Marcos Collen, um dos herdeiros da fortuna da família Collen, nasceu e cresceu na Filadélfia, onde o dinheiro e o poder eram sinônimos de sucesso. Sua vida era uma série de conquistas fáceis, até que encontrou o amor numa bela mulher, tudo estava indo perfeitamente bem, quando seu mundo desmoronou ao descobrir que a mulher que ele amou o traiu. No dia do casamento, na frente de todos os convidados, veio a triste revelação: o filho que sua noiva esperava não era dele. A traição o deixou marcado, e Marcos jurou nunca mais se render ao amor.
Desde então, ele se refugiou em sua vida de solteiro, cercado por noitadas e mulheres fáceis. Quando o irmão, Michael, precisou deixar o escritório em Nova York para cuidar dos sogros doentes, Marcos viu a oportunidade perfeita para expandir sua fortuna. Michael era o chefe perfeito, atencioso e respeitador. Muitos diziam que ele era bom demais, onde alguns funcionários se aproveitavam da situação. Marcos sempre teve um olhar clínico onde em poucos meses, sob sua liderança, o escritório se tornou um lugar de trabalho árduo, onde apenas só os mais fortes sobreviviam. Apesar de sua reputação de chefe cruel, Marcos tinha o costume de usar sua generosidade para comprar lealdade. Os funcionários que lhe serviam bem eram recompensados com benefícios e promoções. Mas quem cruzasse seu caminho estava condenado. Beatriz sabia que era uma jogada arriscada, mas todas as suas outras opções estavam esgotadas. Assim que a luz do dia surgiu, Beatriz se vestiu rapidamente após um rápido banho, mais uma vez não conseguiu tomar café. Ela chegou à empresa após um longo percurso entre o ônibus e o metrô. Seu olhar não escondia o cansaço e vermelho era evidente que mais uma vez passou a noite chorando. Assim que entra encontra Marcos tomando café com os funcionários. Ela observou por uns minutos sentindo ansiosa e incerta do que realmente iria fazer, mas sem ter escolha se aproximou. Ivana, uma das mulheres que Marcos já se envolveu, se aproxima. — Ouvi dizer que você teve um problema com um homem casado. Fiquei horrorizada em saber que foi a mulher do seu amante que fez isso no seu rosto. — Ivana diz com um sorriso malicioso. — Foi capaz de pedir um empréstimo, não me diz que é para fazer uma cirurgia para cobrir essa cicatriz horrenda? Os colegas de trabalho de Beatriz a olham, surpresos. Beatriz fechou as mãos em punhos, tentando manter a calma. Marcos se vira para Beatriz, interessado pela conversa. — As notícias correm rápido aqui na empresa. E Ivana, não é da sua conta o que eu vou fazer com o dinheiro, então pode ficar criando suas teorias e fofocando como quiser. Marcos arqueou uma sobrancelha e sorriu discretamente, era a primeira vez que ele ouvia ela falar sem ser sobre trabalho, Beatriz sempre foi muito seria e profissional, isso havia instigado sua curiosidade sobre Beatriz. Já tem um tempo que ele a observa, porém jamais imaginou ouvir tais coisas sobre ela. — Quem será o louco que dará um valor tão alto para uma mera secretaria.— Ivana resmunga com raiva ao perceber como Marcos olha para Beatriz.— Todos nós sabemos o que fez para conseguir sua vaga sem ter o mínimo conhecimento do que fazemos na empresa. — O quê?— Marcos pergunta demonstrando sua irritação. — Sim chefe. O senhor Michael saiu repentinamente, a ultima vez que vi a mulher do seu irmão, ela estava muito nervosa. Com toda certeza foi culpa da Beatriz. Michael e ela viviam de sorrisinhos e troca de gentilezas. Não duvido dela estar planejando fazer o mesmo com o senhor! Por isso Marcos, cuidado, ela queria destruir o casamento do seu irmão. Ouvindo isso Beatriz sente seus ombros cairem em derrota. Ela nunca dormiu com nenhum homem ou chegou a merecer tais comentários, porém Ivana sempre inventava algo cruel para que sua reputação seja manchada, Beatriz não consegue se defender, a verdade era que tudo estava tão difícil, que ela não se importava com as mentiras sobre seu nome. Marcos fechou as mãos em punho e a olhou por alguns segundos, balançando a cabeça em negação se chingando mentalmente por ter errado tanto em relação a ela. Mesmo não tendo motivo algum, ele acaba acreditando nas acusações de Ivana, tudo o que ele mais odiava numa mulher Ivana descreveu em Beatriz. — Chega de conversa! Voltem ao trabalho.