Selene
Acordo sentindo peso sobre minha barriga, olho pro lado vendo um homem dormindo serenamente com a cabeça enfiada em na curvatura do meu pescoço. Meu deus que merda, eu não deveria ter bebido feito uma condenada. Levanto o lençol vendo que estou nua, nós dois estamos completamente pelados, retiro cuidadosamente sua mão de mim e saio da cama. sinto um ardor no meio das minhas pernas e me curvo para dar uma olhada vendo sangue seco, cubro minha boca contendo o grito e olho pro chão vendo nossas roupas. Jesus. Eu dormi com um desconhecido e perdi minha virgindade, será que minha vida pode piorar? Levanto seu paletó pegando meu sutiã e uma aliança dourada caí rolando até meus pés, me agacho apanhando a pequena argola e me viro encarando o homem. Meu deus eu tirei a virgindade com homem casado! Eu fiquei com um homem casado! Ele deve ter uma esposa esperando por ele em casa, ele traiu a esposa comigo, sinto as lágrimas molhando meu rosto me fazendo sentir a culpa. Não acredito Selene, você é mesmo burra, nosso que da ser irresponsável. Depois de levar um chifre, ajuda a colocar outro em uma mulher que deve estar em casa esperando pelo amado. E se ele tiver filhos, eu destruí uma família em somente uma noite? Pego meu vestido usando mas não encontro minha calcinha, eu só preciso sair daqui. Pego na minha bolsa e celular vendo inúmeras chamadas perdidas da minha mãe e algumas da minha irmã. Abro a porta saindo do quarto de fininho segurando meus sapatos. — Selene? — Donna diz surpresa abrindo aporta para mim. Abraço ela como se eu estivesse precisando de aquilo, desabo em seus braços e ela me abraça confusa. — Eu sou uma decepção. — Sussurro e ela me leva até o sofá me fazendo sentar e segura minha mão. — Por que você está dizendo isso, onde você estava?. — Eu me sinto um lixo. — Meu amor o que aconteceu? — Nico aparece bocejando e me encara surpreso — Selene? — Você pode por favor arrumar um banho para ela? — Donna pede. — Claro. — Ele responde sem fazer mais perguntas. — Primeiro vamos cuidar de você. — Ela diz ajudando a me levantar. Ela caminha abraçada a mim até o banheiro e troca um leve aceno com Domenico e ele sai nos deixando a sós. Ela me ajuda a tirar as roupas e me encara assustada. — Meu Deus Selene o que aconteceu? — Seu semblante era de preocupação e um misto de horror. — Alguém abusou de você? Me lembro de alguns detalhes dessa noite, de como eu pedi que ele não sentisse pena de mim. Eu só queria poder esquecer da merda que fiz. — Ninguém abusou de mim. — falo entrando na banheira e a água morna vai relaxando meus músculos — É tudo culpa minha, eu somente queria esquecer do dia de ontem, e aconteceu o que aconteceu o pior que descobri agora que ele é casado. Minha vida está indo de mau a pior. — Você Selene Santorini deu sua virgindade para um cara qualquer e logo descobriu que ele é casado? — Ela faz uma pausa longa inspirando fundo — O que realmente aconteceu lá na festa? — Vinícius e Alice me traíram, eu encontrei os dois transando. Donna eu juro que não sabia. — Abaixo a cabeça abraçando as pernas. — Eles não te mereciam. Não se martirize tanto, vai tudo correr bem. — Não vai Donna, eu transei com um homem casado, provavelmente arruinei uma família. — Olha para mim. — Ela segura meu rosto — Você não tem culpa de nada, você não arruinou nada, esse homem quem deve ter vergonha na cara por ter traído a esposa e seduzido garotas indefesas. — Fui eu quem pediu, eu implorei para que ele me tornasse mulher. — Declaro e ela me olha chocada. — Me diga que vocês pelo menos usaram camisinha!. — Claro que usamos. — A memória dele rasgando a camisinha com os dentes inundam meus pensamentos me fazendo sentir ainda mais culpada. — Ainda bem, ficar grávida dê um desconhecido não seria opção. — Isso não irá acontecer, se não eu seria a mulher mais azarada no mundo. Ela me ajudou durante o restante do banho, me mantendo entretida para que eu não lembrasse dos acontecimentos de horas atrás. — Falei para mamãe que você passou mal e está comigo. — Ela