— Sabe, eu não sinto o meu corpo fraco, sinto que o que enfraqueceu foi a minha emoção — eu estava do lado do Edward, sentada no tapete cor vinho que estava na sala, com a cabeça apoiada no sofá a ouvir tudo o que ele tinha para dizer.
Ele chorava e agarrava a minha mão com mais força, os joelhos estavam dobrados perto do peito, onde estava apoiado um dos braços dele. A camisola azul bebê do pijama estava molhada com as lágrimas e tudo o que consegui fazer foi aproximar-me mais e o abraçar. O choro intensificou, a cabeça dele apoiada no meu ombro esquerdo a esconder parte da cara no meu pescoço, a vontade de chorar junto com ele não faltava. Acariciava as costas dele devagar, ele não estava sozinho ali e podia contar comigo para chorar. — A pior parte é que nem a mentira de que tudo vai ficar bem funciona — o abraço foi desfeito, as mãos agora bagunçavam todo o seu cabelo. — E essa cirurgia... que está marcada para daqui a três dias, mas sequer consigo imaginar-me a ter que passar por todos aqueles procedimentos. — Não posso garantir que vai ficar tudo bem — nem ele acreditava naquilo, porquê que eu precisava dizer? — Apenas sei que estaremos sempre aqui para ti e que também estaremos quando acordares da cirurgia. Ele suspirou e fixou o olhar no quadro grande que estava em cima da televisão, a família dele estava ali, a sorrir comose nada mais importasse naquele momento. — Eu não sei se consigo — Tu consegues, sabes o porquê? Porque és o meu burrinho e tudo consegues fazer, basta que acredites mais um pouco — juntei os meus dedos para mostrar a medida que ele precisaria acreditar, só um pouquinho.— A cirurgia foi marcada para evitar que o cancro cresça mais rápido, para não dar espaço para ele destruir mais.
— Ah, burrinho... pelos vistos essa alcunha horrível não vai desaparecer tão cedo — ele riu entre as lágrimas e ver que ainda poderia fazê-lo rir dava-me esperança. — É muito importante que eu te trate assim, não é todos os dias que respondes por um burro — as gargalhadas soaram cada vez mais alto, a primeira vez que riámos assim depois de ter saído do hospital. Quando erámos mais novos e quando a mãe do Arthur ainda trabalhava como veterinária especializada em animais de quinta, nos levava para trabalhar com ela algumas vezes e em uma destas vezes o Edward andou atrás de um burro com uma perna quebrada, na hora que chamaram pelo burro, que se chamava Burro — falta de criatividade — foi ele quem respondeu e tornou-se oficialmente o burrinho. Não canso de o chamar assim. — Os meus sonhos foram enterrados debaixo de terra vermelha e tijolos, não tem como eles saírem de lá — ele ajoelhou e levantou devagar ajeitando o pijama e a sorrir fraco ao ver o estado em que ele estava. — Não foram enterrados, Eddie. — Foram sim — agachado ele parecia ser mais baixinho que eu, mesmo que fosse muito mais alto que eu. — Não devia ter pensado muito, deveria ir de cabeça e já fazer as coisas, agora estou aqui, a pensar no que mais poderia ter feito. O rosto foi escondido pelas mãos enormes e dedos grandes que ele tinha. Rastejei até o lugar em que ele parou e o cutuquei com o meu ombro, sabia o quano aquilo o incomodava. — E quais sonhos são esses? — Tudo curiosidade, queria saber quais eram esses sonhos. — Ter filhos, ter a casa magnífica que sempre quis, ser bem sucedido com a minha querida empresa de apoio as pessoas que não têm nenhum apoio, ai é tanta coisa. — Ainda vais a tempo de fazer isso tudo, não estás morto. — É, eu não estou morto, não ainda — ergueu a cabeça e levantou o polegar para mim e depois prendeu o meu nariz entre o polegar e o indicador apertando ligeiramente. — Por isso, preciso dormir, preciso não, precisamos dormir e eu fico com a cama. — Eu também quero a cama. — Corrida — ele gritou e pulou o sofá e eu dei a volta, o que levou muito tempo e eu acabei por começar a subir a escada quando ele já estava no sexto degrau. Apressei as minhas pernas para correrem mais rápido, esforço desnecessário, ele já estava deitado na cama, a