Aquele hospital dava-me arrepios, estive lá muitas vezes devido ao tratamentos do Edward. A sala de espera trazia más memórias, até a recepção do hospital trazia más memórias. Agora entendia o porquê do Edward não aceitar cirurgias, viver uma situação daquelas em um hospital deixava marcas.
A tarde nós recebemos uma ligação da minha mãe a dizer que estava no hospital com a tia Monique porque ela estava a cozinhar e em um descuido, a faca ficou presa no pé dela. Corremos para o carro no mesmo instante e fomos para o hospital. Desde então estavamos ali, na sala, a espera que algum médico venha falar como ela está e se fez algum dano muito grave. — I get so lost inside your eyes — a voz do Kaine a cantar Adore you de Harry Stiles para distrair, era quase inaudível. Por vezes ele cantava para acalmar. — Vai ficar tudo bem com ela, ok? — A minha mãe tocou nos nossos ombros, o Kaine apenas balançou a c— Tens a certeza que queres fazer esta jogada?- o Pierce perguntou pela quinta vez ao Nathan.Nós estávamos sentados no chão do quarto do Pierce em um roda muito mal feita, a jogar Uno ou ao menos a tentar porque os batoteiros não deixavam o jogo acontecer de verdade.— Batoteiros, não passam de batoteiros descarados.— Mau perder, Siana — o Nathan disse depois que distribuiu as cartas novamente. As pernas cruzadas esconderam o baralho de cartas do Arthur, enquanto ele esfregava as mãos uma na outra.— Guardem os mais quatro para vocês — foi a vez do Arthur reclamar, estava tão quieto que eu pensei que não tivesse nenhum problema com o modo que o jogo estava a prosseguir.— Olá, seus barulhentos — o Raffa apareceu na porta com um tabuleiro nas mãos. — Olá, cabeçuda — recebi um beijo rápido e calmo antes de pousar o tabuleiro no chão, bem no centro da roda. — A mamã fez bolo para os princesos que decidira
A buzina estridente contra os meus ouvidos sensíveis, fazia eu querer atirar um vaso na cabeça do dono, que eu sabia muito bem quem era, Kaine, sempre ele e a querida buzina irritante. Ele tinha o hábito de chatear as pessoas com aquilo e parece que até hoje ela funciona, eu estava confiante que ela já havia perdido toda a sua força, mas parece que não.— Vai chatear outra pessoa — reclamei e ouvi as gargalhadas que ele deu.— Precisas ir para a escola e banho é a primeira coisa a fazer, por isso, levanta daí e vai tomar banho. — ele ordenou ao retirar o cobertor do meu corpo. Queria ficar ali por mais uns minutinhos, estava tão quentinho, sei que se eu não levantar ele é capaz de vir tirar-me da cama com água. Disposição zero para isso.Levanto sem vontade e antes de ir pegar uma toalha, arrumo a cama. Pego a toalha a repetir o mesmo mantra, “está tudo bem se não quiseres tomar banho” era a tentação semp
Acordei com as recordações do dia de ontem, o chá com o casal Olster e a princesa Safira, as bolachas de canela maravilhosas, até agora sentia o cheiro delas, estava impregnado nas minhas narinas e gosto preso na minha língua. Foi terrível quando saí de lá e já não haviam mais bolachas.O Arthur ligou para mim para reclamar que a Safira não parava de falar sobre o chá, e passou todo o dia a gritar que eles são maus por não brincarem com ela. Só queria companhia e não conseguia dentro da própria casa.Tiro do frasco um papel azul e desdobro do meu jeito, nem sei qual foi a ideia do Edward ao dobrar o papéis tantas vezes." Olá.Hoje estou muito cansado para escrever, doem-me as mãos, a cabeça e os tubos para respirar irritam-me, mas ok, o que eu não faço para cumprir as minhas loucuras?Muitos usam o termo felicidade frequentemente e sequer sabem o que realmente significa estar ou ser feliz. S
