Quando acordei e vi o teto, fiquei confusa. Parecia que eu estava dormindo há muito tempo, muito mais do que as horas que estava habituada.
Me endireitei no sofá, alongando o pescoço dolorido e procurei o relógio na parede: três horas da manhã. Nossa, eu devia ter caído no sono assim que cheguei. Olhei a janela, afastando levemente a persiana cinza chumbo com os dedos. Lá fora a lua estava cheia, majestosa, iluminando a cidade completamente silenciosa. Meu olhar percorreu a rua lá embaixo, observando alguns carros estacionados. A cena familiar me soou um pouco estranha, mas afasOlhei pela janela, afastando levemente a persiana cinza chumbo com os dedos. Lá fora a lua estava cheia, majestosa, iluminando a cidade completamente silenciosa. Era tarde, ou muito cedo, dependendo do ponto de vista. Três horas da manhã mais ou menos. Não olhei o relógio para conferir, mas percebi que estava passando a mão pelo relógio em meu pulso. Desci a mão e deixei apenas a que estava abrindo espaço para o mundo exterior. Meu olhar percorreu a rua lá embaixo, havia alguns carros velhos estacionados aleatoriamente, e estavam lá há muito tempo. Me perguntei se por acaso alguém podia estar usando-os de abrigo aquela noite.&n
Acordei de um breve cochilo no sofá para ir trabalhar meu último dia daquela semana. Por um momento apenas sentei e passei a mão pelo pescoço enrijecido pela má postura, e pensei nos acontecimentos da madrugada. Agora, com a luminosidade transpassando levemente pelas persianas, tudo parecia muito distante. Como um sonho ou uma memória do passado. Me levantei e fui pegar meu uniforme em cima da cama: apenas uma camiseta de gola branca e uma calça jeans, nada demais. Não comia em casa nunca, então apenas escovei os dentes e prendi meu cabelo. Quando me olhei no espelho, avaliei q
Quando o carro me deixou na frente do prédio no final do dia, eu estava exausta. Não tanto fisicamente, mas muito mentalmente. Subi as escadas desanimada depois de acenar para o Sr. Sales, que logo iria para casa, e atravessei meu corredor escuro observando a luz da televisão da Sra. Fring. Abri a porta do meu apartamento, subitamente feliz por estar em casa. Era pequeno, bagunçado e sem luxo, mas era seguro. Sem querer pensar que aquilo só era possível por causa do meu trabalho, fui até o banheiro. Deixei que a água morna e sem pressão caísse pelo meu corpo, e minha mente vag
Quando destranquei a porta do apartamento não consegui acreditar no que tinha feito. Mas ali estávamos nós. Tínhamos andado juntos até meu prédio e subido as escadas, sem que Daren questionasse o motivo de eu não usar o elevador, atravessado o corredor e entrado. Era a primeira vez que alguém entrava ali e por mais que a ideia tivesse sido minha, me sentia um pouco exposta, então enquanto Daren varria o lugar com os olhos, fui até a cozinha e comecei a pegar os ingredientes da geladeira meio torta e dos armários velhos. Daren se encostou no vão da porta e ficou me observando. Era estranho ter outra pessoa ali, acompanhando meus movimentos com os olhos, aten
Quando abri os olhos no dia seguinte, por um instante, não soube onde estava. Fiquei desorientada até que as lembranças da noite anterior surgiram na minha mente. Daren e eu nos beijamos por um tempo infinito e depois o sono veio. Meus olhos começaram a pesar e, embora eu não quisesse me desgrudar dele, não conseguiria ficar mais nenhum minuto acordada. - Quer que eu vá agora? – a voz dele também estava sonolenta. Me lembro de minha cabeça apoiada em seu peito, naquela posição um tanto desconfortável do sofá, conseguia sentir o cheiro que vinha de su
Indo para o trabalho na segunda-feira tudo que conseguia pensar era em Daren e no nosso fim de semana perfeito. Não tínhamos feito nada de especial, apenas conversamos, assistimos a televisão e comemos coisas que nós mesmos fizemos na minha cozinha. Mesmo assim eu sorria com os pensamentos sem ver nada pela janela do carro escuro. Sentindo muito mais do que tinha sentido nos últimos anos, me sentia mais viva do que antes, como se estivesse saindo do estado automático em que costumava viver. Se antes estava com medo, depois daquele dia e de beijá-lo infinitas vezes, eu estava nas nuvens. Não sei se por ter ficado sozinha por todos aqueles anos, ou pelo jeito de ser de Daren, ou simples
- Realmente não é necessário você subir comigo. – falei enquanto subíamos as escadas do meu prédio. - Faço questão. – Lucas rebateu andando atrás de mim. O sol estava se pondo e o movimento diminuindo, mas acho que, como aquilo era algo diferente do que ele estava acostumado, tinha necessidade de me proteger. Quando chegamos ao meu corredor escuro senti Lucas ficar tenso ao meu lado. O motivo não foi as cortinas fechadas quase não deixando nenhum raio de luz entrar, nem a luz da televisão da Sra. Fring passando por baixo da porta e nem mesmo o absoluto
Quando abri os olhos tive duas certezas. A de que ainda não tinha amanhecido e a de que tinha escutado um barulho na porta da sala. Me sentei, subitamente alerta, grata por estar no quarto e com a porta trancada também. Mas estava no terceiro andar do prédio e não tinha para onde ir. Prestei atenção, tentando entender melhor o que eu ouvi, mas tudo permanecia num silêncio tão grande que comecei a me perguntar se não tinha sido apenas um sonho. Meu coração batia acelerado e minhas mãos estavam agarrando o lençol com força quando escutei mais uma vez o