Helena Lewis
A noite logo chega, e preciso me preparar. As servas me ajudam com o banho e a me vestir como de costume. Por mais que eu me esforce, não compreendo o motivo pelo qual não posso me arrumar sozinha, a quantidade de servos que temos para isso chega ser absurda, quando na verdade eu poderia muito bem escolher o meu próprio vestido e me pentear da forma que eu bem decidir. Penso, enquanto uma serva termina de ajeitar o meu cabelo e outra aperta os espartilhos, já falei que eu odeio espartilhos? Respiro fundo quando sinto que elas estão o apertando mais um pouco. Outra criada tenta ajeitar o meu rosto com alguma pintura, embora prefira de forma natural. Mamãe sempre dizia que meus lábios grossos e meus cílios grandes valorizavam minha aparência. Suspiro ao me lembrar dela, uma dor angustiante me invade, como se meu coração estivesse sendo comprimido lentamente, é assim todas as vezes que me recordo dela, principalmente em noites como esta, na qual preciso me esforçar ao máximo para cumprir o papel que papai e meus irmãos esperam de mim, desejaria muito que mamãe estivesse aqui, ela certamente saberia as palavras certas a me dizer que me deixassem mais confiante. Observo meus longos cabelos negros serem alinhados e soltos entre a tiara de brilhantes que papai me presenteou pra esse tão sonhado momento, para ele, é claro. Seguro as pontas dos fios que chegam até minha cintura e os enrosco entre os dedos várias vezes numa atitude nada sofisticada, mas que me ajuda a conter a ansiedade, se minha cunhada me visse certamente me recriminaria por isso. Uma das criadas me ajuda com o vestido longo levemente aveludado num tom de claro de rosa, ergo meus braços e ela transpassa uma das mangas bufantes e na sequência a manga longas com rendas francesa na manga formando uma leve saia, depois repete com o outro braço, logo ajeita o decote casto do vestido, sinto elas abotoarem a infinidade de pregas por detrás numa paciência constante, muito mais que a minha. Quando finalmente terminam com as vestes, complementam com as joias já postas em cima da penteadeira de marfim, Catherine as escolheu, felizmente minha cunhada tem um gosto requintado. A gargantilha de pedras da cor do vestido são colocadas delicadamente sobre mim, bem como os brincos. Assim que todas se afastam entendo que finalmente devo estar pronta, depois de longas e incansáveis horas. — A Srta. está digna de uma princesa, Mademoiselle ! — uma serva fala com seu sotaque francês aos suspiros enquanto me analisa. Neste momento sou o centro das atenções e admirações por todas as criadas que não param de me analisar. Agradeço ao gentil comentário com apenas um aceno de cabeça, desejaria profundamente estar tão animada com tudo isso quanto as jovens ao meu redor que suspiram ao me olhar tão bem vestida como se minha vida fosse um conto de fadas igual ao dos livros. E é normal que estejam assim, todas as moças da minha idade ficariam em êxtase com o tão sonhado momento na qual conhecerá seu futuro marido, o homem com quem irá compartilhar sua vida até seus últimos suspiros. Eu no entanto, apenas sinto como se tudo isso não tivesse sentido algum para mim. Sra. Benect entra fazendo uma delicada mesura anunciando: — Srta., Helena, estão todos lhe aguardando. A observo como se ainda me restasse alguma saída, Sra. Benect é uma mulher elegante de meia idade que me acompanha desde a infância. Minhas criadas se organizam de forma impecavelmente enfileiradas, então, respiro fundo aceitando meu destino, e sigo passando por todas até a saída do meu quarto. Nossa casa é grande e bem confortável, uma bela construção de pedra, bem parecida com a dos castelos reais, digno de uma família com posses como a dos Lewis. Segundo papai, o nosso bisavô almejava um título da nobreza, e não poupara ao construir uma moradia digna disto. Respiro aliviada por seus desejo mão terem se concretizado, afinal ter um título de tal grandeza sobrecarregaria ainda mais minhas responsabilidades. Chego até o salão principal em passos lentos ainda sentindo um leve enjoo, certamente resultado de