Era tarde quando retornamos para casa. Sônia e Mauro decidiram não voltar conosco, preferindo ir para a casa de Erick. Evan, por outro lado, decidiu ir para um hotel. Todos eles pareciam estar tramando para que ficássemos sozinhos. — Teve muito trabalho para preparar tudo aquilo? — perguntei quando chegamos ao quarto. Ele sorriu e me abraçou por trás, beijando carinhosamente meu pescoço. Um arrepio percorreu minha espinha e senti seu sorriso em minha pele. — Na verdade não. A única coisa que me afetou foi ter ignorado você durante esse período. Seu amigo me disse que você era capaz de arruinar surpresas, então tive medo que você descobrisse. — e girou-me em seus braços, para olhá-lo. — Eu queria te surpreender. — E conseguiu, meu amor. — passei a mão em seu rosto. — Na verdade, você é o primeiro a conseguir tal feito. Rafael alargou o sorriso, feliz com minha declaração. Me guiou para a cama e me deitou sobre a mesma, subindo na cama em seguida. Meu coração acelerou quando el
Meu coração palpitou. Todas as vezes que vim ao seu quarto, nunca notei que tinha um espelho tão grande e tomava uma parte da parede. Minha garganta ficou seca e passei a língua entre os lábios secos. Rafael cerrou os olhos, mas podia sentir o quanto ele queria isso. A expectativa do que ele queria fazer me deixou ainda mais molhada. — O que vai fazer? — sussurrei. Seus lábios se curvaram em um sorriso malicioso ao aproximar, seu terno branco polido captando a luz fraca da sala. O tecido se agarrava a seus ombros largos e afunilava seu corpo musculoso, as linhas nítidas acentuando sua presença dominante. Ele inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com uma mistura de diversão e fome enquanto percorria sobre meu corpo nu refletido no enorme espelho. O ar pareceu espesso, carregado com o calor que irradiava dele. — Quero que veja com seus próprios olhos como se desmancha de prazer em meus braços. — respondeu com a voz baixa e rouca. Ele estendeu a mão, seus dedos roçando levemente ao
São Paulo. — Não acredito que Rafael está noivo. — comentou, olhando distraidamente para a janela. Evan, que estava do outro lado da linha, riu com empolgação. — Concordo. Juliana é totalmente fora dos padrões dele, mas como se tratava de uma paixão antiga, admito que eles dois ficam bem juntos. O homem cerrou os dentes. Rafael, Rafael... tudo era Rafael... Aquele idiota tinha que estragar tudo, perseguindo uma mulher que nem bonita era. Estava sozinho agora e não precisava fingir seus sentimentos. Graças a tudo isso teria que reorganizar seus planos e como David estava preso, teria que viajar para aquele lugar imundo para arrumar a bagunça. Anos de preparativos jogados pela janela por causa de uma mulherzinha qualquer. — Ah... — Evan continuou. — Aquela loira gostosa está ajudando Rafael a respeito da fraude. —Sério? — sua voz soou perigosamente baixa. — Pensei que Márcia estava dando problemas. — Estava, mas as coisas foram resolvidas. Queria matar alguém naquele momento
Nada como viver um dia de cada vez.Eu não tinha muito que reclamar da minha vida, já que a mesma realmente era uma droga. Sempre mantive a cabeça no lugar e procurava resolver meus problemas da melhor forma possível, apesar de muitas vezes ser feita de trouxa. Nessa hora, deveria estar trabalhando em meu projeto, mas ao contrário do que eu queria, vim ajudar uma amiga na lanchonete onde trabalha. Ficar devendo favores aos outros é uma droga. O favor em questão era em uma pequena lanchonete gerenciada pela carismática Emília Souza, uma senhora de idade que sofre de artrite reumatoide, uma doença inflamatória crônica que afetou as articulações de suas mãos e pés, causando um inchaço doloroso. Comovi-me com essa senhora, principalmente por ter que lidar com pessoas sem responsabilidades. Deixei-a anotando os pedidos enquanto eu preparava e entregava os mesmos para os clientes.Depois de lavar mais uma remessa de louça suja, apoiei o rosto em uma das mãos com um suspiro. As chances de s
