Naquela manhã, o céu não estava tão lindo, as nuvens não estavam brancas e fofas como algodão doce, pareciam rochas duras a pairar pelo céu coberto por nevoiro. O dia estava cinzento, sem cor, agricultores amariam aquele clima de chuva. Dia nublado, nuvens carregadas e prontas para esvaziar e eu, a ir para a escola ao invés de ficar em casa a espera que chova.
Fui até ao frasco, algo que tornou-se parte da minha rotina, acordava, divagava um pouco e depois aproximava-me do “pote da concretização”, tirava um desafio e seguia com a minha vida. Dessa vez, o escolhido foi um papel azul bebê.
— Qual será a tarefa de hoje? Espero que não seja nada relacionado com pessoas — pedia e agradecia ao mesmo tempo com a palma da mão esquerda virada para o teto.
" Olá. Uma que gostaria que soubesses, é que &nbs
Depois do desafio de ontem e a conversa do fim do dia, estava tão entusiasmada que mal acordei e já fui tirar o papel com o desafio do dia."Olá. Família por vezes é mais importante que qualque outra pessoa. Existem vários tipos de família, aquelas que têm todos o mesmo sangue, aquele em que um é adotado ou aquele criada por intimidade e afinidade. Não sei bem a diferença dos dois, mas lá vai. Lembro que quando nos conhecemos, tu adotaste duas pessoas para serem teus irmãos ou era apenas eu o Kaine mais um efeito colateral, mesmo assim não deixa deser irmão mais e eu tenho quase certeza absoluta de que ele sempre cuidará bem de ti. A vossa amizade foi diminuindo com o tempo, ( acho que fui o único a perceber isso), não vou dizer vazia porque seria um exagero, vocês continuam a fala
Quinta-feira, o dia da tão temida aula, história, não era temida por ser difícil, mas porque a professora, senhorita Carsson, não aceita opiniões contrárias, então quando algum aluno começa um debate na turma, relacionado com o tema da aula, ela vê como um problema e isso gera montes de outras situações complicadas.Da última vez, a turma toda levou uma falta por indisciplina simplesmente porque dois alunos estavam a deslindar os motivos para as duas guerras mundiais, como sempre, ela não concordou com nenhum daqueles pontos e considerou como desrespeito. Inacreditável.— Siana, eu quero pastilhas, preciso manter a boca ocupada para não responder a professora — o Nathan chegou com as mãos esticadas como se tivesse certeza de que eu tenho pastilhas.— Como é que sabes que eu tenho? E por quê pastilhas?— Porque sempre tens e porque eu quero várias pastilhas, não uma...— um sorriso parvo brincava nos lábios
Comecei uma caça por todas as Vitórias da escola com os rapazes. Talvez ela estuda aqui, afinal de contas ele terminou a menos de três meses. Deve ter alguma pista por aí.— Estou cansado de procurar essa Vitória — sentamos em uma das mesas do refeitório e o Pierce começou a sua reclamação com a cabeça deitada na mesa.— Nem sei quem é essa Vitória ou se é humana.— Estamos a procura dela na escola em que estudamos, tens a certeza que queres pensar que ela é um alien? — As respostas do Arthur para as frases do Pierce eram sempre ditas com ironia.— Um alien não, mas um metamorfo, isso sim.O Arthur bateu na própria testa e olhou para o Pierce a abanar a cabeça de um lado para o outro. Não contei para eles quem era a Vitória, sequer sabi
Estava tão ansiosa para conhecer essa Vitória que acordei mais cedo, as 9 horas já estava totalmente preparada para conhecer a minha querida cunhada fantasma.As 10 horas ouvi a buzina do carro do Kaine, ele era o único que conduzia dentre eles três, o Oddy tinha preguiça de conduzir apesar de saber e o carro do Raffaelo ficou com a mãe depois que o dela ficou espatifado por ter estacionado no sítio errado.— Pela investigação que começaram pela Vitória pensei que estariam com roupas chiques, um vestido de gala, uma bolsa de couro verdadeiro, daquelas bem caras e uns saltos altos, os rapazes com ternos feitos a medida perfeitamente alinhados, pelos vistos enganei-me redondamente — o Oddy gozou enquanto eu subia no carro, os rapazes já estavam dentro do carro.Não precisava estar chique para conhecer a Vitória a não ser que ela fosse uma rainha. Eu estava chique do meu jeito, tênis, calças jeans e camisola
