Theo: Meu CEO, Amante e Rival
Theo: Meu CEO, Amante e Rival
Por: Juliana Fontes
Capítulo 1

– Ai, amiga... Não sei, não... Meu pai acabou de falecer e já deve estar se revirando no túmulo só de pensar que eu possa conseguir um emprego na empresa do seu maior inimigo de todos os tempos.

– Relaxa, amiga! Primeiro, porque o inimigo dele já está aposentado e afastado da empresa. Segundo, quem comanda a empresa é o filho dele, que não tem nada a ver com a sacanagem que o Sr. Tom Vanderbilt fez com seu pai. Terceiro, é que você nunca vai nem esbarrar com o Theodore Vanderbilt, porque a sala do CEO fica na cobertura do prédio da empresa e a vaga à qual você vai se candidatar é para ficar no 4º andar da empresa, o que é muito, muito distante, já que são 20 andares de diferença!

– Mesmo assim, Brenda... A empresa leva o sobrenome dele: Vanderbilt Enterprise. Sabe quantas vezes na vida ouvi meu pai xingar os Vanderbilt? Milhões!

– Bom, se seu pai não quisesse você trabalhando para eles, Sara, não deveria ter se afundado em bebidas e jogos de azar nem morrido de repente e deixado de herança uma enorme dívida para você pagar...

Brenda tinha razão. Se eu não aceitasse esse emprego, como pagaria tantas dívidas deixadas por meu pai? Tinha um agiota já no pé dela querendo a devolução do dinheiro emprestado, e esse valor só aumentava a cada dia. Deus me livre pensar no que um agiota é capaz de fazer para não ter prejuízo. Me dava arrepios só de imaginar.

Paramos em uma cafeteria que ficava na esquina da Vanderbilt Enterprise. Estava lotada, mas eu precisava de uma dose dupla de café se eu fosse entrar naquela empresa que levava o sobrenome do arqui-inimigo do meu recém-falecido pai. Que saudade eu sentia dele! Podia não ser o melhor pai do mundo, mas era esforçado. Desde quando minha mãe morreu no meu parto que ele teve toda a sua vida virada de ponta a cabeça. Imagina perder o amor da sua vida e ainda ficar sozinho cuidando de uma recém-nascida, ainda mais sendo pai de primeira viagem. Mulheres costumam ter esse dom do cuidado mais aflorado. Ele não havia tido preparo algum para isso. Ninguém nunca está preparado para a chegada de um bebê, muito menos um pai solo. Foi desde então que começou a beber e se meter com jogos de azar. No fundo, me sinto culpada por ele ter tido essa vida infeliz. Não foi à toa que infartou tão jovem, aos 52 anos.

Minha vez na fila havia chegado. Agora, mais do que nunca, eu precisava de um balde de café. Pedi o maior do cardápio. Puro e preto. Me arrependi logo que a atendente falou o preço. Ali em Boston, especialmente em Back Bay, o preço das coisas era um absurdo, muito diferente de Medford, cidade em que eu vivia. Brenda pegou um menor para evitar o vício e o gasto em excesso. Saímos da cafeteria e fomos em direção à portaria da Vanderbilt Enterprise.

Estávamos caminhando em silêncio. Brenda notou que eu estava perdida em meus pensamentos e achou melhor não interromper. Ela sabia como os últimos dias tinham sido difíceis para mim. Meu pai era a única família que eu tinha. Os parentes da minha mãe se afastaram depois do falecimento dela. Culparam meu pai por não ter levado minha mãe mais cedo para a emergência quando começou o trabalho de parto. Mas meu pai me contava histórias sobre minha mãe e sempre reforçava como ela era teimosa e que eu havia herdado essa teimosia dela. Ele dizia isso com um sorriso no canto dos lábios. Eu sabia que eu era o orgulho do meu pai, a única coisa que havia dado certo na vida dele. Porém, os parentes da minha mãe não acreditaram quando ele disse que insistiu para levar Diana assim que começaram as contrações, mas ela continuava dizendo que era cedo demais e que não queria ficar tanto tempo assim no hospital. Quando ele percebeu que ela estava ficando muito pálida e com muitas dores, parou de obedecê-la e a colocou no carro à força. Os médicos disseram que se ele tivesse demorado mais 5 minutos, além de perder minha mãe, também teria me perdido. Devo minha vida a ele duplamente.

