Minha mente cruel continuava apontando um dedo acusatório para mim, tentando me tornar falaciosa. Fazendo o meu melhor, arriscaria falar com Ismael, para que ele fosse informado sobre o nosso filho. Só então cessaria o constante estado de alarme, desapareceria a imperiosa opressão em meu peito; dizendo a verdade, então a culpa deixaria de me mortificar. A resposta parecia tão óbvia, a solução tão simples, mas implicava mais do que isso. Enfrentando reivindicações de Ismael, assumindo o erro de tê-lo escondido todo esse tempo. Uma linha direta para questões emocionais e jurídicas, deixando o perdão nas mãos de qualquer destino decidido. Eu tinha medo do que a vida ditaria, no final que chegaria à conclusão de impor uma punição pelo meu egoísmo, minha mentira vil e erro grave. Houve perdão para isso? Ele merecia? Comi o medo rotulando ali, mais do que dormir com Aaron, que beirava um medo absorvente, mas não tão poderoso quanto encarar aquele homem e dizer a ele: "temos um filho.” De
Um aguaceiro caía lá fora. Bebi meu chocolate quente, descansando no conforto do meu sofá. Eu tinha acabado de falar com Anastasia que, depois de dar sinal verde para o meu trabalho, a entrevista seria publicada na segunda-feira. Foi uma conquista profissional, mas não parecia assim. Provavelmente pela razão de que o nome de Al-Murabarak foi enquadrado por trás do Triunfo. - Isaac! Ele apareceu em segundos. - Mamãe, estou terminando de pintar. - ele lembrou com um traço de frustração. Desde os quatro anos ele se interessou por pintura, por isso comprei para ele cavalete, pincéis e aquarelas pelo cacho. E a varanda de seu quarto se tornou seu lugar favorito para capturar suas doces obras de arte. Ele estava fazendo isso bem, com um talento, inato e especial. Eu, que me dava melhor com as cartas, não fazia ideia de onde havia herdado aquele dom, minha querida. - Eu sei, acredite que sinto muito. Vem cá. - eu incitei. Eu mal desenho um sorrisinho. - O que você quer, mãe? - Quer
-Eu realmente não te entendo, você não gosta de flores, você pede minha ajuda e eu te dou minha opinião, e de repente você expressa que prefere mais margaridas — fiz uma pausa, tentando entender esse indeciso e confuso neurótico Miller? —. Se lhe parecer um buquê de margaridas, Faça. É o seu casamento, Kelly, você vai se casar e tem que ser um dia inesquecível. - Obrigado por cuidar de mim, então serão as rosas. Até breve. Ele não me deixou responder, já tinha desligado. - O que há de errado com hoje? - Eu perguntei, franzindo a testa. Voltei ao meu posto. Valentina Stone não tirou os olhos de mim Até eu me sentar no meu lugar. Aos poucos a sala começou a encher com a chegada dos meus outros colegas. - Bom dia, Marian. Espero que tenha tido um ótimo final de semana. - cantou a doce Beatriz. - Bom dia, Bea. Obrigada — retribuí a morena, recebendo seu beijo na bochecha. De mim, passou pelo posto de Valentina. Tinha sido por pura educação, ela não se dava bem, havia até rumores so
Servi um chá para minha amiga, ela estava muito nervosa. A segurança com que se comportava havia desaparecido, em seu lugar permanecia uma Kelly hesitante. - Obrigado. Foi, Isaac? - ele queria saber com os olhos fixos na pintura. "Sim, ele pendurou lá anteontem -" expliquei com orgulho. O que se passa, Kelly? - Comigo? Nada, estou bem - " ele pigarreou, algo o incomodava. Esse carinha tem talento, é lindo. E nesse meio tempo, eu estava fugindo da questão sem nome. —Não parece, eu noto você diferente, você pode me dizer o que há de errado com você — continuei estudando seu comportamento estranho. Ele respirou fundo, depois colocou a xícara na mesinha e cobriu o rosto. Esperei, não sabia o que estava acontecendo, nem como ajudá-lo se não conhecesse o problema dele. Um acordeão de possíveis razões dirigiu-se à minha mente. Talvez ela tenha brigado com Sean, de repente teve medo do casamento ou houve infidelidade? Não, ele não era um desses, nem o Sean. - Kelly.…- Estou grávida",