Quando acordei vi o meu caderno por cima da almofada e o lápis estava por cima da banca. Deixei as minhas coisas na sala e apareceram aquiEu adormeci enquanto fazia a lista.Dentro daquela lista tinha coisas como aprender que existem pessoas são hipócritas e é algo que será inevitável, não tem como não existirem pessoas assim.Acordei com tanta preguiça que queria ficar na cama, relaxar, dormir de novo, nem precisava comer, eu só queria dormir. Conhecia muito bem a minha mãe para saber que se eu ficasse muito tempo em cima, ela viria para tirar-me do quarto.Vou até ao lugar habitual e tiro um dos papéis do desafio, mais um desafio para encher o meu dia." Olá.Atos os falam muito mais que simples palavras jogadas ao vento para alguém ouvir, fazem-nos perceber quem realmente nos ama e quem finge que nos ama. As palavras vão com a água do mar, desaparecem por entre a neblina e só resta vazio.<
Aquele hospital dava-me arrepios, estive lá muitas vezes devido ao tratamentos do Edward. A sala de espera trazia más memórias, até a recepção do hospital trazia más memórias. Agora entendia o porquê do Edward não aceitar cirurgias, viver uma situação daquelas em um hospital deixava marcas.A tarde nós recebemos uma ligação da minha mãe a dizer que estava no hospital com a tia Monique porque ela estava a cozinhar e em um descuido, a faca ficou presa no pé dela.Corremos para o carro no mesmo instante e fomos para o hospital. Desde então estavamos ali, na sala, a espera que algum médico venha falar como ela está e se fez algum dano muito grave.— I get so lost inside your eyes — a voz do Kaine a cantar Adore you de Harry Stiles para distrair, era quase inaudível. Por vezes ele cantava para acalmar.— Vai ficar tudo bem com ela, ok? — A minha mãe tocou nos nossos ombros, o Kaine apenas balançou a c
— Tens a certeza que queres fazer esta jogada?- o Pierce perguntou pela quinta vez ao Nathan.Nós estávamos sentados no chão do quarto do Pierce em um roda muito mal feita, a jogar Uno ou ao menos a tentar porque os batoteiros não deixavam o jogo acontecer de verdade.— Batoteiros, não passam de batoteiros descarados.— Mau perder, Siana — o Nathan disse depois que distribuiu as cartas novamente. As pernas cruzadas esconderam o baralho de cartas do Arthur, enquanto ele esfregava as mãos uma na outra.— Guardem os mais quatro para vocês — foi a vez do Arthur reclamar, estava tão quieto que eu pensei que não tivesse nenhum problema com o modo que o jogo estava a prosseguir.— Olá, seus barulhentos — o Raffa apareceu na porta com um tabuleiro nas mãos. — Olá, cabeçuda — recebi um beijo rápido e calmo antes de pousar o tabuleiro no chão, bem no centro da roda. — A mamã fez bolo para os princesos que decidira
A buzina estridente contra os meus ouvidos sensíveis, fazia eu querer atirar um vaso na cabeça do dono, que eu sabia muito bem quem era, Kaine, sempre ele e a querida buzina irritante. Ele tinha o hábito de chatear as pessoas com aquilo e parece que até hoje ela funciona, eu estava confiante que ela já havia perdido toda a sua força, mas parece que não.— Vai chatear outra pessoa — reclamei e ouvi as gargalhadas que ele deu.— Precisas ir para a escola e banho é a primeira coisa a fazer, por isso, levanta daí e vai tomar banho. — ele ordenou ao retirar o cobertor do meu corpo. Queria ficar ali por mais uns minutinhos, estava tão quentinho, sei que se eu não levantar ele é capaz de vir tirar-me da cama com água. Disposição zero para isso.Levanto sem vontade e antes de ir pegar uma toalha, arrumo a cama. Pego a toalha a repetir o mesmo mantra, “está tudo bem se não quiseres tomar banho” era a tentação semp