deposita um beijo em minha testa. — Descanse e não pense muito, amanhã será um novo dia. _______________D&S________________ — Bom dia selene. Melhor? — Nico cumprimenta, os dóis já estão sentados a mesa tomando o café da manhã. — Só se for para você. – Me junto a eles me servindo. — Que horas são, porquê não me acordaram? — Você precisava descansar, e por falar nisso como está se sentindo agora? — Donna pergunta. — Ainda me sentindo um lixo. Corpo todo dorido e nem sei como encarar a mamãe. — respondo levando um pedaço de torrada a boca. — Isso chama-se sentimento de culpa querida. — Domenico provoca me fazendo revirar os olhos e abrir um pequeno sorriso. Sei que ele está somente tentando me animar. — Não fode meu dia Domenico Moretti, minha paciência esta a um fio hoje. — Crianças não briguem. Selene termine de comer que mamãe passou a noite inteira perguntando por você. — Melhor irmos logo e enfrentar a fera de uma vez. — Falo. — Da próxima vê se modera na bebida. — Nico diz e mando o dedo do meio para ele que devolve um coração. ________________D&S_______________ Donna estaciona seu carro em frente a nossa casa, bom na frente fica a nossa floricultura e lá na trás tem os jardins onde eu trabalho e bem mais para o fundo a nossa casa. Passamos pelo pequeno portão coberto por trepadeiras logo um caminho de pedra e muitas flores ao redor, um lindo jardim colorido. — Minha nossa isso aqui está bem cuidado, as flores estão lindas! – Ela se maravilha tocando nas pequenas e delicadas pétalas de algumas Dálias amarelas, roxas e brancas. — Eu me dedico muito cuidando desse jardim. – Falo tocando nas flores acima da minha cabeça as lanternas chinesas, são flores que crescem tipo árvores e se assemelha a lanternas num tom rosa magenta e um laranja. — Eu nunca tinha visto essas aqui. – Ela diz tocando em uma Tagete. — Essas são novas chegaram a pouco tempo do México, gastei uma fortuna. Elas são flores mais comumente usadas nos dias dos mortos lá no México porém eu gostei delas e quis tê-las. — Você faz um trabalho incrível cuidando delas. — Elas tem grande valor para mim. — Chegamos. — paramos na entrada e ela sorri tocando em meu ombro — Vamos entrar e agir como se nada tivesse mudado. — Nada mudou, continuamos sendo Selene e Donatella. — Essa é minha irmã!. — Ela diz abrindo a porta e sendo a primeira a entrar. — Alguém em casa. — Ela grita jogando sua bolsa no sofá. — Que bom que vocês chegaram. — Nossa mãe aparece saindo da cozinha e abraça Donna. — Porquê não me disse que estava passando mal, eu mandaria Vinícius buscar você. — A simples menção do nome doe faz meu estômago embrulhar — Eu não queria incomodar a senhora. Eu já estou melhor mamãe, não precisa se preocupar. — Que ótimo, agora venham me ajudar que temos muito trabalho a fazer. Teremos um grande jantar em família então se apressem. — Quem estará presente nesse jantar? — Donna pergunta entrando na cozinha. — Que pergunta mais sem sentido querida. — Kátia diz jogando o pano em seu ombro indo em direção a cozinha — As famílias de seus noivos. Faço uma carreta enjoada e Donna coloca seus braços em meus ombros, sorrindo. — Você não tem nenhuma flor venenosa por aí, assim a gente coloca na comida do Vinícius quando ele vier. — Sussurra me fazendo gargalhar. — Até que não é uma má ideia, mandar aquele mentiroso de arrasta para cima. — Calma garota eu estava brincando, mas vocês dóis devem conversar e acabar com tudo de maneira civilizada. — Acabar com ele eu já acabei, agora, ser civilizada eu não serei se ele tentar vir pedir desculpas. — A comida não se prepara sozinha. — Mamãe grita da cozinha. — Só não beba de novo hoje está bem! — Donna diz juntando suas mãos como se estivesse suplicando. — Ja descobrimos que Selene e bebidas não funcionam então por favor. — Não se preocupa que eu não quero saber de bebida por muito tempo, sempre me lasco mas dessa vez até o diabo deve estar rindo de mim. — Espera a mamãe te ouvir falando do diabo para ver se ela não te coloca em um convento. — Tenho que gritar de