O sol surgia e eu já tinha arrecadado mais de quinhentos dólares.
– Eu vou terminar por aqui, to morrendo de sono. - Anunciou Yuri ao meu lado, dando uma tragada no que eu tinha contado seu sexto cigarro.
– Eu também. - Concordei, pensando em Charlie que provavelmente ainda dormia em minha cama. Ela não sabe e não poderia saber. Não que qualquer um outro pudesse saber, mas ela em particular, não podia saber.
Quando voltamos pra casa, Yuri estava distante, andava vários passos a minha frente. Eu sabia o porque.
– Yuri, você está brava? - Perguntei em voz alta, para que ela me escutasse.
– Não. - Respondeu ela. Parando de andar em seguida. Eu a alcancei.
– O que você sente por essa garota?
Essa pergunta não era justa. Quer dizer, embora a essência fosse a mesma de antes, eu mal conhecia essa Charllotte de agora. Pessoas mudam, e passaram sete ou dez anos desde que éramos amigas. Ela podia ter mudado.
Eu não fazia idéia do que sentia por ela, eu só sabia que me sentia diferente perto dela. Mas isso não fazia diferença.
Sentimentos são coisas ignoráveis.
– Ela é minha amiga. - Respondi, Yuri me encarou, minha resposta não parecia ser suficiente, afinal, ela também conhecia a mim.
– Você se importa se.. - Yuri parou, como se fosse uma pergunta idiota a ser feita. Ela era minha melhor amiga, nós tínhamos uma ligação. Ela queria tentar com Charlie.
Sim, eu me importo.
– Não, por mim tudo bem. - Yuri sorriu, quase parecendo aliviada envolveu seu braço esquerdo em meus ombros e voltamos a caminhar assim.
– Posso ficar com ela então?
– Claro, só não fique a força, tá? - Brinquei, tentando disfarçar a sensação estranha na boca de meu estomago.
Yuri riu.
– Só se ela pedir, é claro.
– Nossa, eu to com muito sono. - Disse mudando de assunto, eu acho que começaria a passar mal se ouvisse outra piada como essa.
– É, eu também. A Charlie está lá em cima? - Perguntou ela, quando chegamos em minha casa. Porque ela sempre tinha que tocar no nome de Charlie?
– Está.
Nós entramos, Yuri avisou-me que iria tomar um banho e eu concordei, subindo até meu quarto. Charlie ainda dormia atravessada na cama, como uma criança que brincara demais no dia anterior. Na escrivaninha o café intocado que eu tinha preparado para Charlie. Suspirei lembrando-me de como ela se sentiria ao acordar.
Peguei a xícara de café já frio e novamente desci as escadas. Fui até a cozinha, deixando a xícara sobre a pia e pegando uma pequena garrafa de água mineral. Depois fui até o banheiro, que estava quente por razão do banho de Yuri e peguei o frasco de aspirinas, voltando a subir as escadas, começava a realmente me sentir exausta.
Voltando ao quarto, rasguei uma folha do bloco de notas que ficava sobre minha escrivaninha e escrevi um simples: "Bom dia e desculpe". Coloquei sobre o criado-mudo ao lado da cama, junto com duas aspirinas e a garrafinha de água.
Em seguida me joguei na cama ao seu lado, fechando os olhos quase imediatamente. Eu havia me esquecido como era cansativo cuidar de alguém. Abri meus olhos de imediato ao ouvir a porta do quarto se abrir. Era Yuri, secava seus cabelos loiros com rapidez, me levantei.
– Quer ficar na cama? - Perguntei, geralmente nós duas dormíamos juntas. Não que já tivesse acontecido algo entre nós, era só para dormir mesmo. Mas agora que eu e Yuri tínhamos conversado sobre Charlie, parecia mais certo ela dormir na cama.
– Não, claro que não. Isso seria estranho pra ela. Eu vou pro sofá. - Estranho era Yuri se preocupar com o que as pessoas acham estranho. Principalmente garotas com quem ela ficava. Eu sempre a via com outras garotas, eu achava que eu era insensível as vezes, mas Yuri, batia o recorde. Charlie causava mesmo um efeito diferente nas pessoas.
Mas eu já não estava mais com disposição pra conversar.
– Tem um colchonete dentro do armário, caso você queira ficar no quarto, ao invés de ir para a sala. - Eu disse antes de me deitar novamente e fechar os olhos. E caí em um sono tão pesado que nem sequer conseguia me lembrar de meus sonhos.
