Continuei arrumando as prateleiras em silêncio. Alguns minutos depois entraram os primeiros clientes. O Dom não contava, ele já tinha se transformado em cliente da casa.
— Heat... — Ethan não precisou terminar de pronunciar meu nome, eu já estava indo até as clientes.— Bom dia! Bem-vindas na Coffee and prose, o que desejam? — Dei o meu melhor sorriso enquanto pegava o pedido delas. Ambas olhavam para o Ethan, que estava adorando toda aquela atenção.Mais uma para sua lista interminável de mulheres!Enquanto terminava de pegar os pedidos das duas garotas, entraram mais duas. Uma loira toda sorridente e uma morena com a cara fechada. Passei os pedidos para o Ethan, que geralmente ficava responsável em prepara-los enquanto atendia as outras clientes.— Caralho! — Ele falou baixo o bastante para as clientes não ouvirem. — Que gostosa essas duas! — não me contive e revirei os olhos.— Bom dia! O que vão pedir? — nunca vi às duas por aqui. Geralmente boa parte dos nossos clientes são sempre os mesmos durante a semana.— Hum! Eu quero um cappuccino com creme e um donuts. — A morena pediu e a loira pediu o mesmo. Aceno com a cabeça enquanto anoto e recebo o pagamento de ambas.Entrego o pedido para Ethan, que tem um sorriso descarado na cara. Às duas vão para o próximo balcão para retirar seu pedido.— Preparo com o maior prazer o pedido delas. — Fico de longe observando Ethan paquerar ambas.A morena parece aborrecida, enquanto a loira se derrete pelo Ethan.— A se ela soubesse o quanto ele não presta... — Falo baixo, para mim mesma.A loira continua rindo das investidas do Ethan enquanto a morena revira os olhos. Ambas resolvem sair da cafeteria e eu volto a minha atenção aos clientes que acabaram de entrar.— Elas poderiam passar aqui diariamente. Se quiserem passar na minha cama também, eu aceito!
— Sua cama deve ser pior que cama de motel... Misericórdia! — Solto sem dirigir o olhar a ele.— Quer ir lá para tirar a prova? — Sinto seu hálito em meu pescoço e um pequeno arrepio percorre minha espinha.“Heather Watson! Para com isso!” — Tento me repreender em pensamento.— Tenho certeza que não vai se arrepender! — Ele sussurra em meu ouvido enquanto aperta minha cintura delicadamente.— Sai daqui, Ethan! — Dou um tapa na mão dele e me afasto.Tento controlar a respiração que ficou ofegante do nada.
Realmente eu precisava transar. Fazia meses que eu não sabia o que era isso, desde o meu último breve relacionamento. Tão breve que não durou nem um mês, o cara era mais galinha que o Ethan, se é que isso era possível.— Vai dizer que você não gostou? — Ele se aproximou dando risada. — Eu vi você se arrepiando Heat. — Ethan mordeu o lábio.— Claro, tem como não se arrepiar com uma assombração? — Rebati sua cantada e ele arqueou a sobrancelha.— Se me visse pelado tenho certeza que mudaria de ideia... — Como ele era convencido.— Deus me livre! Ia me traumatizar ainda mais com isso! — Me aproximei dele e dei um tapinha em seu ombro. — Para de ser tão convencido Ethan! Você sabe que nunca vamos ter nada. — Virei as costas e fui até a cafeteira para reabastecer.— Eu sei... — Dava para notar o riso em sua voz. — Mas eu gosto de te provocar! Você é a única mulher que não sinto atração.— Aleluia, pai! — Ergui as mãos para cima. — Que Deus conserve assim!O resto do dia passou como um furacão. Atendi um cliente após o outro, mal tendo tempo para respirar.Me senti agradecida quando o relógio bateu 18:00 horas, me avisando que meu expediente havia chegado ao fim. Desamarrei o avental e joguei em cima da mesa enquanto me jogava na cadeira.— Porra! — Deitei a cabeça sob a madeira da mesa. — Havia me esquecido o quanto era corrido em época de confraternização de fim de ano. — Ethan terminava de fazer o fechamento do caixa. — Estou morta de cansaço.— Se acostume, que é daí para pior. Você já sabe a correria que é. — Ele deu de ombros. — E logo mais nós fechamos por uns dias também. Dá para descansar e recuperar as energias. — Ele tinha os olhos sob as notas de dinheiro do caixa, contando uma a uma. Nesse momento pude perceber que ele também tinha sua beleza.Quando cheguei na cafeteria, confesso que tive uma queda pelo Ethan. Ele vivia me chamando para sair e eu sempre recusava, por vergonha e por já saber a fama que ele tinha. Acredito que convivendo com ele, durante os 2 anos que estou aqui, acredito que desencantei. Mas não me impedia de acha-lo bonito.— Por que você é assim? — Peguei ele de surpresa com a pergunta.— Assim como? — Ele ergueu os olhos até mim, seu olhar era de pura curiosidade.— Cafajeste... — Tamborilei os dedos na mesa, soltando na lata a resposta. — O tipo de homem que nunca se casou, não tem filhos e nunca teve um relacionamento sério.— Já tive um relacionamento sério... — Essa eu não esperava. Arregalei os olhos e estava com a boca entre aberta de espanto. — O que foi? — Ele começou a rir.
