Perder alguém importante é algo dificil para todo mundo, uma pessoa com quem compartilhamos tantos momentos e que ganhou o nosso coração, o nosso amor e o nosso tempo.
Quando era mais nova, acreditava que podia impedir que os meus amigos morressem ou que eu fosse morrer antes deles, era mais fácil deixá-los a sofrer do que eu sofrer. Nunca pensei que teria que passar por uma coisa tão desconcertante. A respiração pesada fez o espelho ficar embaçado, cansaço não era uma palavra para me definir, parecia mais um caco. Eu só pensava nele, em todos os momentos, olhava para todos os cantos da minha casa e ele era tudo que eu via, passava tudo pela minha mente como um flashback doloroso.As memórias seriam umas assassinas maravilhosas, dividir a minha mente e o meu coração em pedacinhos era o joguinho perfeito para elas.
Aqueles quatro dias foram os piores da minha vida, os colegas diziam que lamentavam imenso a minha perdDuas semanas.Duas malditas semanas sem o meu melhor amigo, em que fiquei chorar até tarde por olhar para alguma fotografia. Flashbacks passavam pela minha cabeça a todo o momento. Crianças a correr de mãos dadas, a cair e rir depois, a ficarem borradas de comida por diversão, a fórmula perfeita para as lágrimas que agora dançavam por todo o meu rosto.— E agora? O que eu faço? — O espelho refletia a versão mais desagradável que eu alguma vez já vi de mim.— Ergues essa cabeça e continuas com a tua vida — a voz calma foi ouvida pelos quatro cantos do quarto.— Como é que isso se faz? — Cabisbaixa, a minha mãe aproximou-se de mim e segurou os meus braços.— Vai ser difícil, mas vais conseguir — usou um lenço para limpar algumas lágrimas que estavam penduradas nos meus olhos e sorriu. — Tudo que precisas é sair desse quarto, sair desta casa, andar por aí sem rumo, é fim-de-semana.— N
A curiosidade definitivamente matou o gato, por um enfarte isso sim, eu queria tanto abrir aquela caixa assim que acordei, mas estava atrasada então tive que correr e deixar a caixa ali, quietinha a espere que eu volte para casa e a rasgue toda, fui para a escola e a única coisa em que eu estava a pensar era aquela caixa.O que há dentro dela? Será que é uma bomba de tinta? Comida? Que estava fora de questão, seria uma loucura colocar comida em uma caixa e deixar lá por duas semanas. Desenhos? Poemas? Rabiscos?— Siana — eu estava tão distraída que só percebi que o Arthur estava a chamar por mim quando fui balançada. Olhei para ele e ele mandou o seu melhor olhar ciníco. — Estás muito distraída, nós estávamos a falar sobre fazermos álbuns com fotos do Edward, entregarmos para o Kaine e separar alguns para nós,
O frasco na secretária permanecia ali como se estivesse a espera que eu fosse até ele, a espera que eu cumprisse a promessa e retirasse um dos papéis. Calafrios passavam por mim sempre que pensava no que poderia estar dentro dele. Papéis podem até ser inofensivos, mas palavras não. Tinha outra opção? Tinha, queria mudar a minha escolha? Claro que não.Ele se importava tanto comigo que perdeu minutos preciosos da vida dele para escrever aqueles desafios para mim, não os cumprir seria como quebrar um marco histórico depois de o ter vandalizado e matar a memória que eu mantinha guardada comigo.Não sei o que virá, sequer sei o que está escrito, mas mais valia ter ele por míseros momentos, presente naqueles desafios, ter um pedaço de algo em que ele pôs todo o seu esforço. Era muito mais importante que deixar ele desaparecer.<
