Indo para o trabalho na segunda-feira tudo que conseguia pensar era em Daren e no nosso fim de semana perfeito. Não tínhamos feito nada de especial, apenas conversamos, assistimos a televisão e comemos coisas que nós mesmos fizemos na minha cozinha.
Mesmo assim eu sorria com os pensamentos sem ver nada pela janela do carro escuro. Sentindo muito mais do que tinha sentido nos últimos anos, me sentia mais viva do que antes, como se estivesse saindo do estado automático em que costumava viver. Se antes estava com medo, depois daquele dia e de beijá-lo infinitas vezes, eu estava nas nuvens. Não sei se por ter ficado sozinha por todos aqueles anos, ou pelo jeito de ser de Daren, ou simples- Realmente não é necessário você subir comigo. – falei enquanto subíamos as escadas do meu prédio. - Faço questão. – Lucas rebateu andando atrás de mim. O sol estava se pondo e o movimento diminuindo, mas acho que, como aquilo era algo diferente do que ele estava acostumado, tinha necessidade de me proteger. Quando chegamos ao meu corredor escuro senti Lucas ficar tenso ao meu lado. O motivo não foi as cortinas fechadas quase não deixando nenhum raio de luz entrar, nem a luz da televisão da Sra. Fring passando por baixo da porta e nem mesmo o absoluto
Quando abri os olhos tive duas certezas. A de que ainda não tinha amanhecido e a de que tinha escutado um barulho na porta da sala. Me sentei, subitamente alerta, grata por estar no quarto e com a porta trancada também. Mas estava no terceiro andar do prédio e não tinha para onde ir. Prestei atenção, tentando entender melhor o que eu ouvi, mas tudo permanecia num silêncio tão grande que comecei a me perguntar se não tinha sido apenas um sonho. Meu coração batia acelerado e minhas mãos estavam agarrando o lençol com força quando escutei mais uma vez o
Vozes falavam ao mesmo tempo. Falavam demais. Eu não consegui entender uma única palavra por longos minutos, como se estivesse numa espécie de transe, até que uma voz se destacou entre as demais. - Isabel! O grito pareceu percorrer meu corpo como um choque elétrico e ergui o olhar dos meus pés para o dono daquela voz. Lucas atravessava a casa da piscina a passos largos, diretamente ao meu encontro, no chão enquanto um médico tentava me examinar há um tempo que eu nem imaginava. - Você está bem? – ele se abaixou na minha frente com os olhos muito abertos. 
Não fiquei surpresa quando saímos da cidade e tomamos o mesmo caminho da última vez que andamos juntos de carro. Por algum motivo, fazia sentido. Quase esperei que a tal casa fosse ao lado da cachoeira, por mais que eu soubesse que não havia casa alguma lá da outra vez. A casa de Lucas, no fim das contas, ficava em um morro onde haviam outras casas, mesmo que bem longe uma das outras. Era uma construção de dois andares, a parte de cima com uma grande varanda externa. Não era excessivamente grande, não passava nem perto da casa dos Luchi, mas era bem impressionante. Fiquei parada na entrada, olhando de baixo a cima, feliz por não ser mais uma casa padrão no mesmo ba
Abri os olhos e pareciam ter se passado anos. Espreguicei jogando os braços para cima e rolei para ficar de barriga para baixo. Tinha sido o melhor sono em tanto tempo que eu não conseguia nem mensurar. Estava completamente descansada, relaxada e renovada. Me levantei e afastei as cortinas para abrir a porta que levava para a varanda. Já havia escurecido e apenas a lua iluminava as árvores ao redor. Eu podia me acostumar com aquela paisagem, viver longe do caos da cidade parecia ser muito bom. - Senhorita... – escutei a porta se abrir e dei um pulo. Eu tinha trancado, não tinha? Quando me virei meu
- Acorde, senhorita. – a voz me fez dar um pulo – Desculpe. – ela pediu diante do meu espanto. Sentei na cama, a cabeça confusa pela noite mal dormida, e dei de cara com Gabriele. - Gabriele, e sua mãe? – perguntei num impulso, confundindo minhas memórias. - Ah... – por um instante pensei que Angélica pudesse ter morrido por causa do tiro, mas depois as memórias começaram a surgir lentamente – Meus pais morreram num acidente de carro. – Gabriele completou instantes depois numa voz meio frágil – Meus pais adotivos estão trabalhando...&nbs
Enquanto voltava para casa depois de me despedir de Luciana, eu ainda estava com um sorriso no rosto. Tinha certeza de que Lucas, no meu outro mundo, se comportaria da mesma forma se eu fosse mais aberta e menos receosa. Quando estávamos juntas, todas as preocupações pareciam pequenas porque eu sabia que ela sempre me estenderia a mão se eu precisasse. E claramente ela se sentia da mesma forma em relação a mim. A pose irritada e a aparente falta de vontade de falar comigo, eram apenas manifestações da chateação dela por termos ficado afastadas e por acreditar que eu poderia ter me tornado uma pessoa diferente.&n
Enquanto comemos pizza sentados no sofá assistindo um filme, qualquer preocupação foi varrida da minha mente. Apenas curti o momento familiar, que não acontecia há tanto tempo, como se fizéssemos isso sempre. Deixei minha mente fantasiar que tudo aquilo sempre esteve ali ao meu alcance. Uma vida sem grandes preocupações, a família unida no final do dia e uma pessoa legal com quem conversar. Luciana... Era inevitável pensar nela, seu rosto ficava pipocando na minha mente de tempos em tempos. - Vou passar alguns dias fora. – a voz de meu pai me levou para fora dos meus pen