Ingrid não podia mentir para si mesma, a verdade é que o professor Matthis lhe causou uma excelente primeira impressão, desde a primeira reunião onde se conheceram.
Apesar da arrogância e o instinto de superioridade, algo que ela notou fazer parte de quem ele era, Matthis também é um homem desinibido, extremamente inteligente, ótimo com as palavras e um perfeito cavalheiro, chegando a ser até divertido e engraçado, características que notou nas últimas reuniões que tiveram.
A verdade é que a jovem sempre preferiu relacionamento com homens mais velhos e já teve alguns em sua vida. Era muito namoradeira em um passado não tão distante e quando entra em um relacionamento entra de cabeça mesmo, dando tudo de si para fazer funcionar. Sempre buscou deixar às claras aos homens com quem se relacionou o que queria. Em algum momento de sua vida almejou um romance épico, em outro apenas sexo. Não importava o que queria, sempre deixava claro para o parceiro logo no início para ninguém sair ferido depois.
Durante a graduação era frequentadora assídua de festas, não é porque era excelente aluna que deixava de aproveitar a vida, e foi durante esse período que mais teve relacionamentos, entretanto ainda não conheceu aquele que acendeu aquela chama de uma paixão inesquecível ou seu romance épico, o que a levava de volta a Matthis. Ele é exatamente o tipo de homem que lhe chama a atenção e às vezes precisa fazer um enorme esforço para não demonstrar isso, afinal ele é seu professor e isso lhe poderia trazer grandes problemas se fosse descoberto.
Quando recebeu um e-mail dele sugerindo sobre a reunião ser em sua casa inicialmente relutou. Não achava certo isso e se descobrissem poderia ser ruim para ambos, contudo pensou melhor e decidiu aceitar, afinal não havia nada demais nisso.
Olhou novamente para seu relógio de cabeceira e percebeu que já estava na hora de sair. Chovia um pouco na capital gaúcha, mas não era nada demais. Como não tinha um carro pediria um uber até a residência do professor.
Manuela não se encontrava em casa então apenas escreveu um bilhete o deixando colado na porta da geladeira explicando que havia saído e voltaria mais tarde, pois apesar de não terem uma amizade sólida, ainda assim se preocupavam uma com a outra e não custava nada avisar.
Assim que ela deixou o apartamento e abriu o aplicativo do uber, ouviu aquela voz que ainda a intimidava.
ㅡ Ingrid. ㅡ Virou-se e encontrou Matthis vestido como sempre elegantemente, com uma blusa social vinho, calça preta e sapatos de mesma cor da calça.
ㅡ Senhor Andreassen? ㅡ questionou confusa e se aproximou cautelosamente enquanto segurava a alça de sua bolsa com firmeza.ㅡ O que faz aqui?
ㅡ Já disse que fora da universidade pode me chamar apenas de Matthis, Ingrid. Vim buscá-la, não me agradava em nada a ideia de você andando sozinha de uber à essa hora. ㅡ disse com postura rígida.
ㅡ Mas não iria demorar tanto, não precisava ter tido todo esse trabalho de vir me buscar.
ㅡ Não questione minhas decisões, Ingrid. Agora vamos antes que comece a chover mais forte. ㅡ disse caminhando para o lado exterior e após ela revirar os olhos por sua postura o seguiu.
ㅡ Como sabia onde moro? ㅡ Ela questionou já dentro do carro para quebrar o silêncio enquanto o observava dirigir calmamente e com concentração.
ㅡ Você me disse uma vez. ㅡ disse simples e ela franziu o cenho.
ㅡ Eu disse? ㅡ perguntou ㅡ não me recordo.
ㅡ É claro que disse, não tenho porquê mentir.
Ingrid tentou puxar no mais profundo de sua mente a ocasião em que deu essa informação para ele, porém falhou miseravelmente.
ㅡ Não pense muito, Ingrid. ㅡ ele continuou sua fala, encarando a estrada a sua frente. ㅡ Se eu falei que você me falou é porque falou, acredito que minha palavra basta.
Ingrid não disse nada e após isso um silêncio sepulcral se instalou no interior do veículo, só sendo interrompido por uma freada brusca no carro dada por Matthis.