Não consegui ficar de olho a noite toda, pensando nas palavras de Valentina. Aquela mulher havia começado com um pesadelo que deixou meu corpo banhado de suor, uma sensação desagradável no peito enquanto eu tentava não cair no poço da inquietação ao amanhecer. Na manhã de quinta-feira fui acordado por meu filho pequeno, um maníaco do tempo, fervilhando de preocupação excessiva de que ele se atrasaria para a escola. Com tanta insônia ontem à noite não descansei um pouco, consequentemente adormeci. Acordei com sono, tentando despertar todos os sentidos. - Mamãe, tem que se apressar-apontou ele pela enésima vez, me mostrando as horas em seu relógio. - Adormeci, desculpa. Tomou café da manhã? "Sim", ele pronunciou com uma voz azeda e impaciente. Não posso me atrasar, tenho natação hoje, esqueceu? - Não! Claro que não esqueço, Isaac — levantei o tom, fui até o banheiro e antes de girar a maçaneta voltei para ele —. Espere lá embaixo, prometo que não vou demorar. Ele estreitou os olho
Mesmo no trabalho minha cabeça não parava de circular sobre o assunto, roubava meu apetite e concentração em um artigo de economia. Visitei o banheiro muitas vezes, lavei o rosto sem me preocupar em estragar a maquiagem imaginária do rosto, na verdade ausente uma única gota dela. Agora eu não estava nem com vontade de usar blush. Bea apareceu, ia entrar em um dos cubículos, quando me viu diminuiu a velocidade, veio para o meu lado estudando meu silêncio, um silêncio que gritava por dentro até eu perder aquela voz interior. - Aconteceu alguma coisa ruim? Desde que você chegou vejo você retraída, Ida, não sei... Você não é assim, Marian - alegou a morena. Era só Beatriz, a mulher boa, enérgica e confiável. Com ela não precisei encontrar uma desculpa ou improvisar nenhuma bobagem para justificar os nervos, a inquietação desencadeando as batidas do meu pobre coração. - Algo pessoal. - Admiti sem dar detalhes. - Ah, eu entendo. Desde que fiquei olhando fixamente para você a manhã toda
Quando cheguei em casa, tomei um banho e pedi uma entrega. Um jovem fez a entrega da pizza em um quarto por volta das sete. Comi ao lado de Isaac, deitado no tapete da sala, a cena me levou de volta aos dias ao lado do pai dele. Um tesouro que não se dissolveu da minha memória. - Como foi na escola? - Fiquei curioso cedo. - OK. - Assim mesmo?"A aula de natação foi suspensa, aparentemente o Sr. Walter adoeceu de repente, e não deu tempo de avisar alguém para a substituição", disse seguido de uma bufada. Então não foi um grande dia. - Espero que ele se recupere logo. - Mãe? - Diz-me, querida. - Você me deu o nome de Isaac em homenagem ao meu pai, não foi? - ele perguntou limpando o canto. Ele também não deixou as brincadeiras de lado. - Bem, sim. Até porque é um nome lindo, não acham? - Gosto muito— " admitiu sorrindo. Eu sei que você precisa de tempo, eu já quero conhecê-lo, mãe. Fale — me dele-insistiu, esquecendo-se dos transtornos desta manhã. Porém, não o refutei nem o
Perdendo O ControleO espelho refletia uma imagem estranha a mim. Mas era eu, vestida com um vestido de vinho tinto, leve decote na frente que destacava meus seios, costas para fora e corte arredondado; eu estava usando salto agulha preto, ao qual não estava acostumada, de jeito nenhum. A boa aparência tinha seu lado desconfortável. O look incrível foi complementado pela minha amiga, fazendo minha juba fogosa, um updo.Com matte vermelho nos lábios, delineador nos olhos e rímel, estava pronta para sair. Raramente essa versão de mim saía do esconderijo, mas assim parecia a primeira vez que eu não estava me escondendo em uma concha. Um som sibilante vindo daqueles lábios femininos, fez meus olhos vibrarem. Kelly, na beira da minha cama, ficava me olhando como se eu fosse um quadro de Picasso. - Não fique aí, vá em frente, vá partir corações — apontou com risadinhas. Eu neguei. Ela parecia a adolescente Kelly. Ela definitivamente não ia caçar. Em vez disso, eu deveria ter sido o único