Entrei na loja e me deparei com um lindo vestido vermelho em uma manequim que estava bem no centro da loja de luxo. Uma vendedora loira, magra, com uma maquiagem leve, apenas para realçar sua beleza de 20 e bem poucos anos, veio em minha direção.
– Posso lhe ajudar, Senhor Theodore?
Ela me conhecia das outras tantas vezes que eu fora lá para comprar um presente para alguma namorada. O fato é que eu trocava tanto de namoradas que eu estava sempre por lá comprando algum presente para a mais recente felizarda. Apesar de já estar aflorado em mim o desejo de construir uma família, não conseguia encontrar uma parceira com quem eu realmente almejasse o tal “para sempre”.
– Olá, Lorena! Vou querer este para presente. – Indiquei o manequim com o exuberante vestido vermelho.
Pensar naquela pequena Pinscher vestindo aquela peça fez meu membro latejar. Fazia tempo que meu amigo não era usado. Eu havia desistido de ficar saindo com essas modelos que só estavam interessadas no meu status e dinheiro. Eu não queria uma mulher para exibir. Queria alguém para estar realmente ao meu lado, cuidando de mim e eu cuidando dela. Porque, na minha convicção, o amor só acontece para quem está disposto, quem realmente quer fazer um relacionamento dar certo. Mas parecia que as mulheres que me rodeavam só queriam mesmo o luxo que eu proporcionava. Aquela baixinha parecia diferente. O jeito como gritou comigo, sem se preocupar que eu fosse quase o dobro do seu tamanho, me deixou intrigado. Ela não pareceu se importar com meu terno e carro caros. Nada disso a abalou ou a fez mudar seu tom de voz comigo.
Apenas quando olhou para a amiga pálida é que mudou o tom e se desculpou. Talvez tenha tido consciência de que estava fazendo um escândalo na frente de onde a outra trabalhava. Pareceu se importar muito com a amiga, o que eu também achei muito interessante. Hoje em dia, vemos mais as mulheres sendo rivais do que amigas de verdade.
Paguei pelo vestido e liguei imediatamente para Milton:
– Mudança de planos. Venha me buscar e vamos voltar para a empresa.
Ao chegar na cobertura da Vanderbilt Enterprise, me deparei com Karol, que fez uma cara de desconfiança e direcionou o olhar para a caixa que eu segurava. Ela já conhecia minha loja feminina favorita para presentes.
– Quem é a felizarda da vez? – Me olhou com incredulidade. – Não importa! Só espero que dure mais do que sua última assistente.
– Então, era sobre isso que eu queria falar com você. Já encontrei uma assistente. – Karol fez um semblante de curiosidade.
– E, por acaso, ela já sabe disso? – Eu ficava impressionado como a Karol me conhecia e parecia ler meus pensamentos.
– Ainda não.
– Eu já imaginava.
Contei a ela toda a situação passada em frente ao prédio da empresa com a menina do café. É óbvio que ela se divertiu com toda a situação, ainda mais imaginando a garota gritando com o CEO da empresa mais bem-sucedida do país, encharcada de café. Achou bacana da minha parte compensá-la com uma roupa nova.
Contei o que se passou na minha cabeça com relação a ela fazer entrevista com Steve naquele estado. Ela abriu um sorriso largo e algo naqueles olhos brilhando me disseram que ela estava achando que eu estava interessado na garota.
– Não tem nada a ver, Karol! Sei o que você está pensando, e não é nada disso.
– Então, você quer me convencer de que tudo isso que está fazendo é pura caridade, sem interesse algum? Você não sentiu nem uma pontadinha de ciúme ao pensar no Steve olhando a blusa transparente dela?
Cerrei a mandíbula e os punhos com força. Senti minha respiração ficar ofegante e a raiva crescer dentro de mim.
– Já entendi. Já entendi tudo. Não se preocupe. Só me diz como posso ajudá-lo a fazer a garota do café se tornar a sua assistente.