Quando acordei novamente, Charlie não estava mais ao meu lado, me levantei com minha cabeça badalando suavemente, eu estava cada vez mais acostumada com as ressacas pós-festas. O colchonete estava arrumado ao lado de minha cama, mas também sem sinal de Yuri. Meu coração se acelerou ao pensar nas duas juntas e tentei desviar meus pensamentos disso. Mais cedo ou mais tarde eu teria que ver. Yuri sempre conseguia o que queria. Então meus olhos caíram sobre o criado-mudo.
Havia um copo d'água, aspirinas e um novo bilhete.
"Bom dia e tudo bem". Era o que estava escrito, junto com uma carinha sorridente, algo que também me fez sorrir. Engulo os dois analgésicos junto de água e desço as escadas indo até o banheiro no primeiro piso. É nem me fale, um banheiro. Mas meu pai quase não estava em casa, então isso não parecia ser tão importante.
Lavei meu rosto e escovei os dentes, mas isso não parecia ser o suficiente para me tirar da noite passada. Por isso tomei uma ducha fria. E na minha cabeça, Charlie apareceu novamente, apenas de calcinha, meu corpo tremeu.
Que momento inapropriado para pensar em Charlie.
Foi a hora em que decidi sair do banho.
Vesti-me apenas com uma calcinha e uma camiseta do Red Socks que ficava enorme em mim. E fui até a cozinha, pois agora sentia cheiro de café.
Charlie estava sentada na mesa da cozinha, encarando uma xícara quente de café que estava sobre ela. Ela tinha vestido novamente seus shorts, embora continuasse com minha camiseta. Yuri não estava a vista.
– Bom dia. - Eu disse e Charlie pareceu se assustar com a minha presença.
– Boa tarde. - Ela respondeu em tom baixo, ainda olhando a xícara. Olhei o relógio de parede na cozinha, realmente já passava das três da tarde.
Me servi também um pouco de café e me sentei a frente de Charlie.
– Você não vai beber isso, não é? - Perguntei, ela suspirou e negou com a cabeça, afastando a xícara de si.
– Eu não gosto de café.
Que tipo de pessoa não gosta de café? Afinal, ela era americana ou não? Eu não conseguia desviar os olhos dessa menina estranha que tinha o hábito de deixar as pessoas diferentes. Será que ela se lembrava de algo da noite passada?
– Então porque pegou?
– Yuri disse que ajudaria com a dor de cabeça.
– Ela está certa. - Bebi um gole de meu café, estava muito forte, sem dúvida fora Yuri quem o fizera.
– Não importa, eu nunca mais vou beber. - Típica frase de pessoas com ressaca, todos dizem isso, mas na noite seguinte desmaia de bêbado no banco da praça. Não que Charlie fosse uma típica garota.
– Hum, e onde Yuri está?
– Ela foi comprar algo pro almoço.
– Ah, eu usei seu celular pra avisar ao meu pai que eu estava aqui, eu usaria o meu, mas eu não sei onde ele foi parar. Espero que não se importe. - Disse ela, com um olhar ilegível sobre o meu.
– Tudo bem, eu não me importo. - Respondi e um sorriso apareceu no canto de sua boca, não um sorriso amistoso. Um sorriso sarcástico.
– É, você não se importa com muitas coisas. - Opa, o que foi isso em sua voz? Hostilidade? Ou talvez só mal humor por estar de ressaca? Seja o que for, o ambiente começara a pesar.
– O que quis dizer com isso?
– Yuri. - Disse ela somente.
– O que tem Yuri?
– Eu e você, passamos a noite juntas ontem. - É, parece que ela se lembrava.
– E daí? - Dessa vez ela soltou um baixo riso, um riso que demonstrava o quão infeliz com a minha pergunta ela estava. E me arrependi de tê-la feito, embora eu não a tenha retirado.
– Esquece, eu vou pra casa. - Ela me respondeu, levantando-se da mesa e deixando a cozinha, era impressionante como o ambiente parecia ainda mais pesado sem ela.
– Não vá. - Eu pedi depois que eu a alcancei já na sala. Ela se virou pra mim, como se esperasse que eu dissesse algo mais. Mas eu não conseguia pensar em nada e minha garganta agora estava seca.
– Não devia esperar Yuri? - Foi o melhor que eu consegui, fazendo Charlie revirar os olhos e me dar as costas novamente.
