CAPÍTULO 6
Don Pietro Eu não entendo o que a Karina pensa que temos, pois eu nunca a assumi, assim como nunca pretendia assumir ninguém, só aceitei a Fernanda por conhecer bem as regras da máfia, e o valor da riqueza do Gura, mas, também tem o acordo que fiz com o cobra, pai dela. Dei a regalia de dar para a Karina até uma casa, para que não me cobrasse nada, pois ela conhece as minhas restrições, tem do meu dinheiro e tudo o que precisa, mas pra mim é apenas uma puta de luxo que não se valoriza, nada mais. — Karina, vá embora! Já tenho problemas demais para o final de semana, e você está ultrapassando as minhas regras. — fiquei entre as duas, pois já vi que também terei problemas com essa minha noiva, que parece ter fibra. — Amorzinho, vamos para o seu quarto e poderemos resolver os nossos problemas lá! Já entendi que está nervoso, aposto que estão te forçando a cumprir algum acordo, sabe que posso te acalmar rapidinho... — Cala a boca, sua oferecida! Não percebeu que está sobrando aqui? Se Pietro aceitou um acordo ou não, não é problema seu! — olhei para a Fernanda enfurecida, como ela é brava! — Nossa... vejo que já estão íntimos... deixou ela te chamar pelo nome? Qual a sua? — Karina disse tentando se levantar, e já aproveitei o momento para acabar com a palhaçada, não vou poder manter as duas num mesmo lugar. — Karina, vamos fazer assim... vai para a casa que comprei e a pegue pra você! Quando eu puder, e quiser eu te procuro, tenho muitas coisas para resolver! — se levantou enfurecida. — O quê? Eu não vou sair daqui, não vão se livrar de mim desse jeito. Exijo que se retrate! — sorri ao perceber a audácia dessa mulher, e só por isso já perdi a paciência, terei que lembrá-la o seu lugar. — Seguranças! Levem essa mulher da minha casa, agora mesmo! E proíbam a sua entrada. Karina fez um escândalo, e quis dificultar para os meus homens, então eu mesmo a arrastei até a porta, não tenho paciência para showzinhos de mulheres. — A CULPA É SUA, SUA VADIA! COLOCOU COISAS NA CABEÇA DO DON, E EU VOU ACABAR COM VOCÊ! VOCÊ AINDA VAI ME VER MUITO... — Ela foi gritando ofensas, e não me importei. Olhei para a Fernanda e estava em silêncio, parecia com algum receio ou até medo, já vi que precisarei treiná-la para algumas ocasiões. — Está tudo bem? — perguntei. — Sim... só me lembrei de algumas coisas... — virei as costas para sair, e ela me chamou. — Don... — não respondi, apenas fiquei parado ouvindo ainda de costas pra ela. — você é mesmo o homem que o meu pai falou, né? Também é um homem de palavra? — perguntou, e senti o medo em sua voz. Eu não entendi a pergunta dela, deu para notar que ficou com algum receio quanto a tudo que ouviu, mas não sei exatamente do que se trata. — Eu já troquei palavras demais com uma mulher, hoje. Saiba que não gosto muito do diálogo... — Me responde! Preciso saber aonde estou pisando... — respirei fundo, coloquei as mãos na cintura. — Sou o homem que procura... e sim! Sou um homem de palavra. Mais alguma coisa, ou posso descansar agora? — respondi de costas. — Era só isso... obrigada. — saí sem olhar para trás. — Mari, acomode a Fernanda por favor! — pedi a governanta ao me retirar. — Sim, senhor! . . Como foram tantos problemas, eu nem saí mais do meu quarto. Acendi um charuto, e depois tomei um banho. Deitei cedo, embora a noite hoje parecia me assombrar, com as palavras que vagavam na minha mente, dizendo que amanhã eu seria um homem casado, preso mesmo que no papel, por uma mulher, fora os demais problemas. . Quando acordei pela manhã, foi com o meu celular tocando. Os meus soldados descobriram o paradeiro da irmã da Fernanda, precisávamos ser rápidos. Levantei apressado, vestindo uma roupa, já que durmo sem nada. Ajeitei os cabelos, e fui até o quarto que a Fernanda estava. Como a porta estava trancada, bati. — Fernanda, precisamos ir! Encontramos a sua irmã! — falei alto, e foram segundos até que ela aparecesse para abrir a porta. — A Rose? Encontraram a Rose? — estava mais branca que antes, não sei se era por causa dos seus cabelos tão escuros, misturado com o seu desespero, mas ela é bem bonita... — Sim, vamos logo! Ela está num orfanato, não é tão perto, vamos no meu carro! — estranhei como ela estava vestida. — Que roupa é essa? — São da Mari, meio grandes, mas é confortável! — sorri ao perceber que a Mari me passou a perna, emprestando uma camiseta minha, e