Arrumei a saia do meu vestido rosa claro, bonito sem deixar de lado o sutil e sóbrio. Com meu cabelo ruivo, fiz um coque torcido na minha cabeça. Dei uma última olhada, dando uma volta suave; os Louboutins pretos que decidi calçar eram confortáveis. Então não teria problemas para caminhar.
Peguei minhas coisas e saí apressada. Lá fora encontrei meu filho terminando seu cereal. Eu não tinha intenção de comer nem um pedaço, nada. Tanto nervosismo fluindo em minhas veias, bombeando excessivamente meu coração, me tornava um robô. Forçando cada sorriso, tentava que Isaac não percebesse o horrível nervosismo que invadia meu ser.- Querido, apresse-se.Dei-lhe alguns minutos, depois pegou sua mochila e saímos voando. Durante o trajeto, nem a música de fundo, nem sua conversa sobre carros esportivos diminuíram o medo que sentia. Minhas respostas eram robóticas, sem o mínimo interesse no que ele falava.O sinal mudou para vermelho naquele momento.- Quando eu crescer, poderei ter um carro? - perguntou.- Sim, claro.- Mamãe, por que você está tão bonita? - perguntou de repente.Eu o olhei com um sorriso meio torto.- Obrigada, pensei que parecia assim todos os dias, mas você tem razão - acariciei seu cabelo escuro e ele arrumou imediatamente as mechas que desarrumei -. Vou fazer uma entrevista.»Vou entrevistar seu pai, Isaac«.—Legal. Você virá me buscar?—Não sei —torci os lábios —. Mas caso eu não possa, direi a Kelly para passar por você.—Tudo bem, pelo menos diga à tia Kelly para me comprar um sorvete na saída, tá? —implorou juntando as mãos, admirei de soslaio aqueles olhinhos azuis —. Por favor, por favor, por favor...—Tá bom.Não precisava implorar, raramente negava alguma coisa a ele, porque não resistia àqueles safiras brilhando.Ao chegar na escola, ele soltou o cinto de segurança. Ele me beijou com doçura. Enchi meus pulmões com seu aroma, recuperando uma coragem firme com seu abraço. Urgida para acumular coragem, prolonguei o abraço.—Eu te amo, te amo infinitamente, Isaac. —declarei afetada.—Eu também, mamãe. Mas você está me sufocando...Entre risadinhas, eu o liberei.—Desculpa, seja bonzinho. Embora eu nem precise dizer isso, você sempre é, meu amor. —soltei apertando sua bochecha.Ele bufou baixinho e olhou para o relógio em seu braço esquerdo.—Vou perder a aula da senhora Patterson... —pronunciou com certa preocupação.—Bom, vai lá. Tenha um bom dia.—Boa sorte na entrevista. —expressou e fechou a porta do carro.Inspirei fundo, tentando oxigenar minha mente. Quando ele saiu de vista, agarrei o volante e continuei dirigindo.Ao pé do enorme prédio de noventa andares, senti um vertigem perigoso, a forma impiedosa como serpenteou através de mim. Assim que o visse, ficaria paralisada, tinha a premonição de que ao observá-lo, não suportaria a arranhadura por dentro. Quis subir a janela do carro e voltar para casa, ligar para Anastasia e explicar que estava indisposta.Talvez uma contingência na escola de Isaac soasse crível. Não, não era verdade. Só uma covarde absoluta era capaz de inventar essa mentira.Enfrentaria a situação.Um jovem de expressão indefinível se aproximou inclinando-se em minha janela.—Bom dia, em que posso ajudá-la?Devolveu a saudação e peguei minha identificação no painel. Mostrei-lhe, falando ao mesmo tempo a ladainha de palavras que costumava dizer com tom formal.—Mariané Lombardi, jornalista da revista Magnani, venho para a entrevista com Ismaíl Al-Murabarak. Onde estaciono o carro?—Você poderia descer aqui, eu cuido do resto —me piscou um olho, eu franzi a testa, hesitante —. É que sou o manobrista.A inscrição em seu uniforme atestava que ele era funcionário da empresa automotiva.