12 Anos atrás
Véspera de natal Eu estava aborrecida, queria poder continuar lá fora brincando com a pequena borboleta azul, era a primeira que eu via e me fascinei, pós azul é minha cor favorita. Não é coisa de meninos, meninas também gostam de azul. Olho para Donatella, minha irmã que está prestando muita atenção a peça, talvez ela somente esteja fingindo prestar atenção á uma peça teatral que nós, eu e minha família vemos em todos natais, eu acho exagero mas mamãe sempre nos obrigada a vir, nunca perdi nem se quer uma missa da igreja, tanto que até ja havia decorado a peça de coro e eu era somente uma criança de 8 anos. Mas mamãe era a mamãe, ela sabe o que é melhor para todos. Balançava meus pés no ar, me comparando a Donna, ela era mais alta e muito bonita, enquanto eu levava bronca por ser curiosa demais, Donna sempre recebia os elogios da mamãe, e bem as broncas eram justificáveis. Observo tudo com curiosidade, e noto rostos novos, havia uma família sentada em nossa frente, um homem tão grande como papai e do lado dele uma mulher de cabelos ondulados, mas era o garoto que não tirava o olhar de mim que me interessava, seus cabelos pareciam pequenos caracóis dourados e seus olhos pareciam mel. Tal como eu ele parecia não querer estar ali, olhando para tudo menos prestar atenção ao milagre de natal, a mãe dele segurou seu pulso e sussurrou algo fazendo ele ficar quieto, não me contive e acabei sorrindo chamando sua atenção, ele me olhou feio e me mostrou a língua. Que garoto abusado, devolvo seu gesto mal educado mas dona Kátia, minha mãe pareceu notar e lançou um olhar afiado, sorri fazendo carinha de anjo porém mamãe não comprou aquele sorriso. — Isso não são modos. — diz ríspida apertando meu braço, o garoto sorri como se tivesse vencido uma batalha me deixando irritada. — Mas mamãe foi ele quem começou! — Aponto pro garoto e a mãe dele se vira me encarando, minha mãe se apressa em baixar meu braço sorrindo sem graça para a mulher. — Se comporte se não você fica de castigo por um mês. — Eu conhecia minha mãe e sabia que ela não estava blefando, então resolvi me calar. — Um mês de castigo por ter revirando os olhos para mim. Bufo irritada olhando prós meus sapatos, ragazzo maledetto, insulto mentalmente, por culpa dele ficarei de castigo. Fiquei me remoendo até o final da missa. Assim que a missa terminou mamãe segurou meu braço, me arrastando para fora da igreja, olhei para trás vendo Donna conversando animada com o papai. A missa inteira continuou e eu calada olhando para baixo esperando a bronca da minha mãe depois daqui, eu estava com muita raiva daquele garoto, por culpa dele ficarei de castigo. Mamãe segurou meu braço me fazendo andar depressa para fora da igreja, olhei para trás vendo Donna sorrindo de algo que o papai contava a ela, eu também queria sorrir com eles. mas estava de castigo. — Bom dia. — Nos viramos encontrando a mãe do garoto mal educado, o segurando da mesma forma que mamãe me segurava e isso me deixava feliz, pelo menos eu não seria a única a ficar de castigo. — Bom dia, me desculpa pelo comportamento da minha filha, ela não costuma ser assim. — Mamãe pede me apertando ainda mais. — Eu quem devo desculpas à senhora, conheço meu filho sei que ele não é flor que se cheire. — A mulher loira e um pouco mas alta que mamãe diz. — Ele está assim por causa da mudança, somos novos no bairro. — Kátia solte a menina. — Papai pede se aproximando e quando nota a companhia sorri amigável. — Bom dia. — Ele cumprimenta, minha mãe sorri largando meu braço e aproveito a brecha para me esgueirar e segurar o braço de Donna apontando pro banheiro. — Vou acompanhar Leni no banheiro. — Diz e nossa mãe lança um olhar desconfiado mas ela não pode intervir não na frente de desconhecidos. — Não demorem. — Papai diz, mas nós já estávamos longe correndo. O dia não havia corrido como esperado, principalmente assim que mamãe e papai decidiram convidar os novos vizinhos para almoçar em nossa casa, evitei Vinícius a todo custo, esse é o nome do garoto sem sal. Eu estava de castigo mas sei que mamãe não resiste a enviar biscoitos para mãe de Alice, minha amiga, minha única amiga além de Donna. Encaro Donna estirada no sofá assistindo desenho, penso em chamá-la mas ela não vira, Donna gosta de implicar com Alice sem motivos aparente, a não ser não vou com sua cara. — Mãe