Anna Beatriz Ávila e Letícia Brown compartilham uma amizade inseparável desde a infância. Apesar da vida não ter sido facil com as duas, elas se apoiaram mutuamente, enfrentando o luto e o abandono. Letícia foi expulsa de casa aos 17 anos por engravidar, acreditando que o homem que ela amava fosse apoia-la, ele se negou manter contato com Letícia, ofertando até um aborto. Desolada e desamparada, encontrou refúgio na velha casa de Elisa, falecida mãe de Beatriz.
Quando Ravi, filho de Letícia, nasceu, Beatriz foi seu apoio em todos os momentos. Acompanhou nas consultas, vibrou com cada chutinho e ajudou a escolher o nome. Hoje, Ravi tem 5 anos e as duas vivem unicamente para cuidar dele. Mas o destino muitas vezes tende ser cruel com quem não merece. Ravi foi diagnosticado com Leucemia quando tinha apenas quatro anos. O mundo das duas desabou. Cada dia no hospital era uma batalha contra o tempo. A quimioterapia esgotava o pequeno, e as duas amigas não aceitavam do por que uma criança ter que sofrer tanto. ... Naquela manhã, Beatriz não esperava que estaria sentada num consultório médico ao lado de sua melhor amiga Letícia, por uma ligação urgente do hospital. Seus pensamentos estavam distantes, a dor se misturando com as palavras do médico, que começou a atualizar o quadro clínico de Ravi. — Tenho algumas notícias sobre Ravi, que precisam ser discutidas com urgência. Infelizmente, o quadro dele piorou e a única opção viável no momento é um transplante de medula óssea, com maxima de urgência possível. O tratamento que ele está recebendo atualmente já não está sendo eficaz. — A voz do médico ecoava pela sala, tirando Beatriz do seu angustiante transe. — Por que isso está acontecendo? Ele tem apenas cinco anos, não merece estar passando por isso. — Sussurra Beatriz, não aceitando o quanto a vida está sendo cruel para o menino. — Meu Deus... um transplante? Isso não pode ser verdade... não pode.— Letícia murmura sentindo o medo tomar conta do seu ser. — Infelizmente, essa é a única alternativa para o estado dele! — Quais são as opções de tratamento... e doutor, meu filho vai sentir dor? Ele vai se curar depois do transplante? E quanto vai custar?— Letícia pergunta agarrando firmemente a mão da Beatriz com medo das respostas. — Olha, é uma cirurgia delicada, não tenho como garantir que não tenha riscos. O custo do transplante pode variar. Recomendaria verificar com o setor financeiro do hospital para mais informações. As chances de sucesso do transplante dependem de vários fatores, como a compatibilidade da medula do doador, a saúde geral do paciente e a resposta do corpo ao procedimento e também o tempo é essencial para a recuperação. Infelizmente, existem riscos associados ao transplante, como infecções, rejeição da medula e a possibilidade de complicações pós-operatórias. — Doutor, estamos dispostas a fazer tudo o que for necessário para salvar nosso menino. Não importa o preço. Só salve ele.— Beatriz implorou segurando nas mãos do médico, que se surpreendeu com o gesto. Elas saíram da sala do médico com um misto de preocupação e medo, após uns minutos abraçadas, tentando acalmar uma a outra, elas caminham até o setor financeiro do hospital para se informarem os custos. — Com o tratamento que ele já iniciou, a internação, medicamentos e o transplante, inicialmente o valor está em $800 mil dólares se não houver nenhuma alteração no decorrer do tratamento.— disse o atendente com o olhar de compaixão. — Não está vem do errado? Como é possível ser tudo isso?— Letícia pergunta extremamente assustada com o valor. Beatriz olhava para a amiga com os olhos exalando medo. — Eii... Nós vamos conseguir esse dinheiro. Não importa como, mas vamos conseguir.— Beatriz fala tentando acalmar a amiga.— Por favor, marquem o quanto antes o transplante, que vamos dar o nosso jeito. — Desculpe! Para conseguirmos dar seguimento aos procedimentos precisamos de pelo menos a metade do valor. — Mas não temos esse dinheiro, é impossível conseguir de uma hora para outra! O que vamos fazer Bia? Meu Deus, eu não posso perder meu filho.