sou muito maior que essa moça. — Depois resolvemos isso, agora vamos! — Tá! — ela é ágil, em segundos estava praticamente correndo comigo até o carro. No percurso notei dois carros nos seguindo, e com alguns testes, comprovei. — Tem alguém nos seguindo, sabe dirigir? — perguntei pra ela, enquanto fui abrindo o porta-luvas, e pegando duas pistolas. — Não..., mas se quiser posso tentar, como é? — olhou para o câmbio já interessada, e gostei disso. Ela não me pareceu ter medo, agora. — Dá uma olhada aqui! Esse carro é automático, então só tem dois pedais, é frear e acelerar, o câmbio já está no “D”, e não precisa mexer, agora. Se precisar eu te ensino! — Não temos tempo pra isso, Don! Sai logo daí que eu assumo, eles estão próximos, só acabe com eles! — tive receio no começo, mas em segundos trocamos de lugar, e a mulher é ligeira pra caramba. Pisou com perfeição no acelerador, e dominou o volante, enquanto abri os vidros e comecei a atirar nos carros de trás. Acertei o primeiro tiro, e vi que ela observou o meu alcance, então fez uma manobra com o volante, tirando o carro da linha reta em que vinha, e consegui acertar em cheio no pneu do primeiro carro, que girou e se perdeu na direção. — Você é muito esperta! Só mantenha em linha reta agora, vou acertar o motorista! — falei mirando com receio, e ela me ouviu em silêncio e fixou o volante, me ajudando a acertar o filho da mãe. — Conseguiu? — Sim, só falta um! — ouvimos os tiros, e também outro carro se aproximando. — Merda, são dois outra vez! — Vamos usar a rotatória! Aproveite bem os tiros, não erre! — eu sabia que era um risco, praticamente ficaríamos de frente com os outros carros, mas nem deu tempo de pensar, e ela entrou acelerada na curva. Parecia cena de filme de ação, e fiquei espantado com a agilidade daquela mulher, ela pensava rápido demais, e não sei como descobriu o freio, mas deu um cavalinho de pau, e eu aproveitei a oportunidade atirando nos homens do carro branco que estava logo atrás. Eles bateram na mureta, e não vi se sobreviveram, mas a Fernanda voltou a acelerar e entrou numa rua mais estreita, peguei a outra pistola e saí totalmente pela janela, atirando nos adversários. Sem aviso fez uma curva forçada, nos deixando com alguns segundos de vantagem, virou levemente o volante, e freou deixando o carro quase de frente com o outro. Entendi a jogada dela, que era incrível. Quando o carro terminou a curva, eu já os esperava na mira, e me assustei quando vi a outra pistola disparar da mão da Fernanda... ela atirou no cara. — Porra! Mentiu pra mim, noivinha? — olhei para o cara morto do lado dela do carro, que havia acertado. — Sobre o quê exatamente? Eu atiro desde pequena, Don Pietro! Cresci ao lado de um mafioso! — me entregou a arma. — Eu falava da direção, na verdade..., mas confesso que te subestimei... você aprende rápido, atira super bem, e tem uma visão mais ampla dos acontecimentos... estou surpreso! Tem certeza que ainda vai precisar de proteção? — Eu decido do que eu preciso ou não, não se preocupe! Temos um acordo, e diversos motivos para mantê-lo, mas não estou disposta a ter D.R nenhuma agora, quero saber da Rose! Pra onde eu dirijo? — Pode seguir reto! — evitei falar demais, percebi que não está pra conversa, e também não desejo misturar as coisas. Mas, que gostei, gostei... ela não se intimida facilmente, e foi prazeroso estar com ela.CAPÍTULO 07 Don Pietro Voltei a me conter e manter o meu silêncio que é o mais comum. Não posso me deixar comover por essa mulher, só porque ela é mais agitada que as outras, e destemida. Tá certo quem nunca vi alguém com tanta fibra e que roubasse um pouco da minha atenção, e principalmente que não fosse nos seios e nem na bunda, mas preciso me conscientizar que não pode passar disso. Voltei apenas à observar tudo o que acontecia ao meu redor. Indiquei o caminho à seguir, e ainda tentava entender como dirigia tão bem, se não sabia... será que ela mentiu? Então quando chegamos, coloquei uma das pistolas na cintura, e a outra no porta-luvas, para verificar o que tinha acontecido. — Qual foi a informação que te deram? — perguntou olhando para todos os lados, assim como eu. — Que Rosa Antero estava aqui, alguém a encontrou e a ajudou a chegar nesse lugar. Ela tem aproximadamente dez anos, mas é maior que a sua idade representa. — falei sério e sem rodeios, apertando a campainha.
