Dou uma última tragada no cigarro, o apagando em seguida no cinzeiro e deixando somente o filtro no lugar. Caminho novamente até a sala enquanto termino de tomar o café, deixo a xícara em cima da bancada e pego minha roupa, a colocando ali mesmo.
Calça preta e camisa social branca, era esse o traje composto da cafeteria. Dobro as mangas até os cotovelos, para não ser cozido pelo sol que está lá fora. Coloco celular no bolso e pego as chaves do carro em cima da mesa, sigo até a porta e antes de trancá-la verifico se não falta nada.
— Carteira? — Bato as mãos no bolso da calça. — Droga viu! — Entro novamente no apartamento e bato o olho em cima dos móveis procurando a carteira, a encontro em cima do sofá. Coloco no bolso e sigo novamente para a porta e dessa vez a tranco, descendo as escadas em seguida.
— Bom dia senhor Carter. — Dona Abigail me cumprimenta como em todas as manhãs.
— Bom dia Abigail. Como vai? — Dou um beijo leve em sua bochecha, a fazendo corar. Abigail era a mais antiga moradora dali mesmo suas feições não deixando muito transparente a sua idade, eu sabia que já havia passado dos 60 anos.
— Depois desse beijo, muito melhor. — Ela colocou a mão na bochecha ainda corada. — Ah se eu fosse mais nova...
— Eu me casava com a senhora. — Dei uma piscadinha e suas bochechas coraram mais, me fazendo rir. — Agora tenho que ir Gail. O batente me espera.
Desci os dois lances de escadas que tinha e segui até a portaria. Senhor Joseph abriu o portão para mim e me cumprimentou como fazia sempre.Segui até a garagem do apartamento e pulei para dentro do carro sem precisar abrir a porta. Ter um porshe 365 conversível tem suas vantagens. Mais um presente do Senhor John, esse carro era o xodó do meu avô e consequentemente o meu também. Dom ficou puto quando meu avô me deu. Meu irmão era louco para vender esse carro e meu avô sabia muito bem disso.Passei os dedos pelo volante, admirando essa belezinha.Nunca na vida que eu vendo esse carro.Meu irmão me infernizava a vida para vender o carro e dividir o dinheiro com ele. Já tinha até comprador disposto a dar 250 mil em dinheiro vivo por ele. Mas eu recusava todas as investidas do Dom e ele seguia me aporrinhando a 3 anos, desde quando nosso avô faleceu. E eu seguia dizendo um não atrás do outro.Girei a chave na ignição e assim que ouvir o barulho do motor, deu ré para sair da garagem e a fechei em seguida pelo controle. Liguei o som e tocava uma das músicas que mais amava na rádio. Eu tamborilava os dedos no volante enquanto seguia pela Forest Ave em direção a 7th avenida em Manhattan. Do Queens até lá dava em torno de 30 minutos num bom dia sem trânsito e 1 hora num dia de trânsito. Como eu odiava transito eu sempre saia de casa fora do horário de pico, o que me dava quase 1 hora adiantada do meu horário padrão.Coloquei meus óculos escuros no rosto e cantei em plenos pulmões o último refrão da música, batucando os dedos na lateral da porta. O vento batia com tanta rapidez em meu rosto, me avisando que já estava chegando a 80 km/h e eu não estava nenhum pouco disposto a diminuir. Virei na Maurice Ave no mesmo momento que outra música começou a tocar, fazendo meus dedos acompanharem o tamborilar no mesmo ritmo da melodia. Fui obrigado a desacelerar a velocidade quando o farol fechou.Comecei a cantar assim que parei no farol, olhei para o lado e vi duas garotas me olhando de dentro do carro. Sem interromper a cantoria e com o meu melhor sorriso, baixei os óculos e dei uma piscadinha para às duas. Elas riram e retribuíram o gesto. Fui dispersado da paquera assim que o carro de trás buzinou e me xingando avisou que o farol estava aberto.Cheguei na Coffee and prose, abri o porta luvas e peguei as chaves da loja desligando o som logo em seguida. Optei por fechar a capota do carro antes de seguir até a cafeteria. Sempre estacionava o carro no mesmo local, na esquina da cafeteria.Assim que girei a chave na fechadura da cafeteria, senti meu celular vibrando, virei a tela e era uma mensagem da Heather, a barista do local.“Vou me atrasar alguns minutos!”
— Novidade Heather... — Revirei os olhos em desaprovação. — Depois reclama que eu pego muito no pé.