— Siana — a minha mãe chamou por mim enquanto estava a comer.Naquele dia, eu havia acordado mais cedo e peguei o papel do desafio de hoje, mas não abri, guardei em um dos bolsos da minha mochila para ler assim que estivesse disponível.— Sim, mãe — respondi depois de engolir a chá que tinha na boca.— O que é que se passa contigo?—Como assim? — Não fazia ideia do que ela estava a falar e nem tentava adivinhar, dava para o torto.— Há duas semanas atrás parecias um zombie, não querias sair de casa, a tua rotina era a mesma, casa escola, escola quarto, eu precisava sempre puxar por ti até para comeres — levantou o dedo indicador e sacudiu a mão para indicar o quanto ela puxava por mim. — E agora, nem paras em casa, nem sempre está
Hoje a minha disposição estava a mil, não havia preguiça e muito menos falta de vontade. Estava entusiasmada até, hoje é o dia do último desafio e por mais que me custe saber que não irei mais passar pela montanha-russa dos sentimentos, agradecia por finalmente romper um ciclo e poder largar a minha curiosidade para o lado porque o último papel era o branco. Peguei o frasco e pus toda a minha mão dentro dele para descolar o papel, preso por uma tira de fita cola." Olá.Terminar uma coisa pelo qual nos apaixonamos é sempre difícil, e não está a ser diferente para mim. Quando comecei a escrever estes desafios senti o entusiasmo a tomar conta de todo o meu corpo, senti-me útil enquanto escrevia para ti em papéis coloridos e montava desafios criados no momento.Finalmente chegaste aqui, no último d
A menina no espelho vestia um vestido preto, sem brilho ou alguma coisa que chamasse atenção, nada naquele vestido chamava atenção e ainda tinha um laço esquisito na parte de trás, devia ser queimado. Era uma boneca mascarada, sem personalidade a cumprir um requisito para a missa de um mês da morte de quem ela mais amou.Olhei para o espelho mais uma vez, a imagem não era nada agradável.Ouvi a voz da minha mãe a chamar por mim e fui para o andar de baixo. Era hora que ir para a missa, um domingo que começou repleto de tristeza.— Irás com os rapazes — ela avisou e deu as costas para mim. Segui o meu caminho para onde os rapazes estavam e entrei no carro assim que o Raffaelo abriu a porta para me deixar passar.O carro de Kaine era sempre a máquina de utilização comum. Era maior por isso levava mais gente, erámos poucos, mas chegava para todos, o Kaine a frente com o Oddy, atrás o Raffaelo, o Pierce, o Arthur e eu.—
Tinha tudo para dar errado. Aquela pizza tinha tudo para dar errado e deu mesmo errado. Quem em sã consciência cria uma receita de pizza com laranjas e cerejas? Parece até que queria fazer um bolo rei ao invés de uma pizza. — Maluco é a pessoa que fez essa pizza em casa e deu cinco estrelas — era engraçado ver os rapazes decepcionados por ter dado errado a nossa tentativa de fazer uma pizza diferente, colorida e saborosa. Nós queriamos tanto comer pizza e encomendar estava fora de questão, fazer era bem melhor que gastar dinheiro para comprar uma, azarados os que entraram no joguinho do Pierce e o Edward, no caso, eu e o Arthur, que aceitamos participar e ajudamos a caçar receitas pela internet, e aparece a bendita, maravilhosa e aterradora pizza que tinha tudo para dar errado. — Essa receita tem cinc
Corri para fora de casa com a calça mais confortável que encontrei, sabia que se demorasse um pouco mais os rapazes deixariam-me para trás. Fomos acordados muito cedo pela minha mãe, que mantinha na mente dela que atrasos não são toleráveis ainda mais quando o caso é saúde. É mesmo isso, mamã, é por causa disso que chego no lugar combinado uma hora antes do combinado e a pessoa chega lá uma hora depois do combinado. — Si... — o Kaine abriu os braços assim que viu-me a chegar, aproximei-me dele e abracei-o com toda a força que eu poderia usar. Ele esteve longe daqui por uns tempos, decidiu ir acampar com os amigos e ficou lá por duas semanas, incontactável. — Duas semanas sem a tua confusão e a minha mente está limpa — apoiou-se no carro e sorriu, o sorriso desafiador de sempre, puro joguinho dele. Kaine era o irmão m