ㅡ Caralho, porra de imbecil que não sabe dirigir direito. ㅡ resmungou e deu um soco no volante, assustando Ingrid que não esperava aquela reação vinda dele.
Segundos se passaram até ele normalizar seu humor e logo colocar o carro novamente em movimento, fazendo com que chegassem em sua residência em questão de minutos.
Surpresa era pouco para como Ingrid estava, na verdade ela estava estupefata.
A casa era enorme, linda e que remetia ao estilo vitoriano. Enquanto Matthis colocava o carro na garagem ela observava tudo ao redor, logo notando algo que não tinha percebido antes, a falta de vizinhos. Era literalmente um lugar isolado de tudo, aquela casa era a única ali. De imediato tratou de questionar isso.
ㅡ Por que uma casa tão isolada de tudo? Onde estão os vizinhos? ㅡ demonstrou curiosidade ao vê-lo retornar e indicá-la o caminho para onde deveria seguir.
ㅡ Eu odeio ter vizinhos, são inconvenientes e não preciso deles. ㅡ disse sério ㅡ agora esquece isso e vamos entrar.
Ela deu de ombros e assim o fez.
Por dentro a casa era ainda mais bonita, requintada e bastante luxuosa, com móveis de madeira, muito bem mobiliada e arrumada. Questionou-se se o salário de um professor universitário cobria todas aquelas despesas.
Como a casa tinha aquecedor ele se pôs atrás dela e a ajudou a retirar seu casaco, o pendurando em um dos portas casacos atrás da porta.
ㅡ Obrigada.
ㅡ Quer beber algo? Um chá? Um café? Um cappuccino? ... ㅡ fez sugestões e ela se encantou cada vez mais por sua amabilidade.
ㅡ Um cappuccino seria perfeito. ㅡ sorriu e ele assentiu.
ㅡ Você pode me acompanhar até a cozinha se quiser ou esperar aqui na sala.
ㅡ Vou com você.
Logo se encontraram no cômodo que como todos os outros esbanjava riqueza. Apesar da casa remeter à um estilo vitoriano antigo a cozinha era bem moderna, toda de inox e com os melhores utensílios. Ingrid de imediato pensou que se sua mãe estivesse em uma cozinha assim não sairia nunca mais. A progenitora amava cozinhar e passava grande parte de seu tempo nesse cômodo em específico da residência.
ㅡ A sua casa é realmente muito bonita. ㅡ comentou enquanto o visualizava caminhar pela cozinha pegando utensílios que precisaria, preparando a bebida, tudo com um charme e elegância impressionantes. Parecia ser algo natural dele, nada forçado.
ㅡ Fico contente que tenha gostado, significa que assim como eu você tem bom gosto. ㅡ lhe serviu uma xícara com a bebida fumegante e logo a convidou para ir até a biblioteca da casa, lugar que mais a surpreendeu por ter uma infinidade de livros.
ㅡ Nossa, quantos livros. Se eu tivesse uma biblioteca dessa em casa não sairia jamais. ㅡ comentou enquanto olhava tudo ao seu redor.
ㅡ Fique à vontade para escolher o livro que quiser para ler se tiver vontade.
ㅡ Quantos desses livros você já leu? ㅡ Demonstrou curiosidade.
ㅡ Digamos que 60% deles. ㅡ disse e ela o encarou rapidamente com admiração. ㅡ Passo grande parte do meu tempo aqui. Não tenho amigos por aqui e muito menos vontade de sair, aqui é meu refúgio.
ㅡ Eu entendo perfeitamente. ㅡ disse enquanto deslizava os dedos pelos livros, admirada. ㅡ Posso fazer uma pergunta indiscreta?
O norueguês franziu o cenho, mas respondeu:
ㅡ Fique à vontade, é livre para fazer as perguntas que quiser, entretanto da mesma forma posso decidir se quero ou não responder.
Ela assentiu e logo perguntou:
ㅡ Quantos anos você tem? Porque às vezes você me parece jovem, mas de repente mostra uma imagem de alguém que já viveu muito. ㅡ riu.
