– Ela é uma graça, não é? - Perguntou Yuri ao meu lado, sua voz era entediada, como seu estado de espírito no momento, arrancando grama do chão. Ela se referia a Charllotte, uma garota da minha idade, com cabelos castanho claro e olhos basicamente da mesma cor. Usava um óculo enquanto lia um livro no antigo balanço a frente de sua casa. O sol batia em sua pele deixando-a ainda mais clara, ela quase parecia frágil.
– E também hétero. - Eu respondi.
Houve um tempo que Charllotte foi minha melhor amiga, quando nós tínhamos sete anos e corríamos pela grama, até o rio ou subíamos em árvores para pegar frutas. Nós nunca nos separávamos naquela época, mas isso foi há muito tempo, muita coisa tinha mudado. Os pais dela se divorciaram e ela foi morar com a sua mãe em outro país e eu não a via há anos, por algum motivo, ela decidiu voltar.
– E como você pode ter certeza? - Yuri voltou a perguntar, Yuri era uma garota muito bonita, com cabelos loiros que chegavam até seus ombros, olhos azuis e pele morena do sol, seus pais também eram divorciados, e pelo o que eu sabia, seu pai tinha uma casa de praia em Malibu, onde Yuri passava a maior parte dos finais de semana e onde ela tinha conseguido seu bronzeado e também onde aprendera a surfar. Yuri era o que se podia dizer agora minha melhor amiga, nós tínhamos os mesmos interesses, até mesmo o interesse em Charllotte, mas por algum motivo, saber que Yuri a desejava, era algo repugnante pra mim.
– Ela era minha amiga. - A sobrancelha direita de Yuri se ergueu parcialmente enquanto ela olhava Charllotte.
– E porque não vai falar com ela?
– Ela nem deve se lembrar de mim, nós éramos crianças. - Yuri suspirou e se levantou em seguida, bateu os shorts jeans puídos e me ofereceu sua mão.
– Se você não falar com ela, eu vou. - Revirei meus olhos e segurei a mão de Yuri que imediatamente me puxou pra cima e fiquei de pé também. Seria melhor eu estar perto quando Yuri e Charllotte se falassem.
Eu morava em uma ótima rua, como o típico sonho americano, casinhas com cercas branca, uma rua que só passava carros quando algum morador saia de sua garagem, e o pai de Charllotte morava na casa a frente.
Atravessamos a rua preguiçosamente e paramos a frente do baixo portão da casa de Charllotte. Lembra do que eu disse sobre "cercas brancas", essa era a única casa no quarteirão onde a cerca era colorida.
Sim, eu mesma havia ajudado a pintar junto de Charllotte.
– Charlie, seu cabelo!
Me lembro de ter gritado ao ver a cor verde nos fios na época loiros da menininha. Hoje, talvez uns dez anos depois, a tinta estava desbotada, dando um aspecto maltratado e frágil a cerca.
– Vai, chama ela. - Yuri interrompia minha linha de pensamento cutucando-me. Suspirei, como se tentasse evitar o inevitável e a chamei. Ela imediatamente se virou para trás e sua testa se enrugou no momento em que me viu, acenei, então ela desceu do balanço e veio até nós.
– Olá.. - Cumprimentou-nos ela em forma de pergunta, eu sorri e ela fez o mesmo em seguida, abrindo ao portão.
Como eu tinha imaginado, ela não se lembrava de mim.
– Eu sou Sam e essa Yuri nós..
– Ah meu Deus, Sammy? - Agitou-se ela, ao perguntar, entendimento brilhava em seus olhos, assim como um novo sorriso. Eu sorri também e concordei, então fui pega em um abraço inesperado. Charllotte era quente e convidativa, com o cheiro de morango e algo floral, como o cheiro das férias de verão. Eu a abracei de volta e meu coração se acelerou, eu não entendi o porque, meu coração acelerou e não voltou ao normal quando ela me soltou.
