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CAPÍTULO DOIS — Ethan Carter

Dou uma última tragada no cigarro, o apagando em seguida no cinzeiro e deixando somente o filtro no lugar. Caminho novamente até a sala enquanto termino de tomar o café, deixo a xícara em cima da bancada e pego minha roupa, a colocando ali mesmo.

Calça preta e camisa social branca, era esse o traje composto da cafeteria. Dobro as mangas até os cotovelos, para não ser cozido pelo sol que está lá fora. Coloco celular no bolso e pego as chaves do carro em cima da mesa, sigo até a porta e antes de trancá-la verifico se não falta nada.

— Carteira? — Bato as mãos no bolso da calça. — Droga viu! — Entro novamente no apartamento e bato o olho em cima dos móveis procurando a carteira, a encontro em cima do sofá. Coloco no bolso e sigo novamente para a porta e dessa vez a tranco, descendo as escadas em seguida.

— Bom dia senhor Carter. — Dona Abigail me cumprimenta como em todas as manhãs.

— Bom dia Abigail. Como vai? — Dou um beijo leve em sua bochecha, a fazendo corar. Abigail era a mais antiga moradora dali mesmo suas feições não deixando muito transparente a sua idade, eu sabia que já havia passado dos 60 anos.

— Depois desse beijo, muito melhor. — Ela colocou a mão na bochecha ainda corada. — Ah se eu fosse mais nova...

— Eu me casava com a senhora. — Dei uma piscadinha e suas bochechas coraram mais, me fazendo rir. — Agora tenho que ir Gail. O batente me espera.

Desci os dois lances de escadas que tinha e segui até a portaria. Senhor Joseph abriu o portão para mim e me cumprimentou como fazia sempre.

Segui até a garagem do apartamento e pulei para dentro do carro sem precisar abrir a porta. Ter um porshe 365 conversível tem suas vantagens. Mais um presente do Senhor John, esse carro era o xodó do meu avô e consequentemente o meu também. Dom ficou puto quando meu avô me deu. Meu irmão era louco para vender esse carro e meu avô sabia muito bem disso.

Passei os dedos pelo volante, admirando essa belezinha.

Nunca na vida que eu vendo esse carro.

Meu irmão me infernizava a vida para vender o carro e dividir o dinheiro com ele. Já tinha até comprador disposto a dar 250 mil em dinheiro vivo por ele. Mas eu recusava todas as investidas do Dom e ele seguia me aporrinhando a 3 anos, desde quando nosso avô faleceu. E eu seguia dizendo um não atrás do outro.

Girei a chave na ignição e assim que ouvir o barulho do motor, deu ré para sair da garagem e a fechei em seguida pelo controle. Liguei o som e tocava uma das músicas que mais amava na rádio. Eu tamborilava os dedos no volante enquanto seguia pela Forest Ave em direção a 7th avenida em Manhattan. Do Queens até lá dava em torno de 30 minutos num bom dia sem trânsito e 1 hora num dia de trânsito. Como eu odiava transito eu sempre saia de casa fora do horário de pico, o que me dava quase 1 hora adiantada do meu horário padrão.

Coloquei meus óculos escuros no rosto e cantei em plenos pulmões o último refrão da música, batucando os dedos na lateral da porta. O vento batia com tanta rapidez em meu rosto, me avisando que já estava chegando a 80 km/h e eu não estava nenhum pouco disposto a diminuir. Virei na Maurice Ave no mesmo momento que outra música começou a tocar, fazendo meus dedos acompanharem o tamborilar no mesmo ritmo da melodia. Fui obrigado a desacelerar a velocidade quando o farol fechou.

Comecei a cantar assim que parei no farol, olhei para o lado e vi duas garotas me olhando de dentro do carro. Sem interromper a cantoria e com o meu melhor sorriso, baixei os óculos e dei uma piscadinha para às duas. Elas riram e retribuíram o gesto. Fui dispersado da paquera assim que o carro de trás buzinou e me xingando avisou que o farol estava aberto.

Cheguei na Coffee and prose, abri o porta luvas e peguei as chaves da loja desligando o som logo em seguida. Optei por fechar a capota do carro antes de seguir até a cafeteria. Sempre estacionava o carro no mesmo local, na esquina da cafeteria.

Assim que girei a chave na fechadura da cafeteria, senti meu celular vibrando, virei a tela e era uma mensagem da Heather, a barista do local.

“Vou me atrasar alguns minutos!”

— Novidade Heather... — Revirei os olhos em desaprovação. — Depois reclama que eu pego muito no pé.

— Falando sozinho novamente maninho? — Reconheci a voz de longe. — Daqui a pouco fica senil hein... — Dom provocou enquanto entrava na cafeteria.

Era padrão ele chegar sempre no mesmo horário, quando o relógio batia 8:00 horas ele entrava pela porta.

— Cala a boca Dominic! — O repreendi enquanto o abraçava. — Heather me tirando do sério novamente.

— Ih! Você dois vão se casar ainda viu... — Ele rogou enquanto ria.

— Deus me livre! — Bati na madeira do balcão. — Casamento? Eu? — Apontei para mim mesmo enquanto ria daquele absurdo. — Nem morto meu irmão. Prefiro deixar isso para você mesmo... — Dei dois t***s no peito dele.

— Já ouviu a frase: quem desdenha, quer comprar? — Ele deu uma piscadinha para mim. — Cai como uma luva para vocês dois! — Mostrei o dedo do meio para ele.

— Só pego ela quando minha vida depender disso, ou meu emprego... — Dei de ombros. — Duas coisas totalmente impossíveis de acontecer!

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