ㅡ A minha aparência geralmente engana as pessoas, Ingrid. Apesar de ter essa fisionomia de alguém com não mais que trinta anos, tenho trinta e seis. ㅡ disse a deixando surpresa, realmente a aparência dele enganava muito bem. ㅡ e não acho que tenha sido uma pergunta indiscreta, é uma curiosidade normal. ㅡ a encarou ㅡ Podemos começar?
ㅡ Sim, claro.
ㅡ O que tem para me mostrar hoje?
A estudante começou então a expor o texto que já havia escrito, tirando algumas dúvidas ao longo da conversa. Ingrid se sentia aliviada porque Matthis era um homem volátil e que mudava de humor em questão de segundos, porém naquele dia estava com ânimo.
ㅡ O que pensa em fazer depois de terminar o mestrado, Ingrid? ㅡ Ela foi pega de surpresa com sua pergunta.
ㅡ Sinceramente ainda não sei, não parei para pensar muito nisso, ultimamente tenho estado apenas focada em terminar minha dissertação.
ㅡ Já pensou na possibilidade de fazer um doutorado pleno no exterior? Melhor ainda, na Noruega? ㅡ Questionou curioso, enquanto sentava-se mais próximo dela.
ㅡ Eu? ㅡ riu em tom divertido. ㅡ Não acho que seja qualificada para tanto...
ㅡ Menosprezar suas habilidades e capacidades é o primeiro sinal de fraqueza. ㅡ ele disse frio e ela logo se bateu mentalmente. Não gostava de desapontá-lo com ações ou palavras porque suas reações nunca eram boas.
ㅡ Apenas disse a verdade.
ㅡ Talvez esteja certa, talvez não seja mesmo capaz. ㅡ ele disse em um tom tão depreciativo que ela teve vontade de correr.
ㅡ Nossa...ㅡ ela comentou em tom afetado, não sabia o que dizer.
ㅡ Algum problema? ㅡ ele questionou como se nada tivesse acontecido e isso a intrigou. Todas as vezes que ele dizia algo rude que sabia que iria machucar, ela esperava que ele se arrependesse e pedisse desculpas, contudo ele nunca fez isso, ao contrário, em sua face ela viu a feição de alguém que estava tranquilo consigo mesmo e que não fez nada de errado.
ㅡ Problema nenhum.ㅡ murmurou. Se ele não era capaz de reconhecer e se redimir por seus próprios erros não seria ela que faria isso.
ㅡ Está em algum relacionamento, Ingrid? ㅡ Perguntou e ela o encarou rapidamente. O que aquilo tinha a ver com a reunião?
ㅡ Não, não tenho muito tempo para isso no momento.
ㅡ E faz muito bem, mantenha-se longe de relacionamentos. ㅡ ela entendeu aquilo como um alerta, mas não entendeu o porquê. A cada dia que passa o norueguês ficava mais estranho.
ㅡ O que quer dizer com isso? ㅡ demonstrou confusão e Matthis a encarou, fazendo com que ela conseguisse enxergar uma frieza em seus olhos cinza.
ㅡ O óbvio, estamos trabalhando duro nessa pesquisa e não quero que você estrague tudo com romancezinho sem importância.
O jeito como ele falou a deixou estressada, parecia que ele sempre estava tentando comandar a vida dela e dizer o que ela podia fazer ou não.
ㅡ Posso muito bem ter meus relacionamentos e ao mesmo tempo entregar um trabalho de qualidade. ㅡ rebateu.
ㅡ Olha vamos esquecer isso, não há mais o que discutir.
Ingrid suspirou, parecia que era sempre assim, ele dando a última palavra. A verdade é que ela só insistia naquela parceria porque ele tem a ajudado muito, se não fosse por isso ela abandonaria tudo.
ㅡ De onde você é, Ingrid? ㅡ Matthis perguntou enquanto lhe serviu mais cappuccino. Já haviam finalizado a reunião há algum tempo, entretanto com a desculpa de esperar a chuva passar para levá-la Matthis a fez ficar e se aproveitou disso para conhecê-la melhor.
