Capítulo 06

Selene

Fiquei parada por longos minutos na entrada da minha casa, minha antiga casa quis dizer, a mesma casa onde passei meus melhores e piores momentos, não acredito que estou saindo assim sem mais nem menos. Eu nem se quer estou saindo, fui expulsa sem piedade. Também não é como se minha mãe fosse me abraçar depois do que eu fiz.

— Não vai entrar? — Ele pergunta me trazendo de volta a realidade.

— Não sei se devo entrar. — Sorri fraca.

— Se quiser podemos ir.

— Agradeço o que você está fazendo por mim, mas, agora eu me viro você pode ir embora. — Falo limpando os resquícios de lágrimas em meu rosto com as mãos.

— Eu não vou sair do seu lado Piccolla. — Ele se aproxima mais de mim, ficando a milímetros de distância, porém em nenhum momento tentou me tocar e eu agradecia por isso, sinto que se ele fizer isso eu seja capaz de me desfazer em lágrimas.

Ignoro o que ele acabou de dizer e abro o pequeno portão entrando. Assim que vejo meu jardim as lágrimas insistem em voltar, quem cuidará delas agora, mas também não sei se continuo sendo digna de cuidar delas, sendo que desonrei o sobrenome Santorini. casa passo que eu dava um pedacinho de mim se estilhaçava.

Abro a porta do meu quarto e respiro fundo mordendo os lábios, com as lágrimas queimando igual lava. Meu cantinho favorito, meu refúgio.

— Eu disse que você pode ir. — Falo procurando minha mochila. Ele coloca as mãos no bolso analisando meu quarto. Porquê ele simplesmente não vai e me deixa sozinha.

— Desorganização não faz bem. — Ele diz me acompanhando, igual um cachorro obediente.

— Para mim faz! — Retruco e me sento na cama me sentindo extremamente cansada, será que agora eu posso gritar? — É meu quarto, ninguém tem o direito de opinar.

Se eu gritar por ajuda alguém vai me escutar e me tirar dessa escuridão?.

— Seu sorriso é muito lindo Selene, nunca me esqueço do seu sorriso, então sorria e ilumine meu dia. — Ele diz ajoelhado em minha frente segurando meu rosto. Uma linha de confusão se forma em meu rosto, como assim não esquece.

Sinto algo macio limpando minhas lágrimas, encaro o lenço em sua mão e posso jurar que esse é o lenço que meu pai deu para mim e eu entreguei o rapaz de rua a anos atrás.

— Onde você achou esse lenço?n— Pergunto confusa tocando em sua mão pegando no lenço.

— Não perderia algo que significa tanto para mim, um simples gesto seu melhorou meu natal Selene. — Ele declara.

— Você... Você... Não é possível. — Falo incrédula.

— Feliz natal e um próspero ano novo Selene.

Ele acaricia meu rosto me fazendo relaxar. É como se tudo nele fosse perfeito, nenhuma preocupação é valida quando seus olhos estão em mim e seus toques levando consigo toda dor.

— O que eu estou fazendo? — Tiro sua mão de meu rosto e me afasto dele. — Como você tem a coragem de tocar em outra mulher sendo que você é comprometido!

— Quem disse que eu sou comprometido?

— Eu mesma vi seu anel naquela noite. Céus eu não acredito que dei minha virgindade para um homem casado e ainda terminei gravida. Eu não quero problemas nenhum por favor me desculpa se eu arruinei seu relacionamento mas me deixa em paz por favor. Eu... Eu.

Ele sela nossos lábios me deixando sem reação e palavras, sua mão agara meu corpo como se estivesse reivindicando sua propriedade. Quase entrei na onda porém me solto dele e acerto um tapa em seu rosto, ele fecha os olhos respirando fundo e me encara.

— Por que você fez isso? — Limpo meus lábios como se tivesse comido areia.

— Porquê você não para de falar. Eu não sou comprometido Piccolla.

— Não minta para mim eu vi o maldito anel. E pelo amor de Deus para de me chamar assim!

— O anel é de minha mãe Selene, você sabe que eu não tenho ninguém na minha vida mas somente esta tentando me afastar porquê eu quero cuidar de você.

Eu estou assustada, muito assustada. Não planejei nada do que está acontecendo comigo. Porquê ele tinha que me trair. Se eu não tivesse aberto aquela porta tudo ainda estaria bem e eu não estaria segurando as lágrimas e catando os cacos do meu coração. Não foi Vinícius quem quebrou mas sim minha mãe. Ela tinha o poder sobre mim e ela sabe disso, eu sempre tentei ser tudo que ela queria a filha perfeita mas não foi suficiente.