Expliquei meu plano, e ela foi atrás da baixinha raivosa.
Quando Karol bateu à porta do meu escritório, eu sabia que minha futura assistente já estaria lá. Achei melhor me recompor antes de virar a cabeira e encarar os olhos tão vívidos dela. Meu membro pulsava por ter revivido toda a história novamente ao contar para Karol. E a raiva de Steve ainda estava centrada nos meus punhos. Respirei fundo, ouvindo-a se aproximar.
Quando me virei para ela, meu coração quase parou por um instante. Ela estava deslumbrante com aquele vestido, assim como eu imaginara. Mantive a serenidade no rosto, mas por dentro eu estava queimando inteiro. Queria pegar ela e... Theodore, pare de pensar besteira! Ela será somente sua assistente! – reverberou uma voz sensata na minha cabeça.
Quando elogiei o vestido, via a surpresa estampada em seu rosto e achei graça quando ela começou a gaguejar, tentando falar. Ela estava bastante desconcertada. Era visível. E quando ela insinuou que eu estava trocando vestido por sexo, não resisti em provocá-la, para ver até onde isso iria. Fui até ela e cheguei tão perto, a ponto de sentir seu perfume doce e suave. Meu coração estranhamente acelerou. Ela tinha o poder de me excitar sem nem me tocar. Era uma mulher perigosa. Eu teria de tomar muito cuidado com ela.
Quando sussurrei em sua orelha, vi as armaduras dela caírem e ela ficar quase entregue à situação. Quase. Era uma mulher durona e não se entregaria tão fácil aos meus encantos. Por isso ela me intrigava tanto. Que outra mulher até hoje já resistira aos meus encantos? Nenhuma, com certeza!
Mas, não foi somente ela que ficou quase entregue. Eu também não estava conseguindo resistir a ela. Aquele perfume parecia me chamar para cheirá-la em seu pescoço, passando os lábios devagar por ele e dando beijos de leve. Eu precisava parar urgente com esses pensamentos, senão ela conseguiria ver meu membro rasgando meu terno de tanta intensidade. Eu nunca me sentira assim antes. O que essa mulher teria que me atraía tanto?
De repente, escutei ela afirmar: “Eu estou sempre certa”. Minha atenção voltou novamente à conversa e não consegui segurar um sorriso. Há quanto tempo eu não sorria de forma tão espontânea? Eu realmente preciso contratá-la e tê-la por perto. Fazia tempo que uma sensação tão gostosa de alegria não me invadia. Ultimamente, era só estresse o que me consumia, ainda mais com meu pai fazendo toda essa cena de não querer falar comigo.
Eu precisava ir ao interior vê-lo de perto, só assim não teria como ele fugir de mim. Posso fazer uma proposta e levar minha nova assistente comigo. Quem sabe ela também não animaria meu velho pai. Ela parecia ter o dom de alegrar todos ao seu redor. Menos quando era contrariada, porque aí virava uma leoa e rosnava sem dó do adversário. Não contive outro sorriso ao me lembrar dela gritando comigo toda lambuzada de café. Era uma baixinha raivosa mesmo. Será que na cama seria tão selvagem assim?
Sacudi a cabeça para espantar esse pensamento e simplesmente falei sem rodeios:
– Eu te chamei aqui para te contratar como minha assistente.
Vi a cor sumindo de seu rosto e suas pernas fraquejando. Achei que ela fosse desmaiar bem ali, no meio do meu escritório.