novo? — Dona Kátia para na porta da cozinha apontando a colher para nós. — Não senhora. — Respondemos juntas e logo desatamos a rir.Selene Todo mundo está animado e engajado em alguma conversa animada, não estou prestando muita atenção, na verdade eu nem queria estar sentada aqui somente brincando com a comida em meu prato já que toda minha fome e alegria foram quando Vinícius entrou por aquele porta como se nada tivesse acontecido, continuando a agir naturalmente como se ainda existisse algo entre nós, porém eu sempre corto suas palavras, não me interessa seus planos, eu não vou me casar com ele. — E Dionísio porquê ele não veio? — Minha mãe pergunta. — Desvio minha atenção do meu ex para a conversa deles. — Ontem o vi por alguns minutos na festa e desapareceu durante a noite toda. — Donna engata na conversa. — Você já viu ele? — pergunto surpresa. — Você não viu, ele estava na festa acho que em algum momento vocês se esbarraram. — Me desculpem por ele, as épocas festivas são sempre as mais agitadas. — Isabel diz e Nico finge uma tosse chamando a atenção de todos para ele. — Dionísio mesmo tendo completad
Um mês depois. Véspera de Natal Selene Dia do casamento. O sentimento de culpa praticamente quase que foi embora. Nunca mais mantive contacto com Vinícius e Alice nunca tentou se comunicar comigo. Me sinto inquieta, e meu coração palpita com a estranha sensação de que algo vai acontecer, e sabe quando seu olho esquerdo treme sem parar e dizem que é um mau presságio. Bom meu mau presságio vem a dobrar então pós rachei o espelho sem quer. Espero que o dia de hoje não tenha tendências a piorar, é o casamento da minha irmã. — Sério que você vai de allstars? — Bria me encara incrédula. — O salto é alto de mais e meus pés andam um pouco doloridos ultimamente. — Falo terminando de atar os cadarços. — Também o vestido praticamente vare o chão ninguém vai notar. — Somos as damas as pessoas vão olhar primeiro para nós antes da noiva temos que estar apresentáveis. — Não ando me sentindo bem e estou numa maré de azar que se eu usar um salto é capaz de o casamento inteiro pegar fogo.
SeleneFiquei parada por longos minutos na entrada da minha casa, minha antiga casa quis dizer, a mesma casa onde passei meus melhores e piores momentos, não acredito que estou saindo assim sem mais nem menos. Eu nem se quer estou saindo, fui expulsa sem piedade. Também não é como se minha mãe fosse me abraçar depois do que eu fiz.— Não vai entrar? — Ele pergunta me trazendo de volta a realidade. — Não sei se devo entrar. — Sorri fraca.— Se quiser podemos ir.— Agradeço o que você está fazendo por mim, mas, agora eu me viro você pode ir embora. — Falo limpando os resquícios de lágrimas em meu rosto com as mãos.— Eu não vou sair do seu lado Piccolla. — Ele se aproxima mais de mim, ficando a milímetros de distância, porém em nenhum momento tentou me tocar e eu agradecia por isso, sinto que se ele fizer isso eu seja capaz de me desfazer em lágrimas.Ignoro o que ele acabou de dizer e abro o pequeno portão entrando. Assim que vejo meu jardim as lágrimas insistem em voltar, quem cu
Selene— Entre. — Ele diz apontando para porta a seguir á do meu quarto.— O que tem ali dentro? — Questiono tocando na maçaneta cogitando a ideia de entrar porém a curiosidade grita para que eu entre.— Somente entre. — Nossa que humor do cão. Você não sabe sorrir não?— Temos que trabalhar na sua linguagem. Não é nada apropriada.— Sabe que mais eu vou entrar. Abro a porta entrando no quarto e sinto meu coração aquecer. Tapo minha boca andando devagar como se estivesse imersa naquele lugar. Uma cadeira de balanço, muitos puffs e ursinhos de pelúcia. Os ursinhos carinhosos. Me permito respirar e observar o resto das coisas, telas em branco, muitos pincéis, tintas, lápis, lápis de colorir. Até tem uma máquina de costura.— Como eu não sabia exatamente quais são seus hobbies eu coloquei todos.Sinto meus olhos ardendo e as lágrimas escapando, limpo elas rapidamente. Me viro passando por ele rapidamente saindo daquele lugar. Encaro o corredor tentando relembrar do caminho, e simplesme