– Ela pode me ligar depois. - Respondeu ela.
– Achei que tivesse perdido seu celular. - Charlie se virou pra mim novamente e puxou o celular do bolso de seus shorts.
– Parece que eu já encontrei. Mas eu achei que você não se importasse. - Ela disse em tom definitivo e saiu da minha casa, deixando-me sozinha na sala.
Filha da p**a. Ela só estava me testando. Talvez pra saber se eu estava interessada. E eu estava, mas ficar perto de Charlie era perigoso demais, despertava em mim coisas que eu não precisava. Sentimentos que ela tinha levado junto com ela quando foi embora.
Joguei-me no sofá, escondendo o meu rosto em uma almofada. E pela primeira vez em muito tempo, eu chorei.
Chorei por Charlie ter ido embora e chorei por ela ter voltado. Chorei por tê-la beijado e chorei por Yuri tê-la beijado.
Chorei por nem sequer saber o motivo. Chorei até por estar chorando.
Quando Yuri retornou, eu ainda estava chorando, não como antes, mas eu assistia ao desenho do Bob Esponja e lembrava-me da estúpida camiseta que aquela idiota estava usando. Yuri parecia ver Jesus na terra.
– Meu Deus Sam, o que você tem? - Perguntou ela, colocando uma sacola com compras na mesinha de centro e se ajoelhando a minha frente.
Isso era a última coisa que eu precisava.
– Nada, eu só estou de TPM. - Menti, secando algumas lágrimas que faziam caminho pelo meu rosto, a testa de Yuri se enrrugou, como se ela soubesse que eu estava mentindo.
– Onde está Charlie?
– Foi pra casa, mas pediu pra você ligar. - Eu respondi, me recompondo e Yuri suspirou. Voltou a se levantar, pegou a sacola e seu celular antes de ir para a cozinha.
Ela iria ligar pra Charlie, era óbvio.
– Olha Sam, ficar aí roendo a unha não é realmente me ajudar. - Disse-me Noel com sua voz abafada através de sua máscara cirúrgica, ele estava preparando um novo lote de metanfetamina. E eu tinha me voluntariado a ajuda-lo, embora eu nunca tenha realmente feito isso antes. Mas disse a ele que queria aprender. Na verdade, eu não dava a mínima pra isso.Por mim eu continuaria apenas vendendo e daria a parte de Noel, mas uma semana inteira havia se passado e eu só conseguia pensar em Charlie e ver Yuri super feliz a cada palavra que trocava com ela. Eu realmente precisava ocupar a minha mente.– Noel, eu estou deprimida. - Disse, jogada na poltrona do canto do laboratório de Noel que ficava em um galpão perto do cais. Ele estava de costas pra mim, muito ocupado com o pó sobre uma mesa branca.– Entã
Toquei seu rosto com minhas mãos e ataquei seus lábios com os meus, ela respondeu dando-me o que parecia pra mim melhor que qualquer droga, era quente, macio, doce e me deixava em transe, seus lábios encaixando-se nos meus, sua língua acariciando a minha e então ela parou.– Eu estou namorando. Estou namorando Yuri.- Revelou ela, mas eu não me importava, a única coisa com que eu me importava era ter os lábios dela de volta nos meus.– Foda-se. - Respondi, voltando a colar meus lábios no dela e novamente ela respondeu, entrelaçando seus braços em meu pescoço, ela me puxava pra si, pressionando seu corpo no meu. Ela me puxou até que sentou-se em sua cama e eu terminei em cima de seu corpo, suas mãos tocaram minha barriga por dentro de minha camisa e desceu arranhando-me com suas unhas.Ela separou
Nossos seios se encostavam, e só aquela sensação já me dava imenso prazer. Ela desceu a língua pelo meu pescoço, até encontrar o meu seio esquerdo, e ficou chupando, durante um bom tempo, enquanto acariciava o outro com sua mão lisa. Era delicioso sentir sua língua nos biquinhos de meus seios, e sua pele era tão delicada que a sensação de prazer era imensa.Demorou bastante tempo, chupando meus dois seios. E nossa era raro eu não ser a ativa da relação, mas ela era a primeira que tinha me causado sensações tão intensas.Novamente, ela voltou a pressionar seu corpo ao meu, até eu terminar deitada e agora ela estava sobre mim.Depois desceu a língua, deslizando pelo meu corpo, e parou no meu umbigo. Ficou lambendo meu umbigo, meu piercing que terminou quente e úmido, assim como eu me sentia lá embaixo.E c