– Com licença.Uma voz firme chamou minha atenção antes mesmo de sentir a sua presença. Fechei os olhos, resmungando a minha má sorte e olhei para trás. O “deus grego” me olhava com curiosidade.– O que deseja, senhor?– Gostaria de saber a razão pela qual não fui atendido pela senhorita.Arqueei a sobrancelha, considerando-o louco.– Eu não trabalho aqui, estava ajudando uma amiga. – Respondo com educação olhando-o nos olhos por um instante. Vejo meu blazer no chão com uma marca de sapato no mesmo. Peguei-o do chão e tento esconder minha frustração ao olhar para ele. – Que já o estava atendendo há poucos minutos.– Ela não era a mais qualificada para me atender.– E por acaso eu sou?Seu olhar percorreu o meu corpo, que responde com um tremor involuntário.– Talvez.O terno preto impecável cobria perfeitamente seus ombros largos e sua pele cor de caramelo arrancava suspiros das mulheres. Levantei a cabeça para olhar-lhe nos olhos âmbar, que me sondaram com curiosidade. Sua boca era
As pessoas à minha volta ofegaram e alguém tentou me puxar pela blusa. Empurrei-o firmemente, mas sem machucar. E daí que se machucasse? Ninguém me queria aqui.Cruzei os braços em frente ao corpo e não falei mais nada. Um silêncio mortal caiu sobre nós me deixando ainda mais nervosa. Um brilho bem humorado surgiu nos olhos dele, mas sua voz soava fria e profissional:– Não sei do que está falando Srtª, mas sugiro que pare com esses argumentos estúpidos. – Levantou e deu um passo em minha direção.- Acho que tenho um ponto, já que você está aqui. Qualquer pessoa em seu juízo perfeito reagiria da mesma forma.Era uma desculpa fraca e o estranho sabia disso. Ele inclinou em minha direção e eu pude sentir sua respiração em meu pescoço. Ficando próximo a mim, sentenciou: – Você não vai gostar dos resultados se agir assim. Senti-me pequena e indefesa como nunca me senti antes. Não chegava nem aos ombros dele e precisei fazer um esforço para esconder meu espanto. Nossos olhares se cruzara
No dia seguinte, cheguei ao trabalho um pouco mais cedo, não sei se fora por impulso ou porque não queria ver ninguém. O fato foi que, às sete da manhã, eu já estava em frente ao casarão. O pessoal só começaria a chegar às oito, o que me daria tempo de me recompor e enfrentar olhares indesejados. Como de costume, joguei a bolsa sobre a escrivaninha e andei de um lado para o outro, tentando imaginar o que o destino me aguardava naquele dia.Quem era aquele cara, afinal? Relembrando o dia anterior, vi alguns rostos em pânico pelo modo que agi com o estranho. Será que era alguém importante ou imaginei tudo em minha cabeça? Tentando não pensar a respeito, optei por me sentar um pouco e comecei a trabalhar.***O resto da semana passou normalmente, mas eu estava apreensiva. Sempre era a primeira a chegar e a última a sair, o que para eles não era um problema. Mas como punição pelo que acontecera na segunda-feira, todos os projetos que eu havia recusado foram parar em minha mesa. Não tinh
Não demorou muito e escutei burburinhos vindos do lado de fora de minha sala. Imaginei o que seria até ouvir a voz irritante de David dando instruções aos funcionários de como deveriam se portar quando as visitas chegassem. Senti um arrepio na espinha ao lembrar o que me aguardava quando saísse da sala, porém balancei a cabeça. Não iria mudar de ideia agora.Peguei o pen drive e apertando-o contra o corpo, sai do escritório justamente no momento que David recebe os recém-chegados. Fico parada em frente a minha sala observando meu chefe agir despreocupadamente e com um sorriso falso. Para aqueles estranhos David vestiu seu terno Armani preto, lustrou os sapatos e até penteou o cabelo ridículo. Coisa que ele não faz em dias normais de trabalho. Observei o casal com atenção. A mulher era mais alta que eu: loira, magra e com cara de poucos amigos. Vestia um terno lilás, cabelo preso em um coque alto, olhava para o lugar com desprezo e batia o salto de sua sandália no chão, impaciente. O