— Ele diz num tom sério, colocando as mãos no bolso da calça, se despediu entrando em sua sala sem olhar pra trás. Beatriz encarava os olhos de Ivana com raiva e decepção, suspirando fundo ela saiu rapidamente para o banheiro envergonhada por ter sido humilhada diante aos seus colegas de trabalho mais uma vez. Cabisbaixa, e sem ter para onde correr, Beatriz decide enfrentar seu medo ficando na frente do escritório de Collen. Cada vez que ela pensava em como ele a olhou, seus olhos ardiam mais uma vez, misturando com a dor de ver Ravi tão doente a vontade de chorar era mais forte que ela, porém com um suspiro pesado e um pouco de coragem b**e na porta. — Entra!— Ele diz sem tirar os olhos do documento. Assim que ele percebe a imagem de Beatriz, endireita a postura e encara os olhos dela.— O que precisa senhorita Ávila? Beatriz apesar de nervosa, não desviou o olhar dos de Marcos, e como todas as vezes que ele estava por perto, seu coração disparou, não era só pelo medo de ouvir outro não, e ela sabia bem disso. — Senhor Collen...— Ela hesitou por um momento, mas estava ciente que não teria outra chance de falar com ele, já que Marcos faria uma viagem de negócios no dia seguinte. — Pode falar, estou te ouvindo.— ele comentou, colocando as mãos sobre a mesa e prestando atenção nela. Beatriz suspirou pesadamente e tomou coragem de falar. — Sei que trabalho para o senhor à poucos meses, e nunca tivemos a oportunidade de uma troca a não ser sobre trabalho. — Eu sei, Beatriz! Precisa de alguma coisa? — Sim... mas antes de pensar qualquer coisa, quero que saiba que já fui em todos os lugares possíveis e não consegui o que eu preciso.— Beatriz estava tão nervosa que não consegue mais encarar seus olhos, ela segura em suas próprias mãos e olha para o chão. — E o que precisa? — Eu preciso de uma grande quantia de dinheiro emprestado, como sabe, tentei no setor financeiro, mas foi negado. Então... vim suplicar para que me ajude com isso. — De quantos estamos falando?— Marcos pergunta desacreditado que Ivana tinha razão. — 600 mil dólares e preciso ainda hoje. Ele olhou para ela surpreso pelo valor, Marcos queria perguntar do por que ela precisava dessa quantia, mas se silenciou. Ele conseguia ver pelo desespero em seu olhar, que algo estava errado. Porém cegado pelas intrigas de Ivana, seus olhos olhos se escureceram percorrendo toda a extensão do corpo de Beatriz, com um sorriso malicioso no rosto ele cruza os braços. Marcos adorava a chance de exercer poder sobre os subordinados e não perderia essa oportunidade. — Bom, Beatriz.— disse ele, gesticulando para que ela se aproximasse.— Eu posso te ajudar com o dinheiro, mas como sabe, tudo nessa vida tem um preço. O coração de Beatriz parou por um momento, enquanto ela tentava processar as palavras de Marcos. Ela sabia que não podia negar qualquer condição, mas um sentimento de profunda repulsa se apoderou dela. — Qual é esse preço?— ela perguntou, com a voz trêmula e o olhar distante. Vendo que ela estava disposta a ir longe para conseguir o dinheiro, Marcos a olha com raiva. Sem esforços, as palavras de Ivana gritavam em sua mente, para ele, naquele momento, Beatriz era só mais uma mulher qualquer que faria tudo por dinheiro, tanto que segundo os boatos tentou separar seu irmão de Jess. Ignorando a decepção que se formou em seu olhar, ele sorriu maliciosamente enquanto se levantava de sua cadeira para se aproximar de Beatriz. — Acredito que já tenha feito isso antes, não é mesmo? Então não será tão difícil me dar o que eu quero! — Desculpa, mas não estou te entendendo.