– Olha Sam, ficar aí roendo a unha não é realmente me ajudar. - Disse-me Noel com sua voz abafada através de sua máscara cirúrgica, ele estava preparando um novo lote de metanfetamina. E eu tinha me voluntariado a ajuda-lo, embora eu nunca tenha realmente feito isso antes. Mas disse a ele que queria aprender. Na verdade, eu não dava a mínima pra isso.
Por mim eu continuaria apenas vendendo e daria a parte de Noel, mas uma semana inteira havia se passado e eu só conseguia pensar em Charlie e ver Yuri super feliz a cada palavra que trocava com ela. Eu realmente precisava ocupar a minha mente.
– Noel, eu estou deprimida. - Disse, jogada na poltrona do canto do laboratório de Noel que ficava em um galpão perto do cais. Ele estava de costas pra mim, muito ocupado com o pó sobre uma mesa branca.
– Então, será que você pode ficar deprimida enquanto me ajuda com isso? - Perguntou ele, ainda sem olhar pra mim. Suspirei, deslizando a mão por meus cabelos.
– Não, ficar sentada aqui é muito mais deprimente.
Noel suspirou e se virou pra mim, baixou sua máscara e coçou a cabeça rapidamente, deixando seus cabelos ruivos uma desordem espetada.
– É a garota nova, não é?
– Não.
– Então é Yuri? - Fiquei em silêncio, até porque sim, era Yuri. Ela estava se metendo onde não devia, ela estava estragando tudo.
– Olha, ela está realmente diferente, eu sei. Vocês estavam sempre juntas e agora ela fica 22hrs por dia com essa menina. Deve ser.. - Eu gostava de Noel, ele era um cara legal, tirando as drogas ilícitas. Ele era um bom amigo.
Mas agora ele estava fazendo suposições erradas.
– Não. Não é isso, sério Noel. Não é isso. Eu não estou com ciúmes de Yuri.- Ele cruzou os braços a frente do peito e se recostou na mesa.
– Então o que é?
– Eu não sei, eu só não me sinto bem.
– Devia falar com Yuri.
Isso era sério, tão sério que me assustava. Eu não falava com Charlie há uma semana, mas eu sabia que Yuri e ela mantinham contado. Não que eu perguntasse, Yuri também não comentava, era como se fosse um assunto constrangedor para nós duas. Mas eu sabia, afinal Yuri não podia esconder o sorriso idiota que aparecia em seu rosto todas as vezes que ligava pra Charlie.
O pior de tudo isso era o fato de Yuri estar apaixonada.
Eu ela nos afastávamos cada vez mais e eu já tinha perdido minha melhor amiga uma vez, eu não podia perder outra. Não e eu também tinha de me convencer que Charlie não significava nada. E não significava. Eu tinha que ficar longe dela.
– Eu vou ligar pra ela. - Eu disse pegando meu celular.
– Nenhuma chance de você me ajudar com isso, não é? - Sorri e neguei com a cabeça, ele revirou os olhos e repôs sua máscara voltando ao trabalho.
Disquei o número de Yuri e ela atendeu no segundo toque. Comecei a andar pela sala assim que comecei a falar.
– Hey Sam, - Cumprimentou-me ela do outro lado da linha. Sorri, Yuri e eu meio que tínhamos nos afastado ao longo da semana, e percebi que senti falta da minha amiga.
– Onde você está?
– Na rua.. - Respondeu ela depois de um momento de silencio, dando-me a impressão de ela estar mentindo. E eu só sabia de um motivo para que ela precisasse mentir pra mim. Ela estava com Charlie.
– Sei, eu ía te chamar pra sair, mas, esquece. - Eu disse já mal-humorada.
– Não, Sam, nós podemos sair. - Ela disse rapidamente, e eu fiquei quieta, esperando que continuasse.
– Onde quer ir?
– Talvez ao Single. - Eu respondi e ouvi ela suspirar, parecia pensativa.
– Hum.. Eu não sei,
– Algum problema com o lugar?
– Vai estar um inferno essa noite.
A quem ela queria enganar? A Single sempre foi o boate preferida dela, justamente por ser um inferninho lotado de pessoas. Meu Deus, o que estava havendo com Yuri?
– Então..
– Nós podemos tomar um café. - Sugeriu ela. Era oficial, eu estava pasma, porque agora eu sabia que já tinha visto de tudo.
