Enquanto voltava para casa depois de me despedir de Luciana, eu ainda estava com um sorriso no rosto. Tinha certeza de que Lucas, no meu outro mundo, se comportaria da mesma forma se eu fosse mais aberta e menos receosa.
Quando estávamos juntas, todas as preocupações pareciam pequenas porque eu sabia que ela sempre me estenderia a mão se eu precisasse. E claramente ela se sentia da mesma forma em relação a mim. A pose irritada e a aparente falta de vontade de falar comigo, eram apenas manifestações da chateação dela por termos ficado afastadas e por acreditar que eu poderia ter me tornado uma pessoa diferente. &nEnquanto comemos pizza sentados no sofá assistindo um filme, qualquer preocupação foi varrida da minha mente. Apenas curti o momento familiar, que não acontecia há tanto tempo, como se fizéssemos isso sempre. Deixei minha mente fantasiar que tudo aquilo sempre esteve ali ao meu alcance. Uma vida sem grandes preocupações, a família unida no final do dia e uma pessoa legal com quem conversar. Luciana... Era inevitável pensar nela, seu rosto ficava pipocando na minha mente de tempos em tempos. - Vou passar alguns dias fora. – a voz de meu pai me levou para fora dos meus pen
Assim que eu abri os olhos duas sensações terrivelmente fortes me atingiram quase que simultaneamente, fazendo com que o ar me faltasse e eu me sentasse de um pulo na cama. Primeiro, a dor que parecia que partiria minha cabeça, segundo, a lembrança dos olhos castanhos brilhantes e intensos da garota que eu conhecera na noite anterior. Claro que eram conhecidos, vinham de um passado distante. Os olhos de Daren. O pânico foi seguindo pelas minhas veias até meu coração, fiquei em dúvida se meu coração acabaria explodindo com a força dos próprios batimentos, ma
- Você não respondeu se está bem. – Marco disse no que pareceram horas depois. - De certa forma sim. – sussurrei em resposta. Não estava machucada só com o nariz dolorido, mas minha mãe estava caída na casa e eu não sabia se ia sobreviver. Sem contar que eu não sabia o quanto Gabriele estava machucada por causa daqueles monstros. E meu pai e Luciana estavam por aí, perdidos em algum lugar. - Como me achou? – perguntei um tempo depois. - Pela janela da garagem. Eu j&
Saí novamente da casa, era impossível ficar com meu pai e fingir que não tinha nada acontecendo. Mamãe estava fora de perigo, mas a mágoa e a dor da traição não estavam esquecidas. O sol começava a baixar no horizonte assim que entrei na floresta, com um pouco de medo pelas sombras que se formavam, mas decidida a ir até a casa de Luciana. No fim das contas, não foi difícil de encontrar. Pouco tempo depois me deparei com duas casas simples de madeira, construídas quase lado a lado. A casa de Luciana e de Marco. Ambas mergulhadas na escuridão, com nenhuma porta ou
Quando acordei e vi o teto, fiquei confusa. Parecia que eu estava dormindo há muito tempo, muito mais do que as horas que estava habituada. Me endireitei no sofá, alongando o pescoço dolorido e procurei o relógio na parede: três horas da manhã. Nossa, eu devia ter caído no sono assim que cheguei. Olhei a janela, afastando levemente a persiana cinza chumbo com os dedos. Lá fora a lua estava cheia, majestosa, iluminando a cidade completamente silenciosa. Meu olhar percorreu a rua lá embaixo, observando alguns carros estacionados. A cena familiar me soou um pouco estranha, mas afas
Olhei pela janela, afastando levemente a persiana cinza chumbo com os dedos. Lá fora a lua estava cheia, majestosa, iluminando a cidade completamente silenciosa. Era tarde, ou muito cedo, dependendo do ponto de vista. Três horas da manhã mais ou menos. Não olhei o relógio para conferir, mas percebi que estava passando a mão pelo relógio em meu pulso. Desci a mão e deixei apenas a que estava abrindo espaço para o mundo exterior. Meu olhar percorreu a rua lá embaixo, havia alguns carros velhos estacionados aleatoriamente, e estavam lá há muito tempo. Me perguntei se por acaso alguém podia estar usando-os de abrigo aquela noite.&n
Acordei de um breve cochilo no sofá para ir trabalhar meu último dia daquela semana. Por um momento apenas sentei e passei a mão pelo pescoço enrijecido pela má postura, e pensei nos acontecimentos da madrugada. Agora, com a luminosidade transpassando levemente pelas persianas, tudo parecia muito distante. Como um sonho ou uma memória do passado. Me levantei e fui pegar meu uniforme em cima da cama: apenas uma camiseta de gola branca e uma calça jeans, nada demais. Não comia em casa nunca, então apenas escovei os dentes e prendi meu cabelo. Quando me olhei no espelho, avaliei q
Quando o carro me deixou na frente do prédio no final do dia, eu estava exausta. Não tanto fisicamente, mas muito mentalmente. Subi as escadas desanimada depois de acenar para o Sr. Sales, que logo iria para casa, e atravessei meu corredor escuro observando a luz da televisão da Sra. Fring. Abri a porta do meu apartamento, subitamente feliz por estar em casa. Era pequeno, bagunçado e sem luxo, mas era seguro. Sem querer pensar que aquilo só era possível por causa do meu trabalho, fui até o banheiro. Deixei que a água morna e sem pressão caísse pelo meu corpo, e minha mente vag