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CAPÍTULO CINCO — Heather Watson

Cheguei em casa com o relógio batendo 19:00 horas cravadas. Tirei o tênis dos pés e coloquei na sapateira que tinha perto da porta. Passei a chave na porta e decidi ir tomar um banho antes de comer algo e fui tirando a roupa pelo caminho até chegar no banheiro. Deixei a água cair sob os ombros, tentando tirar todo o cansaço em que eu estava. Já estava quase desistindo de sair com a Abby, mas eu sabia que se eu fizesse isso, ela entrava aqui e me levava nem que fosse pelada.

Me enrolei na toalha e fui até o meu guarda-roupa, procurar algo decente para vestir. Optei por uma saia justa preta, um body de costa aberta da mesma cor e uma sandália de salto nos pés. Soltei os cabelos e resolvi deixa-los ao natural. Passei uma maquiagem que realçasse meus olhos azuis, marcando bem os olhos e caprichando no rímel e finalizei com um batom nude nos lábios. Admirei meu reflexo no espelho, gostando do que estava vendo e fui até a cozinha, preparar algo rápido para comer.

Me sentei no sofá com um lanche de peito de peru e um suco de laranja no colo. Aproveitava o silêncio do ambiente enquanto comia. Meu apartamento era o local que eu mais gostava de ficar. Decoração simples, em tons pasteis e branco, com alguns detalhes no rosa. Decorá-lo foi a melhor parte para mim, cada mês me encarregava de arrumar um cômodo. Decorei cada cantinho com o meu coração e minha maior felicidade era vê-lo do jeito que eu sempre sonhei. Minha decoração era simples, já que meu salário não era lá aquelas coisas, mas me ajudava a me manter. O aluguel era bem mais baixo do que o habitual e agradecia isso ao fato da minha mãe conhecer o proprietário, o que me ajudou muito. Ele baixou quase na metade o valor, fazendo assim entrar no meu orçamento.

Terminei de comer e fui escovar os dentes, acabei tendo que retocar o batom. Ouvi a campainha tocar enquanto fazia isso, deduzi que fosse a Abby. Corri até a porta para abrir e deparar com uma loira dos olhos azuis linda e super bem vestida, que se denominava minha melhor amiga.

— UAU! — Ela exclamou surpresa. — Como você está gata Heat! — Ela adentrou o apartamento.

— Você também está linda Abby. — Ela estava com um vestido vermelho, tomara que caia, cheio de brilho e com uma fenda na lateral e um par de scarpin preto nos pés. Seus cabelos estavam presos de um lado com alguns grampos e solto do outro.

— Obrigada. — Ela segurou na ponta do vestido e deu uma leve agachada, agradecendo. — Está pronta?

— Calma ai! — Corri até o quarto e peguei meu perfume na estante. Espirrei um pouco do meu perfume nos pontos chaves do corpo, nas juntas dos cotovelos, nos pulsos, um pouco atrás da orelha e no meio do meu decote. — Agora estou pronta! — Fui em direção a Abby. — Vamos? — Ela concordou com a cabeça e saímos do apartamento, sem esquecer de trancar a porta.

— Onde é a festa? — Perguntei enquanto descíamos as escadas. Eu morava no terceiro andar de um prédio de cinco andares. Era um daqueles prédios antigos, mas muito bem conservados.

— No Queens. Na casa de um amigo meu. — Ela respondeu enquanto íamos em direção a portaria. Seu carro estava parado na frente do meu portão. Era um porshe panamera vermelho, modelo quase do ano e foi presente do pai dela para o seu aniversário. 

Até hoje me pergunto por que ela trabalhava? Abby vinha de uma família classe alta de Nova York, seu pai era dono de uma enorme rede de lojas de joias de alto padrão. Abby trabalhava numa filial que tinha próximo a Times Square.

— Ainda não sei por que você trabalha? — Perguntei enquanto entrava no carro.

— Porque eu gosto ué. — Ela deu de ombros enquanto ligava o carro. — Gosto de ver meu salário caindo todo mês na conta e de fazer algo da minha vida. Por mais que meu salário seja pago pelo meu pai, eu gosto de merecer recebe-lo.

— Gosta de se sentir útil. — Ela confirmou com a cabeça. — Justo!

Chegamos na festa em torno das 22:00 horas. Haviam diversos carros parados em frente a uma enorme casa de 3 andares. Várias pessoas na frente, bebendo e rindo, alguns casais se beijando e outros quase transando ali mesmo, para todos verem. Abby estacionou um pouco mais distante da casa, por segurança para seu carro.

Arrancamos alguns olhares e elogios assim que descemos do carro. Alguns homens me chamaram a atenção.

— Pronta para a diversão? — Abby perguntou enquanto subíamos os degraus na frente da porta de entrada.

— Com toda certeza! — Assim que entramos pela porta, meus ouvidos foram inundados por várias vozes. A casa estava lotada de gente e ao fundo a música tocava alto.

Segui a Abby até um cômodo que parecia ser a cozinha. O local era bastante amplo, tinha várias bebidas em cima da ilha, localizada bem no centro do local. Abby foi até elas e pegou algumas garrafas na mão procurando nos rótulos dela algo que a agradasse.

— Achei! — Ela levantou uma garrafa com um líquido de cor marrom, que reconheci logo de cara. — Tequila! — Ela deu a volta na ilha, procurando os copos corretos para servir a bebida. Quando retornou ao meu lado estava com dois copos martelinhos nas mãos, limão e sal nas mãos também. Ela serviu cada um deles, até o topo, cortou o limão no meio, me deu uma parte e ficou com a outra. Abri o sal e coloquei um pouco na mão, entre o dedão e o indicador, ela fez o mesmo. — Pronta?

— Com certeza! — Levantei o copo e comecei a pronunciar nosso mantra. — Arriba...

— Abajo... — Ela prosseguiu, abaixamos um pouco os copos.

— Al centro... — Batemos um copo no outro, antes de finalizar a brincadeira. — Y adentro! — Falamos em simultâneo, antes de lamber o sal. Tomamos a tequila e finalizamos chupando o limão em seguida. — Eita porra! — Tremi o corpo todo a medida que sentia a garganta esquentar com o teor alcoólico da tequila. — Essa desceu queimando a garganta! — Abby sacudia as mãos dando risada.

— Essa é das boas! — Ela pegou a garrafa nas mãos para olhar o rótulo. — Bora! Mais uma? — Concordei de imediato.

E assim foram mais quatro doses de tequila. Me deixando totalmente solta e pronta para aproveitar a noite.

Fomos seguindo o barulho da música, até chegar aos fundos da casa, com uma piscina e um enorme quintal, abarrotado de gente. Assim que entramos avistamos uma enorme caixa de som, a voz de algum cantor animado saia pelos altos falantes dela, cantando uma música dançante e perfeita para a ocasião. Sem perceber eu já tinha o quadril rebolando ao som da música, Abby me acompanhava na dança, com os olhos fechados como se cada nota musical pudesse penetrar sua pele.

Eu rebolei até quase o chão, sem me importar com os olhares de ninguém. Nós duas dançávamos juntas, enquanto riamos sob efeito do álcool e da música. Até que um par de olhos me chamou atenção, ele me avaliava da cabeça aos pés, mordendo a ponta do lábio inferior e os braços cruzados, exibindo as tatuagens que eu já estava familiarizada.

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