— Falando sozinho novamente maninho? — Reconheci a voz de longe. — Daqui a pouco fica senil hein... — Dom provocou enquanto entrava na cafeteria.Era padrão ele chegar sempre no mesmo horário, quando o relógio batia 8:00 horas ele entrava pela porta.— Cala a boca Dominic! — O repreendi enquanto o abraçava. — Heather me tirando do sério novamente.— Ih! Você dois vão se casar ainda viu... — Ele rogou enquanto ria.— Deus me livre! — Bati na madeira do balcão. — Casamento? Eu? — Apontei para mim mesmo enquanto ria daquele absurdo. — Nem morto meu irmão. Prefiro deixar isso para você mesmo... — Dei dois t***s no peito dele.— Já ouviu a frase: quem desdenha, quer comprar? — Ele deu uma piscadinha para mim. — Cai como uma luva para vocês dois! — Mostrei o dedo do meio para ele.— Só pego ela quando minha vida depender disso, ou meu emprego... — Dei de ombros. — Duas coisas totalmente impossíveis de acontecer!
Amarrei meu cabelo num coque, enquanto Abby acelerava o carro sentido a Manhattan. Do Brooklyn para lá levava cerca de 50 minutos de transporte público e 40 de carro. Mas considerando a velocidade que Abby estava, chegaríamos em menos de 35 minutos. E eu estava torcendo para isso. Eu morava mais necessariamente em Crown Heights, na Albany Ave com a Eastern Parkway.— Ethan vai arrancar meu fígado e comer na minha frente, por mais um atraso... Merda! — Me repreendi enquanto terminava de passar maquiagem no rosto.— Eu queria que ele comesse outra coisa minha... — Abby deu um estalo com a boca de excitação. — Ver aquele homem todo tatuado em cima de mim... Meu sonho de piranha safada.— Ele é todo seu... — Torci o nariz em repulsa. — Não fico com aquele homem nem se minha vida dependesse disso.— Aham... — Ela riu. — Vocês vão acabar transando. E ainda aquele sexo selvagem, de deixar marca e ataque cardíaco no fim. — Mostrei o dedo do meio para ela.— Deus me livre. Corajosa são as mulh
Continuei arrumando as prateleiras em silêncio. Alguns minutos depois entraram os primeiros clientes. O Dom não contava, ele já tinha se transformado em cliente da casa. — Heat... — Ethan não precisou terminar de pronunciar meu nome, eu já estava indo até as clientes. — Bom dia! Bem-vindas na Coffee and prose, o que desejam? — Dei o meu melhor sorriso enquanto pegava o pedido delas. Ambas olhavam para o Ethan, que estava adorando toda aquela atenção. Mais uma para sua lista interminável de mulheres! Enquanto terminava de pegar os pedidos das duas garotas, entraram mais duas. Uma loira toda sorridente e uma morena com a cara fechada. Passei os pedidos para o Ethan, que geralmente ficava responsável em prepara-los enquanto atendia as outras clientes. — Caralho! — Ele falou baixo o bastante para as clientes não ouvirem. — Que gostosa essas duas! — não me contive e revirei os olhos. — Bom dia! O que vão pedir? — nunca vi às duas por aqui. Geralmente boa parte dos nossos clientes são
Cheguei em casa com o relógio batendo 19:00 horas cravadas. Tirei o tênis dos pés e coloquei na sapateira que tinha perto da porta. Passei a chave na porta e decidi ir tomar um banho antes de comer algo e fui tirando a roupa pelo caminho até chegar no banheiro. Deixei a água cair sob os ombros, tentando tirar todo o cansaço em que eu estava. Já estava quase desistindo de sair com a Abby, mas eu sabia que se eu fizesse isso, ela entrava aqui e me levava nem que fosse pelada. Me enrolei na toalha e fui até o meu guarda-roupa, procurar algo decente para vestir. Optei por uma saia justa preta, um body de costa aberta da mesma cor e uma sandália de salto nos pés. Soltei os cabelos e resolvi deixa-los ao natural. Passei uma maquiagem que realçasse meus olhos azuis, marcando bem os olhos e caprichando no rímel e finalizei com um batom nude nos lábios. Admirei meu reflexo no espelho, gostando do que estava vendo e fui até a cozinha, preparar algo rápido para comer.Me sentei no sofá com um l
Meu irmão Dom era uma comédia, e ouvi-lo tagarelando de como eu e a Heather acabaríamos juntos, me fazia rir dessa possibilidade totalmente improvável. Não que eu não a achasse bonita, pelo contrário, ela tinha uma beleza maravilhosa. Assim que a vi entrando pela cafeteria, com seus cabelos castanho claro, reluzindo parecendo ouro e seus olhos azuis que pareciam espelhos do céu. Eu poderia dizer que me apaixonei de imediato. Mas eu sabia que não era homem para ela. Não vou negar que não a cantei, pois eu fiz muito isso por quase 1 ano completo. E em todas as minhas investidas ela negava, mesmo seu corpo dizendo totalmente o contrário, sua boca falava um não atrás do outro. Eu sabia o motivo, eu sou o tipo de homem que não fica com uma mulher só, tive alguns breves relacionamentos e nos poucos que eu me entreguei, eu sai machucado. Então preferi me entregar a vida de cachorro por completo e assumir o que eu sempre fui. Hoje vejo a Heather como funcionária e amiga, alguém do qual eu