fingir um ressonar esquisito, quando eu parei na porta. Eu iria dormir naquela cama nem que fosse para partilhar, estava sem disposição para arrumar o quarto dele antes de dormir. Tinha de tudo espalhado pelo chão, figurinhas de heróis, bonecos de As crônicas de Nárnia, a Feiticeira, o Aslam e até Minotauros, pápeis e cores estavam em um canto bem próximo da porta, como se alguém tivesse desenhado naquela manhã, sendo que ele passou todo o dia de ontem na minha casa. — Não está tão desarrumado assim, tira essa cara de desgosto — eu nem reparei que estava a fazer uma careta, desarrumado era a palavra perfeita para definir o caos que estava. Se bem que o meu quarto não é dos melhores. A colcha verde e vermelha que estava na cama foi afastada e ele abriu espaço para mim, peguei outra colcha na cadeira e dirigi-me ao que seria o meu lugar. Geralmente, eu dormia na cama e ele tirava algum saco-cama do Kaine para dormir no chão ou o contrário, foram poucas as vezes em que dormimos na mesma cama. De repente começamos a ouvir Queen e ao que parecia não erámos os únicos acordados. Under Pressure tocava tão alto que acho que podia ser ouvida na minha casa, que era ao lado. — Desliga isso — o grito do Edward contra o teto foi tão alto que eu tive que tapar os ouvidos e cobrir a minha cabeça com a colcha pesada. — Dorme e deixa-me em paz — o Kaine gritou de volta e o volume da música diminuiu. — Já diminuí, quem reclamar mais vai pagar auscultadores para mim. Revirei os olhos com o senso de oportunidade do Kaine e os fechei para dormir. Muitas pessoas adormeciam na hora que fechavam os olhos, nem passavam por aquele drama de ter mil e oitocentas ideias na cabeça só para esquecer no dia seguinte, eu passava. Fechava os olhos e viam montes de ideias vindas não sei de que buraco dourado, eram perfeitas para fazer o meu sono aparecer depois de muito, muito tempo. A minha cabeça e as suas loucuras.* * *
— Ele tem mesmo que passar por essa cirurgia? — A cara de desprezo que o Kaine fazia era sempre a melhor, não havia nada com que comparar, os olhos meio revirados e a boca torta com os lábios enrugados virados para o Edward, eram tudo que precisava para soltar um riso. A sala de espera do hospital aumentava a tensão e a vontade que o Oddy tinha de bater o Pierce porque não parava de perguntar o porquê do Edward precisava passar por uma cirurgia. Estávamos ali, a espera de alguma notícia do Edward desde a hora que disseram-nos que ele foi para o bloco operatório e depois de 6 horas, nada, nenhuma notícia. A cirurgia foi marcada para as quatro da tarde e mesmo com o sono a dar o ar da sua existência, ninguém queria dormir. A minha cabeça estava apoiada no colo do Rafaello, irmão mais velho do Pierce, que atirava uma bola para o ar e apanhava no meio do caminho, o Oddy focava todas as suas energias em uma meditação para não bater o Pierce, que tinha o trabalho de ser inconveniente e ser alvo dos olhares horríveis do Kaine, o Arthur comia o último pedaço de bolo que compramos para comermos, e a tia Monique, que estava do outro lado da sala, com um livro enorme nas mãos relacionado sobre cuidados com pessoas que tenham cancro. Era o tipo de leitura que ela fazia desde que recebemos a notícia. — Eles precisam de um ano para fazer uma cirurgia? — A bola do Rafaello parou, o Oddy abriu os olhos, o Kaine voltou a olhar para ele e o Arthur paralisou com a boca aberta e a comida prestes a entrar, o Pierce arqueou as sobrancelhas, não fazia ideia que o trio estava disposto a arrancar os fios de cabelo da cabecinha dele. — Oddy, estás autorizado — ele nem precisou que o Rafaello falasse duas vezes, para levantar, estalou os dedos e foi atrás do Pierce. — Não, Oddy feio. — É pior quando me tratas como um cãozinho — as pernas do Pierce recuavam em passos lentos em direção ao bebedor. Na maior parte do tempo o Oddy não era agressivo, mas quando alguém o provocava tinha o que pedia. Ele tinha um problema com raiva quando era mais novo e para se acalmar o pai fazia ele