Eu realmente não fazia idéia do que tinha me levado a Charlie naquele fim de tarde. Eu poderia culpar a bebida, mas pra mim, ela se parecia com um ponto gravitacional, algo que mais cedo ou mais tarde me puxaria para si. Afinal, sempre foi assim não é?Ela agora dormia seu rosto escondido na curva do meu pescoço, sua respiração calma e lenta fazendo cócegas em minha pele, a ponta de meus dedos desenhando a macia pele de seu rosto. Charlie tinha sido minha maior conquista, e mesmo assim eu não a via assim, eu a via como alguém que eu queria fazer feliz.Tê-la em meus braços era como estar dentro de um sonho perfeito.Eu não sabia como, eu só sabia que eu a amava e quando revelei isso pra ela, foi uma revelação para mim mesma. Eu nunca soube o que era estar apaixonada por alguém, bom, at&e
Me assustei e me afastei da máquina olhando na direção da voz.Era um rapaz, vinte e poucos anos. Vestido de um jaleco como um médico. Sorri pra ele e fui a máquina ao lado.Repetindo o mesmo processo da anterior. O rapaz se posicionou atrás de mim.– Então, você está aqui.. - Começou ele e eu suspirei.– O pai de uma amiga minha, ele sofreu um infarte e está passando por uma cirurgia. - Respondi pegando a soda que agora caíra.– Bernard Masteers? - Perguntou e imediatamente me virei para ele. Talvez ele tivesse notícias.– Sim, ele mesmo. - O rapaz sorriu e deslizou os dedos por seus cabelos pretos e lisos, penteados para esquerda.– A cirurgia já terminou, ele está bem, só est
Era quase fácil. Como uma música. Eu estava com ela, e pra mim isso era suficiente. Ela era linda, tinha uma personalidade incrível, e seu sorriso era capaz de iluminar até o mais obscuro canto da terra. Ou assim eu pensava.Charlie estava aninhada a mim, sua respiração em meu pescoço causava-me arrepios seguidamente. Ela era tão pequena e quente, tão minha. Eu acariciava os fios de seus cabelos castanhos e finos que sempre pareciam escorregar entre meus dedos.– Sammy, eu sinto muito... - Murmurou ela, desenhando linhas sobre a pele de meu pescoço, com a ponta de seus dedos.– Pelo que? - Perguntei, embora eu soubesse do que ela estava falando, eu só queria ouvi-la. Sua voz era embriagantes, como tudo em Charllotte.– Sobre o que aconteceu mais cedo, me sinto péssima pelo tapa.Sorri, segurando sua mão, nossos dedos se entrelaçaram e
Concluí que muito disposto eu diria. De Malibu para Sacramento não era uma viagem de dez minutos. Mas mesmo assim ele chegou as nove.Meu celular tocou ao mesmo tempo que um carro buzinou a frente de minha casa. Era o número de Elliot.– Alô?– To aqui na frente. - Ele disse, parecia em dúvida.– Quem é? - Brinquei. Ele riu.– Ótimo, estou no lugar certo. Agora apareça que você me deve mil dólares de gasolina.Eu ri e desliguei o celular, saindo de meu quarto e descendo as escadas rapidamente. Eu realmente precisava parar de pensar em Charlie.Sai de casa, nada menos que uma Mercedes estava me esperando do lado de fora. Uau. Ele saiu do carro.Estava diferente do que eu me lembrava. Estava sem seu jaleco,
O beijo foi mais intenso dessa vez, eu exigi isso. E ele entendeu a mensagem, atacou meus lábios com os seus e em seguida nossas línguas estavam em uma controlada guerra por espaço. A cavidade úmida e quente que era a boca de Elliott tinha gosto de pasta de dentes misturada com álcool. Talvez enxaguante bucal. Dr. certinho.– Dr. vamos brincar de médico? - Eu perguntei a ele com a voz abafada, já que eu falava entre seus lábios.Senti ele sorrir e abri meus olhos, os dele continuavam fechados, ele era um cara bem bonito. Elliott me apertou mais junto ao seu corpo, dessa vez eu pude sentir sua excitação. Ele estava excitado e eu também.Desci minhas mãos por seu peito, até sua barriga e continuei descendo.Toquei e a apertei suavemente sua ereção, e ele respirou mais forte contra meus lábios. Abri seu cinto e suas calças penderam em