ㅡ Minas Gerais. ㅡ respondeu e logo ingeriu um pouco da bebida presente na xícara ㅡ E você? É da capital da Noruega mesmo?
Com uma elegância jamais vista por Ingrid ele cruzou as pernas e apoiou o queixo sobre a mão desocupada enquanto a olhava com curiosidade.
ㅡ Na verdade nasci e cresci em Bergen, contudo como as melhores oportunidades estavam em Oslo me mudei na primeira chance que tive.
ㅡ Como sua família reagiu quando você disse que ficaria um ano em outro país de um outro continente? ㅡ denotou grande curiosidade, porém logo a feição dele se tornou dura e impassível, fazendo com que ela se arrependesse ㅡ disse algo errado?
ㅡ Há certas coisas sobre as quais não gosto de falar, Ingrid e minha família com certeza é uma delas. ㅡ disse com seriedade.
ㅡ Eu não imaginava, desculpa.
ㅡ Desculpas aceitas, só não volte a tocar nesse assunto novamente.
Ingrid assentiu e logo percebeu, ao olhar através da grande janela da sala, que a chuva havia cessado e de imediato começou a recolher suas coisas.
ㅡ A chuva já parou, pode me levar agora? ㅡ questionou e ele anuiu.
ㅡ É claro, vou pegar as chaves do carro.
Dizendo isso desapareceu de seu campo de visão.
Ingrid despertou de um sono agitado!Levantou-se e sentiu o chão gelado entrar em contato com a pele quente dos seus pés recém saídos dos cobertores causando-lhe um arrepio momentâneo. Calçou seus chinelos e deixou o quarto após fazer sua higiene matinal, logo se dirigindo à pequena, porém prática cozinha do apartamento. Encheu um copo com água e saciou sua sede enquanto observava seu reflexo através do vidro da janela, uma aparência cansada resultado das noites mal dormidas em consequência do tempo que tem dedicado a sua pesquisa.Colocou o copo dentro da pia e massageou as têmporas inspirando profundamente, prendendo o cabelo com o auxílio de um elástico, visualizando o sol dar os primeiros sinais de seu surgimento.
ㅡ Quantos discos interessantes... ㅡ Ingrid comentou enquanto deslizava os dedos calmamente sobre os mesmoes e ingeria o café presente em sua caneca ㅡ The Beatles, Rolling Stones, Queen...ㅡ São minhas relíquias ㅡ Théo, o rapaz com quem passou a noite disse, enquanto a abraçava por trás. ㅡ Sempre que viajo os carrego comigo, pois a música me faz relaxar.A noite havia sido agradável e satisfatória para ambos, há tempos Ingrid não se sentia tão relaxada. Ela acabou passando a noite no hotel mesmo, pois já estava tarde para voltar para casa.ㅡ Tem um ótimo gosto musical. ㅡ ela expôs se virando para ele e depositou sua caneca sobre a mesa de centro da sala, ficando na ponta dos pés e deixando um bei
Dois meses depoisIngrid ingeriu mais uma xícara de café e encarou a tela do seu notebook com desânimo. Agora que faltava tão pouco para ela finalmente defender sua dissertação parecia que ela teve um bloqueio criativo. Após diversas reuniões com seu orientador, muita leitura, escrita e pesquisa de campo chegou em uma das fases finais da pesquisa, a parte de coleta de dados e levantamento de informações que estava demandando muito de seu tempo.Checou a hora no seu celular e percebeu que ainda tinha tempo até se arrumar para o jantar com Matthis. Sim, seu orientador a convidou para jantar naquela noite e ela aceitou depois de muita insistência dele, o que não foi nenhum sacrifício para ela, afinal ele é bonito, charmoso, extremamente inteligente e engraç
Matthis deixou Ingrid sozinha e desapareceu sem dizer para onde iria. A jovem, no primeiro momento, caminhou de um lado a outro sem saber para onde ir ou o que fazer, então decidiu que não ficaria entediada sem fazer nada, dessa forma começou a tentar jogar nos caca-níqueis, mas não conseguia já que nunca havia jogado na vida.Riu de si mesma e fez menção de deixar a máquina, porém se surpreendeu com a aproximação repentina de um homem desconhecido.ㅡ Precisa de ajuda? Sou um exímio jogador e posso ajudá-la. ㅡ se ofereceu enquanto subia as mangas de sua blusa social. ㅡ Eu estava te observando há algum tempo e percebi que esse não é muito seu forte.A mineira riu novamente.