— Leticia sussura, levando as mãos no rosto e o cobrindo a boca para abafar seu choro. Elas sente a angústia tomar conta. — Vocês preferem ver uma criança agonizando... tudo por que não temos o dinheiro? Se não conseguirmos o valor, vocês vão deixar nosso menino morrer?— Beatriz pergunta sentindo seu coração apertar, a sensação de impunidade e injustiça estava presente em seu olhar. O desespero tomava conta de Letícia e Beatriz enquanto elas viam o estado de saúde do pequeno piorar a cada dia que passava. Apesar de terem conseguido arrecadar atravez de doação, rifas e bondade de algumas pessoas o total de duzentos mil dólares, a diretoria do hospital se mostravam irredutíveis em sua decisão de não realizar a cirurgia sem ter o pagamento necessário. Letícia e Beatriz bateram de porta em porta pedindo doações, implorando para cada conhecidos e desconhecidos. Elas apelaram para a bondade e compaixão dos profissionais de saúde, mas todas as suas súplicas foram ignoradas. Os médicos alegavam que o quadro clínico de Ravi era muito delicado e que a demora em fazer o transplante poderia colocar sua vida em risco, onde o desespero foi aumentando. Beatriz decidiu ir no último lugar que ela queria estar, na casa da mãe de Letícia. Assim que a governanta abre a porta, Beatriz espera de pé no meio da enorme sala da mansão, seus olhos percorriam toda a dimensão do cômodo, angustiada e ansiosa, mesmo sabendo o quanto ela era uma pessoa difícil, Beatriz estava esperançosa de enfim conseguir o dinheiro. — Olha só quem veio me visitar na minha humilde resistência. — Boa tarde, senhora. Se permitir, queria um minuto do seu tempo— Beatriz diz um pouco amedrontada, mas com a determinação nas palavras. — Sem enrolação, me diz o que lhe trás aqui. Cansou de carregar a inútil da minha filha nas costas?— Morgana diz com um sorriso perverso. Beatriz olhou para a mulher na sua frente e suspirou pesadamente. — Não vou tomar muito seu tempo. Eu vim pedir um empréstimo. Ravi, seu neto está precisando fazer uma cirurgia e não temos o dinheiro... Morgana solta uma gargalhada com o que ouviu. Beatriz aperta seus dedos na alça da bolsa fortemente, sentindo o desprezo no olhar dela. — É muita petulância. Você acha mesmo que vou desperdiçar meu dinheiro nesse fedelho? Jamais! Arrume outra trouxa para cair nesse golpe. — Mas senhora, eu não estou pedindo que me de esse dinheiro, eu preciso somente de um empréstimo. Eu lhe imploro, a vida do seu neto depende disso. Com um sorriso malicioso Morgana se aproximou, cruzando seus braços e a encarando fixamente. — Implora? Deixe me ver o quanto está disposta a conseguir esse dinheiro. — Faço qualquer coisa, não importa o que seja.— Beatriz sussurrou sem desviar os olhos dos dela. — Ajoelha-se ao meus pés.— Morgana cuspiu as palavras e a olhou desafiando-a. Os olhos de Beatriz se encheram de lágrimas, porém o desespero que ela estava sentindo era maior que sua dignidade, com um suspiro doloroso, ela abaixou a cabeça e ajoelhou- se no chão. Morgana sentou, ainda com um sorriso satisfeito no rosto e empurrou Beatriz com o pé. Ela olhou assustada, se sentindo humilhada, porem aguentou firme. — Tenho que admitir que você é uma boa amiga. Mas não vou emprestar nada. Levantasse e se retire da minha casa. As mãos de Beatriz tremiam de raiva e ao mesmo tempo de desespero, ela era a última saída para conseguir o empréstimo. — Por favor... Não temos mais para onde recorrer, senhora, Ravi tem seu sangue, é seu neto, por favor. — Eu não tenho filha, quem dirá um neto. Segurança, acompanhe essa jovem até ao portão e certifique-se dela nunca mais por os pés aqui. O segurança em silêncio segurou no braço de Beatriz com um pouco de pressão que a fez gemer de dor. Mesmo com ela implorando, Morgana não queria ouvi -la. — Você ainda vai se arrepender por isso.— Beatriz gritou antes de ser jogada para fora do portão. Sem ter para onde recorrer, Beatriz sentia-se impotente diante da situação. Ela se perguntava como era possível viver em um mundo onde o dinheiro parecia resolver tudo, a vida de uma criança fosse deixada de lado por questões burocráticas e protocolares.