– Nossa, supostamente era pra ela ser minha melhor amiga. - Charllotte disse a Yuri, apontando seu polegar a mim. Foi você que foi embora, eu pensei. Só pensei.
– Eu sou Charlie, Charllotte Hetfield, e você é Yuri, certo? - Charllotte cumprimentava Yuri agora, com um rápido aperto de mão, Yuri sorria sugestivamente e eu a conhecia suficientemente bem pra saber o que se passava dentro de sua cabeça.
– É, eu sou Yuri. Yuri Kwon. Mas por você, eu posso ser quem quiser. - Isso era tão Yuri. Novamente a testa de Charllotte se enrugou, embora um fantasma de sorriso ainda estivesse em seus lábios.
– Ok.. - Recomeçou Charlie, com um rápido movimento de cabeça, jogou uma mecha de seu cabelo para a esquerda, técnica para tirara o cabelo dois olhos. Ela sempre fizera isso e meu coração agora parecia querer se partir quando anos depois a vi fazendo novamente.
– Vocês não querem entrar? Meu pai está ficando velho e pirado, porque agora ele acha que sabe cozinhar, mas se
quiserem se arriscar... - Charllotte tinha aquele ar de dúvida na voz, como se não soubesse agir diante de uma ex melhor amiga de infância.
– Bom, eu nem almocei, eu tô aceitando qualquer coisa. - Respondeu Yuri, Charlie riu e a deixou passar pelo portão, mal ela sabia as intenções maléficas de Yuri.
– E você Sammy?
É Sam, eu a repreendi mentalmente. Antes, eu sempre repreendi qualquer um que me chamasse de Sammy, era muito infantil, mas Charlie sempre fora uma criança mais teimosa que a maioria, dessa forma, ela tinha me vencido pelo cansaço, eu nunca havia parado de me chamar de Sammy, mas agora parecia quase errado ela me chamar assim, não é como se ela ainda tivesse algum direito depois de tantos anos longe.
– Eu concordo. - Respondi, mas acho que na verdade, eu não estava concordando com Yuri e sim comigo mesma. De qualquer forma, pareceu servir para Charlie, que me puxou pelo pulso para dentro de seu quintal.
– É sério meninas, eu não sei o que se passa dentro da cabeça de gente velha, mas ele não quis me deixar ajudar a preparar o almoço. - Disse Charlie, enquanto andávamos lentamente até a porta de entrada de sua casa.
Josh, era o pai de Charllotte. Ele era um cara bem legal, tinha participado de uma banda de rock que fez sucesso nos anos 80, ele era vocalista e guitarrista e sempre passou seus interesses a filha e até mesmo a mim. Nas tardes de verão, a mãe de Charlie comprava Donuts para nós enquanto ele tocava seu violão e nos ensinava sua música, eu sei que minha infância não teria sido a mesma sem ele. Eu sabia que ele continuava compondo músicas, que era de onde tirava seu sustento, vendendo suas músicas. Mas Josh esteve diferente desde a separação com sua esposa.
– Meu pai é assim também, ele tem gente pra fazer as coisas pra ele, mas tem umas horas que ele decide fazer por conta própria, aí neném, até água ele consegue queimar. - Charllotte riu novamente, sua risada espontânea, cristalina, como água corrente. Entramos em sua casa.
– Aí velho, nós temos visitas! - Charlie anunciou em voz alta para que seu pai pudesse ouvir.
– E almoço tá pronto! - Ele gritou de volta, sua voz vinha da cozinha. Charllotte negou com a cabeça em tom de zombaria e fez-nos um sinal para que nós a seguíssemos.
– Eu a quero. - Yuri sussurrou em meu ouvido, agora que estávamos um pouco atrás de Charlie.
– Eu sei. - Respondi em tom mal-humorado, mas Yuri nem pareceu notar.
Quando chegamos a cozinha, Josh, o pai de Charlie, colocava três pratos sobre a mesa, quando me viu, um sorriso imediato surgiu em seu rosto.