posso ir em casa da Alice? — Faço biquinho e ela suspira, e seu olhar não nega então dou pulinhos internos. — Mande cumprimentos para mãe dela e volte cedo. — Ela me entrega a cesta com a tigela de biscoitos, assinto fazendo continência me preparando para sair — Você ainda está de castigo não pense em chegar tarde. — Sim senhora. — Falo saindo apressada mas não antes de pegar meu lenço favorito, na cor azul florido um presente do tio Pietro o irmão gémeo do papai. Ele passa quase todos os natais com nós, mas nesse ele teve que viajar mas estou ansiosa para abrir os presentes que ele deixou para mim, tio Pietro é como um segundo pai para mim. Cantarolo pela estrada cumprimentando todo mundo com quem cruzo até que vejo uma rapaz, ele parecia grande demais para ser uma criança, talvez ele seja um adolescente. Sua mão enorme pousava sobre um pequeno cachorrinho de pêlo branco, acariciando, se eus cabelos negros caiam em seu rosto tapando seus olha, suas roupas estavam sujas como se ele tivesse andado na lama — Oi. — Aceno sorridente, e o rapaz levanta a cabeça e olha para mim com um vinco em sua testa, seus olhos são tão lindos, o verde cristalino mais bonito que eu já vi em toda minha vida, que meu pai me perdoe. — Tudo bem? Ele continua em silêncio, somente me analisando de forma enigmática, e eu não estava gostando da forma como ele estava me olhando, ele olha de mais. E eu tinha certeza quando disse que ele é um adolescente, mas não parece um. O cachorro dele vem ate mim agitando sua cauda enquanto cheira meu pé. andando em círculos em minha volta até que morde os cadarços e começa puxando. O garoto se levanta e fico boquiaberta percebendo a enorme diferença de altura entre nós dóis, ele é bonito, igual um deus grego. — Sali deixa a garota em paz! — fala me deixando surpresa pelo tom de sua voz grave e profunda parece até um homem adulto. O cachorro que agora sei que se chama Sali, que deve ser uma fêmea continua brincando com o meu pé deixando meu sapato todo babado até que seu dono a segura. — Ela é linda. eu sempre quis ter um cachorro, mas minha mãe não deixa eu ter um animal de estimação. — tagarelo e estendo minha mão — Me chamo Selene, qual o seu nome? — Ele olha para minha mão como se eu fosse um ser de outro mundo. — As minhas mãos estão sujas! — indaga me mostrando. — Eu não me importo. — Aperto sua mão sem sua permissão — Viu não aconteceu nada! — Brinco e ele continua inexpressivo mas sem desviar o olhar de mim. Ele é reservado mas pelo menos não é o idiota do Vinícius. — Você é muito curiosa garota. Sua mãe nunca te disse para não falar com estranhos? — pergunta, acariciando a pelagem de Sali. — Ela não está aqui. — Faço uma piada e percebo que estou rindo sozinha e me calo constrangida. Analiso ele melhor e penso, quanto tempo ele deve ter passado debaixo desse sol, com fome. — Toma não é muito mas vai te ajudar. — Enrolo alguns biscoitos no lenço e entrego a ele. — Você pode guardar o lenço para você, mas guarda bem, um dia desses você me devolve. — Agradeço. — Responde me olhando como se eu tivesse feito um gesto invulgar. — Imagina. Tenha um feliz natal e um próspero ano novo garoto que não me diz seu nome. - Sorri recebendo finalmente um sorriso em troca, não era muito mas era alguma coisa. — Feliz natal Selene, e um próspero ano novo para você também. — Lembre-se de guardar bem esse lenço, ele é especial. — Falo acenando me despedindo dele e de Sali. — Não se preocupa, eu guardarei. Bem lá no fundo eu sabia que eu nunca mais veria aquele lenço, mas receber um sorriso de alguém que precisava melhorou meu dia em 100%. Quem sabe um dia a gente não se reencontre, seria incrível. Esse será meu desejo de natal, voltar a encontrar o garoto mistério.Selene As coisas andavam meio corridas ultimamente, especialmente com o aniversário, o noivado e o casamento da minha irmã. tudo é surreal demais, ainda não me acostumei com o facto de ela ter se mudado para morar mais próximo do trabalho e agora ela iria se casar com seu chefe. Quando dizem que Deus tem seus preferidos, Donatella faz parte dessa lista de pessoas escolhidas. Ela acertou em cheio e arranjou um homem gato, lindo, gentil, atencioso, rico e de quebra trata ela como se fosse uma rainha e só falta beijar o chão que ela pisa. Domenico Moretti, um cara legal mas eu nunca diria isso em sua cara. ele meio que vai ficar se achando. Também sendo um dos homens mais lindos e ricos de toda Itália eu também me acharia.A família Moretti é dona de um império passado de gerações á gerações, eles estão nos negócios de vinho a mais de 1 século, e com o tempo, os negócios só parecem se expandir, além de serem os maiores e melhores produtores de vinho do mundo, eles são donos de hotéis,