todo nervosismo. Paro no alto da escada enquanto faço esforço para reconhecer as figuras presentes lá embaixo. Minha família está em peso, todos vestidos impecavelmente para a ocasião, papai em sua túnica bem alinhada, minha cunhada esplêndida em seu vestido azul turquesa e os cabelos dourados presos em um penteado impecável que deixa alguns cachos soltos, está ao lado de Eduard que conversa com mais dois rapazes desconhecidos, aliás noto muitas pessoas desconhecidas e sei que entre elas está o meu... Futuro marido. Edgar está fazendo uma bela demonstração de flauta doce e todos lhe admiram, o som é delicado e encantador, meu irmão tem uma fascinação por música, além de muito talento. Às vezes tenho a impressão de que ele desejava ter investido em tal carreira, mas papai jamais aceitaria, Edgar tem suas responsabilidades e assim como eu está enfadado a seguir um destino traçado para ele, por papai. Como se eu não pudesse me sentir mais tensa, de repente a atenção de todos se voltam para mim. Edgar deixa uma pausa em seu instrumento, e um grande silêncio invade o recinto. Busco fôlego, mas o espartilho... Parece um pouco apertado demais. Inclino meu corpo levemente de forma elegante depositando parte de meu peso nas pontas dos pés na tentativa de aliviar a peça que comprime meu abdômen mais do que deveria. Papai vem ao meu encontro em passos lentos me analisando com um belo sorriso orgulhoso. Ele ergue a mão para mim e faz uma mesura elegante, inclino a cabeça de leve correspondendo. Logo passo meu braço por entre o seu lhe recebendo de forma carinhosa, apesar de estar sendo praticamente obrigada a aceitar esse noivado, sei que papai me ama e apenas faz o que acha ser o melhor para mim, juntos continuo seguindo meu destino, descemos as escadas, sorrio da melhor forma que consigo. — Você está maravilhosa, filha. Se parece tanto com sua mãe! — ouço ele sussurrar orgulhoso e admirado. Ainda observo a multidão que nos aguarda enquanto sorrio e solto um arfado quase imperceptível com a saudades que sinto dela. — Ela faz tanta falta. — Tenho certeza de que ela está orgulhosa de você, querida — sinto ele depositar sua mãos sobre minhas mãos carinhosamente.— Como eu também estou. Preciso me esforçar para não me emocionar com suas palavras, papai espera muito de mim, e é por isso que não devo decepcioná-lo. Me esforço para recuperar o fôlego em meio a dificuldade por tê-lo praticamente preso em meu diafragma comprimido. Vejo que finalmente chegamos ao hall do salão. — Esta é Helena, minha filha — papai me apresenta como se eu fosse um troféu e todos os olhares permanecem em mim. Faço uma mesura de forma bem elegante. Vejo entre os desconhecidos um belo rapaz de porte alto, pele negra, cabelo bem cortado, confesso que ele é bonito, e observando as medalhas de honra presas ao seu peito, acredito se tratar do meu "noivo". Vejo um casal se aproximando logo atrás, o homem tem praticamente a idade de papai e a mulher me olha de canto, não parece estar ali de bom grado. O homem faz uma mesura e fala em tom gentil: — Srta. Helena Lewis. Sou Antony Trovi, pai de Alexandre e esta é Rosene Trovi , é um prazer para nós conhecê-la. Sorrio para ambos. — O prazer é todo meu, Sr. Antony e Sra. Rosene. — A Srta. é muito bela minha jovem, confesso que estou surpresa com sua elegância — a mulher fala com sinceridade. Fico imaginando o que ela esperava. Uma moça de armadura e botas? Confesso que sorrio mentalmente da minha imaginação. O homem parece constrangido com o comentário da mulher. — Minha esposa quis dizer, que estávamos um tanto curiosos em conhecê-la, devido às peculiaridades dos gostos da Srta.. Os olhos revirados da mulher não o desmentem. Papai pigarreia a fim de quebrar o embaraço. O rapaz que está ao lado do senhor Antony dá um passo à frente, ele me olha com uma admiração incomum, fico sem saber como reagir. De repente sinto que o ar me falta um pouco mais, talvez realmente seja o espartilho! O mesmo rapaz faz uma mesura e estende o braço para que eu lhe dê a mão. Estendo- a delicadamente fazendo muito esforço para