dar uns socos em um saco de boxe, tornou-se hábito, a meditação fazia parte da terapia da calma que ele fazia para não atacar as pessoas que o irritavam. Até eu teria medo do Oddy furioso, ficava com as orelhas, o nariz e pescoço vermelhos, as veias nos seus braços ficavam salientes e a respiração era rápida e com falhas, esfregava as mãos freneticamente na roupa e o cabelo ficava grudado na testa e nos ombros, tinha o cabelo até ao meio das costas, e por ele ser alto e um pouco musculoso facilitava imenso quando o assunto era intimidar. Pontos que mostravam que ele não estava furioso, ele apenas se aproximava vagarosamente até ao Pierce que recuava a cada passo que o Oddy dava. Pus a mão na boca para controlar a gargalhada que iria sair, a cara de quem já tinha levado uma surra evidente no rosto do Pierce. Ele apanhou duas vezes do Oddy e deixava bem claro que não queria voltar a apanhar.— Para de ser tão inconveniente, Merida — agora era o Oddy que tentava conter os risos, os meus já estavam soltos. — Merida é a tua quinta namorada — a história da quinta namorada do Oddy era a mais conhecida de todas, era sempre engraçado lembrar dela e ver a careta que ele fazia depois. Pierce voltou para o lugar dele, que era sentado no chão na direção da minha mãos para ter o direito de desfrutar do carinho que eu estava a fazer na cabeça dele.
— Familiares de Edward Cross — o mesmo médico que deu-nos a notícia, doutor Arian, estava ali a nossa frente, com um fato lilás e uma bata por cima dele. Ninguém respondeu apenas levantamos e fomos para perto dele. — Antes de irem ver o Edward gostaria de falar com vocês.
— Rei do suspense e outras malabarices — as nossas cabeças viraram na direção do Pierce, que estava atrás de nós e não parava com as gracinhas. O Rafaello pôs a mão esquerda na testa e apoiou o braço esquerdo no direito. — Desculpa. — A cirurgia correu bem, mas infelizmente o cancro estava mais avançado do que se conseguiu perceber. — Então a cirurgia não serviu para nada? — A indignação do Arthur era sentida por todos nós, como uma cirurgia dessas poderia não funcionar? — Na verdade, serviu para reduzir as células cancerígenas, elas poderiam crescer ainda mais e destruir mais células saudáveis — nem ele parecia convencido do que ele falava, a mão a coçar a cabeça a toda hora e o esfregar da outra mão na bata deixavam aquilo bem claro. — Mas, podemos complementar o tratamento com quimioterapia, ela pode ajudar a eliminar a maioria das células cancerígenas. — Tal como enfraquecer as células saudáveis — o Raffa largou e foi sentar em uma das cadeiras da sala e pôs os auscultadores nos ouvidos. — Sim, ela enfraquece as células saudáveis pela quantidade de químicos medicinais usados para tratar essas doen... — Há outra solução? Menos agressiva? — a tia Monique até aquele momento estava calada a ouvir cada detalhe, sem interromper ou opinar. — Há a imunoterapia, mas nada garante que ela irá funcionar corretamente dado ao estado avançado que o cancro está e pode enfraquecer as células do mesmo jeito — o olhar do médico transformou-se em apreensão. — Posso pensar? — Olhámos todos para a tia Monique que perguntou com a voz embargada. As lágrimas tomavam conta dos olhos dela e o abanar da cabeça do médico seguido da recomendação para não demorar muito, foi o sinal que ela precisava para ir para o chão, quase a gritar. O Pierce e o Oddy ficaram com ela. — Uma enfermeira virá guiar-vos para poderem ver o Edward — e foi a última coisa que o doutor Arian disse antes de dar as costas. Kaine encostou a cabeça na parede e escorregou devagar para o chão com os dedos enterrados no cabelo, os joelhos para cima com os cotovelos apoiados neles. — Eu não sei o que fazer. — Só precisamos estar com ele, em tudo — ajoelhei e apoiei os meus braços nos dele, que se cruzaram por cima dos joelhos. Ele limpou a lágrima solitária no canto do meu rosto com o polegar direito e sorriu fraco. — Nós conseguimos fazer isso — ele puxou-me para ficar entre as pernas dele e