— Não me resta mais opções, talvez ele possa me ajudar. — Murmura para si mesma, considerando a possibilidade de pedir um empréstimo ao seu chefe.Marcos Collen, um dos herdeiros da fortuna da família Collen, nasceu e cresceu na Filadélfia, onde o dinheiro e o poder eram sinônimos de sucesso. Sua vida era uma série de conquistas fáceis, até que encontrou o amor numa bela mulher, tudo estava indo perfeitamente bem, quando seu mundo desmoronou ao descobrir que a mulher que ele amou o traiu. No dia do casamento, na frente de todos os convidados, veio a triste revelação: o filho que sua noiva esperava não era dele. A traição o deixou marcado, e Marcos jurou nunca mais se render ao amor.Desde então, ele se refugiou em sua vida de solteiro, cercado por noitadas e mulheres fáceis. Quando o irmão, Michael, precisou deixar o escritório em Nova York para cuidar dos sogros doentes, Marcos viu a oportunidade perfeita para expandir sua fortuna. Michael era o chefe perfeito, atencioso e respeitador. Muitos diziam que ele era bom demais, onde alguns funcionários se aproveitavam da situação.Marcos sempre teve um olhar clínico onde em poucos m
Beatriz sentiu um aperto no peito, o gosto amargo da decepção subia por sua garganta. Ela olhou novamente para ele, acreditando ser uma brincadeira de mal gosto, mas sentiu como se tivesse levado um soco no estômago enquanto percebia que os rumores da crueldade e da falta de caráter de Marcos era realmente verdade, mas mesmo diante da repulsa e da tristeza que sentia, sabia que a vida de Ravi dependia dessa troca e já não podia esperar mais. Era um acordo desumano, mas ela sentia que não tinha escolha.— Tudo bem, senhor, eu... aceito!— Com lágrimas nos olhos, ela concordou relutantemente, mas no fundo de sua alma, ela sabia que estava perdendo uma parte de si mesma.Por algum motivo, Marcos sentiu uma pontada de decepção, ele a olhava buscando vestígio de algum arrependimento, mas Beatriz não tinha sequer nenhuma reação, ela estava lutando contra seus pensamentos quando ouviu seu nome.— Beatriz?— ele a chamou firmemente. Ela olhou em seus olhos segurando no máximo as lágrimas que ar
Letícia tentava falar, mas tudo que conseguia fazer era chorar sozinha no chão frio e vazio do corredor, abraçada em suas pernas ela tentava se confortar. Ainda no quarto de hotel, Beatriz paralisou por um momento, ela se nega a a acreditar que aquilo estava acontecendo. O som do choro do outro lado da linha, fez com que ela reagisse. O choro angustiante de Beatriz ecoava pelo quarto vazio, misturando-se com o arrependimento e a dor que a consumiam. Ela saiu correndo do hotel e indo direto para o hospital.Marcos que ouviu ruídos angustiantes que vinham do quarto, nao obtendo respostas saiu correndo do banheiro, mas era tarde de mais, o quarto estava vazio e a mala de dinheiro abandonada no chão onde ele havia deixado. Ele olhou ao redor, confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Foi então que ele percebeu que Beatriz havia partido, deixando para trás o acordo feito entre os dois.O choque se misturava com a raiva em seu peito, enquanto ele olhava para a mala de dinheiro,
Passaram-se dois dias desde o acidente que mudou a vida de Letícia e Beatriz para sempre. Somente hoje que Letícia teve força para fazer o enterro de Ravi. A hora da despedida de seu filho está sendo marcado por um momento de dor e desespero, onde o choro ecoava pelos corredores da funerária. Letícia permanecia em uma cadeira de rodas, seu olhar vazio refletia a completa devastação que sentia em seu coração. Beatriz, ao seu lado, segurando a mão de Letícia com firmeza, tentando transmitir todo o amor e apoio que podia. Mas mesmo a presença reconfortante da amiga não apagasse a dor insuportável que Letícia carregava. Enquanto os poucos familiares e amigos se aproximavam para prestar suas condolências, uma presença indesejada se fez notar. A mãe de Letícia uma mulher fria e cruel, se aproximou com um olhar de desdém. — Ah, Letícia... sempre soube que você era incompetente. Olha só onde sua fraqueza te trouxe, enterrando seu próprio filho, se tivesse interrompido a gravidez quando