me manter firme, porém a cada instante tenho mais dificuldades. — Srta. Helena Lewis, é um enorme prazer finalmente conhecê-la. És tão bela quanto eu esperava. — ele se inclina ainda mais e deposita um beijo casto no dorso de minha mão. Se trata de um cavalheiro muito fino e educado, e não posso negar que também é belo, o suficiente para me roubar o fôlego, porém, neste instante minha falta de ar, tem outro motivo. Alexandre parece um pouco perdido entre suas feições e se afasta, ouço a voz de papai soar preocupada em meus ouvidos. — Srta. Helena, está tudo bem? — ele sussurra discretamente. Penso em respondê-lo, mas estou me sentindo confusa, minha visão fica turva e tudo em volta começa a girar e quando tento pedir socorro, não consigo mais respirar, o ar me falta completamente nos pulmões, sinto minhas pernas fraquejarem e de repente meu corpo vai ao chão, mas papai me segura em seus braços fortes. Ouço um coro de "oh" todos em volta se assustam. Na sequência não vejo mais nada, tudo fica escuro. * — Ela está acordando. — Ouço a voz de Catherine esperançosa. Abro meus olhos e minha cunhada está sentada na beirada da cama, Sra. Benect está em pé ao meu lado, como sempre, cuidando de mim. — O que ouve? — pergunto ainda zonza. Me sinto aliviada ao perceber que não estou vestida com aquele espartilho e uso apenas minhas roupas para dormir. Sra. Benect me entrega um copo de água e ajuda a me sentar. — Menina, você desmaiou. Apertaram muito seu espartilho. Bebo um gole da água devagar e o entrego a Sra. Benect. — Como papai está, e os convidados...? — pergunto angustiada. Catherine faz um carinho em minhas costas com as mãos, a fim de me acalmar. — Está tudo sob controle. Apesar de que o Senhor Theodoro está irritado com as servas por terem apertado em excesso seu espartilho. Os convidados foram dispensados, a Sra. Rosene não ficou muito satisfeita — fala a última frase arqueando as sobrancelhas. A Sra. Benect se levanta e faz uma mesura para se retirar do quarto. Deseja avisar papai que despertei e estou bem. Quando estou a sós com minha cunhada falo sem rodeios: — Papai deve estar realmente bravo, foi difícil conseguir um pretendente. Acho que não devo me casar, isso que aconteceu foi um recado do destino. Catherine ri. — Helena, você sabe que seu pai não vai desistir. Aliás, Eduard me contou que Alexandre também não. Ele ficou encantado com sua graça, também estava tão linda. O noivado ainda está de pé! O tom animado de minha cunhada no final da frase me inquieta. Confesso que por um instante pensei que estivesse livre. — Então…ele não desistiu? Mas talvez sua mãe o faça mudar de ideia, Sra. Rosene não pareceu rendida aos meus encantos. Minha cunhada faz outro carinho em minhas costas. — Helena, você não precisa de ter medo de se casar. — Catherine, nem todas as mulheres tem a sorte de se casar e se apaixonar, assim como você e Eduard, ou como meus pais. Mamãe venerava papai, eles se amavam. — Quando me casei com seu irmão, eu não o conhecida, assim como você não conhece seu noivo. Mas Eduard é um homem incrível e hoje eu o amo. Minha mãe sempre disse que o amor pode ser extremamente perigoso, principalmente quando não se está casada. Tento entender o que minha cunhada quer dizer, mas não me sinto em paz. Porém, também não sei como expressar o que se passa dentro de mim. — Acho que nunca serei capaz de me apaixonar — falo mais alto do que eu esperava. Catherine me olha surpresa com minhas palavras. — Helena… Irá chegar o dia em que um homem roubará seu coração, e você sentirá suas pernas fraquejarem em sua presença, o ar lhe faltar com sua ausência…— ela diz aos suspiros. — Isso parece mais um estado de enfermidade — falo não achando nada interessante aquele assunto. Minha cunhada ri. — Mas o amor, é como uma doença, causa reações em todo nosso corpo, mas seria uma doença boa, digamos assim… As palavras de minha cunhada não são o suficiente para me aquietar. — Algum dia você irá entender o que eu digo. Agora descanse, Helena. Catherine diz ajeitando meus travesseiros para que eu descanse. Entretanto