CAPÍTULO 08 Don Pietro Kosta — Como assim? Quer que eu seja seu padrinho? — questionei a Fernanda. — Sim. Me ensine o que eu ainda não sei, quero me tornar alguém de confiança na máfia em que o marido é o Don. — pensei um pouco. — Marido... sabe que estamos casados, não sabe? — me aproximei dela na cama. — não quer a minha companhia nessa cama? Se você for a metade do que é no sexo, do que foi lá fora, hoje... — Se afasta! — colocou a mão na frente do corpo. — não quero nada, por enquanto apenas proteção e treinamento! — Precisamos consumar o casamento para se tornar de fato, válido! Não vou te forçar a nada, assinamos um acordo, mas... se cresceu na máfia, sabe como funciona... por acaso é virgem? — Olha... você me deu a sua palavra! — parecia sem respirar. — respeite a minha decisão, e me ajude com o que realmente vim atrás! — fiquei imóvel a olhando, e agora vejo ela bem séria. — Tudo bem... entendo que o dia não foi fácil para você, e ainda tem a sua irmã, então... te dar
CAPÍTULO 09 Don Pietro É um absurdo que ela pense essas coisas à meu respeito. Eu apenas queria ver como ela se sairia em uma situação como aquela, e não resisti a sua boca quando abri os olhos debaixo da água. — Acha mesmo que eu desonraria com a minha palavra? Com certeza não ouviu muita coisa a meu respeito! — falei quando ela levantou. — É que eu ainda não entendi o que aconteceu aqui. — Esta foi a primeira lição que lhe ensinei e aconselho a nunca levar isso de forma leviana, Fernanda! — Eu quase morri! — começou a se mover, com a perna melhor. — Então precisamos treinar mais essas partes! — respondi um pouco ríspido, fazendo a frente para que ela visse tudo o que eu mandei trazer. Sou um homem de princípios, e a desconfiança dela, me afronta. — Vá se secar e colocar outra das minhas camisetas que te esperarei na sala! — pedi. — Ok. . . Quando ela voltou, eu já observava algumas das peças que estilista trouxe, só estranhei que não me lembro dela trazer nenhuma roupa mi
CAPÍTULO 10 Fernanda Antero Me senti bem, vestida daquele jeito depois que me olhei no espelho. Um vestido longo, e sofisticado, me traziam uma sensação de poder, maior, que nem eu entendi. Provavelmente por não ser acostumada com isso. O local me trouxe um pouquinho de receio quando cheguei, era muito sofisticado, com pessoas muito bem vestidas, e eu só tentava andar direito com aquele salto da Pati sem tropeçar. Segurei um lado do vestido, e ele segurou na minha mão quando chegamos próximos da entrada. — O que está fazendo? — questionei. — Somos casados, esqueceu? Precisamos deixar natural. — Estou um pouco incomodada com as pessoas. — Fernanda. — parou, e puxou o meu queixo com a sua enorme mão, mas foi delicado. — Já te mostrei o quanto está bonita, não há motivos para se preocupar, apenas mantenha uma boa postura, deixe a cabeça erguida, e fale apenas o necessário quando se dirigirem a você. Não precisamos contar tudo de bandeja para as pessoas, elas precisam adivinhar al