abraçou o meu corpo pela lateral. — Nós conseguimos. Foi tudo o que consegui responder em meio tanta coisa. Eu só pensava em como ele iria reagir, eu fiz ele colocar um pouco de esperança nessa cirurgia para ela não funcionar, e agora ele vai ter que fazer quimioterapia. Fiz ele acreditar em uma coisa que não deu em nada, me sentia culpada, chateada. — Já mandaste as mensagens para a tia? — A pergunta apanhou-me de surpresa, esqueci totalmente de m****r as mensagens de atualização que a minha mãe pediu, ela não conseguiu ficar no hospital, teve que fazer uma viagem de trabalho para outra cidade. — Não, esqueci completamente. — Não precisas preocupar-te, eu sou tão responsável que já mandei as anteriores e vou m****r outra daqui a pouco — agradecida não era a palavra certa para descrever o quanto estava grata pelo facto de a minha mãe confiar no Kaine, porque se dependesse de mim, ela teria que ligar. — Andem, ainda precisamos ir para casa, vamos esperar para ver o Edward e depois vamos embora — a voz dele soou por toda sala de espera e polegares foram levantados como resposta. E ficamos ali, a espera que a queria enfermeira chegasse para nos levar até ao Edward.Uma língua que eu gostaria de aprender a falar é a língua do trio fantástico. Eles parecem ser aliens a conversar porque eu não pego nada, mesmo depois de tantos anos a tentar ser a fofoqueira perfeita, sem efeito, eram tão eficazes a entenderem-se que nem davam espaço para eu descobrir umas coisas, que maus. — A tentar entender o que eles estão a falar? — O Edward sussurou no meu ouvido e riu, sabia qual seria a minha resposta. — É assim tão óbvio? A noite de cinema foi planeada pela tia Monique, era a quinta sessão de quimioterapia do Edward e ela queria que ele não se sentisse doente, quase ordenou que fossêmos todos passar o dia na casa dela e ela mudou-se para a minha casa, só por esta noite. — Não, eu sei que tentas entender o que eles fa
Acordar cedo sempre foi um problema para mim, ainda mais quando estive de férias por tanto tempo e de um momento para outro as aulas começam. Parece que tudo está coordenado, quando as férias estão a melhorar, as aulas começam. Desgraça.Mais um dia de aulas e aqui estou eu a preparar-me para ir para a escola, com toda a preguiça a tomar conta do meu querido corpo. O engraçado é que ficava super ansiosa para ter férias e depois não fazia nada de jeito, e o pior é que mesmo sem ter ido para escola já perguntava quando viriam outras férias.Desço a escada a correr, que não possui tantos degraus assim, se contar tem apenas 25 degraus, nem sei porquê que contei, dirijo-me a cozinha para comer alguma coisa e ir para a escola, era próximo da minha casa, portanto eu podia facilmente ir a pé para lá.Eu andava até lá juntamente com o Pierce, o Arthur e o Edward, mas pelo estado em que ele está e o quanto os tratamentos o consumiram, ele
Perder alguém importante é algo dificil para todo mundo, uma pessoa com quem compartilhamos tantos momentos e que ganhou o nosso coração, o nosso amor e o nosso tempo.Quando era mais nova, acreditava que podia impedir que os meus amigos morressem ou que eu fosse morrer antes deles, era mais fácil deixá-los a sofrer do que eu sofrer. Nunca pensei que teria que passar por uma coisa tão desconcertante. A respiração pesada fez o espelho ficar embaçado, cansaço não era uma palavra para me definir, parecia mais um caco.Eu só pensava nele, em todos os momentos, olhava para todos os cantos da minha casa e ele era tudo que eu via, passava tudo pela minha mente como um flashback doloroso. As memórias seriam umas assassinas maravilhosas, dividir a minha mente e o meu coração em pedacinhos era o joguinho perfeito para elas. Aqueles quatro dias foram os piores da minha vida, os colegas diziam que lamentavam imenso a minha perd