—Ah, entendi.Peguei minhas coisas, saí do Nissan e permiti que ele tomasse meu lugar. O rapaz, com gentileza, explicou que estaria de olho na minha saída e traria o carro. Quis dar gorjeta, mas ele já tinha acelerado. Avancei até a entrada, segurando minha bolsa que levava o iPad, uma caneta e um caderno caso o tablet não tivesse carga, o que não tinha certeza se tinha verificado ontem à noite. Pelo menos as perguntas estavam escritas no papel, senão minha memória iria falhar.O imponente edifício era atraente e moderno. Li em letras douradas: Al-Murabarak Inc., sobressaindo com soberba. Não era para menos, uma das melhores empresas automotivas merecia uma fachada imponente. As portas se abriram à minha frente quando estava a meio passo de atravessar a entrada. Lá dentro, todos se moviam agitadamente. Avistei a recepcionista e me aproximei apressadamente. Ela estabeleceu contato visual comigo enquanto seus olhos desciam para a identificação no meu peito.- Bom dia, senhorita Lombardi. Em que posso
Os passos que dei, assim que entrei em seu escritório, pareceram um salto mortal. O oxigênio dissipou-se, mal conseguia respirar artificialmente, cada respiração era dolorosa. Meu pulso estava descontrolado. Ele, que estava a quilômetros de distância de mim, agora estava a poucos metros. Meu coração se encheu de uma dor causada pelo passado. Batia imperiosamente; minhas pernas tremiam, dificultando meu avanço. O homem que amei estava de costas, em frente às janelas do chão ao teto, imerso em uma conversa telefônica. "Vou ficar bem, em breve a dor de cabeça vai desaparecer", disse ele. Mas percebi que ainda o amava quando senti o chão se mover sob meus pés, sendo acariciada pelas asas das borboletas batendo dentro de mim; quando a maré de emoções dispersas se levantava, tocando um vórtice, aquelas turbulências em forma de espiral através da minha fisionomia, mas com uma trajetória que apontava para ele; então percebi que havia voltado ao meu lugar. Senti falta do perfume Armani satu
" —Um até logo? —Está brincando? Não há motivo para querer te ver de novo, Ismaíl. —murmurei revirando os olhos. Guardei minhas coisas e me levantei. Meu cérebro gritava exaustivamente para correr em direção à saída sem olhar para trás, sem reparar por um segundo que o homem imponente ali presente mexeu com os sentimentos do meu ser, precisando de mais do que já tivemos alguma vez. Não cometeria a infração, o erro ou o pecado de fixar o olhar em seus lábios, sabendo que seu sabor não me pertencia, não correria para seus braços sem ser dona daquele executivo que me enlouquecia, tudo o que eu não podia fazer, me freava, me afastava da loucura. —Foi um prazer te conhecer no âmbito profissional, obrigada por dedicar seu tempo para me atender —pronunciei por puro formalismo. Mas nem mesmo apertei sua mão. —A você por aceitar a entrevista e não concedê-la a algum colega seu, só por ser eu. Ou vai dizer que nem mesmo pensou nisso? Ele também não fez menção de se despedir. —Já não sou
—Dizem que Al-Murabarak é um cara difícil, meu pai fez negócios com ele há algum tempo. Tudo acabou em uma disputa, que depois foi resolvida. Ele é bom no que faz. - mencionou alheio a uma verdade que a cada minuto se tornava uma enorme mentira. —Al-Murabarak é um sobrenome estranho - falou meu filho pela primeira vez durante todo esse tempo - Mas é um grande império automotivo, você entrevistou o dono? —Mais ou menos, termine sua comida, por favor. —E você não me disse nada, mãe. Você poderia ter me levado junto, eu adoro carros. - repreendeu. —Bem, isso não seria possível, querido. Você sabe que eu não posso levá-lo comigo para o trabalho. —Sua mãe tem razão, mas eu poderia levá-lo para uma corrida de carros nesta sexta-feira. - ele olhou para mim pedindo minha autorização e eu assenti. —Você faria isso por mim? - ele perguntou incrédulo. —Eu prometo, o que você diz? —Só se for na primeira fila. - ele condicionou.—Isaac... - eu o olhei mal.—Não se preocupe - ele minimizou