Matthis percebeu que Ingrid estava estranha na reunião daquele dia.Percebeu isso pois enquanto ele explicava pontos importantes sobre como ela deveria defender sua dissertação, ela parecia distante, poucas vezes comentava algo, o que o estava irritando.— Está tudo bem, Ingrid? — Indagou ao se aproximar cautelosamente dela.Novamente ela estava distante.— Desculpe, senhor Andreassen, não ouvi o que você disse.— É claro que não, está avoada, não está prestando atenção em nada do que estou falando hoje e isso não é bom. Estou lhe dando dicas de como fazer uma defesa memor&a
— Posso ligar o sistema de som do carro? — Ingrid pergunta a Matthis. Já estavam há trinta minutos naquele veículo e o silêncio cortante já estava lhe incomodando. Nenhum dos dois falava nada.Sem tirar os olhos da estrada o norueguês responde de forma direta e curta:— Não! — A garota inicialmente franze o cenho, tentando entender o porquê daquela reação dele, entretanto prefere não dizer nada, o que dá abertura para ele continuar: — Não gosto de nada que me desconcentre enquanto estou dirigindo e música com toda certeza é uma dessas coisas.Ingrid dá de ombros e olha através da janela, proferindo:— Tudo bem!A chuva estava mais forte agora e também fazia um pouco de frio, o que faz a jovem se inclinar e pegar sua mochila no banco de trás do carro, tirando um casaco mais quente de lá. Ao perceber seus movimentos Matthis liga o aquecedor e logo voltam cada um para sua bolha de silêncio.Matthis tinha todo o percurso esquematizado em sua cabeça. Deixaram Porto Alegre às 20:30 da noit
Ingrid despeja café em sua garrafa térmica e encara o relógio de parede localizado na cozinha do apartamento. Duas e meia da manhã. Suspira pesadamente já exausta, entretanto ainda tinha algumas coisas para fazer e não podia ir para a cama ainda. Haviam se passado alguns dias desde a mini viagem que ela fez com Matthis até a vinícola dele e eles se aproximaram muito após isso, entretanto, apesar da tensão sexual e atração ser muito forte da parte de ambos, ainda se mantinham afastados a pedido de Ingrid por causa da ética. Sim, os dois são adultos, solteiros e bem resolvidos, contudo um caso entre professor e aluna sempre será visto com maus olhos e poderia lhes trazer problemas dentro do ambiente universitário caso chegasse ao conhecimento de alguém, mas esse afastamento é apenas até ela terminar o mestrado. Matthis lhe garantiu que quando isso acontecer ele não irá perder mais tempo e a terá para si. Ingrid não entendeu o peso das suas palavras naquele momento, apenas concordou que
— Eu estou muito nervosa. — a voz de Ingrid soa em tom ansioso depois que ela ingere mais um pouco de água da sua garrafinha. O grande dia havia chegado, o dia que defenderia sua dissertação de mestrado.— Não fique, minha filha, você se dedicou tanto para isso, tenho certeza que se sairá muito bem. — sua mãe diz com a mais pura certeza do mundo. A filha havia lhe contado sobre as noites em que passava em claro escrevendo e estudando para a dissertação, ela não tinha dúvidas que ela conseguiria passar com louvor.— Concordo com sua mãe, minha filha. Você está mais do que pronta. — José, seu pai completa.Os pais dela haviam chegado de Minas dias antes a pedido da filha. Para ela era imprescindível a presença deles ali e assim como sempre fizeram ali estavam para apoiá-la.— Obrigada, mãe, obrigada, pai por todo o apoio, eu amo muito vocês.— E nós amamos você, bonequinha. — seu pai a chama pelo apelido de infância apertando a ponta do seu nariz e logo ela lhes indica o auditório onde