– Ah, é você Sam.
Eu sempre achei ser apaixonada por Josh, principalmente quando era uma criança e ele tinha cabelo cumprido, Charlie sempre brigou comigo por causa disso, mas mesmo agora que ele já devia passar dos 40 ele continuava bonito.
Alto, loiro, olhos azuis que Charlie não havia herdado. É claro, nada nunca aconteceu entre Josh e eu, ele era um cara decente.
– E você.. é? - Josh perguntou, referindo-se a Yuri e pegando mais um prato no armário, em seguida o colocando sobre a mesa.
– Yuri. - Ela respondeu.
– Muito prazer, Yuri.
– Igualmente. - Disse ela e Charlie se sentou, assim como eu e Yuri.
– E o rango, velho? To com fome. - Josh negou com a cabeça, da mesma forma que eu sempre vira Charlie fazer.
– Assim você me magoa, eu só tenho 42 anos.
– 49 - Tossiu Charlie, fazendo a mim e a Yuri rir. É pelo jeito, Josh era mais velho do que minhas contas mostraram.
– Eu tenho a melhor comida do mundo, para uma filha que me abandonou. - Disse ele, ignorando o comentário anterior de Charlie e pegando uma travessa de vidro com macarrão e pedaços de salsicha cortados. Ele colocou a travessa sobre a mesa. Charlie adorava isso.– Eu adoro isso! - Exasperou-se ela, olhando a travessa. Eu não falei?Rapidamente Charlie se apossou do pegador de macarrão e lhe serviu uma boa quantidade de macarrão e salsicha. Em seguida enrolando um pouco do macarrão no seu garfo e o experimentando.– Isso tem gosto de infância. - Comentou ela depois que acabou de mastigar.– Vamos meninas, podem se servir. - Josh disse, indo até a geladeira.Servi a mim mesma e depois Yuri fez o mesmo. Josh voltou colocando uma jarra de limonada sobre a mesa e depois de nos serv
Ecstasy, sempre soube rápido demais e apesar de meu organismo estar cada vez mais acostumado com a chamada droga, os efeitos que ela faziam sobre Charlie eram mais do que visíveis. Além do mais, Ecstasy da sede, então ela bebia mais que a maioria, qualquer um sóbrio poderia ver o quão bêbada Charlie estava. Felizmente, ninguém ali estava sóbrio.As pessoas se divertiam e me veio o pensamento de que eu também devia estar me divertindo, mas eu não conseguia quando eu via pessoas olhando Charllotte como se quisessem estupra-la. A festa estava sendo bem menos divertida do que eu esperava.O ponto alto tinha sido o meu primeiro com a Charlie.– Ah Sammy.. - Supirou Charlie sentando-se em meu colo. Ela estava molhada, pois tinha acabado de estar na piscina, entrelacei meus braços em sua cintura, só um ato protetor,
O sol surgia e eu já tinha arrecadado mais de quinhentos dólares.– Eu vou terminar por aqui, to morrendo de sono. - Anunciou Yuri ao meu lado, dando uma tragada no que eu tinha contado seu sexto cigarro.– Eu também. - Concordei, pensando em Charlie que provavelmente ainda dormia em minha cama. Ela não sabe e não poderia saber. Não que qualquer um outro pudesse saber, mas ela em particular, não podia saber.Quando voltamos pra casa, Yuri estava distante, andava vários passos a minha frente. Eu sabia o porque.– Yuri, você está brava? - Perguntei em voz alta, para que ela me escutasse.– Não. - Respondeu ela. Parando de andar em seguida. Eu a alcancei.– O que você sente por essa garota?Essa pergunta n&ati