Pensei que eu fosse desmaiar bem ali. Minhas pernas ficaram fracas e senti o sangue sumir do meu corpo. Tudo o que eu menos precisava era virar assistente do filho do grande inimigo do meu pai. Tom Vanderbilt tinha acabado com a vida da gente. Ele fez meu pai perder o sonho da sua vida e se manter para sempre como um simples professor de empreendedorismo inovador, que nem um negócio próprio tinha – quanta hipocrisia! Isso o revoltou ainda mais. Deixou-o com “uma mão na frente e outra atrás” logo no momento mais importante de sua vida. Tom fechara negócio com os empresários e o deixara de fora do esquema, recebendo sozinho a mais do que generosa comissão pelo contrato firmado de fornecer transporte de qualidade e a baixos custos para facilitar a importação de produtos da Itália, projeto que tinham elaborado juntos nos últimos anos. Era um contrato milionário, e seu sócio o excluíra por puro egoísmo e ambição. Tom, que se dizia o seu melhor amigo, simplesmente virara as costas para ele
Meu pai continuou contando sobre aquele dia fatídico. Disse que acordara animado para a reunião. Diana foi para uma entrevista de emprego, e ele estava se aprontando para ir para a reunião que poderia mudar tudo para eles. Chegaria mais cedo do que o acordado com Tom, pois estava ansioso e não aguentaria ficar mais tempo naquele apartamento vazio, sem ter ninguém com quem desabafar seu nervosismo.Valter foi pegar o celular, que deixara carregando a noite toda. Droga! Viu que o fio não estava encaixado direito e restavam só 10% de bateria. Mas, não tinha problema. Levaria o carregador e carregaria lá no coworking quando chegasse. Até a hora da reunião, já estaria com a bateria cheia.Nesse momento, seu telefone tocou. Atendeu rápido com medo de a bateria acabar e ser algo importante. Era do Lawrence Memorial Hospital. Sentiu a espinha gelar. O que poderia ter acontecido?– Por favor, fale logo do que se trata, a bateria do meu celular está acabando – suplicou Valter.– Sr. Walker, aqu
Senti as mãos grandes e braços musculosos me segurarem por trás e me levarem até o sofá, que ficava em um canto do escritório. Fiquei grata internamente por aquele suporte, pois achei que realmente desmaiaria bem ali, na frente do CEO. Apesar de arrogante, ele até que foi gentil neste momento. Bati os olhos num porta-retrato que estava bem em cima da mesinha de centro, de vidro, que ficava em frente ao sofá de couro caramelo onde Theodore a havia sentado. Meu coração parou por um instante, junto com minha respiração. Era uma foto de Tom Vanderbilt ao lado de uma versão mais jovem de seu filho. Nesta, ele não estava com os olhos furados, mas dava para identificá-lo muito bem. Theodore puxara os olhos dele, agora podia perceber. De repente, caiu em si.– Tire suas mãos de mim! – vociferei, ainda sentindo muito de perto o calor daqueles braços torneados.– Sua ingrata raivosa! Eu estava tentando te ajudar. Você estava prestes a cair dura bem no meio da minha sala – explodiu ele e se afast
Apesar de não querer tocar em Sara devido ao turbilhão de sensações que ela me causava, foi inevitável. Se eu não a segurasse, cairia bem no meio do meu escritório. Apoiei-a com uma mão em suas costas e outra segurando sua mão, direcionando-a ao sofá, para que pudesse repousar. A pele nua das costas em contato com minha mão fazia-me queimar de desejo, querendo descer e tocar seu corpo inteiro. Precisava ser rápido ao colocá-la no sofá, caso contrário, ela acabaria vendo o tamanho do meu desejo através da minha calça, que agora pulsava. Ao sentá-la, fiquei muito próximo do pescoço de Sara, pois o cabelo dela estava preso em um coque formal. Aquele pescoço à mostra me fazia querer beijá-lo de leve, até que todo o corpo dela se arrepiasse em antecipação. Podia ficar horas naquele pescoço, beijando-o e sentindo aquele perfume doce que era só dela. Depois subiria meus dedos por sua nuca, por debaixo dos cabelos e os puxaria para trás, gentilmente, mas com firmeza, fazendo-a arquear o corpo