CAPÍTULO 11 Don Pietro Kosta Demorei mais do que queria com o governador, e odiei cada segundo. Essas babozeiras que esse povo fala, são patéticas, e faço um esforço enorme para não demonstrar o meu tamanho desconforto, tentando transparecer ser um homem dentro da lei, principalmente quando existem mais deles presentes, pois nem todos acreditam nos boatos do meu nome envolvido na máfia, e assim fica melhor. Saí depressa atrás da Fernanda, e confesso que fiquei bastante decepcionado quando a avistei conversando com um homem barbado aos risos, e o juiz nem ali estava. Ela falhou na missão, e o deixou ir sem descobrir plano nenhum. Parei no caminho, e fiquei observando. Não sei se foi a sua falha ou os sorrisos com o barbado ali, mas ela estava conseguindo me deixar bem irritado, e só queria saber do que tanto falavam, porquê comigo ela não se diverte assim... Encostei no balcão, e apoiei o cotovelo, e como não tirei os olhos dela, percebi rapidamente quando os nossos olhares se cruz
CAPÍTULO 12 Fernanda Antero Eu amei a minha recompensa pela missão, acredito que ainda vou fazer muita coisa com aquela adaga, mas confesso que olhar um homem daquele tamanho e só de regata me deixou atrapalhada durante o aprendizado das posições do jiu-jitsu. Tentei focar no que ele dizia, mas os seus braços enormes, e todas aquelas tatuagens no pescoço, me chamaram muito a atenção. Ele tem uma postura incrível, uma presença marcante, que me confunde. O problema é que não deixa de ser um homem, e não confio e nem confiarei em homens, nunca. Don Pietro começou a me ensinar, mas estava claro que ele é muito mais habilidoso e forte do que eu, o que tornaria as coisas difíceis pra mim. A cada posição que ele me ensinava, eu acabava no chão e pedindo pinico, e estava começando a ficar humilhante pra mim. No começo eu só estava aprendendo, mas depois de um tempo, eu já deveria demonstrar que sabia fazer alguma coisa, no mínimo derrubá-lo alguma vez, mas parecia uma missão impossív
CAPÍTULO 13 Fernanda Antero Primeiro comecei arrumando a bagunça, e o Don abanava com um pano, tirando um pouco da fumaça da cozinha. Observei um rádio em cima do armário e fiquei curiosa. — Aquele rádio funciona? — Pietro me olhou, e depois para o aparelho. — Não sei, mas podemos descobrir... você gosta de música? — perguntou ele se aproximando do rádio. — Sim, no barzinho que eu trabalhava essa era a melhor parte. — ele ligou o rádio, e começou a apertar os botões até que começou uma música que eu conheço, e gosto de ouvir. Puxei uma caneta de um copo bonito que vi ali, e fiz o meu coqui básico. Então quando me virei para começar, senti o Don se encostando por trás, e me faltou o ar sentir as mãos dele em mim, mas era apenas um avental igual ao dele que estava colocando, e precisei apoiar as mãos na pia enquanto ele amarrava na minha cintura. — Pronto, agora eu quero ver, do que é capaz! — Aposto que vai dobrar a língua antes de pensar novamente em me falar algo como o que
CAPÍTULO 14 Don Pietro kosta No escritório, aproveitei para colocar as coisas em ordem. Não é porquê me casei que confio plenamente na Fernanda pra tudo, então farei as minhas ligações quando estiver sozinho, que é mais seguro. Também não é por isso que soldado nenhum vai distratar ela, principalmente na minha frente, se vou manter certas coisas da máfia, dentro da máfia, ela não precisa saber, já que preciso consumar esse casamento, não vou ficar três anos tendo uma mulher em casa para enfeite, sem contar que ela é linda, qualquer um se encantaria por ela. O dia foi passando, e como eu dei ordens à Mary que ninguém viesse ao meu escritório hoje, ela mesma bateu na porta. — O que é, Mary? — Preciso falar uma coisinha... — Tá... entra! — ela abriu a porta, e colocou a cabeça pra dentro. — A sua esposa está perguntando se realmente pode ficar com tudo, independente dos valores... — Eu nem sei porquê pergunta, claro que pode. — Tá bem, é que ela falou que ficou meio salgado...