— Ethan Carter já namorou? — Levei a mão até a boca, para esconder o riso. — Essa eu não esperava. — Levantei e fui até o balcão. Apoiei os cotovelos sob ele e o queixo nas mãos. — E o que houve? — Eu estava me corroendo de curiosidade.— Não deu certo ué. — Ele deu de ombros. — Como todos os relacionamentos. Então percebi que sou melhor sozinho e eu gosto disso.— Ninguém gosta de ficar sozinho... Não para sempre! — Tamborilei os dedos no balcão.— E você está sozinha por quê? — Ele terminou de guardar as notas no caixa, o fechando em seguida e voltando sua atenção totalmente para mim.— Acredito que não achei ninguém legal ainda... — Dei de ombros. :— Meu irmão é louco para ficar com você. — Ele deu uma piscadela para mim e eu comecei a rir. — Você não é de se jogar fora Heather. Te acho muito bonita, só não faz meu tipo. — Ele encolheu os ombros e ergueu as mãos. — Mas faz o tipo do meu irmão.— Dom é lindo, mas é romântico demais. Não estou numa fase para relacionamentos. — Baixei os olhos para o balcão, enquanto meu indicador passava por cima da bancada. Fazendo movimentos aleatórios sob as várias marcas e riscos que o tempo e os vários clientes deixavam.— Dom é um romântico incurável mesmo. — Ele deu um tapinha no balcão, chamando minha atenção. — Quer carona para casa? — Seus olhos castanho-claro me encarava. Meneei a cabeça de um lado para o outro, cogitando o convite. — Pegar metro nesse horário vai ser um inferno. Mas... — Ele deu a volta no balcão, pegando suas coisas enquanto ia em direção a porta. — Você quem sabe!— Ta bom. Eu aceito! — Peguei minhas coisas sob a mesa e fui em sua direção. Parando na quina da porta, nossos corpos estavam quase colados. — Mas sem gracinha Ethan! — Apontei um dedo para ele e tive que erguer bem o pescoço para conseguir olhar para o seu rosto.— Eu prometo! — Ele ergueu às duas mãos.Sai da cafeteria e aguardei enquanto ele trancava tudo. Seguimos ambos para seu carro em silêncio e antes de destravar as portas, ele abriu a capota como sempre fazia. Ethan me dava carona algumas vezes na semana, geralmente nos dias em que ele não me tirava muito do sério, ou nos dias em que ele não saia cedo para transar com alguém.Ele ligou o som assim que entramos no carro, a voz de uma banda antiga do que gostava invadiu o carro, cantando bem na melhor parte da música.Ethan girou a chave na ignição e deu ré para sair da vaga e pegar a 7th avenida, sentido Brooklyn.Cheguei em casa com o relógio batendo 19:00 horas cravadas. Tirei o tênis dos pés e coloquei na sapateira que tinha perto da porta. Passei a chave na porta e decidi ir tomar um banho antes de comer algo e fui tirando a roupa pelo caminho até chegar no banheiro. Deixei a água cair sob os ombros, tentando tirar todo o cansaço em que eu estava. Já estava quase desistindo de sair com a Abby, mas eu sabia que se eu fizesse isso, ela entrava aqui e me levava nem que fosse pelada. Me enrolei na toalha e fui até o meu guarda-roupa, procurar algo decente para vestir. Optei por uma saia justa preta, um body de costa aberta da mesma cor e uma sandália de salto nos pés. Soltei os cabelos e resolvi deixa-los ao natural. Passei uma maquiagem que realçasse meus olhos azuis, marcando bem os olhos e caprichando no rímel e finalizei com um batom nude nos lábios. Admirei meu reflexo no espelho, gostando do que estava vendo e fui até a cozinha, preparar algo rápido para comer.Me sentei no sofá com um l
