A buzina estridente contra os meus ouvidos sensíveis, fazia eu querer atirar um vaso na cabeça do dono, que eu sabia muito bem quem era, Kaine, sempre ele e a querida buzina irritante. Ele tinha o hábito de chatear as pessoas com aquilo e parece que até hoje ela funciona, eu estava confiante que ela já havia perdido toda a sua força, mas parece que não.
— Vai chatear outra pessoa — reclamei e ouvi as gargalhadas que ele deu.— Precisas ir para a escola e banho é a primeira coisa a fazer, por isso, levanta daí e vai tomar banho. — ele ordenou ao retirar o cobertor do meu corpo. Queria ficar ali por mais uns minutinhos, estava tão quentinho, sei que se eu não levantar ele é capaz de vir tirar-me da cama com água. Disposição zero para isso. Levanto sem vontade e antes de ir pegar uma toalha, arrumo a cama. Pego a toalha a repetir o mesmo mantra, “está tudo bem se não quiseres tomar banho” era a tentação sempAcordei com as recordações do dia de ontem, o chá com o casal Olster e a princesa Safira, as bolachas de canela maravilhosas, até agora sentia o cheiro delas, estava impregnado nas minhas narinas e gosto preso na minha língua. Foi terrível quando saí de lá e já não haviam mais bolachas.O Arthur ligou para mim para reclamar que a Safira não parava de falar sobre o chá, e passou todo o dia a gritar que eles são maus por não brincarem com ela. Só queria companhia e não conseguia dentro da própria casa.Tiro do frasco um papel azul e desdobro do meu jeito, nem sei qual foi a ideia do Edward ao dobrar o papéis tantas vezes." Olá.Hoje estou muito cansado para escrever, doem-me as mãos, a cabeça e os tubos para respirar irritam-me, mas ok, o que eu não faço para cumprir as minhas loucuras?Muitos usam o termo felicidade frequentemente e sequer sabem o que realmente significa estar ou ser feliz. S
— Siana — a minha mãe chamou por mim enquanto estava a comer.Naquele dia, eu havia acordado mais cedo e peguei o papel do desafio de hoje, mas não abri, guardei em um dos bolsos da minha mochila para ler assim que estivesse disponível.— Sim, mãe — respondi depois de engolir a chá que tinha na boca.— O que é que se passa contigo?—Como assim? — Não fazia ideia do que ela estava a falar e nem tentava adivinhar, dava para o torto.— Há duas semanas atrás parecias um zombie, não querias sair de casa, a tua rotina era a mesma, casa escola, escola quarto, eu precisava sempre puxar por ti até para comeres — levantou o dedo indicador e sacudiu a mão para indicar o quanto ela puxava por mim. — E agora, nem paras em casa, nem sempre está
Hoje a minha disposição estava a mil, não havia preguiça e muito menos falta de vontade. Estava entusiasmada até, hoje é o dia do último desafio e por mais que me custe saber que não irei mais passar pela montanha-russa dos sentimentos, agradecia por finalmente romper um ciclo e poder largar a minha curiosidade para o lado porque o último papel era o branco. Peguei o frasco e pus toda a minha mão dentro dele para descolar o papel, preso por uma tira de fita cola." Olá.Terminar uma coisa pelo qual nos apaixonamos é sempre difícil, e não está a ser diferente para mim. Quando comecei a escrever estes desafios senti o entusiasmo a tomar conta de todo o meu corpo, senti-me útil enquanto escrevia para ti em papéis coloridos e montava desafios criados no momento.Finalmente chegaste aqui, no último d