sei que não será fácil, minha mente me atormenta em vários pensamentos. Eu não desejaria desapontar minha família de forma alguma, mas confesso que poderia estar um pouco mais animada com meu futuro.A semana passou de forma lenta. Edgar e Bernard estão de partida para a guerra, foram convocados novamente para as intensas batalhas no reino do Norte. Meus irmãos são soldados desde que se tornaram com idade suficiente, por este motivo, quase não ficam conosco, o que nos causa grande sofrimento, somos uma família bastante unida, e mesmo papai se mostrando firme, sei o quanto ele sofre em todas as vezes com a partida deles. Eduard é o único que largou a carreira militar, por se tratar do primogênito, tem responsabilidades para auxiliar papai com os negócios por aqui.Sinto o abraço aconchegante de Edgar e na sequência um beijo no topo da minha cabeça. Ele tem um leve cheiro de tinta, certamente esteve pintando. Ele me contou que estava trabalhando em um quadro, eu sempre soube quando ele estava se entregando a sua grande paixão, as telas. Desejaria muito que meu irmão pudesse viver do realmente gosta.— Na próxima vez serei eu quem a desafiarei, Lena!Reviro os olhos fingindo que ele
Dois meses depois ...Os dias pareciam bastante longos e completamente entediantes. Depois que papai me proibiu de treinar não tenho muito o que fazer, na verdade poderia estar ocupada em minhas aulas de grego, mas precisei inventar algum mal estar, meu estado de espírito não me permitia pensar em nada que não fosse Bernard. Faz quase dois meses que não temos notícias de meu irmão. Vivemos em constante angústia. A guerra tem alcançado as colônias, há boatos de que o império de Naor está dominando todo Norte, e Bernard estava lutando por lá aos arredores de Constantine e Molavid. Edgar retornou bastante assustado com o que enfrentaram, ele sofreu um ferimento de flecha no braço, e está se recuperando. Ele viu quando nosso irmão foi levado pelos inimigos depois de dizimarem seu exército. Edgar está em estado de choque com tudo que presenciou, quase não fala, nem ao menos sai de seus aposentos. Sempre passo pelos arredores de seu quarto e sinto o cheiro forte da tinta que ele usa para s
Dou um salto da cama mesmo sabendo que ainda é muito cedo, não que eu acorde tarde todos os dias, mas desta vez o sol mal acabava de nascer. Preciso de tempo para pegar tudo que preciso e separar, antes que papai e meus irmãos me descubram.Faço minha higiene rapidamente, me visto, e me penteio sozinha. Quando estou pronta saio do quarto muito ansiosa. Desço as escadas e sigo até a cozinha, os servos já estão organizando o café da manhã e um por um me encaram curiosos, são várias mesuras e cumprimentos. Respondo aos cumprimentos e noto ao redor que me encaram, certamente estão curiosos, nunca os donos da casa percorrem este caminho.Percebo uma das servas cutucar outra que está de costas descascando alguns ovos. De repente a Sra. Benect surge repentinamente, fico surpresa com sua presença, certamente alguém lhe avisou que eu estava por ali, e como ela é minha aia, é de sua total responsabilidade cuidar de todos os meus interesses, então ela rapidamente vem em minha direção preocupada
Cavalgo no ritmo do meu coração, rápido e intensamente, sinto tanta pressa em vê-lo novamente, o desconhecido, e saber se está bem, pois deixá-lo naquele estado me perturbou a noite inteira inquietando meu sono, além do anseio que tenho em saber notícias de Bernard. Meu sentidos não me enganam, ele sabe de algo, talvez seja apenas este o motivo de tanta agitação. Ao me aproximar da construção abandonada, deixo Eros no mesmo lugar de sempre, sobre a sombra de uma árvore. Abro a porta bem devagar, e me surpreendo ao ver que a colcheia está vazia. Retiro minhas luvas de montaria e coloco a cesta no chão, quando tento desvendar o desaparecimento do homem, de repente sinto que não estou só, todo meu corpo se agita, minha respiração se descontrola, e sei que ele está bem atrás, e pelo som de sua respiração sobre mim, ele não está nada amigável, acho que irá me atacar. Me abaixo e giro meu corpo rapidamente, consigo me colocar por trás dele num golpe que fui bem treinada, ele é muito alto
