Acordei com Jack me dando tapas na cara, desesperado. Quando abri os olhos, pude ver o semblante de pânico dele e, então, de alívio ao me ver acordar. Ele se sentou no chão e respirou ofegante.– Você quer acabar comigo, Theo? Quase me mata de susto! Achei que tivesse perdido você, cara! Porr*! – brigou comigo Jack.Tentei esboçar um sorriso para ele, mas ainda me sentia muito fraco e zonzo. Estava enxergando tudo meio embaçado. De longe, vi alguém correndo em minha direção, mas não consegui identificar quem era aquele borrão.– Theo! Theo! Graças a Deus, Theo! Meu Deus, que susto você me deu! Achei que tivesse perdido você para sempre. – Sara me abraçou, soluçando de tanto chorar. Ela estava toda machucada e suja, e fedia a cachorro molhado. Essa mulher era forte. Mais forte que eu, inclusive, que nem conseguia dizer uma palavra ainda.Percebendo que eu não conseguia falar, Sara e Jack se entreolharam. Sara correu e chamou o socorrista, que já tinha feito alguns curativos em mim para
Eu tinha certeza de que Theo podia nos ouvir. Quando David veio vê-lo, apenas foi a confirmação disso. Ele até chorou ao ouvir que o amigo estava vivo. Mas ele ainda não abria os olhos nem se mexia. Seu corpo não exibia nenhuma reação, apenas um dos aparelhos indicava atividade cerebral.Os médicos não sabiam explicar o que se passava com Theo naquele momento. Como eu sabia que ele me ouvia, eu o visitava todos os dias para dizer como as coisas estavam indo. Eu estava tão orgulhosa que nossa campanha do Vander estava dando certo!O fato de Theo estar no hospital e o pai dele ter falecido há pouco tempo também contribuiu para a empresa estar em evidência na mídia, o que acabou sendo bom para nossa campanha. As pessoas estavam usando o Vander acreditando que, assim, colaborariam para o tratamento de Theo, e ele não teria o mesmo fim do pai.Achei uma incrível demonstração de carinho de desconhecidos, que nem faziam muito ideia de quem era Theo. Aliás, hoje ele era um Theo muito diferent
Gêmeos? Nós iriamos ter gêmeos? Dois meninos ainda?! A gente era mesmo muito abençoado, como Sara dizia. Eu sempre sonhei em ter um menino. Agora eu teria dois de uma vez só. Isso só me dava mais forças para não desistir. Eu precisava acordar!Meu coração começou a acelerar. Um pânico começou a me dominar. Eu não queria mais estar preso em meu corpo. A Sara precisava de mim. Ela estava aos prantos e quem a estava consolando era David, não eu. Eu precisava mudar isso urgentemente.– Não esquece que eu te amo. Eu realmente preciso de você. Por favor, faz um esforço para acordar. Pede a Deus para te tirar dessa cama para cuidar da sua família. Nós três precisamos de você aqui, agora. Por favor! – disse Sara em meu ouvido.Eu não podia decepcioná-la. Ela tinha sido a melhor coisa que aconteceu em minha vida. E agora esperava dois filhos meus. Eu tinha que assumir meu papel na minha família! Eu não podia deixá-la sozinha fazendo tudo. Ela já tinha ficado sozinha na vida quando perdeu o pai
Eu estava tão desolada. Depois que David me deixou no café, ele foi embora e eu fiquei lá com minha tristeza. Os meses estavam passando tão rápido, e logo os gêmeos estariam aqui. Como eu ia dar conta sozinha?Sentei e comi com calma um sanduíche duplo. Apesar do meu desânimo, os meninos não me deixavam ficar sem fome. Eles brigavam comigo e me chutavam até que eu os abastecesse de novo.Começou a cair uma chuva intensa, então acelerei para terminar logo. Eu daria um pulo no hospital de novo para me despedir de Theo antes de ir para casa. Eu ainda estava me adaptando à casa nova. Ela era muito grande apenas para mim. Eu me sentia muito solitária lá dentro, por isso evitava ao máximo voltar para lá. Só ia mesmo para dormir, nada mais.Com Theo e os meninos, isso mudaria. Decorei-a para ter cara de lar. O apartamento de Theo era muito sóbrio e masculino. Eu queria algo mais aconchegante para a gente. Nesses meses todos em que ele ficou em coma, fui arrumando a casa aos poucos e mobilian