DionísioNão acredito em destino nenhum, para mim as coisas são preditadas, somente as nossas escolhas fazem com que esse caminho mude, e eu escolhi largar minha obsessão e seguir meu caminho.Talvez seja ironia do destino me forçando a acreditar que ele talvez exista, colocando ela de novo em meus caminhos. 12 anos se passaram, 12 malditos anos lutando contra o desejo e a obsessão insana, eu tinha total conhecimento de que ela era estritamente proibida para mim. Foram anos de terapia, colégios militares e ate me alistei nas forças especiais, tudo isso para tirá-la da minha cabeça, ate que eu tentei, mas eu via ela em cada mulher, seu sorriso em meus sonhos e seus olhos avelã em cada canto. Eu estava doente, isso eu não poderia negar, ou somente estava apaixonado. Eu tentei voltar para Itália anos atrás porém minha mãe impediu, ela sabia que eu ainda não estava pronto para voltar a casa e encarar meus demônios, mas cedo ou tarde eu teria que voltar e o casamento de Domenico, foi o
SeleneQuando dizem que as coisas boas na vida não duram para sempre, é a mais absoluta verdade, a vida anda tão depressa que as vezes nos perdemos em pequenas coisas, perdemos tudo em frações de segundos, num minuto você é alguém e no outro não. Meu celular vibra e me pergunto se eu deveria atender, quando o nome de Gaspar aparece na tela respiro fundo atendendo.— Bom dia meu raio de sol.— Bom dia, como você está?— Liguei para saber como você está.— Estou bem, me adaptando a nova vida.— Ele te trata bem? — Tão bem que chega a ser sufocante, mas mudando de assunto, como vão as coisas por aí, está cuidando bem das minhas bebês?— Elas são minhas bebês também, mas esse lugar não é o mesmo sem você.— Você dará um jeito. — Não se Kátia decidir fechar.— O que, ela não faria isso.— Talvez ela não faça, só esteja blefando mas Selene, esse lugar está desmoronando.— Eu.. tenho que desligar. — Desligo e jogo o telefone na cama. Sinto como se o mundo estivesse se fechando ao meu redor
SeleneLevo minhas mãos aos fios macios de seus cabelos, e ele abre um sorriso mesmo que seja quase impossível de se perceber. O que você está fazendo Selene? É suposto ficar longe de homens bonitos, mas eu só quero tocar nele. Talvez ele seja diferente.— Por que Cinerária? — Tento alinhar alguns fios rebeldes e sem querer toco em seu rosto, sua barba rasa provoca uma sensação agradável em minha palma e não consigo tirar meus olhos dos seus ou dos seus lábios.— Por que não todas as flores? O encanto delas lembra o seu, Cara mia Cinerária, Gérbera, Narcisos, Tulipas, Margaridas, violetas, você possui a essência de todas elas. — Sinto suas mãos descendo até minha cintura e ali repousar não avançado mais nem um centímetro.— Como você pode gostar de alguém que não conhece? — Quem gosta de uma flor á arranca, quem ama cultiva, cuida dela e faz ela brilhar. Para que uma flor não murche ela requer cuidados, e você é a minha.Minha respiração se torna escassa e meu coração parece querer p
SeleneO ano novo é já amanhã e também o dia em que eu participarei da festa anual de dona Isabela como parte da família Moretti, na verdade Donatella quem fará parte oficialmente, eu sou Somente uma intrusa, um dano colateral, um tecido arrancando de um tapete para ser costurado em outro com amor e carinho.Cinco dias convivendo com Dionísio não foram tão ruins assim, até que eu gosto da companhia dele, mesmo que maior parte do tempo ele passe calado porém eu sei que ele está aqui, do meu lado.— Monalisa, olhos e mente na faca não em Dionísio. — Clarice diz me fazendo revirar os olhos de suas insinuações.— Acha mesmo que meus pensamentos giram em torno de Dionísio? — Volto minha atenção a chapa cortando os vegetais. Conheço Clarice a dois dias e posso dizer que sabe bem ter uma mulher nesse labirinto, mesmo que ela seja doida das ideas. Na verdade eu e ela não somos tão diferentes na aparência, as duas somos negras e pirada das ideias, sinto como se já nos conhecemos a anos.— Cor