Beatriz olha perplexa para Ivana, tentando negar as acusações, envergonhada por sentir que dessa vez ela tinha razão.— Não, Ivana, não é verdade. Eu...Ivana por sua vez, sorri maliciosamente, olhando nos olhos de Beatriz demonstrando o quanto a despreza, sem se importar com o sentimento dela, mente descaradamente.— Você não precisa se fazer de inocente, Beatriz, sua máscara de boa moça já caiu. O próprio Marcos acabou de me contar tudo. Ele disse que vocês dois tiveram uma longa noite e que ele te pagou muito bem para ficar com ele. E que você é quem foi atrás dele propor isso.— Meu Deus...— Beatriz sussurra sentindo o chão se abrir debaixo de seus pés. Ela não consegue acreditar que Marcos seria capaz de contar para alguém o que fizeram. Envergonhada e desolada, percebendo os olhares julgadores dos colegas ao redor, ela não consegue mais suportar a situação. Sem dizer mais nada, ela sai correndo, deixando todos para trás.— Vocês viram? Não tem nem vergonha de vim aqui. Vocês ai
Beatriz e Letícia após resolver algumas pendências finalmente tomam a decisão de deixar a cidade para trás e recomeçar em um lugar novo e desconhecido. Com o dinheiro da venda da casa em mãos, elas se preparam para partir rumo a uma cidade não muito longe, mas onde esperam encontrar a paz que buscavam. — Hoje é o dia, amiga. Estamos partindo para uma nova vida.— Beatriz diz, tentando demonstrar entusiasmo, porém Letícia sabia que a amiga estava nervosa. — Sim, Bia, vamos.— Letícia responde sem esboçar reação. Com suas poucas bagagens em mãos, as duas embarcam em um ônibus rumo à Filadélfia, a viagem duraria pouco menos de 3 horas de ônibus. No caminho, olham pela janela e observam as paisagens passando rapidamente, Letícia encosta a cabeça no vidro do ônibus e lembra de como seu filho gostava de brincar nos parques da cidade. Beatriz observa a amiga e suspira, ela sabia que Letícia estava se esforçando para se mostrar bem diante do pesadelo que estava vivendo. — Vamos ficar bem, n
Beatriz se via em um dos momentos mais angustiantes da sua vida. Com a amiga nos braços e suas lágrimas caindo, ela grita. — Por favor, socorro, eu preciso de ajuda...— Beatriz abraça Letícia com força enquanto sua amiga gemia de dor.— Por quê você fez comigo, por que? Os vizinhos rapidamente ligam para o serviço de emergência. Enquanto Beatriz, tenta manter Letícia acordada, com cuidado e a coloca em posição segura. — Já estão vindo menina.— Sua vizinha diz. — Me ajuda leva-la pra fora? O apartamento é abafado, ela precisa de mais ar...— Beatriz pede se colocando de pé. Enquanto ajudava Beatriz carregar Letícia até a entrada do prédio a ambulância para na frente delas. Quando os paramédicos descem, fazem os primeiros socorros e em seguida a levam para o hospital. Beatriz os acompanha, preocupada com a amiga. Já no hospital, Beatriz não fazia outra coisa a não ser chorar, encostada na parede ela olha através da porta, esperando ansiosamente por notícias de Letícia. Após ho
Beatriz sentiu como se tivesse levado um golpe no estômago. Os olhos dela se arregalaram quando as palavras de Maicon penetraram em seus ouvidos. Seu coração começou a palpitar furiosamente. — Grá... grávida? — sussurrou Beatriz, ainda atordoada. — Eu ouvi direito? Maicon sorriu gentilmente e assentiu com a cabeça. — Sim, Beatriz. Você está grávida. — Meu Deus, como isso é possível? Como uma única noite e ainda usando proteção pude ficar grávida? E por que somente agora os sintomas começaram a aparecer? Minha menstruação estava vindo normalmente... — Isso se chama gravidez silenciosa. — explicou Maicon. — É mais comum do que você imagina. O estresse e os conflitos podem ter contribuído para você não notar os sintomas. Beatriz sentiu lágrimas enchendo seus olhos. Ela não sabia se estava feliz ou triste. O pensamento de estar carregando o filho do seu ex-chefe, alguém que ela jurou odiar, era quase inaceitável. — Leah vai infartar de alegria. Logo ela chega e damos a notíc