— ela o olha confusa. — Não se faça de inocente. O que eu quero é bem simples. Passe essa noite comigo, e terá o seu dinheiro.Beatriz sentiu um aperto no peito, o gosto amargo da decepção subia por sua garganta. Ela olhou novamente para ele, acreditando ser uma brincadeira de mal gosto, mas sentiu como se tivesse levado um soco no estômago enquanto percebia que os rumores da crueldade e da falta de caráter de Marcos era realmente verdade, mas mesmo diante da repulsa e da tristeza que sentia, sabia que a vida de Ravi dependia dessa troca e já não podia esperar mais. Era um acordo desumano, mas ela sentia que não tinha escolha.— Tudo bem, senhor, eu... aceito!— Com lágrimas nos olhos, ela concordou relutantemente, mas no fundo de sua alma, ela sabia que estava perdendo uma parte de si mesma.Por algum motivo, Marcos sentiu uma pontada de decepção, ele a olhava buscando vestígio de algum arrependimento, mas Beatriz não tinha sequer nenhuma reação, ela estava lutando contra seus pensamentos quando ouviu seu nome.— Beatriz?— ele a chamou firmemente. Ela olhou em seus olhos segurando no máximo as lágrimas que ar
Letícia tentava falar, mas tudo que conseguia fazer era chorar sozinha no chão frio e vazio do corredor, abraçada em suas pernas ela tentava se confortar. Ainda no quarto de hotel, Beatriz paralisou por um momento, ela se nega a a acreditar que aquilo estava acontecendo. O som do choro do outro lado da linha, fez com que ela reagisse. O choro angustiante de Beatriz ecoava pelo quarto vazio, misturando-se com o arrependimento e a dor que a consumiam. Ela saiu correndo do hotel e indo direto para o hospital.Marcos que ouviu ruídos angustiantes que vinham do quarto, nao obtendo respostas saiu correndo do banheiro, mas era tarde de mais, o quarto estava vazio e a mala de dinheiro abandonada no chão onde ele havia deixado. Ele olhou ao redor, confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Foi então que ele percebeu que Beatriz havia partido, deixando para trás o acordo feito entre os dois.O choque se misturava com a raiva em seu peito, enquanto ele olhava para a mala de dinheiro,
Passaram-se dois dias desde o acidente que mudou a vida de Letícia e Beatriz para sempre. Somente hoje que Letícia teve força para fazer o enterro de Ravi. A hora da despedida de seu filho está sendo marcado por um momento de dor e desespero, onde o choro ecoava pelos corredores da funerária. Letícia permanecia em uma cadeira de rodas, seu olhar vazio refletia a completa devastação que sentia em seu coração. Beatriz, ao seu lado, segurando a mão de Letícia com firmeza, tentando transmitir todo o amor e apoio que podia. Mas mesmo a presença reconfortante da amiga não apagasse a dor insuportável que Letícia carregava. Enquanto os poucos familiares e amigos se aproximavam para prestar suas condolências, uma presença indesejada se fez notar. A mãe de Letícia uma mulher fria e cruel, se aproximou com um olhar de desdém. — Ah, Letícia... sempre soube que você era incompetente. Olha só onde sua fraqueza te trouxe, enterrando seu próprio filho, se tivesse interrompido a gravidez quando
Beatriz olha perplexa para Ivana, tentando negar as acusações, envergonhada por sentir que dessa vez ela tinha razão.— Não, Ivana, não é verdade. Eu...Ivana por sua vez, sorri maliciosamente, olhando nos olhos de Beatriz demonstrando o quanto a despreza, sem se importar com o sentimento dela, mente descaradamente.— Você não precisa se fazer de inocente, Beatriz, sua máscara de boa moça já caiu. O próprio Marcos acabou de me contar tudo. Ele disse que vocês dois tiveram uma longa noite e que ele te pagou muito bem para ficar com ele. E que você é quem foi atrás dele propor isso.— Meu Deus...— Beatriz sussurra sentindo o chão se abrir debaixo de seus pés. Ela não consegue acreditar que Marcos seria capaz de contar para alguém o que fizeram. Envergonhada e desolada, percebendo os olhares julgadores dos colegas ao redor, ela não consegue mais suportar a situação. Sem dizer mais nada, ela sai correndo, deixando todos para trás.— Vocês viram? Não tem nem vergonha de vim aqui. Vocês ai