Duas semanas.Duas malditas semanas sem o meu melhor amigo, em que fiquei chorar até tarde por olhar para alguma fotografia. Flashbacks passavam pela minha cabeça a todo o momento. Crianças a correr de mãos dadas, a cair e rir depois, a ficarem borradas de comida por diversão, a fórmula perfeita para as lágrimas que agora dançavam por todo o meu rosto.— E agora? O que eu faço? — O espelho refletia a versão mais desagradável que eu alguma vez já vi de mim.— Ergues essa cabeça e continuas com a tua vida — a voz calma foi ouvida pelos quatro cantos do quarto.— Como é que isso se faz? — Cabisbaixa, a minha mãe aproximou-se de mim e segurou os meus braços.— Vai ser difícil, mas vais conseguir — usou um lenço para limpar algumas lágrimas que estavam penduradas nos meus olhos e sorriu. — Tudo que precisas é sair desse quarto, sair desta casa, andar por aí sem rumo, é fim-de-semana.— N
A curiosidade definitivamente matou o gato, por um enfarte isso sim, eu queria tanto abrir aquela caixa assim que acordei, mas estava atrasada então tive que correr e deixar a caixa ali, quietinha a espere que eu volte para casa e a rasgue toda, fui para a escola e a única coisa em que eu estava a pensar era aquela caixa.O que há dentro dela? Será que é uma bomba de tinta? Comida? Que estava fora de questão, seria uma loucura colocar comida em uma caixa e deixar lá por duas semanas. Desenhos? Poemas? Rabiscos?— Siana — eu estava tão distraída que só percebi que o Arthur estava a chamar por mim quando fui balançada. Olhei para ele e ele mandou o seu melhor olhar ciníco. — Estás muito distraída, nós estávamos a falar sobre fazermos álbuns com fotos do Edward, entregarmos para o Kaine e separar alguns para nós,
O frasco na secretária permanecia ali como se estivesse a espera que eu fosse até ele, a espera que eu cumprisse a promessa e retirasse um dos papéis. Calafrios passavam por mim sempre que pensava no que poderia estar dentro dele. Papéis podem até ser inofensivos, mas palavras não. Tinha outra opção? Tinha, queria mudar a minha escolha? Claro que não.Ele se importava tanto comigo que perdeu minutos preciosos da vida dele para escrever aqueles desafios para mim, não os cumprir seria como quebrar um marco histórico depois de o ter vandalizado e matar a memória que eu mantinha guardada comigo.Não sei o que virá, sequer sei o que está escrito, mas mais valia ter ele por míseros momentos, presente naqueles desafios, ter um pedaço de algo em que ele pôs todo o seu esforço. Era muito mais importante que deixar ele desaparecer.<
Acordo cedo mesmo sendo domingo, precisava relaxar o meu corpo e acordar cedo para tentar fazer pilates era a melhor coisa, mas como sempre e infelizmente, foi apenas tentar mesmo porque depois de 10 minutos fiquei cansada e voltei para a cama sem ao menos ter tomado banho. Queria relaxar com meditação e o corpo não colaborava, ele não queria largar a cama que estava tão confortável.Eu via as minhas redes sociais, estagnadas como numca estiveram antes, não havia nada recente nelas nem mesmo alguma publicação sem sentido.Levanto-me contra a minha vontade e vou tomar banho porque seria a melhor coisa a fazer naquele momento e porque precisava saber qual seria o desafio de hoje, mesmo que o primeiro desafio tenha sido estranho.Na minha cabeça rondavam dúvidas sobre o objetivo dos desafios, ele até pode ter revelado, mas foi tão vago que não consegui ente
Hoje, seria a inauguração da Flora, uma geladaria perto do cinema, eu e o Edward iríamos para lá. Vimos o momento em que começaram a fazer obras epor vezes passávamos por lá só para ver se já estava pronto, anotamos a data da inauguração e colocamos lembretes personalizados. O meu alarme do lembrete tocava sem parar e na tela eu lia a frase em ponto grande “ Flora, aqui vamos nós, devorar todo o gelado que tens”, os rapazes estavam marcados no lembrete para aumentar a tortura e a indisposição.Amava gelado, principalmente quando é colocada uma bola por cima da outra formando uma torre de gelado com cores e sabores diferentes. Ter um gelado a frente, uma colher nas mãos e uma série a passar na televisão, era a melhor das sensações.E mais uma vez sentia-me infeliz, sem vontade para ir para a inauguraç&