Selene Hoje seria a festa noivado de minha irmã, e eu já estava pronta para alegrar aquele lugar, não que eu iria beber feito uma louca, mas colocaria um sorriso nas caras dos participantes. O vestido de veda vermelho se abraça as minhas curvas, modelando meu corpo perfeitamente, e os saltos de 5 cm me matando, eu não estava acostumada a andar de salto mas era bastante boa nesse quesito. Com os meninos, Gaspar e Vinícios combinamos de nos encontrarmos na festa, já Alice eu passaria por sua casa buscando ela. Pego meu celular, e ligo pra Alice mas dá na caixa postal, repito novamente se continua dando na mesma, será que ela capotou de sono, é o que ela mais vem fazendo ultimamente. Melhor ligar para Vinícius e perguntar se ela ainda está na pastelaria, após 3 toques o celular dele também cai na caixa postal. Merda espero que eles não estejam trabalhando ainda, eu quem sempre me atraso mas hoje é o noivado da minha irmã, tenho que dar o exemplo a seguir. Coloco meu capacete e levo
Selene Acordo sentindo peso sobre minha barriga, olho pro lado vendo um homem dormindo serenamente com a cabeça enfiada em na curvatura do meu pescoço. Meu deus que merda, eu não deveria ter bebido feito uma condenada. Levanto o lençol vendo que estou nua, nós dois estamos completamente pelados, retiro cuidadosamente sua mão de mim e saio da cama. sinto um ardor no meio das minhas pernas e me curvo para dar uma olhada vendo sangue seco, cubro minha boca contendo o grito e olho pro chão vendo nossas roupas. Jesus. Eu dormi com um desconhecido e perdi minha virgindade, será que minha vida pode piorar? Levanto seu paletó pegando meu sutiã e uma aliança dourada caí rolando até meus pés, me agacho apanhando a pequena argola e me viro encarando o homem. Meu deus eu tirei a virgindade com homem casado! Eu fiquei com um homem casado! Ele deve ter uma esposa esperando por ele em casa, ele traiu a esposa comigo, sinto as lágrimas molhando meu rosto me fazendo sentir a culpa. Não acredito
Selene Todo mundo está animado e engajado em alguma conversa animada, não estou prestando muita atenção, na verdade eu nem queria estar sentada aqui somente brincando com a comida em meu prato já que toda minha fome e alegria foram quando Vinícius entrou por aquele porta como se nada tivesse acontecido, continuando a agir naturalmente como se ainda existisse algo entre nós, porém eu sempre corto suas palavras, não me interessa seus planos, eu não vou me casar com ele. — E Dionísio porquê ele não veio? — Minha mãe pergunta. — Desvio minha atenção do meu ex para a conversa deles. — Ontem o vi por alguns minutos na festa e desapareceu durante a noite toda. — Donna engata na conversa. — Você já viu ele? — pergunto surpresa. — Você não viu, ele estava na festa acho que em algum momento vocês se esbarraram. — Me desculpem por ele, as épocas festivas são sempre as mais agitadas. — Isabel diz e Nico finge uma tosse chamando a atenção de todos para ele. — Dionísio mesmo tendo completad
Um mês depois. Véspera de Natal Selene Dia do casamento. O sentimento de culpa praticamente quase que foi embora. Nunca mais mantive contacto com Vinícius e Alice nunca tentou se comunicar comigo. Me sinto inquieta, e meu coração palpita com a estranha sensação de que algo vai acontecer, e sabe quando seu olho esquerdo treme sem parar e dizem que é um mau presságio. Bom meu mau presságio vem a dobrar então pós rachei o espelho sem quer. Espero que o dia de hoje não tenha tendências a piorar, é o casamento da minha irmã. — Sério que você vai de allstars? — Bria me encara incrédula. — O salto é alto de mais e meus pés andam um pouco doloridos ultimamente. — Falo terminando de atar os cadarços. — Também o vestido praticamente vare o chão ninguém vai notar. — Somos as damas as pessoas vão olhar primeiro para nós antes da noiva temos que estar apresentáveis. — Não ando me sentindo bem e estou numa maré de azar que se eu usar um salto é capaz de o casamento inteiro pegar fogo.
