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cap 004. Acidente.

Letícia tentava falar, mas tudo que conseguia fazer era chorar sozinha no chão frio e vazio do corredor, abraçada em suas pernas ela tentava se confortar.

Ainda no quarto de hotel, Beatriz paralisou por um momento, ela se nega a a acreditar que aquilo estava acontecendo. O som do choro do outro lado da linha, fez com que ela reagisse. O choro angustiante de Beatriz ecoava pelo quarto vazio, misturando-se com o arrependimento e a dor que a consumiam. Ela saiu correndo do hotel e indo direto para o hospital.

Marcos que ouviu ruídos angustiantes que vinham do quarto, nao obtendo respostas saiu correndo do banheiro, mas era tarde de mais, o quarto estava vazio e a mala de dinheiro abandonada no chão onde ele havia deixado. Ele olhou ao redor, confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Foi então que ele percebeu que Beatriz havia partido, deixando para trás o acordo feito entre os dois.

O choque se misturava com a raiva em seu peito, enquanto ele olhava para a mala de dinheiro, lembrando-se do motivo pelo qual tudo aquilo tinha sido feito. Ele se sentou na beira da cama, passando a mão pelos cabelos, tentando processar a situação.

Enquanto isso, Beatriz corria pelas ruas, as lágrimas turvando sua visão. Ela se culpava por não ter sido rápida o suficiente, por não ter conseguido o dinheiro a tempo de salvar Ravi. A dor em seu peito era insuportável, e ela não sabia como seguir em frente sem o seu afilhado.

No quarto, Marcos se levantou lentamente, sentindo um vazio se instalar em seu peito. Por algum motivo ele esperava encontrar ela ali, esperar poder entender de onde veio os rumores que só agora percebeu que não era verdade, Beatriz nunca havia estado com um homem.

Marcos enfrentou a solidão de seus atos impensados. Dois destinos entrelaçados por uma tragédia que nunca poderia ser desfeita. Eles haviam cruzado um limite sem volta, e agora teriam que lidar com as consequências de suas escolhas.

Beatriz entrou correndo no hospital, seu coração batendo forte no peito, a dor e a angústia aumentava cada segundo que se passava. Ela olhava para todos os lados, perguntando freneticamente onde estava sua amiga. Os enfermeiros e médicos que passavam por ela apenas balançavam a cabeça, indicando que não tinham ideia de onde a jovem poderia estar.

Desesperada, Beatriz continuou a procurar pelo corredor do hospital, até que uma paciente idosa lhe chamou a atenção.

— Você deve ser a Beatriz, não é?

— Sim, sou eu senhora, onde está minha amiga? Eu não a encontro em lugar nenhum.

— Eu ouvi que ela roubou um carro e saiu correndo daqui assim que recebeu a notícia da morte do filho, ela gritava que precisava de você aqui.— disse a senhora com uma expressão triste no rosto.

O coração de Beatriz gelou. Ela sabia que Letícia não estava em condições de dirigir, ainda mais em um estado emocional tão abalado. Ela correu até a recepção do hospital e pediu por informações sobre Letícia.

— Pôr favor, de quem é o carro que ela roubou, a cor, placa...

Antes da atendente responder a ambulância para na porta e um alvoroço começou.

— Mulher, 23 anos, estava em alta velocidade e bateu num poste. A vítima teve parada cardíaca, mas conseguimos reanima-la.— O paramédico diz enquanto ajudava colocar a jovem na maca.

Beatriz sentindo algo estanho em seu peito se aproximou e viu um detalhe do braço da mulher, uma tatuagem que ela também tem, assim que confirmou que era sua amiga, Beatriz desabou no chão, em prantos, temendo pelo pior.

— Não... não pode ser.— Beatriz grita.

— Senhora, por favor se acalma.— Uma enfermeira diz levantando Beatriz do chão.

Enquanto isso, os médicos fizeram todo o procedimento, dando pontos nos cortes, e em poucas horas Letícia começou a recobrar a consciência. Sua visão estava embaçada, e ela sentia um peso sobre o corpo. As mãos trêmulas de Beatriz seguravam a sua, e o choro angustiante da amiga invadia seus ouvidos.

Com um esforço tremendo, Letícia abriu os olhos e olhou para Beatriz e só então, a verdade lhe atingiu como um soco no estômago. Ela lembrou da terrivel notícia de que seu filho havia falecido.

— Meu filho... trás meu filho de volta amiga, por favor, traga ele de volta.

— Eu sinto muito amiga, eu... me perdoa.— Beatriz sussurra.

— Não! Você está mentindo, ele está bem, ele... ele...

O desespero tomou conta dela. As lágrimas rolavam pelo seu rosto, misturando-se com a dor física e emocional. Ela tentava gritar, mas a voz não saía, e o entendimento de que havia perdido seu filho a destruiu por completo. Beatriz debruçou sob sua amiga e chorou, um choro desesperador.

Uma batida na porta faz com que Beatriz volte a sentar assustada, um outro médico entra em silêncio e se coloca diante os pés de Letícia.

— Você sente isso?— O médico pergunta passando a caneta nos dois pés de Letícia. Ela balança a cabeça em negação.— E isso? Como imaginei.— Sem resultados, o médico olha o raio x que suspira pesadamente.— Senhora Shimit, preciso ser sincero com você. Devido ao impacto do acidente, houve uma lesão na sua coluna vertebral que resultou na perda dos movimentos das suas pernas. — o médico diz com uma expressão séria.

— O senhor está mentindo...— Letícia tenta se sentar e não consegue, ela b**e nas suas pernas, mas nada sente nada. — O que fizeram comigo... meu Deus.

— Calma, amiga. Doutor, tem algo que podemos fazer?— Beatriz pergunta se levantando.

— A confirmação vamos ter depois de alguns exames e testes, mas tudo indica que ela não poderá mais andar.

Letícia sente como se o mundo desabasse novamente ao seu redor. Ela olha para o médico, sem acreditar no que acabara de ouvir. Seu coração se enche de desespero e desamparo, nem mesmo com os fortes calmantes, ela conseguiu se acalmar.

— Não... não pode ser... eu nunca mais vou poder andar de novo? Por quê não me deixaram morrer? Não tem mais sentido viver sem meu filho e agora isso...— Letícia murmura, com os olhos cheios de lágrimas.

Beatriz segura a mão de Letícia com firmeza, tentando encontrar as palavras certas para consolar a amiga, mas seu próprio coração está partido em mil pedaços.

— Amiga... Eu estarei ao seu lado em cada passo desse caminho. Você não está sozinha.— Beatriz diz com a voz embargada.

Letícia encara o médico, sua mente inundada por pensamentos negativos e assustadores. A ideia de nunca mais abraçar seu filho aterroriza sua alma.

— Eu... eu não sei se consigo... Eu quero meu filho, eu perdi meu filho... e agora... agora eu perdi até a minha capacidade de andar...— Letícia soluça, sentindo a dor a consumir a cada segundo.

O médico e Beatriz permanecem em silêncio, dando espaço para Letícia processar essa nova realidade. A dor e a angústia pairam no ar, pesadas como nuvens de tempestade prestes a desabar.

Enquanto Letícia se debate com suas próprias emoções, Beatriz a abraça com força, sem saber o que fazer ou o que falar.

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