Matthis percebeu que Ingrid estava estranha na reunião daquele dia.
Percebeu isso pois enquanto ele explicava pontos importantes sobre como ela deveria defender sua dissertação, ela parecia distante, poucas vezes comentava algo, o que o estava irritando.
— Está tudo bem, Ingrid? — Indagou ao se aproximar cautelosamente dela.
Novamente ela estava distante.
— Desculpe, senhor Andreassen, não ouvi o que você disse.
— É claro que não, está avoada, não está prestando atenção em nada do que estou falando hoje e isso não é bom. Estou lhe dando dicas de como fazer uma defesa memor&a
— Posso ligar o sistema de som do carro? — Ingrid pergunta a Matthis. Já estavam há trinta minutos naquele veículo e o silêncio cortante já estava lhe incomodando. Nenhum dos dois falava nada.Sem tirar os olhos da estrada o norueguês responde de forma direta e curta:— Não! — A garota inicialmente franze o cenho, tentando entender o porquê daquela reação dele, entretanto prefere não dizer nada, o que dá abertura para ele continuar: — Não gosto de nada que me desconcentre enquanto estou dirigindo e música com toda certeza é uma dessas coisas.Ingrid dá de ombros e olha através da janela, proferindo:— Tudo bem!A chuva estava mais forte agora e também fazia um pouco de frio, o que faz a jovem se inclinar e pegar sua mochila no banco de trás do carro, tirando um casaco mais quente de lá. Ao perceber seus movimentos Matthis liga o aquecedor e logo voltam cada um para sua bolha de silêncio.Matthis tinha todo o percurso esquematizado em sua cabeça. Deixaram Porto Alegre às 20:30 da noit
Ingrid despeja café em sua garrafa térmica e encara o relógio de parede localizado na cozinha do apartamento. Duas e meia da manhã. Suspira pesadamente já exausta, entretanto ainda tinha algumas coisas para fazer e não podia ir para a cama ainda. Haviam se passado alguns dias desde a mini viagem que ela fez com Matthis até a vinícola dele e eles se aproximaram muito após isso, entretanto, apesar da tensão sexual e atração ser muito forte da parte de ambos, ainda se mantinham afastados a pedido de Ingrid por causa da ética. Sim, os dois são adultos, solteiros e bem resolvidos, contudo um caso entre professor e aluna sempre será visto com maus olhos e poderia lhes trazer problemas dentro do ambiente universitário caso chegasse ao conhecimento de alguém, mas esse afastamento é apenas até ela terminar o mestrado. Matthis lhe garantiu que quando isso acontecer ele não irá perder mais tempo e a terá para si. Ingrid não entendeu o peso das suas palavras naquele momento, apenas concordou que
— Eu estou muito nervosa. — a voz de Ingrid soa em tom ansioso depois que ela ingere mais um pouco de água da sua garrafinha. O grande dia havia chegado, o dia que defenderia sua dissertação de mestrado.— Não fique, minha filha, você se dedicou tanto para isso, tenho certeza que se sairá muito bem. — sua mãe diz com a mais pura certeza do mundo. A filha havia lhe contado sobre as noites em que passava em claro escrevendo e estudando para a dissertação, ela não tinha dúvidas que ela conseguiria passar com louvor.— Concordo com sua mãe, minha filha. Você está mais do que pronta. — José, seu pai completa.Os pais dela haviam chegado de Minas dias antes a pedido da filha. Para ela era imprescindível a presença deles ali e assim como sempre fizeram ali estavam para apoiá-la.— Obrigada, mãe, obrigada, pai por todo o apoio, eu amo muito vocês.— E nós amamos você, bonequinha. — seu pai a chama pelo apelido de infância apertando a ponta do seu nariz e logo ela lhes indica o auditório onde
— Ainda não consigo acreditar que você vai para outro país, você tem noção do quão bom isso será para sua carreira, Ingrid? — a voz de Manuela soa de forma ansiosa enquanto observa aquela que por dois anos foi sua colega de apartamento arrumar suas coisas.ㅡ Eu sei, mal posso acreditar que eu realmente passei para um doutorado na Noruega. ㅡ Ingrid responde animada, ao passo que termina de dobrar suas roupas e colocar nas malas.Na primeira fase que constituiu na prova de admissão que era de cárater eliminatório, Ingrid foi uma das alunas que obteve uma das melhores notas, o que a fez passar para a segunda fase que foi de seleção por meio de análise de informações acadêmicas e de documentos. Por ter sempre se envolvido nos programas extracurriculares da faculdade durante a graduação, Ingrid possuía um currículo acadêmico impecável para alguém na sua idade e foi uma dentre as três pessoas selecionadas para a vaga no doutorado pleno na Universidade de Bergen, tendo ganhado o primeiro lug