— Eu quero chorar. — Desabafo soluçando e ele me abraça. — Eu quero gritar.

— Pode chorar e gritar o quanto quiser eu estou aqui, se bater em mim for te aliviar que assim seja mia cara.

Gritei, gritei o mais alto que consegui segurando seus braços, ele não me soltou. Minhas lágrimas banhavam seu smoking e ele nem se importou.

– Como eu vou cuidar de uma criança sozinha?. Somente tenho 20 anos e ser florista não rende tanto mas é meu sonho. — Por fim abraço ele revelando meus medos.

– Qual é a parte de que eu estarei com você até o fim, ainda não percebeu?. — segura meu rosto em uma concha — Nós cuidaremos dessa criança, juntos. Eu cuidarei de vocês mesmo que me faltem forças.

— Eu não pedi por nada disso, não pedi para ficar grávida. Nós usamos preservativo, como é possível eu estar grávida?.

– Isso não importa agora, você ja está grávida.

— Você sabia, por isso você queria conversar comigo no casamento! — Me afasto dele sorrindo incrédula e aponto o dedo para ele. — Você sabia quem eu era, você podia simplesmente me procurar no dia seguinte e ter avisado que o maldito preservativo estorou.

— Foi necessário.

— Necessário para quem senhor Moretti? Você planejou isso, planejou me engravidar contra minha vontade e para o quê Dionísio, o que você ganha com isso? — Surto desferindo vários socos em seu peito e ele segura meus braços.

— Te perdi uma vez não tenciono perder á segunda! — Ele afirma me deixando surpresa. — Se já levou o necessário vamos para casa!.

— Eu não vou para sua casa!.

— E para onde você vai?. você sabe que não tem escolhas a não ser vir comigo gerbera. Nós vamos para nossa casa Selene.

_______________D&S________________

Encosto a cabeça na janela do carro ignorando ele e aprecio o céu estrelado.

Será que as o sol realmente sente falta das estrelas pela manhã? O inverno sente falta da primavera? Ela sentirá saudades minhas?

Não existe mulher mais decidida que Katia Aisha Santorini.

A história está se repetindo, expulsa de casa por engravidar cedo. Foi assim que Katia acabou casada com um italiano. Pelas histórias dela ela disse que os meus avós eram muito rigidos. Não aceitaram que ela engravidou cedo e muito menos e muito menos de um homem que eles abominavam e deu no que deu. Mas ela sendo minha mãe e sabendo o que ela passou deveria ter mais compaixão. Talvez eu nunca tivesse enxergado ela como ela realmente era.

Somente fiquei calada durante todo o percurso, apreciando a paisagem até Montalcino. Uma região repleta de belas paisagens, castelos e vinhas. Mesmo com a noite da para notar os extensos campos de videiras.

— Essas terras são suas?

— São nossas Selene, tudo que é meu também é seu a partir de agora!

Decido não fazer mais nenhuma pergunta, antes que as coisas se tornem estranhas de mais para o meu lado. Dionísio possuí um temperamento peculiar, e muitas bandeiras vermelhas.

Pelo horizonte avisto grandes portões negros tão brilhantes, a medida que o carro vai se aproximando e os portões se abrem me deslumbro com a beleza daquele lugar, parece um castelo saído de algum conto de fadas com fericos gostosos.

Belos jardins repletos de cor e diversidade de plantas seguem todo o percurso até a entrada da mansão. Uma casa se é que se considera algo que está mais próximo a um castelo de casa. Toda no estilo rústico da era victoriana é como se simplesmente eu tivesse dado um salto no tempo para épocas atrás.

Ele abre a porta do carro para mim e estende sua mão, ignoro descendo sozinha ainda maravilhada com o esplendor. O ar é tão aromatizado que me faz querer correr por todo aquele jardim e me deitar no meio de todas aquelas flores.

— Pela sua cara você gostou da sua nova casa, foi tudo feito pensando em você. — Ele diz. Sinto sua presença bem na minha trás me fazendo arfar, não gosto da sensação que a aproximação dele me trás.

— Não tenho palavras para dizer o quão lindo esse lugar é, isto é simplesmente perfeito. — Afirmo sem palavras tentando recuperar o fôlego que ele me tirou e esse lugar também.