Acordo cedo mesmo sendo domingo, precisava relaxar o meu corpo e acordar cedo para tentar fazer pilates era a melhor coisa, mas como sempre e infelizmente, foi apenas tentar mesmo porque depois de 10 minutos fiquei cansada e voltei para a cama sem ao menos ter tomado banho. Queria relaxar com meditação e o corpo não colaborava, ele não queria largar a cama que estava tão confortável.Eu via as minhas redes sociais, estagnadas como numca estiveram antes, não havia nada recente nelas nem mesmo alguma publicação sem sentido.Levanto-me contra a minha vontade e vou tomar banho porque seria a melhor coisa a fazer naquele momento e porque precisava saber qual seria o desafio de hoje, mesmo que o primeiro desafio tenha sido estranho.Na minha cabeça rondavam dúvidas sobre o objetivo dos desafios, ele até pode ter revelado, mas foi tão vago que não consegui ente
Hoje, seria a inauguração da Flora, uma geladaria perto do cinema, eu e o Edward iríamos para lá. Vimos o momento em que começaram a fazer obras epor vezes passávamos por lá só para ver se já estava pronto, anotamos a data da inauguração e colocamos lembretes personalizados. O meu alarme do lembrete tocava sem parar e na tela eu lia a frase em ponto grande “ Flora, aqui vamos nós, devorar todo o gelado que tens”, os rapazes estavam marcados no lembrete para aumentar a tortura e a indisposição.Amava gelado, principalmente quando é colocada uma bola por cima da outra formando uma torre de gelado com cores e sabores diferentes. Ter um gelado a frente, uma colher nas mãos e uma série a passar na televisão, era a melhor das sensações.E mais uma vez sentia-me infeliz, sem vontade para ir para a inauguraç&
Naquela manhã, o céu não estava tão lindo, as nuvens não estavam brancas e fofas como algodão doce, pareciam rochas duras a pairar pelo céu coberto por nevoiro. O dia estava cinzento, sem cor, agricultores amariam aquele clima de chuva. Dia nublado, nuvens carregadas e prontas para esvaziar e eu, a ir para a escola ao invés de ficar em casa a espera que chova.Fui até ao frasco, algo que tornou-se parte da minha rotina, acordava, divagava um pouco e depois aproximava-me do “pote da concretização”, tirava um desafio e seguia com a minha vida. Dessa vez, o escolhido foi um papel azul bebê.— Qual será a tarefa de hoje? Espero que não seja nada relacionado com pessoas — pedia e agradecia ao mesmo tempo com a palma da mão esquerda virada para o teto." Olá. Uma que gostaria que soubesses, é que &nbs
Depois do desafio de ontem e a conversa do fim do dia, estava tão entusiasmada que mal acordei e já fui tirar o papel com o desafio do dia."Olá. Família por vezes é mais importante que qualque outra pessoa. Existem vários tipos de família, aquelas que têm todos o mesmo sangue, aquele em que um é adotado ou aquele criada por intimidade e afinidade. Não sei bem a diferença dos dois, mas lá vai. Lembro que quando nos conhecemos, tu adotaste duas pessoas para serem teus irmãos ou era apenas eu o Kaine mais um efeito colateral, mesmo assim não deixa deser irmão mais e eu tenho quase certeza absoluta de que ele sempre cuidará bem de ti. A vossa amizade foi diminuindo com o tempo, ( acho que fui o único a perceber isso), não vou dizer vazia porque seria um exagero, vocês continuam a fala
Quinta-feira, o dia da tão temida aula, história, não era temida por ser difícil, mas porque a professora, senhorita Carsson, não aceita opiniões contrárias, então quando algum aluno começa um debate na turma, relacionado com o tema da aula, ela vê como um problema e isso gera montes de outras situações complicadas.Da última vez, a turma toda levou uma falta por indisciplina simplesmente porque dois alunos estavam a deslindar os motivos para as duas guerras mundiais, como sempre, ela não concordou com nenhum daqueles pontos e considerou como desrespeito. Inacreditável.— Siana, eu quero pastilhas, preciso manter a boca ocupada para não responder a professora — o Nathan chegou com as mãos esticadas como se tivesse certeza de que eu tenho pastilhas.— Como é que sabes que eu tenho? E por quê pastilhas?— Porque sempre tens e porque eu quero várias pastilhas, não uma...— um sorriso parvo brincava nos lábios