O resto do dia passou como um borrão, entrando um cliente atrás do outro, até o horário de fechamento da cafeteria. Quando o relógio bateu 18:00 horas cravadas a Heather quase arrancou o avental e se jogou na cadeira do salão principal, que ficava na frente do caixa. — Porra! Havia me esquecido o quanto era corrido em época de confraternização de fim de ano. — ela reclamava enquanto eu terminava de fechar o caixa. Contando nota por nota para ver se batia com o valor em sistema. Era a parte que eu menos gostava de fazer. Enquanto a respondia, senti seus olhos sob mim, me avaliando e eu daria tudo para saber o que se passava na cabeça dela. Não me imaginava me envolvendo com a Heather, por mais que as vezes batia aquela atração. Eu sabia que nosso envolvimento não daria certo, no fim ela sairia magoada e eu pediria demissão da cafeteria, pois não teria clima para continuar trabalhando no mesmo local. Ethan Carter não era homem de uma mulher só. Terminei de fechar o caixa e no camin
Assim que desliguei o carro e o barulho do motor cessou, apoiei a cabeça sob o volante e fechei os olhos. — Mas que porra que você está fazendo Ethan? — me recriminei pelos pensamentos que torturavam minha mente e nenhum deles eram sadios. Depois de alguns minutos tentando recompor minha sanidade mental, resolvi descer do carro e subir até meu apartamento. Assim que bati a porta, peguei o cigarro do bolso dianteiro da calça e o acendi. Dei uma tragada lentamente, soltando aos poucos a fumaça em formato redondo pela boca, eu adorava brincar com a fumaça dessa forma. Fui até a sacada e me sentei na cadeira de palha que tinha lá, apoiando os pés sob a mesinha de centro enquanto fumava meu cigarro. Assim que bati o filtro sob o cinzeiro senti meu celular vibrando, peguei-o do bolso e vi que era uma mensagem do Dom. “A festa começa as 20:00 horas! Vou te passar o endereço, é próximo da sua casa.” Com todo esse turbilhão de pensamentos havia me esquecido da festa. Eu estava realmente p
Entrei pela porta igual cachorro farejando um cheiro conhecido, parei no batente da cozinha assim que avistei as duas. Abby preparava doses de tequila para ambas, Heather ria enquanto conversava com sua amiga. Ela estava vestindo uma saia, curta e justa que acabava menos de um palmo abaixo da sua bunda, um body preto de costas abertas e uma sandália de salto nos pés. Os cabelos estavam soltos e ainda úmidos, provavelmente devido ao banho recém tomado, seu rosto não carregava mais as feições leves de antes, agora estavam maquiadas, a deixando mais gostosa do que eu pensei que era. Ela estava com postura de mulher, uma mulher que eu nunca na vida imaginei que veria. Pelo fato da diferença de idade entre eu e ela, de 8 anos, eu tendo 35 anos e ela 27 anos, nunca pensei que a veria sem as roupas básicas do serviço e vê-la assim, despertou algo desconhecido em mim. Abby estava gostosa como sempre, vê-la de vestido vermelho e curto, me traziam lembranças muito boas sobre ela. Principalmen
Ela foi a primeira a desviar, seguiu até um balcão de madeira com algumas bebidas e voltou com um copo cheio de algo cor de rosa, com um canudo de mesma cor dentro. — Veio sozinho? — Abby me tirou do meu foco de tentação. — Não... — balancei a cabeça discretamente, tentando recobrar o pouco de juízo que ainda tinha. — Na verdade vim... — Abby me olhava confusa. — Dom me convidou, mas eu vim sozinho de carro. Encontrei com ele depois aqui na festa. E você? Trouxe o Peter? — ergui uma sobrancelha para ela, que caiu na risada. — Claro que não! — ela me deu um tapa no braço. — Peter e eu não temos nada, não tem porque trazê-lo aqui. Vim com a Heather. Ela precisava sair um pouco, se divertir, beijar na boca e quem sabe transar... — essa última parte me pegou em cheio bem no ponto de mais desejo. — Entendi... — me aproximei do ouvido dela e sussurrei baixo. — Vocês vão brincar do jogo das garrafas? — assim que voltei a olhá-la, seus olhos brilharam. — Vão fazer aqui? — ela deu pequeno