Beatriz e Letícia após resolver algumas pendências finalmente tomam a decisão de deixar a cidade para trás e recomeçar em um lugar novo e desconhecido. Com o dinheiro da venda da casa em mãos, elas se preparam para partir rumo a uma cidade não muito longe, mas onde esperam encontrar a paz que buscavam. — Hoje é o dia, amiga. Estamos partindo para uma nova vida.— Beatriz diz, tentando demonstrar entusiasmo, porém Letícia sabia que a amiga estava nervosa. — Sim, Bia, vamos.— Letícia responde sem esboçar reação. Com suas poucas bagagens em mãos, as duas embarcam em um ônibus rumo à Filadélfia, a viagem duraria pouco menos de 3 horas de ônibus. No caminho, olham pela janela e observam as paisagens passando rapidamente, Letícia encosta a cabeça no vidro do ônibus e lembra de como seu filho gostava de brincar nos parques da cidade. Beatriz observa a amiga e suspira, ela sabia que Letícia estava se esforçando para se mostrar bem diante do pesadelo que estava vivendo. — Vamos ficar bem, n
Beatriz se via em um dos momentos mais angustiantes da sua vida. Com a amiga nos braços e suas lágrimas caindo, ela grita. — Por favor, socorro, eu preciso de ajuda...— Beatriz abraça Letícia com força enquanto sua amiga gemia de dor.— Por quê você fez comigo, por que? Os vizinhos rapidamente ligam para o serviço de emergência. Enquanto Beatriz, tenta manter Letícia acordada, com cuidado e a coloca em posição segura. — Já estão vindo menina.— Sua vizinha diz. — Me ajuda leva-la pra fora? O apartamento é abafado, ela precisa de mais ar...— Beatriz pede se colocando de pé. Enquanto ajudava Beatriz carregar Letícia até a entrada do prédio a ambulância para na frente delas. Quando os paramédicos descem, fazem os primeiros socorros e em seguida a levam para o hospital. Beatriz os acompanha, preocupada com a amiga. Já no hospital, Beatriz não fazia outra coisa a não ser chorar, encostada na parede ela olha através da porta, esperando ansiosamente por notícias de Letícia. Após ho
Beatriz sentiu como se tivesse levado um golpe no estômago. Os olhos dela se arregalaram quando as palavras de Maicon penetraram em seus ouvidos. Seu coração começou a palpitar furiosamente. — Grá... grávida? — sussurrou Beatriz, ainda atordoada. — Eu ouvi direito? Maicon sorriu gentilmente e assentiu com a cabeça. — Sim, Beatriz. Você está grávida. — Meu Deus, como isso é possível? Como uma única noite e ainda usando proteção pude ficar grávida? E por que somente agora os sintomas começaram a aparecer? Minha menstruação estava vindo normalmente... — Isso se chama gravidez silenciosa. — explicou Maicon. — É mais comum do que você imagina. O estresse e os conflitos podem ter contribuído para você não notar os sintomas. Beatriz sentiu lágrimas enchendo seus olhos. Ela não sabia se estava feliz ou triste. O pensamento de estar carregando o filho do seu ex-chefe, alguém que ela jurou odiar, era quase inaceitável. — Leah vai infartar de alegria. Logo ela chega e damos a notíc
O silêncio entre as duas amigas era pesado, carregado de emoções não ditas. Letícia vira a cadeira de rodas para enfrentar Beatriz, ergue a cabeça, encarando os olhos da amiga, e sussurra com um nó na garganta. — Enquanto nosso menino estava morrendo... você estava se divertindo com um homem? — sua voz falhou ainda mais, a mágoa e a raiva transpareciam nos seus olhos. — Se divertindo? Você está ouvindo o que está falando? Se me deixar falar, eu explico o que aconteceu... — E qual é a explicação, Beatriz? Se é que tem alguma explicação. Aproveita e me responde uma coisa que nunca saiu da minha cabeça. Onde você estava na pior noite das nossas vidas? Eu te procurei igual uma louca, mas não te encontrava em nenhum lugar. Onde você estava? — Amiga... — Não me chame de amiga. Amigos não escondem coisas importantes como essas. Eu nunca menti para você, Beatriz, nunca escondi nada de você. Porque você era a única pessoa que eu tinha na vida depois que meu pai morreu. Beatriz sent