— Ainda bem que gostou Fiore. — Ele segura minha cintura puxando meu corpo para dele e beija meu ombro. — Finalmente você está no lugar certo, nossa casa em meus braços. — Indaga, sua voz rouca ofegante atiçando minhas chamas, fazendo meus sistemas entrarem em curto circuito. Ele é louco mas estranhamente me sinto protegida quando ele está por perto.

— Venha. — Ele diz e tenta me dar um selinho porém eu desvio — Vou fazer você se apaixonar por mim. Esperei 12 anos espero mais alguns dias.

— O que te faz pensar que eu me apaixonarei por você em dias?.

Ele sorri não mostrando os dentes e abre a porta dando espaço para que eu entre. Meu queixo quase caí com a perfeita harmonia e organização do interior de sua casa.

— Você já está só precisa que eu te faça lembrar cara mia.

— Continue sonhando Dionísio, eu nunca me apaixonarei por você. Você é e será somente o pai do meu filho. — No fundo sei que é mentira, impossível não se apaixonar pela sua beleza, mas eu não o conheço e se ele for igual a Vinícius?

— Eu serei o pai dos nossos filhos Piccola, nossos filhos. — Ele declara muito convicto de si mesmo. Ele parece ser o dono da razão mesmo quando não está certo. — Venha vou te levar ao nosso quarto.

— Eu prefiro ficar no sofá ou na sala mas não dormirei no mesmo quarto que você.

— Eu sabia que você diria isso, por isso fiz um quarto só para você.

Sigo ele subindo as escadas. quantos corredores essa casa possui. Ele deu uma mini tour pela casa, me mostrando os lugares básicos.

— Esse é seu quarto pode entrar. O meu fica logo no final do corredor. — Ele diz apontando para uma porta á duas da minha.

Abro a porta entrando no meu novo ninho seguro. As paredes são em tons pastéis, a uma cama de casal muito linda com um jogo de cama na cor azul turquesa. Uma poltrona roxa bem do lado e alguns puffs. Igual uma criança que acabou de receber um presente corro me jogando na cama olhando para o teto.

— Isso é surreal demais. — Indago desacreditada. Não é como se eu estivesse saindo de um filme de terror para um conto de fadas.

Caminho até a sacada onde tem um sofá como se fosse uma cama para descanso e uma mesa de centro redonda com um vaso e um arranjo de flores.

— Quero que você se sinta confortável, foi tudo feito para você. Ali fica o closet e do lado o banheiro, o closet já está todo equipado tal como o banheiro, lá tem tudo que você precisa.— Ele diz calmamente como se não estivesse dizendo uma das coisas mais malucas que alguém pode ouvir.

— Você planejou tudo isso? — Pergunto o olhando de forma suspeita — Será que o nosso encontro naquele dia foi mesmo ao acaso?

— As coisas não correm como planejamos mas você ter esbarrado em mim foi obra do destino e olha que não acredito nele.

— Eu tô achando que você é um psicopata, Moretti. Nenhum ser humano normal faz o que você está fazendo.

— Eu farei o que estiver ao meu alcance até o impossível para te fazer minha mulher.

— Eu realmente agradeço por tudo que está fazendo por mim. Por não me fazer sentir a pessoa mais inútil em todo mundo mas eu somente não posso aceitar tudo isso.

Ele se aproxima de mim e senta na cama ao meu lado.

— Lembre-se que você é o motivo da minha felicidade, você não é inútil e nunca será, Piccolla.

O meu sorriso somente está abraçando a minha tristeza. Eu não quero me apegar a ele para no final sair quebrada de novo. Ouço um latido e logo uma bola de pelos dourados entra agitando sua cauda e se senta aos pés de Dionísio colocando sua cabeça em sua coxa.

— Esse é o Axel. — Ele diz passando as mãos na cabeça do cachorro. — Neto da Sali.

— Ele é tão fofo, igual a mãe. — Digo e ele segura minha mão fazendo uma onda de choque percorrer fazendo meu coração acelerar. Disfarço e ele coloca minha mão na cabeça do Axel. Não posso deixar ele saber que um simples toque dele causa grandes repercussões em mim.

— Venha vou te apresentar o resto. E você está precisando de um Detox, eu disse para você não beber.

— Até algumas horas atrás eu não sabia que estava grávida então não me olhe assim.

— Eu disse que você não podia beber!

— Eu não te escutei, você não é meu pai.

— Mas sou o pai do bebê que você está esperando. Vocês dois me pertencem!.

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