Aaaargh! Que homem insuportável e mandão! Não acredito que acabou de me obrigar a aceitar ir visitar o pai dele, o maior inimigo de seu pai, única família que lhe restara e que acabara de deixá-la. Valter, definitivamente, devia estar se revirando no túmulo de tanta decepção da filha. Eu sentia como se estivesse traindo a única pessoa que nunca me abandonou, que esteve ao meu lado em tudo, momentos bons ou ruins. Como eu odiava aquele Vanderbilt filho, do mesmo modo como cresci odiando o pai e o avô dele. Deus me livre lhe passar meu endereço. Aí ele, no mínimo, desconfiaria de quem eu era filha, meu segredo seria revelado e perderia o único emprego que me permitiria pagar mais rápido as dívidas deixadas pelo pai. Era uma família de esnobes, que achava que podia comprar as pessoas.O próprio pai do Tom, depois da traição toda, quis recompensar meu pai com algumas migalhas de dinheiro. Meu pai, orgulhoso demais, jamais aceitou. Naquele dia em que ligou para o amigo, para contar o motiv
Era tarde da noite quando meu celular tocou. Quem seria a uma hora dessas? Ninguém nunca me ligava, muito menos à noite. Corri para atender. Podia ser alguma emergência com meu pai. Olhei o visor: Sara. O que, diabos, ela queria assim tão tarde? Será que queria cancelar a viagem de amanhã? Ah, mas isso ela não ia fazer mesmo. Atendi já com a raiva à flor da pele.– Alô – rosnei.– Sr. Vanderbilt? – ouviu-a dizer, com a voz trêmula de quem estava com medo. Seu corpo inteiro gelou.– Sara? O que houve? – questionei em tom mais acolhedor, mas ela teve uma crise de choro e não conseguia mais falar. Do outro lado do telefone, eu só conseguia ouvi-la se debulhando em lágrimas. Me senti completamente impotente. Um senso protetor me dominou e quis ir correndo tirá-la de qualquer sufoco que estivesse passando. Colocaria Sara em seus braços e não permitiria que nada a atingisse.– Me envia sua localização, Sara. Estou indo para aí agora.Ela devia estar mesmo desesperada, porque assim que desli
Me escondi entre uns cilindros de metal gigantes que ficavam no terraço. Coloquei minhas sacolas no chão e me sentei, apoiando meus braços e cabeça em minhas pernas dobradas. Estava difícil respirar. Tentei manter a calma, mas eu só conseguia visualizar minha sala toda revirada. Meu abajur preferido espatifado no chão. Cola nenhuma conseguiria resgatar meu fiel amigo de leituras noturnas.Assim que desliguei com o Sr. Vanderbilt, enviei a localização e me senti um pouco mais calma. Algo na voz dele me passou muita segurança. Estou indo para aí agora, dissera assim que percebeu meu desespero. Era bom saber que tinha alguém que se preocupava comigo, mesmo que fosse alguém como ele. Até deixei um pouco, só um pouco, a rivalidade de lado. Mas foi por puro desespero mesmo.Ouvi um estrondo quando a porta do terraço se abriu e gritei. Que ótimo! Agora saberiam onde eu estava escondida! Outra onda de desespero começou a me dominar e a querer impedir minha respiração. Me preparei para correr.
Como estava descobrindo mais sobre Sara naquele dia. Não tinha ideia de que ela perdera o pai recentemente. Fiquei muito furioso de saber que o homem tinha feito tantas dívidas e as deixado de herança para a filha. Ainda mais com um agiota! O que ele tinha na cabeça para fazer uma coisa dessas? Não contive minha ira e acabei chamando-o de irresponsável sem pensar. Sara não merecia me ouvir falar do pai recém-falecido em um momento em que ela já estava frágil. Só pioraria sua fragilidade. Mas engano meu. Em vez de ficar ainda mais vulnerável, Sara virou uma leoa raivosa. Quase sorri quando ela começou a gritar comigo. Minha Senhorita Encrenca estava de volta.Mantive o semblante sério para não parecer que eu estava zombando dela, caso sorrisse. Mas a verdade é que eu estava muito orgulhoso da mulher corajosa que Sara estava se mostrando. Gostei de ver a frag