— Tens a certeza que queres fazer esta jogada?- o Pierce perguntou pela quinta vez ao Nathan.
Nós estávamos sentados no chão do quarto do Pierce em um roda muito mal feita, a jogar Uno ou ao menos a tentar porque os batoteiros não deixavam o jogo acontecer de verdade. — Batoteiros, não passam de batoteiros descarados.— Mau perder, Siana — o Nathan disse depois que distribuiu as cartas novamente. As pernas cruzadas esconderam o baralho de cartas do Arthur, enquanto ele esfregava as mãos uma na outra. — Guardem os mais quatro para vocês — foi a vez do Arthur reclamar, estava tão quieto que eu pensei que não tivesse nenhum problema com o modo que o jogo estava a prosseguir. — Olá, seus barulhentos — o Raffa apareceu na porta com um tabuleiro nas mãos. — Olá, cabeçuda — recebi um beijo rápido e calmo antes de pousar o tabuleiro no chão, bem no centro da roda. — A mamã fez bolo para os princesos que decidiraA buzina estridente contra os meus ouvidos sensíveis, fazia eu querer atirar um vaso na cabeça do dono, que eu sabia muito bem quem era, Kaine, sempre ele e a querida buzina irritante. Ele tinha o hábito de chatear as pessoas com aquilo e parece que até hoje ela funciona, eu estava confiante que ela já havia perdido toda a sua força, mas parece que não.— Vai chatear outra pessoa — reclamei e ouvi as gargalhadas que ele deu.— Precisas ir para a escola e banho é a primeira coisa a fazer, por isso, levanta daí e vai tomar banho. — ele ordenou ao retirar o cobertor do meu corpo. Queria ficar ali por mais uns minutinhos, estava tão quentinho, sei que se eu não levantar ele é capaz de vir tirar-me da cama com água. Disposição zero para isso.Levanto sem vontade e antes de ir pegar uma toalha, arrumo a cama. Pego a toalha a repetir o mesmo mantra, “está tudo bem se não quiseres tomar banho” era a tentação semp
Acordei com as recordações do dia de ontem, o chá com o casal Olster e a princesa Safira, as bolachas de canela maravilhosas, até agora sentia o cheiro delas, estava impregnado nas minhas narinas e gosto preso na minha língua. Foi terrível quando saí de lá e já não haviam mais bolachas.O Arthur ligou para mim para reclamar que a Safira não parava de falar sobre o chá, e passou todo o dia a gritar que eles são maus por não brincarem com ela. Só queria companhia e não conseguia dentro da própria casa.Tiro do frasco um papel azul e desdobro do meu jeito, nem sei qual foi a ideia do Edward ao dobrar o papéis tantas vezes." Olá.Hoje estou muito cansado para escrever, doem-me as mãos, a cabeça e os tubos para respirar irritam-me, mas ok, o que eu não faço para cumprir as minhas loucuras?Muitos usam o termo felicidade frequentemente e sequer sabem o que realmente significa estar ou ser feliz. S
— Siana — a minha mãe chamou por mim enquanto estava a comer.Naquele dia, eu havia acordado mais cedo e peguei o papel do desafio de hoje, mas não abri, guardei em um dos bolsos da minha mochila para ler assim que estivesse disponível.— Sim, mãe — respondi depois de engolir a chá que tinha na boca.— O que é que se passa contigo?—Como assim? — Não fazia ideia do que ela estava a falar e nem tentava adivinhar, dava para o torto.— Há duas semanas atrás parecias um zombie, não querias sair de casa, a tua rotina era a mesma, casa escola, escola quarto, eu precisava sempre puxar por ti até para comeres — levantou o dedo indicador e sacudiu a mão para indicar o quanto ela puxava por mim. — E agora, nem paras em casa, nem sempre está