– Claro, as oito, no Coffe Break? - Perguntei como se nada do que ela tivesse me dito, tenha me afetado.
– Estarei lá. - Respondeu ela, e eu desliguei. Virando-me pra Noel novamente.
Ele me olhava como se estivesse tão pasmo quanto eu, é claro que pra ele a conversa tinha sido unilateral, mas ele com certeza tinha entendido o contexto.
– Dá pra acreditar?
– É a situação está complicada. - Noel riu, voltando sua atenção novamente para seu trabalho. Talvez não fosse Yuri, talvez fosse Charlie, talvez fosse ela que estava estragando Yuri.
– É, eu quero aprender isso Noel.
[..]
Yuri estava dez minutos atrasada. Isso era como uma hora pra mim. Eu realmente odiava esperar. E Yuri sabia disso, o que me levava a pensar que ela fazia isso de propósito. Ou talvez não. Eu a vi pela vidraça da cafeteria.
– Desculpe o atraso. - Disse ela sentando-se na mesa de frente para mim.
Ok, isso ficava cada vez mais estranho. Yuri se desculpando? Ela nunca se desculpava, nem mesmo quando estava errada.
– O que?
– Nada. - Corrigiu-se ela.
– Estava com a Charlie?
– Não.
– Não minta pra mim, Yuri.
– Tá, eu estava, qual o problema? - Bufei ao ouvir sua 'confissão'.
– O que me incomoda é o fato de você precisar mentir pra mim.
– Eu não preciso mentir pra você.
– Então porque está mentindo?
– Eu não estou.
Respirei fundo, tentando não me irritar com Yuri, ela era mais velha que eu, mas mentia pra mim como uma criança que tinha acabado de ser pega fazendo besteira. Pedi um café com creme pra mim e Yuri pediu um cappuccino para si.
Ficamos em silêncio até nossos pedidos chegarem.
– Olha, eu gosto dela, tá? - Yuri disse enquanto eu dava meu primeiro gole em meu café, ela usava um tom diferente, um tom de desculpas.
– De Charlie? Você a conhece há uma semana! - Exaltei-me repousando minha xícara de café sobre a mesa.
– Olha, não é como se eu pudesse controlar isso. - Disse ela baixando o tom de sua voz, aproximando seu rosto do meu para que eu pudesse ouvi-la. Havia um brilho diferente em seus olhos.
– Ainda não foi pra cama com ela, não é? - Yuri revirou os olhos e voltou a se sentar reta.
– Pelo amor de Deus, Sam! Isso não tem absolutamente nada a ver.
Eu sabia que não, Yuri ía pra cama com as garotas no primeiro encontro, se a única coisa que ela quisesse era sexo, ela já teria desistido de Charllotte. Isso me preocupava.
– Porque você está agindo assim? - Perguntou-me ela quando fiquei quieta.
– Assim como?
– Como uma criança enciumada.
– Eu não estou com ciúmes!
– Sim, você está, eu só não sei se é de mim ou se é de Charlie.
Fiquei em silêncio novamente e Yuri bufou, pegando algumas notas em sua carteira e as deixando sobre a mesa.
– Eu não deveria ter vindo, me ligue quando realmente quiser ser a Sam que eu conheço e amo novamente.
Ela saiu da cafeteria deixando-me sozinha e totalmente infeliz. Me levantei deixando o meu café inteiro sobre a mesa e fui pra casa.
Meu pai estava desmaiado no sofá, um jogo antigo de futebol passava na tv, suspirei desligando a tv e indo até o armário de bebidas do meu pai. Peguei a última garrafa de rum que tinha lá.
No meu quarto, eu via a casa de Charlie, algum tempo depois Yuri apareceu e senti meu coração pulsar mais forte. Eu daria tudo pra saber o que aconteceria lá dentro. Ou talvez não, talvez eu não quisesse saber o que aconteceria entre elas. Eu talvez nunca quisesse saber.
Sai pela minha janela que dava acesso ao telhado. Comecei a beber, meu olhar fixo na janela do quarto de Charlie, a cortina estava fechada, isso me impedia de ver o que acontecia por lá, mas eu não conseguia desviar o olhar.
Lá pela metade da garrafa, Yuri saiu. Ela nem pareceu notar a minha presença, apenas caminhava como se não existisse problemas em seu mundo. Do meu telhado para o chão era uma curta distância, mesmo assim eu já havia machucado meu joelho pulando dele. Isso me rendeu um verão inteiro na cama de Charlie durante nossa infância.
