antes de falar de mim, sem me conhecer! — puxei ela pela roupa de novo, mas o Don não gostou nada, e gritou comigo. — Fernanda, o que significa isso? Larga a Karina, agora mesmo! Depois a gente conversa sobre isso, mas não te dei o direito de bater em nenhum convidado meu! — ele estava vermelho de raiva, mas eu também estava. — Ela me chamou de... — Tá, bem! Eu ouvi, e entendo! Mas deixa que eu resolvo os meus problemas, não gosto que se intrometam nas minhas coisas! — fiquei em silêncio... quero só ver o que ele fará agora.... Yago. Aqueles cretinos me acharam! Que raiva, mal tive tempo pra nada, e já fui surpreendido pelos homens do Don Pietro, e tive sorte de conseguir escapar com vida. Precisei me esconder, e fui atrás de quem possa me ajudar. — O que aconteceu, Yago? Um caminhão passou por cima de você? — Beto, o meu cunhado perguntou quando me viu arrebentado. — Isso não vem ao caso! Eu vim apenas te contar, que o mapa que o Gura fez, existe, e está com aquela idiota, filha do cobra! Acho que o Don Pietro Kosta, está a ajudando, e já estou muito machucado, preciso de um tempo para me recuperar, vou precisar sair do país, mas você pode investir, mete ficha! — Vou resolver isso, agora mesmo! — respondeu exatamente o que eu esperava...CAPÍTULO 6 Don Pietro Eu não entendo o que a Karina pensa que temos, pois eu nunca a assumi, assim como nunca pretendia assumir ninguém, só aceitei a Fernanda por conhecer bem as regras da máfia, e o valor da riqueza do Gura, mas, também tem o acordo que fiz com o cobra, pai dela. Dei a regalia de dar para a Karina até uma casa, para que não me cobrasse nada, pois ela conhece as minhas restrições, tem do meu dinheiro e tudo o que precisa, mas pra mim é apenas uma puta de luxo que não se valoriza, nada mais. — Karina, vá embora! Já tenho problemas demais para o final de semana, e você está ultrapassando as minhas regras. — fiquei entre as duas, pois já vi que também terei problemas com essa minha noiva, que parece ter fibra. — Amorzinho, vamos para o seu quarto e poderemos resolver os nossos problemas lá! Já entendi que está nervoso, aposto que estão te forçando a cumprir algum acordo, sabe que posso te acalmar rapidinho... — Cala a boca, sua oferecida! Não percebeu que está so
CAPÍTULO 07 Don Pietro Voltei a me conter e manter o meu silêncio que é o mais comum. Não posso me deixar comover por essa mulher, só porque ela é mais agitada que as outras, e destemida. Tá certo quem nunca vi alguém com tanta fibra e que roubasse um pouco da minha atenção, e principalmente que não fosse nos seios e nem na bunda, mas preciso me conscientizar que não pode passar disso. Voltei apenas à observar tudo o que acontecia ao meu redor. Indiquei o caminho à seguir, e ainda tentava entender como dirigia tão bem, se não sabia... será que ela mentiu? Então quando chegamos, coloquei uma das pistolas na cintura, e a outra no porta-luvas, para verificar o que tinha acontecido. — Qual foi a informação que te deram? — perguntou olhando para todos os lados, assim como eu. — Que Rosa Antero estava aqui, alguém a encontrou e a ajudou a chegar nesse lugar. Ela tem aproximadamente dez anos, mas é maior que a sua idade representa. — falei sério e sem rodeios, apertando a campainha.