– Olha Sam, ficar aí roendo a unha não é realmente me ajudar. - Disse-me Noel com sua voz abafada através de sua máscara cirúrgica, ele estava preparando um novo lote de metanfetamina. E eu tinha me voluntariado a ajuda-lo, embora eu nunca tenha realmente feito isso antes. Mas disse a ele que queria aprender. Na verdade, eu não dava a mínima pra isso.Por mim eu continuaria apenas vendendo e daria a parte de Noel, mas uma semana inteira havia se passado e eu só conseguia pensar em Charlie e ver Yuri super feliz a cada palavra que trocava com ela. Eu realmente precisava ocupar a minha mente.– Noel, eu estou deprimida. - Disse, jogada na poltrona do canto do laboratório de Noel que ficava em um galpão perto do cais. Ele estava de costas pra mim, muito ocupado com o pó sobre uma mesa branca.– Entã
Toquei seu rosto com minhas mãos e ataquei seus lábios com os meus, ela respondeu dando-me o que parecia pra mim melhor que qualquer droga, era quente, macio, doce e me deixava em transe, seus lábios encaixando-se nos meus, sua língua acariciando a minha e então ela parou.– Eu estou namorando. Estou namorando Yuri.- Revelou ela, mas eu não me importava, a única coisa com que eu me importava era ter os lábios dela de volta nos meus.– Foda-se. - Respondi, voltando a colar meus lábios no dela e novamente ela respondeu, entrelaçando seus braços em meu pescoço, ela me puxava pra si, pressionando seu corpo no meu. Ela me puxou até que sentou-se em sua cama e eu terminei em cima de seu corpo, suas mãos tocaram minha barriga por dentro de minha camisa e desceu arranhando-me com suas unhas.Ela separou
Nossos seios se encostavam, e só aquela sensação já me dava imenso prazer. Ela desceu a língua pelo meu pescoço, até encontrar o meu seio esquerdo, e ficou chupando, durante um bom tempo, enquanto acariciava o outro com sua mão lisa. Era delicioso sentir sua língua nos biquinhos de meus seios, e sua pele era tão delicada que a sensação de prazer era imensa.Demorou bastante tempo, chupando meus dois seios. E nossa era raro eu não ser a ativa da relação, mas ela era a primeira que tinha me causado sensações tão intensas.Novamente, ela voltou a pressionar seu corpo ao meu, até eu terminar deitada e agora ela estava sobre mim.Depois desceu a língua, deslizando pelo meu corpo, e parou no meu umbigo. Ficou lambendo meu umbigo, meu piercing que terminou quente e úmido, assim como eu me sentia lá embaixo.E c
Eu realmente não fazia idéia do que tinha me levado a Charlie naquele fim de tarde. Eu poderia culpar a bebida, mas pra mim, ela se parecia com um ponto gravitacional, algo que mais cedo ou mais tarde me puxaria para si. Afinal, sempre foi assim não é?Ela agora dormia seu rosto escondido na curva do meu pescoço, sua respiração calma e lenta fazendo cócegas em minha pele, a ponta de meus dedos desenhando a macia pele de seu rosto. Charlie tinha sido minha maior conquista, e mesmo assim eu não a via assim, eu a via como alguém que eu queria fazer feliz.Tê-la em meus braços era como estar dentro de um sonho perfeito.Eu não sabia como, eu só sabia que eu a amava e quando revelei isso pra ela, foi uma revelação para mim mesma. Eu nunca soube o que era estar apaixonada por alguém, bom, at&e
Me assustei e me afastei da máquina olhando na direção da voz.Era um rapaz, vinte e poucos anos. Vestido de um jaleco como um médico. Sorri pra ele e fui a máquina ao lado.Repetindo o mesmo processo da anterior. O rapaz se posicionou atrás de mim.– Então, você está aqui.. - Começou ele e eu suspirei.– O pai de uma amiga minha, ele sofreu um infarte e está passando por uma cirurgia. - Respondi pegando a soda que agora caíra.– Bernard Masteers? - Perguntou e imediatamente me virei para ele. Talvez ele tivesse notícias.– Sim, ele mesmo. - O rapaz sorriu e deslizou os dedos por seus cabelos pretos e lisos, penteados para esquerda.– A cirurgia já terminou, ele está bem, só est