Saí de minha casa assim que vi Yuri virar a esquina, corri até a casa de Charlie e entrei por seu portão, tocando a campainha duas vezes seguidas. Meu coração estava acelerado. Eu não sabia o que tinha me impulsionado a isso, a bebida talvez.
Josh atendeu a porta.
– Sam! Não te vi essa semana...
– É, eu sei, eu estava atrás de um trabalho, posso falar com Charlie?
– Claro, ela está lá em cima. - Ele me respondeu, dando-me passagem para entrar em sua casa e foi o que fiz.
– Ainda se lembra onde é o quarto dela? - Ele perguntou quando passei por ele e concordei. Eu nunca havia esquecido da casa onde eu tinha passado 90% da minha infância. Subi as escadas com pressa e entrei em seu quarto.
Ela pareceu assustada ao me ver, estava deitada em sua cama, escrevendo em um caderno que fechou com pressa quando percebeu o meu olhar.
– Sammy, o que te traz aqui? - Perguntou ela se levantando e guardando seu caderno na gaveta de um criado-mudo que ficava ao lado de sua cama.
Charllotte era tão linda que me obriguei a memorizar cada traço de seu rosto. Ela era como um imã, um imã que agora eu estava perto demais e não conseguia resistir a sua atração natural, em um segundo eu estava na porta de seu quarto e no outro meu corpo estava a centímetros do seu. Ela olhava-me em dúvida, assim como no dia que lhe ofereci Ecstasy, era uma linda expressão para uma linda garota. Um olhar que me dava vontade de colocá-la no colo e sumir no mundo com aquela menina.
– Você andou bebendo? - Perguntou-me ela ainda naquele mesmo tom de dúvida, talvez tenha sentido me hálito.
Toquei seu rosto com minhas mãos e ataquei seus lábios com os meus, ela respondeu dando-me o que parecia pra mim melhor que qualquer droga, era quente, macio, doce e me deixava em transe, seus lábios encaixando-se nos meus, sua língua acariciando a minha e então ela parou.– Eu estou namorando. Estou namorando Yuri.- Revelou ela, mas eu não me importava, a única coisa com que eu me importava era ter os lábios dela de volta nos meus.– Foda-se. - Respondi, voltando a colar meus lábios no dela e novamente ela respondeu, entrelaçando seus braços em meu pescoço, ela me puxava pra si, pressionando seu corpo no meu. Ela me puxou até que sentou-se em sua cama e eu terminei em cima de seu corpo, suas mãos tocaram minha barriga por dentro de minha camisa e desceu arranhando-me com suas unhas.Ela separou
Nossos seios se encostavam, e só aquela sensação já me dava imenso prazer. Ela desceu a língua pelo meu pescoço, até encontrar o meu seio esquerdo, e ficou chupando, durante um bom tempo, enquanto acariciava o outro com sua mão lisa. Era delicioso sentir sua língua nos biquinhos de meus seios, e sua pele era tão delicada que a sensação de prazer era imensa.Demorou bastante tempo, chupando meus dois seios. E nossa era raro eu não ser a ativa da relação, mas ela era a primeira que tinha me causado sensações tão intensas.Novamente, ela voltou a pressionar seu corpo ao meu, até eu terminar deitada e agora ela estava sobre mim.Depois desceu a língua, deslizando pelo meu corpo, e parou no meu umbigo. Ficou lambendo meu umbigo, meu piercing que terminou quente e úmido, assim como eu me sentia lá embaixo.E c
Eu realmente não fazia idéia do que tinha me levado a Charlie naquele fim de tarde. Eu poderia culpar a bebida, mas pra mim, ela se parecia com um ponto gravitacional, algo que mais cedo ou mais tarde me puxaria para si. Afinal, sempre foi assim não é?Ela agora dormia seu rosto escondido na curva do meu pescoço, sua respiração calma e lenta fazendo cócegas em minha pele, a ponta de meus dedos desenhando a macia pele de seu rosto. Charlie tinha sido minha maior conquista, e mesmo assim eu não a via assim, eu a via como alguém que eu queria fazer feliz.Tê-la em meus braços era como estar dentro de um sonho perfeito.Eu não sabia como, eu só sabia que eu a amava e quando revelei isso pra ela, foi uma revelação para mim mesma. Eu nunca soube o que era estar apaixonada por alguém, bom, at&e