Fiquei encantado com a casa que Sara arrumou para ser nosso lar e dos meninos. O dinheiro do meu pai tinha sido muito bem empregado. Ali, eu já conseguia ver as crianças correndo pelo quintal, cheio de brinquedos que eu mesmo construiria para elas.Nunca fui muito de fazer coisas de casa, pois me pai sempre contratava alguém para fazer. Mas, como eu era uma criança solitária, vivia atrás dos prestadores de serviço pedindo que me ensinassem alguma coisa. Ganhei muitas habilidades com isso.O que mais gostei foi do Sr. Jose, um carpinteiro de mão cheia que vinha fazer nossos móveis planejados. Eu adorava quando ele vinha. Era um senhor muito habilidoso e com muita paciência. Me ensinou muito sobre carpintaria e me deixou até confeccionar vários brinquedos.Agora eu queria colocar essa habilidade em prática e fazer o parquinho e diversos brinquedos para meus filhos. Sr. Jose ficaria orgulhoso do seu aluno mais aplicado.Quando entramos, o interior da casa parecia ainda mais perfeito para
Eu estava muito nervosa. Aquela sala toda iluminada e com meu vestido de noiva pendurado estava me deixando sufocada. Fora que eu já estava com 8 meses, e os gêmeos chutavam meus pulmões. Minha respiração ficou ofegante.Como eu queria meu pai e Brenda naquele momento. Me dei conta de que eu não tinha mais nenhuma amiga para dividir minhas alegrias e aflições. Também não tinha meu melhor amigo para me dar o ombro, me aconchegar e me dar conselhos, que era meu pai. Segurei com força o cordão com as fotos dos meus pais. As lágrimas invadiram meus olhos.Ouvi uma batida tímida à porta. Enxuguei as lágrimas e me recompus, então mandei entrar. Era Karol. Ela estava radiante! Senti uma grande alegria por ver a preocupação dela comigo. Sempre foi muito carinhosa comigo, desde o início, quando fiz a tal entrevista para ser assistente de Theo.– Como vai a nossa noivinha? – perguntou ela.Não consegui falar. As lágrimas me inundaram novamente e comecei a soluçar.– Ah, querida… – disse e me de
A ambulância chegara. Sara e eu estávamos indo direto para o hospital. Eu me arrepiava a cada grito que ela dava. Parecia sentir muita dor, e não tinha nada que eu pudesse fazer para aliviá-la. Me senti tão impotente naquele momento.Quando chegamos ao hospital, Sara foi examinada, e a obstetra achou melhor seguir com uma cesariana, pois o último bebê acabaria nascendo pelos pés, já que não tinha virado, o que seria um grande risco para ele e para a mãe.Vi Sara frustrada, porque quereria parto normal, mas conversei com ela que não valeria a pena colocar eles em risco. A médica indicava o que seria mais seguro. Sara, então, confiou em mim e cedeu.Já na sala de parto, me colocaram ao lado de Sara, por trás de um pano, para que eu não precisasse ver a parte em que a cortavam. Eu agradeci muito por isso.– Theo, você está bem? – perguntou Sara.– Estou... Por que a pergunta?– Você está ficando pálido! Tem certeza de que não vai desmaiar? – disse, rindo. Agora que ela havia falado, me
– Então, aquele filho da put* acaba com meu pessoal, destrói meus negócios e ainda se casa com a mocinha gost*sa? E a vadi*, com aquele barrigão, ainda esperando um herdeiro dele! Argh!– Ei, chefe... Se você quiser, a gente acaba com esse casamento agora mesmo. Vamos entrar metralhando todo mundo!– Tá maluco, Cara de Cão? Você é um amador mesmo, né?! Acha que fazendo isso eles não viriam atrás de nós e nos matariam? Esse playboy é cheio de amigos policiais! Não seja idiot*!Às vezes, eu me perguntava por que eu continuava recrutando esses imbec*s, que mais atrapalhavam do que ajudavam. Se achavam muito espertos e só faziam merd*. Não era à toa que a maioria estava morta agora. Se achavam imbatíveis e se enfiavam na frente das balas.Um bando de idiot*s descartáveis que só atrap