Meu irmão Dom era uma comédia, e ouvi-lo tagarelando de como eu e a Heather acabaríamos juntos, me fazia rir dessa possibilidade totalmente improvável. Não que eu não a achasse bonita, pelo contrário, ela tinha uma beleza maravilhosa. Assim que a vi entrando pela cafeteria, com seus cabelos castanho claro, reluzindo parecendo ouro e seus olhos azuis que pareciam espelhos do céu. Eu poderia dizer que me apaixonei de imediato. Mas eu sabia que não era homem para ela. Não vou negar que não a cantei, pois eu fiz muito isso por quase 1 ano completo. E em todas as minhas investidas ela negava, mesmo seu corpo dizendo totalmente o contrário, sua boca falava um não atrás do outro. Eu sabia o motivo, eu sou o tipo de homem que não fica com uma mulher só, tive alguns breves relacionamentos e nos poucos que eu me entreguei, eu sai machucado. Então preferi me entregar a vida de cachorro por completo e assumir o que eu sempre fui. Hoje vejo a Heather como funcionária e amiga, alguém do qual eu
O resto do dia passou como um borrão, entrando um cliente atrás do outro, até o horário de fechamento da cafeteria. Quando o relógio bateu 18:00 horas cravadas a Heather quase arrancou o avental e se jogou na cadeira do salão principal, que ficava na frente do caixa. — Porra! Havia me esquecido o quanto era corrido em época de confraternização de fim de ano. — ela reclamava enquanto eu terminava de fechar o caixa. Contando nota por nota para ver se batia com o valor em sistema. Era a parte que eu menos gostava de fazer. Enquanto a respondia, senti seus olhos sob mim, me avaliando e eu daria tudo para saber o que se passava na cabeça dela. Não me imaginava me envolvendo com a Heather, por mais que as vezes batia aquela atração. Eu sabia que nosso envolvimento não daria certo, no fim ela sairia magoada e eu pediria demissão da cafeteria, pois não teria clima para continuar trabalhando no mesmo local. Ethan Carter não era homem de uma mulher só. Terminei de fechar o caixa e no camin
Assim que desliguei o carro e o barulho do motor cessou, apoiei a cabeça sob o volante e fechei os olhos. — Mas que porra que você está fazendo Ethan? — me recriminei pelos pensamentos que torturavam minha mente e nenhum deles eram sadios. Depois de alguns minutos tentando recompor minha sanidade mental, resolvi descer do carro e subir até meu apartamento. Assim que bati a porta, peguei o cigarro do bolso dianteiro da calça e o acendi. Dei uma tragada lentamente, soltando aos poucos a fumaça em formato redondo pela boca, eu adorava brincar com a fumaça dessa forma. Fui até a sacada e me sentei na cadeira de palha que tinha lá, apoiando os pés sob a mesinha de centro enquanto fumava meu cigarro. Assim que bati o filtro sob o cinzeiro senti meu celular vibrando, peguei-o do bolso e vi que era uma mensagem do Dom. “A festa começa as 20:00 horas! Vou te passar o endereço, é próximo da sua casa.” Com todo esse turbilhão de pensamentos havia me esquecido da festa. Eu estava realmente p
Entrei pela porta igual cachorro farejando um cheiro conhecido, parei no batente da cozinha assim que avistei as duas. Abby preparava doses de tequila para ambas, Heather ria enquanto conversava com sua amiga. Ela estava vestindo uma saia, curta e justa que acabava menos de um palmo abaixo da sua bunda, um body preto de costas abertas e uma sandália de salto nos pés. Os cabelos estavam soltos e ainda úmidos, provavelmente devido ao banho recém tomado, seu rosto não carregava mais as feições leves de antes, agora estavam maquiadas, a deixando mais gostosa do que eu pensei que era. Ela estava com postura de mulher, uma mulher que eu nunca na vida imaginei que veria. Pelo fato da diferença de idade entre eu e ela, de 8 anos, eu tendo 35 anos e ela 27 anos, nunca pensei que a veria sem as roupas básicas do serviço e vê-la assim, despertou algo desconhecido em mim. Abby estava gostosa como sempre, vê-la de vestido vermelho e curto, me traziam lembranças muito boas sobre ela. Principalmen