Me assustei e me afastei da máquina olhando na direção da voz.Era um rapaz, vinte e poucos anos. Vestido de um jaleco como um médico. Sorri pra ele e fui a máquina ao lado.Repetindo o mesmo processo da anterior. O rapaz se posicionou atrás de mim.– Então, você está aqui.. - Começou ele e eu suspirei.– O pai de uma amiga minha, ele sofreu um infarte e está passando por uma cirurgia. - Respondi pegando a soda que agora caíra.– Bernard Masteers? - Perguntou e imediatamente me virei para ele. Talvez ele tivesse notícias.– Sim, ele mesmo. - O rapaz sorriu e deslizou os dedos por seus cabelos pretos e lisos, penteados para esquerda.– A cirurgia já terminou, ele está bem, só est
Era quase fácil. Como uma música. Eu estava com ela, e pra mim isso era suficiente. Ela era linda, tinha uma personalidade incrível, e seu sorriso era capaz de iluminar até o mais obscuro canto da terra. Ou assim eu pensava.Charlie estava aninhada a mim, sua respiração em meu pescoço causava-me arrepios seguidamente. Ela era tão pequena e quente, tão minha. Eu acariciava os fios de seus cabelos castanhos e finos que sempre pareciam escorregar entre meus dedos.– Sammy, eu sinto muito... - Murmurou ela, desenhando linhas sobre a pele de meu pescoço, com a ponta de seus dedos.– Pelo que? - Perguntei, embora eu soubesse do que ela estava falando, eu só queria ouvi-la. Sua voz era embriagantes, como tudo em Charllotte.– Sobre o que aconteceu mais cedo, me sinto péssima pelo tapa.Sorri, segurando sua mão, nossos dedos se entrelaçaram e
Concluí que muito disposto eu diria. De Malibu para Sacramento não era uma viagem de dez minutos. Mas mesmo assim ele chegou as nove.Meu celular tocou ao mesmo tempo que um carro buzinou a frente de minha casa. Era o número de Elliot.– Alô?– To aqui na frente. - Ele disse, parecia em dúvida.– Quem é? - Brinquei. Ele riu.– Ótimo, estou no lugar certo. Agora apareça que você me deve mil dólares de gasolina.Eu ri e desliguei o celular, saindo de meu quarto e descendo as escadas rapidamente. Eu realmente precisava parar de pensar em Charlie.Sai de casa, nada menos que uma Mercedes estava me esperando do lado de fora. Uau. Ele saiu do carro.Estava diferente do que eu me lembrava. Estava sem seu jaleco,
O beijo foi mais intenso dessa vez, eu exigi isso. E ele entendeu a mensagem, atacou meus lábios com os seus e em seguida nossas línguas estavam em uma controlada guerra por espaço. A cavidade úmida e quente que era a boca de Elliott tinha gosto de pasta de dentes misturada com álcool. Talvez enxaguante bucal. Dr. certinho.– Dr. vamos brincar de médico? - Eu perguntei a ele com a voz abafada, já que eu falava entre seus lábios.Senti ele sorrir e abri meus olhos, os dele continuavam fechados, ele era um cara bem bonito. Elliott me apertou mais junto ao seu corpo, dessa vez eu pude sentir sua excitação. Ele estava excitado e eu também.Desci minhas mãos por seu peito, até sua barriga e continuei descendo.Toquei e a apertei suavemente sua ereção, e ele respirou mais forte contra meus lábios. Abri seu cinto e suas calças penderam em
Tudo se torna questões de linhas quando se está apaixonada, eu percebi. Se alguém uma vez disse que "Deus escreve certo por linhas tortas" eu seria a única que um dia diria: "O amor escreve errado por linhas retas.". O amor não era uma questão de certo ou errado, e talvez ninguém realmente soubesse qual o certo e o errado. Afinal, eu sabia que mesmo que eu estivesse amando Charlie, ainda sim, eu conseguia me sentir atraída por outra pessoa. Claro, atração é um sentimento abaixo de amor. Mas não é menos importante. As pessoas pensam que sim, mas estão erradas. Ou talvez, eu esteja.O que de fato importa, é que eu consegui me divertir com outra pessoa. Uma pessoa que eu mal conhecia aliás.Uma pessoa que eu não amava. Talvez isso fosse normal, ou talvez fosse só a minha natureza. Fosse o que fosse, n&at