— Capitão James?Mas que diabos ele tinha que vir até mim?Quando Eros já está quase parado, o capitão se aproxima me alcançando, temendo meus próprios sentimentos, evito encará-lo. Desço do meu cavalo e o deixo bem ali, seguindo para próximo da mata indo em direção a cachoeira e ouvindo o som da água se quebrando veementemente contra as rochas.— Srta. Helena! — ele me chama novamente.O ignoro adentrando a mata seguindo uma familiar trilha. Ele segue-me.— Vá embora! — Ordeno.Passo por debaixo de um galho baixo e logo estou na entrada da queda d'água, no mesmo lugar onde estávamos treinando com o arco dias antes.Quando noto que ele ainda está atrás de mim, suspiro aborrecida.Dou alguns passos para trás, mas estou perto demais da cachoeira, então paro. Minha respiração está rápida, e na medida que ele chega perto, meu coração quase para.— Está tudo bem com a Senhorita? Vi você sair apressada, fiquei preocupado.— O senhor não devia ter vindo — falo quase em lágrimas.— Me perdoe,
Todos os acontecimentos até aqui, narrados pela versão do James.James WinstonDepois que cai ao mar precisei nadar por longas horas, apesar da dor física causada pelo ferimento de espada consegui finalmente chegar a orla da praia, mas confesso que todo meu esforço físico me deixou exausto e acabei perdendo os sentidos, já era dia quando tive alguns relances em minha mente, vi a imagem de um anjo bem diante dos meus olhos, eu nunca tinha visto um ser celestial antes, talvez seja um sinal de que esteja morrendo. Não consigo me mover, estou fraco e tudo dói. Entretanto a paz que sinto ao lado deste ser é incrivelmente tranquilizadora. Apago novamente guardando os traços femininos e perfeitos em minha memória, se estou morrendo é uma imagem perfeita pra se guardar.Acordo sentindo um conforto, o ambiente está aquecido, abro os olhos devagar e vejo que estou deitado em uma espécie de colcheia abandonada. A luz de uma fogueira ilumina o ambiente. Levo a mão ao meu ferimento e noto um tecid
Helena Lewis — General Theodoro e toda sua família, quero agradecê-los, pela hospedagem — ouço o capitão James falar a papai à mesa durante o jantar.Depois do acontecido na cachoeira ele tem me desprezado completamente, não me olha, nem se quer fala comigo. Talvez seja melhor assim, isto só prova que realmente o nosso beijo não significou nada para ele.— Somos nós quem agradecemos, Capitão James, afinal você e seu grupo me permitiram enterrar meu filho — papai fala com emoção em sua voz.Minha família está toda à mesa, além dos soldados do capitão. É impossível não ficarmos entristecidos quando falamos de Bernard.O capitão James continua:— A guerra não acabou. Ainda teremos um confronto com os Trontianos. Quando chegarmos em Molavid, eu garanto que organizarei uma tropa e invadiremos Tronte, prometo vingar a morte de seu filho, General. Será com minhas próprias mãos que enfiarei uma espada no peito do general Arthur Saint, foi ele quem lançou a espada sobre Bernard. Com a espada
Depois de lavar o rosto várias vezes na tentativa fracassada de me livrar do contato do capitão James, ainda sinto seu cheiro cravado em minha pele, algo semelhante a almíscar, o que demonstra o quanto errado isso é, ao mesmo tempo inebriante, envolvente e enlouquecedor. Me visto preparando-me para dormir urgentemente, desejando me aquietar em repouso. Entretanto, é completamente inútil, estou aturdida demais e o sono desaparece, além do mais, a ideia de fugir e tentar embarcar escondido está fervilhando em minha mente, sei que parece algo insano, porém, não tenho outras alternativas, esta é minha única chance.São tantas emoções com tudo o que está acontecendo em minha vida que fico completamente perturbada. Me levanto da cama jogando os lençóis para o canto e caminho pelo quarto de um lado para o outro refletindo sobre o fato de uma possível fuga, analiso todas as possibilidades de sucesso e fracasso, caso eu seja descoberta acabarei tendo que passar muito tempo ao lado do capitão J