Ela foi a primeira a desviar, seguiu até um balcão de madeira com algumas bebidas e voltou com um copo cheio de algo cor de rosa, com um canudo de mesma cor dentro. — Veio sozinho? — Abby me tirou do meu foco de tentação. — Não... — balancei a cabeça discretamente, tentando recobrar o pouco de juízo que ainda tinha. — Na verdade vim... — Abby me olhava confusa. — Dom me convidou, mas eu vim sozinho de carro. Encontrei com ele depois aqui na festa. E você? Trouxe o Peter? — ergui uma sobrancelha para ela, que caiu na risada. — Claro que não! — ela me deu um tapa no braço. — Peter e eu não temos nada, não tem porque trazê-lo aqui. Vim com a Heather. Ela precisava sair um pouco, se divertir, beijar na boca e quem sabe transar... — essa última parte me pegou em cheio bem no ponto de mais desejo. — Entendi... — me aproximei do ouvido dela e sussurrei baixo. — Vocês vão brincar do jogo das garrafas? — assim que voltei a olhá-la, seus olhos brilharam. — Vão fazer aqui? — ela deu pequeno
A conversa com a Abby fluía de uma forma natural, ela é uma mulher extremamente cativante, engraçada e muito inteligente, com uma língua afiadíssima — para muitas coisas — nunca ficava por baixo em situações de estresse. E a melhor parte, ela lidava bem com o fato de nós dois sermos somente sexo um para o outro. — Então vamos jogar? — Dom chegou por trás, quase me deixando surdo. — O porra! — coloquei a mão livre no ouvido, tentando diminuir o zumbido deixado pelo seu grito. — Fala baixo caralho! — quando me virei o vi abraçado com a mesma mulher que eu peguei no começo da festa. Meu meio sorriso levantou, a fazendo rir e em seguida sorrir também. — Patrice, prazer! — ela esticou a mão para mim e eu apertei. — Ethan, o prazer é, meu... — ambos rimos novamente. — Dom arranjou uma gata para passar a noite. — deu um tapa com um pouco mais de força em seu ombro, afim de descontar minha quase surdez nele. — Milagres acontecem mesmo! — eu e as meninas rimos, e Dom me mostrou o dedo do m
Sentir os lábios dele nos meus, era como sentir o calor de um dia de verão. Me aquecia de dentro para fora. Entrelacei meus dedos em seus cabelos, nossos corpos se pressionavam um contra o outro. Pedindo, implorando por mais daquele toque. A cada toque da sua língua com a minha, eu me sentia mais familiarizada com seu beijo e ansiava por mais disso. Suas mãos desceram delicadamente até minha bunda e um arrepio percorreu cada centímetro de mim quando seus dedos tocaram a pele exposta da minha coxa. Soltei um gemido longo e sôfrego entre os lábios. Seus dedos cravaram nas minhas coxas, enquanto ele me levantava e pressionava meu corpo contra a parede do pequeno cômodo. Entrelacei minhas pernas em volta de sua cintura e já conseguia sentir sua ereção pressionando entre minhas pernas. Nossas respirações aceleradas e os batimentos desenfreados se misturavam junto com os gemidos roucos que ele soltava de segundo em segundo. Ele estava chegando ao delírio, junto comigo. Nosso beijo ficou m