Três pontos suspensos.Então fechei o laptop e fui abrir a porta para Kelly. Ela vinha com seu namorado, então fiquei envergonhada de estar vestida daquela maneira. Levantando uma sobrancelha em direção à minha amiga, estava repreendendo-a por não ter avisado antes de trazer seu noivo.Não por nada ruim, mas para que eu pudesse me arrumar e não aparecer de pijama. Recebi um sorriso dela que se traduzia em: Desculpe, Mariané, vou avisar na próxima vez.Espero que faça isso."Entrem, como estão, Sean? Desculpe minha roupa", murmurei com um sorriso meio desajeitado."Você ainda está linda", cantarolou com seu pitoresco sotaque europeu, saudando-me com um beijo em cada bochecha.Olhei para Kelly sobre seu ombro musculoso, ela deu de ombros. Os italianos eram tão bonitos, cavalheiros, uma combinação perfeita difícil de encontrar e nele, difícil de evitar. Sean era tudo isso e ainda me aproximava das minhas raízes, o que me fazia vê-lo de uma maneira especial, como um amigo. Ela não poderia
—Se se eu encontrasse o Aaron, com certeza ele teria um ataque cardíaco. — Ela comentou maliciosamente, olhando para mim através do retrovisor.Fiz uma careta com meus lábios pintados de um poderoso escarlate. Durante o trajeto, recebi várias mensagens dele, dizendo que estava com o Isaac no McDonald's. Isso me surpreendeu um pouco, porque o Isaac não era fã de comida fast food, na verdade ele ficava exigente e fresco quando se tratava do que colocar na boca. Seu drama ao comer era tão parecido em certo grau ao do Ismaíl que parecia estar compartilhando a mesa com seu clone.Toquei o vidro polarizado, com os olhos presos nas luzes da cidade, o exterior brilhava como um céu estrelado. Eu era uma delas, piscando, sabendo que aos poucos minha luz estava se enfraquecendo. Ciente de que pensar demais nisso me tornaria uma estrela cadente que caía em qualquer lugar inóspito do mundo, afastei isso da minha cabeça.Eu me esforçaria no relacionamento com o Aaron, deixaria que ele me levasse ao
- Ouça o seu namorado, você vai sentir falta? A sobremesa é deliciosa. - Acrescentei apreciando a combinação de queijo e doce ao mesmo tempo. - Não, Não me apetece. - ele apontou sem pensar. Ninguém insistiu novamente. Ele cancelou a conta e saímos do lugar chique. Achei que tudo terminasse ali, mas quando Sean virou o volante para o lado errado de onde morávamos, corri para perguntar. - Para onde vamos? Eu tenho que ir pra casa, você sabe disso. - reclamei esvaziado no banco de couro preto. - Não se preocupe, testei Aaron, será um prazer para ele ficar com o garotinho, até que te devolvamos ao seu apartamento. - ele mencionou sem me dar uma dica do nosso destino. - Kelly, não quero abusar do tempo do Aaron, ele pode ter algum trabalho a fazer. Mais nos dias de hoje, tem sido movimentado na empresa... - Procurei meu celular dentro da bolsinha que trouxe comigo. "Não ligue para ele", ela governou como se fosse minha mãe. Ele não se opôs, nem nada, na verdade ele me mandou um áud
Malditas Safiras Acordei em um quarto desconhecido, em uma cama estrangeira, entre lençóis impregnados de um perfume masculino, que invadiu meu túnel nasal, reconheci, mas não queria pensar que era presa de uma realidade longe de um sonho ao qual, estupidamente, me agarrei.Aquele perfume... Não! Não poderia ser ele. Senti necessidade de beliscar a carne, não aconteceu nada, não acordei, definitivamente não estava tendo pesadelo. Uma gama de possibilidades temerosas se apresentou abruptamente. Eu não conseguia me lembrar de nada da noite passada, o que fez meu estômago se contorcer de puro medo, porque eu não sabia onde estava, ou quem havia me levado para um quarto suntuoso. Muitos pensamentos paranóicos nublam minha mente, eu os chutei para fora da minha cabeça quando descobri sob a seda que cobria minha fisionomia, que eu ainda estava usando meu vestido. Pelo menos o desconhecido não tinha me estuprado. Isso não tirava nenhum peso da situação, muito menos com a monstruosa dor d