Assim que eu abri os olhos duas sensações terrivelmente fortes me atingiram quase que simultaneamente, fazendo com que o ar me faltasse e eu me sentasse de um pulo na cama.
Primeiro, a dor que parecia que partiria minha cabeça, segundo, a lembrança dos olhos castanhos brilhantes e intensos da garota que eu conhecera na noite anterior. Claro que eram conhecidos, vinham de um passado distante. Os olhos de Daren. O pânico foi seguindo pelas minhas veias até meu coração, fiquei em dúvida se meu coração acabaria explodindo com a força dos próprios batimentos, ma- Você não respondeu se está bem. – Marco disse no que pareceram horas depois. - De certa forma sim. – sussurrei em resposta. Não estava machucada só com o nariz dolorido, mas minha mãe estava caída na casa e eu não sabia se ia sobreviver. Sem contar que eu não sabia o quanto Gabriele estava machucada por causa daqueles monstros. E meu pai e Luciana estavam por aí, perdidos em algum lugar. - Como me achou? – perguntei um tempo depois. - Pela janela da garagem. Eu j&
Saí novamente da casa, era impossível ficar com meu pai e fingir que não tinha nada acontecendo. Mamãe estava fora de perigo, mas a mágoa e a dor da traição não estavam esquecidas. O sol começava a baixar no horizonte assim que entrei na floresta, com um pouco de medo pelas sombras que se formavam, mas decidida a ir até a casa de Luciana. No fim das contas, não foi difícil de encontrar. Pouco tempo depois me deparei com duas casas simples de madeira, construídas quase lado a lado. A casa de Luciana e de Marco. Ambas mergulhadas na escuridão, com nenhuma porta ou
Quando acordei e vi o teto, fiquei confusa. Parecia que eu estava dormindo há muito tempo, muito mais do que as horas que estava habituada. Me endireitei no sofá, alongando o pescoço dolorido e procurei o relógio na parede: três horas da manhã. Nossa, eu devia ter caído no sono assim que cheguei. Olhei a janela, afastando levemente a persiana cinza chumbo com os dedos. Lá fora a lua estava cheia, majestosa, iluminando a cidade completamente silenciosa. Meu olhar percorreu a rua lá embaixo, observando alguns carros estacionados. A cena familiar me soou um pouco estranha, mas afas
Olhei pela janela, afastando levemente a persiana cinza chumbo com os dedos. Lá fora a lua estava cheia, majestosa, iluminando a cidade completamente silenciosa. Era tarde, ou muito cedo, dependendo do ponto de vista. Três horas da manhã mais ou menos. Não olhei o relógio para conferir, mas percebi que estava passando a mão pelo relógio em meu pulso. Desci a mão e deixei apenas a que estava abrindo espaço para o mundo exterior. Meu olhar percorreu a rua lá embaixo, havia alguns carros velhos estacionados aleatoriamente, e estavam lá há muito tempo. Me perguntei se por acaso alguém podia estar usando-os de abrigo aquela noite.&n
Acordei de um breve cochilo no sofá para ir trabalhar meu último dia daquela semana. Por um momento apenas sentei e passei a mão pelo pescoço enrijecido pela má postura, e pensei nos acontecimentos da madrugada. Agora, com a luminosidade transpassando levemente pelas persianas, tudo parecia muito distante. Como um sonho ou uma memória do passado. Me levantei e fui pegar meu uniforme em cima da cama: apenas uma camiseta de gola branca e uma calça jeans, nada demais. Não comia em casa nunca, então apenas escovei os dentes e prendi meu cabelo. Quando me olhei no espelho, avaliei q
Quando o carro me deixou na frente do prédio no final do dia, eu estava exausta. Não tanto fisicamente, mas muito mentalmente. Subi as escadas desanimada depois de acenar para o Sr. Sales, que logo iria para casa, e atravessei meu corredor escuro observando a luz da televisão da Sra. Fring. Abri a porta do meu apartamento, subitamente feliz por estar em casa. Era pequeno, bagunçado e sem luxo, mas era seguro. Sem querer pensar que aquilo só era possível por causa do meu trabalho, fui até o banheiro. Deixei que a água morna e sem pressão caísse pelo meu corpo, e minha mente vag
Quando destranquei a porta do apartamento não consegui acreditar no que tinha feito. Mas ali estávamos nós. Tínhamos andado juntos até meu prédio e subido as escadas, sem que Daren questionasse o motivo de eu não usar o elevador, atravessado o corredor e entrado. Era a primeira vez que alguém entrava ali e por mais que a ideia tivesse sido minha, me sentia um pouco exposta, então enquanto Daren varria o lugar com os olhos, fui até a cozinha e comecei a pegar os ingredientes da geladeira meio torta e dos armários velhos. Daren se encostou no vão da porta e ficou me observando. Era estranho ter outra pessoa ali, acompanhando meus movimentos com os olhos, aten
Quando abri os olhos no dia seguinte, por um instante, não soube onde estava. Fiquei desorientada até que as lembranças da noite anterior surgiram na minha mente. Daren e eu nos beijamos por um tempo infinito e depois o sono veio. Meus olhos começaram a pesar e, embora eu não quisesse me desgrudar dele, não conseguiria ficar mais nenhum minuto acordada. - Quer que eu vá agora? – a voz dele também estava sonolenta. Me lembro de minha cabeça apoiada em seu peito, naquela posição um tanto desconfortável do sofá, conseguia sentir o cheiro que vinha de su