Quando estou a caminho da entrada de nossa residência, logo no pátio principal sou recebida por vários olhares intrigantes, certamente os servos avisaram a papai que eu estava a caminho e com um desconhecido em meu cavalo. Papai, meus irmãos e o General Adrian saem a porta de entrada completamente aturdidos com o que veem. General Adrian levanta imediatamente sua espada a fim de me defender, ele é um grande amigo da família, me viu nascer e crescer é aceitável seu comportamento. Afinal além de eu estar carregando um homem, minha aparência também não é das melhores, meus cabelos estão despenteados, minhas roupas sujas de sangue. Uma cena bastante intrigante.— Srta. Helena! Não se preocupe, não vamos permitir que esse homem lhe faça mal! — Adrian grita se colocando à frente desembainhando sua espada. Sinto vontade de rir, se a situação não fosse tão séria.— Não, este cavalheiro não vai me fazer nenhum mal.— Helena! — Papai grita meu nome desesperado com a situação e confuso.Desço do
Depois da minha ida ao quarto do capitão na noite de ontem, não o vi mais. Há uma grande correria pela casa devido ao jantar que papai está organizando para Alexandre e todos os Trover. Infelizmente não tenho mais como fugir desse compromisso.Sra. Benect e as outras servas terminam meu penteado, confesso que está deslumbrante. Fizeram uma trança e a rodearam como se fosse uma tiara deixando o restante solto, e colocaram flores em tons azuis e brancas como meu vestido. Desta vez Catherine surge na porta, para certificar que não irão apertar exageradamente o espartilho novamente, ela havia prometido a papai que ajudaria com isso. As meninas terminam de fechar o vestido de mangas levemente bufantes nos ombros e o restante longas. Minha cunhada aprova o que vê e sorri ao me entregar as jóias para usá-las.Quando chego ao alto da escada, tudo se repete como no último jantar, lá embaixo, todos os olhares se voltam para mim. Papai vem ao meu encontro e faz uma mesura, na sequência beija o
Enquanto o capitão James me leva para fora, observo o quanto estamos ainda próximos, é estranho, o carinho que há entre nós, é como se o capitão pertencesse a minha família, e mesmo sabendo que não é nada certo estar assim com ele, de alguma forma o capitão consegue me acalentar.Quando chegamos a entrada da casa, percebo que aquelas pessoas ainda estão lá, só então me recordo que fazem parte do grupo do capitão James. Quando o veem, eles se aproximam animados.O capitão James fala se direcionado a mim:— Gostaria que conhecesse meus soldados — fala com certa alegria, e compreendo, pois seu pessoal está vivo, e ainda trouxeram o corpo de Bernard de volta.Fungo e seco o rosto.— Sim, eu adoraria.Dois deles vem a frente, um loiro de cabelos longos e alto, e um mais baixo de cabelos cacheados também claros, parece ter minha idade.Todos fazem uma continência militar para o Capitão.— Capitão James! — o loiro e alto se manifesta — fizemos o que conseguimos, mas infelizmente, o soldado
— Capitão James?Mas que diabos ele tinha que vir até mim?Quando Eros já está quase parado, o capitão se aproxima me alcançando, temendo meus próprios sentimentos, evito encará-lo. Desço do meu cavalo e o deixo bem ali, seguindo para próximo da mata indo em direção a cachoeira e ouvindo o som da água se quebrando veementemente contra as rochas.— Srta. Helena! — ele me chama novamente.O ignoro adentrando a mata seguindo uma familiar trilha. Ele segue-me.— Vá embora! — Ordeno.Passo por debaixo de um galho baixo e logo estou na entrada da queda d'água, no mesmo lugar onde estávamos treinando com o arco dias antes.Quando noto que ele ainda está atrás de mim, suspiro aborrecida.Dou alguns passos para trás, mas estou perto demais da cachoeira, então paro. Minha respiração está rápida, e na medida que ele chega perto, meu coração quase para.— Está tudo bem com a Senhorita? Vi você sair apressada, fiquei preocupado.— O senhor não devia ter vindo — falo quase em lágrimas.— Me perdoe,