A menina no espelho vestia um vestido preto, sem brilho ou alguma coisa que chamasse atenção, nada naquele vestido chamava atenção e ainda tinha um laço esquisito na parte de trás, devia ser queimado. Era uma boneca mascarada, sem personalidade a cumprir um requisito para a missa de um mês da morte de quem ela mais amou.Olhei para o espelho mais uma vez, a imagem não era nada agradável.Ouvi a voz da minha mãe a chamar por mim e fui para o andar de baixo. Era hora que ir para a missa, um domingo que começou repleto de tristeza.— Irás com os rapazes — ela avisou e deu as costas para mim. Segui o meu caminho para onde os rapazes estavam e entrei no carro assim que o Raffaelo abriu a porta para me deixar passar.O carro de Kaine era sempre a máquina de utilização comum. Era maior por isso levava mais gente, erámos poucos, mas chegava para todos, o Kaine a frente com o Oddy, atrás o Raffaelo, o Pierce, o Arthur e eu.—
Tinha tudo para dar errado. Aquela pizza tinha tudo para dar errado e deu mesmo errado. Quem em sã consciência cria uma receita de pizza com laranjas e cerejas? Parece até que queria fazer um bolo rei ao invés de uma pizza. — Maluco é a pessoa que fez essa pizza em casa e deu cinco estrelas — era engraçado ver os rapazes decepcionados por ter dado errado a nossa tentativa de fazer uma pizza diferente, colorida e saborosa. Nós queriamos tanto comer pizza e encomendar estava fora de questão, fazer era bem melhor que gastar dinheiro para comprar uma, azarados os que entraram no joguinho do Pierce e o Edward, no caso, eu e o Arthur, que aceitamos participar e ajudamos a caçar receitas pela internet, e aparece a bendita, maravilhosa e aterradora pizza que tinha tudo para dar errado. — Essa receita tem cinc
Corri para fora de casa com a calça mais confortável que encontrei, sabia que se demorasse um pouco mais os rapazes deixariam-me para trás. Fomos acordados muito cedo pela minha mãe, que mantinha na mente dela que atrasos não são toleráveis ainda mais quando o caso é saúde. É mesmo isso, mamã, é por causa disso que chego no lugar combinado uma hora antes do combinado e a pessoa chega lá uma hora depois do combinado. — Si... — o Kaine abriu os braços assim que viu-me a chegar, aproximei-me dele e abracei-o com toda a força que eu poderia usar. Ele esteve longe daqui por uns tempos, decidiu ir acampar com os amigos e ficou lá por duas semanas, incontactável. — Duas semanas sem a tua confusão e a minha mente está limpa — apoiou-se no carro e sorriu, o sorriso desafiador de sempre, puro joguinho dele. Kaine era o irmão m
— Sabe, eu não sinto o meu corpo fraco, sinto que o que enfraqueceu foi a minha emoção — eu estava do lado do Edward, sentada no tapete cor vinho que estava na sala, com a cabeça apoiada no sofá a ouvir tudo o que ele tinha para dizer. Ele chorava e agarrava a minha mão com mais força, os joelhos estavam dobrados perto do peito, onde estava apoiado um dos braços dele. A camisola azul bebê do pijama estava molhada com as lágrimas e tudo o que consegui fazer foi aproximar-me mais e o abraçar. O choro intensificou, a cabeça dele apoiada no meu ombro esquerdo a esconder parte da cara no meu pescoço, a vontade de chorar junto com ele não faltava. Acariciava as costas dele devagar, ele não estava sozinho ali e podia contar comigo para chorar. — A pior parte é que nem a mentira de que tudo vai ficar bem funciona
Uma língua que eu gostaria de aprender a falar é a língua do trio fantástico. Eles parecem ser aliens a conversar porque eu não pego nada, mesmo depois de tantos anos a tentar ser a fofoqueira perfeita, sem efeito, eram tão eficazes a entenderem-se que nem davam espaço para eu descobrir umas coisas, que maus. — A tentar entender o que eles estão a falar? — O Edward sussurou no meu ouvido e riu, sabia qual seria a minha resposta. — É assim tão óbvio? A noite de cinema foi planeada pela tia Monique, era a quinta sessão de quimioterapia do Edward e ela queria que ele não se sentisse doente, quase ordenou que fossêmos todos passar o dia na casa dela e ela mudou-se para a minha casa, só por esta noite. — Não, eu sei que tentas entender o que eles fa