Não é nada fácil viajar com tão pouco espaço, ainda mais tendo seu corpo espremido e sacolejado por várias vezes. Uma fresta no baú, me ajuda a respirar, mesmo assim, me sinto com um enorme mal estar por várias vezes, além da angústia que carrego no peito por estar deixando minha vida para trás.Após algumas horas, paramos a viagem, acredito que chegamos à marina, noto por causa do cheiro de peixe e tabaco. Não consigo ouvir o que se passa ao lado de fora, são muitos sons ao mesmo tempo, mas acredito que estão fazendo o carregamento para o navio. Me ajeito um pouco mais, pelo menos consigo esticar as pernas, para acabar com o formigamento. Minhas costas também doem, mas sei que preciso me esforçar ao máximo, afinal suportei algumas horas, posso aguentar mais, quando tiver toda certeza de que já estamos em alto mar, e o compartimento de carga do navio estiver vazio, talvez eu saia. Provavelmente pelo excesso de calor e pouco oxigênio minha pressão cai e acabo cochilando, não sei ao ce
Helena Os olhares sobre mim são muitos na sala do convés para onde o capitão James me trouxe, há curiosos espiando pelas escotilhas, acham engraçado ver a filha do General viajando escondido e usando apenas trajes debaixo, confesso que estou morta de vergonha pelos meus modos, não é nada decoroso que tantos homens me vejam assim. Porém tenho assuntos mais importantes nesse momento. A Senhorita Harley me analisa, parece um tanto insatisfeita com minha presença, sua expressão é dura e pesada sobre mim, provavelmente por eu ter atrapalhado seu momento íntimo com o capitão. E quanto ao mesmo, capitão James? Ah, esse parece mais ter visto o diabo.— Você perdeu o juízo, Senhorita Helena? — ele grita enfurecido. — embarcar em um navio escondido, e sem estar vestida adequadamente, sua família deve estar em desespero!Ele fala caminhando por todo lado.Magnus e Melin também estão presentes, ficam parados analisando a situação pensativos. Melin é o único que parece contente com a minha presen
HelenaQuando desperto já é tarde. Ouço um som de música bastante animado. Me recordo do convite de Melin e me animo um pouco. Termino de me vestir ainda com as roupas que me trouxeram, faço uma trança no meio da cabeça, termino de ajeitar o restante dos cabelos que estão soltos, agora em tamanho menor, quase aos ombros. Saio do quarto e sigo o corredor iluminado por pequenas tochas e sigo o som animado que me guia, confesso que temo que não seja uma boa idéia ir até lá, mesmo assim desejo me arriscar, acho que será melhor do que ficar aqui sozinha. Quando me aproximo do grupo me sinto um tanto constrangida, todos me analisam como se eu não fosse real. Até mesmo o som da música cessa deixando o clima constrangedor.Rapidamente avisto o capitão James, Magnus e Melin juntos, o Capitão está sentado com seu grupo. Mesmo surpreso com minha presença e impactado com minha aparência, parece não gostar nadinha em me ver aqui, nem muito menos de eu estar sendo o centro das atenções mais uma ve
HelenaDez dias foram o suficiente para conhecer toda tripulação, os homens que papai contratou para vir são muito competentes, quanto aos soldados de James parece que os conheço a tempos. O clima entre mim e James também melhorou, ele não me trata mais como uma bonequinha que pode se quebrar. Não conversamos novamente a respeito da guerra contra o exército de Naor, estou evitando falar sobre isso, pretendo conquistar sua confiança aos poucos.Acabamos de avistar terra firme e fico satisfeita, não é nada agradável passar três semanas em alto mar. Já estava ansiosa para pisar em terra.Molavid de longe já parece ser tão bela quanto Melin havia me descrito. Como se trata de uma parte do vilarejo que é militar, a primeira coisa que avistamos é o forte, com suas muralhas enormes de pedra e alguns canhões, eu nunca tinha visto um antes, James havia falado sobre eles em um jantar certa vez, confesso que fiquei muito curiosa.— Viu como é grande, da forma que eu havia dito — a voz de James i