CAPÍTULO 08 Don Pietro Kosta — Como assim? Quer que eu seja seu padrinho? — questionei a Fernanda. — Sim. Me ensine o que eu ainda não sei, quero me tornar alguém de confiança na máfia em que o marido é o Don. — pensei um pouco. — Marido... sabe que estamos casados, não sabe? — me aproximei dela na cama. — não quer a minha companhia nessa cama? Se você for a metade do que é no sexo, do que foi lá fora, hoje... — Se afasta! — colocou a mão na frente do corpo. — não quero nada, por enquanto apenas proteção e treinamento! — Precisamos consumar o casamento para se tornar de fato, válido! Não vou te forçar a nada, assinamos um acordo, mas... se cresceu na máfia, sabe como funciona... por acaso é virgem? — Olha... você me deu a sua palavra! — parecia sem respirar. — respeite a minha decisão, e me ajude com o que realmente vim atrás! — fiquei imóvel a olhando, e agora vejo ela bem séria. — Tudo bem... entendo que o dia não foi fácil para você, e ainda tem a sua irmã, então... te dar
CAPÍTULO 09 Don Pietro É um absurdo que ela pense essas coisas à meu respeito. Eu apenas queria ver como ela se sairia em uma situação como aquela, e não resisti a sua boca quando abri os olhos debaixo da água. — Acha mesmo que eu desonraria com a minha palavra? Com certeza não ouviu muita coisa a meu respeito! — falei quando ela levantou. — É que eu ainda não entendi o que aconteceu aqui. — Esta foi a primeira lição que lhe ensinei e aconselho a nunca levar isso de forma leviana, Fernanda! — Eu quase morri! — começou a se mover, com a perna melhor. — Então precisamos treinar mais essas partes! — respondi um pouco ríspido, fazendo a frente para que ela visse tudo o que eu mandei trazer. Sou um homem de princípios, e a desconfiança dela, me afronta. — Vá se secar e colocar outra das minhas camisetas que te esperarei na sala! — pedi. — Ok. . . Quando ela voltou, eu já observava algumas das peças que estilista trouxe, só estranhei que não me lembro dela trazer nenhuma roupa mi
CAPÍTULO 10 Fernanda Antero Me senti bem, vestida daquele jeito depois que me olhei no espelho. Um vestido longo, e sofisticado, me traziam uma sensação de poder, maior, que nem eu entendi. Provavelmente por não ser acostumada com isso. O local me trouxe um pouquinho de receio quando cheguei, era muito sofisticado, com pessoas muito bem vestidas, e eu só tentava andar direito com aquele salto da Pati sem tropeçar. Segurei um lado do vestido, e ele segurou na minha mão quando chegamos próximos da entrada. — O que está fazendo? — questionei. — Somos casados, esqueceu? Precisamos deixar natural. — Estou um pouco incomodada com as pessoas. — Fernanda. — parou, e puxou o meu queixo com a sua enorme mão, mas foi delicado. — Já te mostrei o quanto está bonita, não há motivos para se preocupar, apenas mantenha uma boa postura, deixe a cabeça erguida, e fale apenas o necessário quando se dirigirem a você. Não precisamos contar tudo de bandeja para as pessoas, elas precisam adivinhar al
CAPÍTULO 11 Don Pietro Kosta Demorei mais do que queria com o governador, e odiei cada segundo. Essas babozeiras que esse povo fala, são patéticas, e faço um esforço enorme para não demonstrar o meu tamanho desconforto, tentando transparecer ser um homem dentro da lei, principalmente quando existem mais deles presentes, pois nem todos acreditam nos boatos do meu nome envolvido na máfia, e assim fica melhor. Saí depressa atrás da Fernanda, e confesso que fiquei bastante decepcionado quando a avistei conversando com um homem barbado aos risos, e o juiz nem ali estava. Ela falhou na missão, e o deixou ir sem descobrir plano nenhum. Parei no caminho, e fiquei observando. Não sei se foi a sua falha ou os sorrisos com o barbado ali, mas ela estava conseguindo me deixar bem irritado, e só queria saber do que tanto falavam, porquê comigo ela não se diverte assim... Encostei no balcão, e apoiei o cotovelo, e como não tirei os olhos dela, percebi rapidamente quando os nossos olhares se cruz
CAPÍTULO 12 Fernanda Antero Eu amei a minha recompensa pela missão, acredito que ainda vou fazer muita coisa com aquela adaga, mas confesso que olhar um homem daquele tamanho e só de regata me deixou atrapalhada durante o aprendizado das posições do jiu-jitsu. Tentei focar no que ele dizia, mas os seus braços enormes, e todas aquelas tatuagens no pescoço, me chamaram muito a atenção. Ele tem uma postura incrível, uma presença marcante, que me confunde. O problema é que não deixa de ser um homem, e não confio e nem confiarei em homens, nunca. Don Pietro começou a me ensinar, mas estava claro que ele é muito mais habilidoso e forte do que eu, o que tornaria as coisas difíceis pra mim. A cada posição que ele me ensinava, eu acabava no chão e pedindo pinico, e estava começando a ficar humilhante pra mim. No começo eu só estava aprendendo, mas depois de um tempo, eu já deveria demonstrar que sabia fazer alguma coisa, no mínimo derrubá-lo alguma vez, mas parecia uma missão impossív
CAPÍTULO 13 Fernanda Antero Primeiro comecei arrumando a bagunça, e o Don abanava com um pano, tirando um pouco da fumaça da cozinha. Observei um rádio em cima do armário e fiquei curiosa. — Aquele rádio funciona? — Pietro me olhou, e depois para o aparelho. — Não sei, mas podemos descobrir... você gosta de música? — perguntou ele se aproximando do rádio. — Sim, no barzinho que eu trabalhava essa era a melhor parte. — ele ligou o rádio, e começou a apertar os botões até que começou uma música que eu conheço, e gosto de ouvir. Puxei uma caneta de um copo bonito que vi ali, e fiz o meu coqui básico. Então quando me virei para começar, senti o Don se encostando por trás, e me faltou o ar sentir as mãos dele em mim, mas era apenas um avental igual ao dele que estava colocando, e precisei apoiar as mãos na pia enquanto ele amarrava na minha cintura. — Pronto, agora eu quero ver, do que é capaz! — Aposto que vai dobrar a língua antes de pensar novamente em me falar algo como o que