Hoje a minha disposição estava a mil, não havia preguiça e muito menos falta de vontade. Estava entusiasmada até, hoje é o dia do último desafio e por mais que me custe saber que não irei mais passar pela montanha-russa dos sentimentos, agradecia por finalmente romper um ciclo e poder largar a minha curiosidade para o lado porque o último papel era o branco. Peguei o frasco e pus toda a minha mão dentro dele para descolar o papel, preso por uma tira de fita cola." Olá.Terminar uma coisa pelo qual nos apaixonamos é sempre difícil, e não está a ser diferente para mim. Quando comecei a escrever estes desafios senti o entusiasmo a tomar conta de todo o meu corpo, senti-me útil enquanto escrevia para ti em papéis coloridos e montava desafios criados no momento.Finalmente chegaste aqui, no último d
A menina no espelho vestia um vestido preto, sem brilho ou alguma coisa que chamasse atenção, nada naquele vestido chamava atenção e ainda tinha um laço esquisito na parte de trás, devia ser queimado. Era uma boneca mascarada, sem personalidade a cumprir um requisito para a missa de um mês da morte de quem ela mais amou.Olhei para o espelho mais uma vez, a imagem não era nada agradável.Ouvi a voz da minha mãe a chamar por mim e fui para o andar de baixo. Era hora que ir para a missa, um domingo que começou repleto de tristeza.— Irás com os rapazes — ela avisou e deu as costas para mim. Segui o meu caminho para onde os rapazes estavam e entrei no carro assim que o Raffaelo abriu a porta para me deixar passar.O carro de Kaine era sempre a máquina de utilização comum. Era maior por isso levava mais gente, erámos poucos, mas chegava para todos, o Kaine a frente com o Oddy, atrás o Raffaelo, o Pierce, o Arthur e eu.—
Tinha tudo para dar errado. Aquela pizza tinha tudo para dar errado e deu mesmo errado. Quem em sã consciência cria uma receita de pizza com laranjas e cerejas? Parece até que queria fazer um bolo rei ao invés de uma pizza. — Maluco é a pessoa que fez essa pizza em casa e deu cinco estrelas — era engraçado ver os rapazes decepcionados por ter dado errado a nossa tentativa de fazer uma pizza diferente, colorida e saborosa. Nós queriamos tanto comer pizza e encomendar estava fora de questão, fazer era bem melhor que gastar dinheiro para comprar uma, azarados os que entraram no joguinho do Pierce e o Edward, no caso, eu e o Arthur, que aceitamos participar e ajudamos a caçar receitas pela internet, e aparece a bendita, maravilhosa e aterradora pizza que tinha tudo para dar errado. — Essa receita tem cinc
Corri para fora de casa com a calça mais confortável que encontrei, sabia que se demorasse um pouco mais os rapazes deixariam-me para trás. Fomos acordados muito cedo pela minha mãe, que mantinha na mente dela que atrasos não são toleráveis ainda mais quando o caso é saúde. É mesmo isso, mamã, é por causa disso que chego no lugar combinado uma hora antes do combinado e a pessoa chega lá uma hora depois do combinado. — Si... — o Kaine abriu os braços assim que viu-me a chegar, aproximei-me dele e abracei-o com toda a força que eu poderia usar. Ele esteve longe daqui por uns tempos, decidiu ir acampar com os amigos e ficou lá por duas semanas, incontactável. — Duas semanas sem a tua confusão e a minha mente está limpa — apoiou-se no carro e sorriu, o sorriso desafiador de sempre, puro joguinho dele. Kaine era o irmão m
— Sabe, eu não sinto o meu corpo fraco, sinto que o que enfraqueceu foi a minha emoção — eu estava do lado do Edward, sentada no tapete cor vinho que estava na sala, com a cabeça apoiada no sofá a ouvir tudo o que ele tinha para dizer. Ele chorava e agarrava a minha mão com mais força, os joelhos estavam dobrados perto do peito, onde estava apoiado um dos braços dele. A camisola azul bebê do pijama estava molhada com as lágrimas e tudo o que consegui fazer foi aproximar-me mais e o abraçar. O choro intensificou, a cabeça dele apoiada no meu ombro esquerdo a esconder parte da cara no meu pescoço, a vontade de chorar junto com ele não faltava. Acariciava as costas dele devagar, ele não estava sozinho ali e podia contar comigo para chorar. — A pior parte é que nem a mentira de que tudo vai ficar bem funciona