SeleneFiquei parada por longos minutos na entrada da minha casa, minha antiga casa quis dizer, a mesma casa onde passei meus melhores e piores momentos, não acredito que estou saindo assim sem mais nem menos. Eu nem se quer estou saindo, fui expulsa sem piedade. Também não é como se minha mãe fosse me abraçar depois do que eu fiz.— Não vai entrar? — Ele pergunta me trazendo de volta a realidade. — Não sei se devo entrar. — Sorri fraca.— Se quiser podemos ir.— Agradeço o que você está fazendo por mim, mas, agora eu me viro você pode ir embora. — Falo limpando os resquícios de lágrimas em meu rosto com as mãos.— Eu não vou sair do seu lado Piccolla. — Ele se aproxima mais de mim, ficando a milímetros de distância, porém em nenhum momento tentou me tocar e eu agradecia por isso, sinto que se ele fizer isso eu seja capaz de me desfazer em lágrimas.Ignoro o que ele acabou de dizer e abro o pequeno portão entrando. Assim que vejo meu jardim as lágrimas insistem em voltar, quem cu
Selene— Entre. — Ele diz apontando para porta a seguir á do meu quarto.— O que tem ali dentro? — Questiono tocando na maçaneta cogitando a ideia de entrar porém a curiosidade grita para que eu entre.— Somente entre. — Nossa que humor do cão. Você não sabe sorrir não?— Temos que trabalhar na sua linguagem. Não é nada apropriada.— Sabe que mais eu vou entrar. Abro a porta entrando no quarto e sinto meu coração aquecer. Tapo minha boca andando devagar como se estivesse imersa naquele lugar. Uma cadeira de balanço, muitos puffs e ursinhos de pelúcia. Os ursinhos carinhosos. Me permito respirar e observar o resto das coisas, telas em branco, muitos pincéis, tintas, lápis, lápis de colorir. Até tem uma máquina de costura.— Como eu não sabia exatamente quais são seus hobbies eu coloquei todos.Sinto meus olhos ardendo e as lágrimas escapando, limpo elas rapidamente. Me viro passando por ele rapidamente saindo daquele lugar. Encaro o corredor tentando relembrar do caminho, e simplesme
DionísioNão acredito em destino nenhum, para mim as coisas são preditadas, somente as nossas escolhas fazem com que esse caminho mude, e eu escolhi largar minha obsessão e seguir meu caminho.Talvez seja ironia do destino me forçando a acreditar que ele talvez exista, colocando ela de novo em meus caminhos. 12 anos se passaram, 12 malditos anos lutando contra o desejo e a obsessão insana, eu tinha total conhecimento de que ela era estritamente proibida para mim. Foram anos de terapia, colégios militares e ate me alistei nas forças especiais, tudo isso para tirá-la da minha cabeça, ate que eu tentei, mas eu via ela em cada mulher, seu sorriso em meus sonhos e seus olhos avelã em cada canto. Eu estava doente, isso eu não poderia negar, ou somente estava apaixonado. Eu tentei voltar para Itália anos atrás porém minha mãe impediu, ela sabia que eu ainda não estava pronto para voltar a casa e encarar meus demônios, mas cedo ou tarde eu teria que voltar e o casamento de Domenico, foi o