Ingrid terminava de ler avidamente mais uma página de um dos muitos livros que Matthis lhe dera, o alquimista de Paulo Coelho. Ele possuía milhares e milhares de livros na enorme biblioteca de sua casa e lhe deu total acesso à mesma, isso porque ele passa muito tempo fora e como as aulas dela ainda não começaram era uma forma de não fazê-la se sentir entediada enquanto ficava ‘’presa’’ na residência.Ela já estava a alguns dias na Noruega e como era de se esperar ainda não se acostumou com o país. Os costumes, o clima, a gastronomia eram muito diferentes das do seu amado Brasil, mas ela não reclama, pois sabe que em algum momento irá se acostumar. Matthis tem sido incrível em sua vida. Quando está em casa os dois ficam conversando por horas a fio sobre as coisas que já aconteceram na vida de cada. Ele a trata muito bem e a tem levado para conhecer vários pontos turísticos da cidade, sobre isso não há o que reclamar, por outro lado, uma coisa que a incomoda é o fato de que os emprega
Quando Matthis e Ingrid chegam ao local de realização do evento, uma enorme mansão com uma bela arquitetura, eles atraem olhares de todos os lados. Por Matthis ser um dos homens mais influentes da Noruega isso acaba por acontecer sempre e por Ingrid ser sua acompanhante isso a colocava na frente dos holofotes também, mesmo que isso não a agradasse. — Não estou acostumada a receber tantos olhares e atenção. — A brasileira comenta com o norueguês ao adentrarem a propriedade. — Pois deveria. Mulheres bonitas como você deveriam estar habituadas a isso. — ele diz simples a encarando intensamente e Ingrid cora violentamente ao ouví-lo dizer isso. Ele lhe dá passagem para ultrapassar a porta de entrada da mansão primeiro e logo a segue. Ingrid sente a grande e quente mão dele ser apoiada bem no final de suas costas nuas devido ao grande decote na região e um arrepio bom sobe por sua espinha. No interior da mansão, novamente os dois são alvos de olhares curiosos dos que já estão lá. Eram r
Matthis ultrapassa a porta de entrada de sua mansão enquanto retira seu paletó. Ele é seguido por Ingrid e ambos encontram-se molhados devido à chuva que os atingiu quando a jovem tentava ir embora do evento sozinha e ele a alcançou.O caminho até a residência foi feito sob absoluto silêncio e a brasileira percebeu que o norueguês estava irritado, ela só não sabia com o que. Provavelmente com seu comportamento, mas não é como se importasse.Ele caminha até a mesa de bebidas, logo despejando uísque em um copo com gelo e Ingrid retira seu xale, ficando perdida sobre o que fazer, se tentava uma conversa ou não, porém prefere não tentar no momento, pois aparentemente ele não está com bom humor para tal.— Eu vou subir para o quarto. — Ela finalmente quebra o silêncio que já estava se tornando incômodo e o visualiza se virar em sua direção. — Vou tirar essa roupa molhada, devia fazer o mesmo ou ficará doente. — Sugere.— Vá, mas volte, quero que beba algo comigo. — Ele expõe, não como um
⚠Aviso: cena tortura⚠Matthis encara o sujeito à sua frente com desdém no olhar. Para ele aquele homem e 90% das pessoas que lhe rodeiam não passam de insetos a quem ele poderia pisar e destruir facilmente com a quantidade de poder que tem em mãos.— Eu já disse que não sei de nada! — O homem que se encontra amarrado à uma cadeira diz de forma desesperada. O pânico é visível em seus olhos e ele tem noção de que não havia para onde correr.— Qual o seu nome mesmo? Sabe, não consigo me lembrar de nomes de subordinados traidores como você, mas preciso saber para objetivos futuros.O homem toma uma lufada de ar. Os olhos negros arregalados e a pele pálida tomada pelo pavor da incerteza sobre o que estava por vir.— Friederick, senhor — ele diz sem encarar Matthis nos olhos e não é para menos, o último homem que fizera isso fora morto a pancadas pelo próprio.— Friederick... — ele repete com desgosto — por que está com