Os saltos estavam me matando. Fazia tempo que eu não usava uma roupa social. Estava acostumada a trabalhar de casa, como escritora freelancer. Meu uniforme preferido era pijama e chinelo. E para melhorar meu dia, eu tinha sempre uma grande caneca de café a tiracolo. Meu pai garantia que a garrafa térmica estivesse sempre abastecida. Nossa! Como sinto a falta dele.

Estava difícil me concentrar em meus pensamentos com aquela saia do terninho feminino que a Brenda me emprestara subindo acima do meio das minhas coxas. Será que existiam terninhos confortáveis? Pelo visto, se eu fosse aprovada para a vaga, teria que usar muito esse tipo de roupa. Teria que parcelar tudo no cartão de crédito que ainda me restara e ir pagando com o valor do salário que eu recebesse.

De repente, bati forte contra alguma coisa e vi meu café duplo virar da minha mão e cair em meus seios, ensopando a camisa branca social que Brenda também me emprestara. Minha atenção saiu rapidamente dos meus pensamentos e focou naquela muralha de terno azul bem à minha frente. De onde ele havia surgido?

– Ahhhhh... Olha o que você fez! Não olha por onde anda? Além de ter me queimado, você arruinou a roupa que eu iria usar agora em uma entrevista para um emprego que eu preciso muito! – vociferei sem pensar contra o rapaz que estava tão perto que eu nem conseguira ver seu rosto, já que era bem alto.

Ele deu dois passos para trás, olhou dentro dos meus olhos com aquele olhar hipnotizador, e disse calma e pacientemente, mas com muito sarcasmo:

– Eu que deveria olhar por onde ando? Você que bateu em mim enquanto eu estava passando para ir até meu carro. Estava tão distraída que nem sei como conseguiu andar a rua toda sem bater em nada até agora – rosnou ele. – Sinto muito por ter arruinado sua roupa, mas a culpa foi toda sua! – Aumentou a voz ao se referir que a culpa era minha.

Meu sangue ferveu e fiquei cega de ódio por um instante. Dei um passo à frente para enfrentá-lo, apesar de ser bem mais baixa que ele, em meus 1,60 m. Parei ao sentir a mão de Brenda apertar meu braço e me puxar para trás. Minha amiga estava tão pálida e nervosa que, por um momento, esqueci minha raiva e lembrei que eu estava fazendo um escândalo na frente da empresa em que ela trabalhava. Fiquei vermelha na hora, respirei fundo e soltei entredentes:

– Peço desculpas pelo acidente, senhor.

Acidente? Estava era no mundo da lua... Ouvi o cara de terno dizer baixo ao se virar e seguir caminhando. Respirei fundo para não voar no pescoço dele e esganá-lo. Fui me acalmando e minha visão foi deixando de ficar turva de raiva. Agora eu conseguia ver com mais clareza a cara de pânico de Brenda. Olhei por trás dela, na direção do canalha que me queimou e fez eu desperdiçar todo o meu café. Mesmo de costas era um homem que chamava atenção. As mulheres ao seu redor quase quebravam o pescoço para olhar para ele passando.

Ele parou no meio-fio e, em frente a ele, parou uma Mercedes preta lustrosa, linda. O motorista desceu e abriu a porta de trás para o homem que derramou meu café. Ele parou diante da porta aberta e olhou para trás, na minha direção. Minha respiração parou. Aquele não era um homem qualquer. Tinha as feições de um deus grego esculpido à mão por Deus. Seus olhos eram de um verde tão potente que eu conseguia enxergar sua profundidade mesmo de longe. Aquele queixo quadrado era a perdição de qualquer mulher. Ele, ainda sério, balançou a cabeça negativamente, entrou na Mercedes e o motorista fechou a porta. Não dava mais para vê-lo por detrás daqueles vidros escuros.

Brenda entra no meu campo de visão e grita:

– Você ficou MA-LU-CA? – falou pausadamente para que eu percebesse o tamanho da minha burrada. – Aquele com quem você acabou de gritar era simplesmente Theodore Vanderbilt, CEO e filho do fundador da empresa para a qual você está prestes a fazer uma entrevista para a vaga de assistente de gerente.

Meu coração parou por alguns segundos. Aquela era a chance da minha vida e eu havia acabado de arruiná-la.

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