Após o breve encontro com Lars na área externa da enorme mansão, Ingrid coloca uma máscara de indiferença no rosto, como se nada tivesse acontecido e retorna ao grande salão, onde o movimento de pessoas circulando aumentava cada vez mais.Se dirige à mesma mesa onde encontrava-se sentada antes de ir ao encontro de Lars e senta-se na cadeira, observando tudo ao seu redor.Não leva muito tempo até que visualiza uma mulher caminhar em sua direção e força a vista, de alguma forma conhecia aquela mulher, só não lembrava de onde e parecia que a dita cuja também lhe conhecia, já que se aproximou da sua mesa e se acomodou na cadeira a frente dela, lhe dirigindo um sorriso.— Finalmente um rosto conhecido por aqui! Me sinto até mais aliviada e confortável nesse ambiente de serpentes, encontrando você por aqui.Ingrid a olha com ainda mais atenção.— Desculpe… mas eu não me lembro de você, apesar de achar que te conheço de algum lugar. — Fica pensativa.— É claro que me conhece, afinal você est
O cabelo meio preso transmitia um ar de delicadeza e romantismo. A maquiagem leve e neutra passava a ideia de sofisticação e o vestido, véu e grinalda, que basicamente era uma tiara completamente feita de diamantes e que fora feita exclusivamente para ela, finalizaram com o ar luxuoso. O vestido de noiva sereia valorizava todas as suas curvas e ante todo esse cenário a noiva deveria estar feliz naquele dia que para muitas é um dos mais importantes de suas vidas, mas ela não está. Para Ingrid a maquiagem esconde bem seu sofrimento. Matthis havia finalmente conseguido o que queria, o dia do casamento havia chegado e ela não tinha para onde correr ou o que fazer a respeito, só poderia aceitar seu destino.Depois de deixá-la sob o aviso de que se fizesse algo para impedir o casamento pagaria com sua vida, Matthis a deixou conversar um pouco com sua família e depois a levou para uma de suas mansões em Oslo, onde aconteceria o casamento. Ele a deixou devidamente instalada em um dos quartos
— Eu quero vigias em todos os lugares e não estou brincando. Quero seguranças nas principais rodovias, nos portos e aeroportos, eles não conseguirão ir tão longe. — Da sacada de seu apartamento de luxo em Oslo, Matthis berra ordens através do celular para o chefe de sua segurança. — A qualquer aparição deles, quero que os tragam para mim, mas quero eles vivos. A vingança é minha e eu irei me certificar de finalizar com eles.Finaliza a chamada sem esperar a resposta do interlocutor e logo eleva seu charuto até a boca.— Ingrid, Ingrid, você não podia ter feito isso comigo, sua vadia. Não podia. — Solta a fumaça no ar, recordando-se da humilhação que passou no dia do seu próprio casamento.Quando descobriu a traição da noiva e do irmão, deixou a Catedral sem nem ao menos olhar para trás ou se preocupar de dar alguma satisfação para alguém. Não tinha porquê fazer isso e sabia que seus funcionários se encarregariam de lidar com tudo.Antes de seguir para o apartamento passou pelo enorme
— Ela agora irá dormir a noite toda. Amanhã pela manhã, quando acordar, possivelmente a primeira coisa pela qual perguntará será pelo filho. Acredito que como este é um assunto delicado, seria melhor que alguém próximo a ela desse a notícia, o baque seria menor. — A voz do médico soa do lado do leito onde a jovem de cabelos negros e vibrantes olhos azuis esverdeados dorme profundamente, recebendo a atenção da enfermeira que o acompanhava imediatamente para si. Logo esta suspira pesadamente.— Ela chegou aqui sem documento algum, não sabemos quem é, de onde veio ou se ao menos tem família. — Comenta, a encarando com pena.— Ela chegou aqui vestida de noiva, não foi? Então provavelmente estava seguindo para seu casamento antes da tragédia acontecer. — O médico tira suas conclusões.— Podemos mandar verificar pelas redondezas se havia algum casamento marcado no qual a noiva não apareceu. — Dá a ideia e o médico assente em concordância.— Eu concordo, é a melhor opção. Em breve ela terá a
Dias depoisMatthis caminha apressadamente na frente, carregando seus eletrônicos em mãos, enquanto que Ingrid, a passos mais lentos, o segue em direção ao avião que os levaria de volta a Bergen.Ela aperta ao seu redor o enorme casaco de pele que ele havia lhe comprado antes de deixar o hospital, já que ela não tinha roupa alguma. Havia chegado no local trajada em um vestido de noiva afinal.O norueguês, percebendo a lentidão da brasileira, se vira enraivecido.— Vamos entrar logo nessa droga de jatinho, quero voltar para minha casa, tenho assuntos importantes para resolver.Ela o visualiza lhe dar espaço para que suba as escadas primeiro e assim ela o faz, logo sendo seguida por ele.— O comandante e a tripulação lhes dão as boas vindas neste voo com destino a cidade de Bergen. Tempo de voo estimado: cinquenta minutos a uma hora. Pedimos suas atenções para demonstração do equipamento de emergência. — Depois que se acomoda em uma das poltronas do jatinho, Ingrid se atenta a todos os
Ingrid ainda se mantinha pálida e perdida em pensamentos enquanto esperava ser chamada. Está sentada em uma cadeira de uma sala privada e ingere em pequenos goles um café que se encontra em um pequeno copo em suas mãos e que uma gentil policial lhe trouxe minutos antes. Indaga-se mentalmente sobre o porquê de ter recebido uma intimação para comparecer em uma delegacia para prestar esclarecimentos.Ela não cometeu nenhum tipo de delito, ao menos não tem conhecimento de ter praticado algum ato que possa resultar em uma ação criminal ou que justifique sua presença no Distrito Policial de Bergen. Talvez tenha sido intimada apenas para prestar esclarecimento sobre fatos que ela eventualmente tenha visto ou ouvido falar e que tenha qualquer tipo de informação que venha auxiliar a autoridade policial a esclarecer determinado crime que esteja sendo apurado. Não sabe ao certo, já que a todo momento pessoas entram e saem da sala, mas não lhe dizem nada.A única explicação plausível seria sobre
Dois meses depois— Tudo certo? — Lars pergunta para Ingrid quando a vê adentrando seu carro após deixar o consultório de uma renomada psicóloga de Bergen.— Está sim. — Assente, enquanto coloca o cinto de segurança e logo o encara, percebendo que ele já a observava com curiosidade há algum tempo. — É como ela me falou, eu não vou me curar disso tudo do dia para a noite, é um processo.Um silêncio toma o ambiente enquanto Lars dirige pelas ruas frias e escuras da cidade. É inverno na Noruega e por ser inverno o dia escurece mais cedo, então mesmo que ainda fossem três da tarde, parecia que já era tarde da noite.Vendo que ela não falaria mais nada, ele mesmo decide quebrar o silêncio:— É, você passou por muita coisa. — Murmura, prestando atenção na estrada, enquanto Ingrid olha através da janela a paisagem escura passar rapidamente.Mais um silêncio cobre o ambiente.As semanas se passavam lentamente e com elas foram embora os pesados dias do processo de julgamento de Matthis que foi
“O verdadeiro amor não machuca, mas sim te fortalece, te ilumina e te resplandece”Cinco anos depoisㅡ E então estou bonita? ㅡ Ao sair do enorme banheiro da suíte dos dois, Ingrid pergunta ao marido, que termina de vestir sua blusa social na cor vinho.Ela nota os olhos dele brilhando ao direcionar o olhar a ela e sorri timidamente.Lars Andreassen rapidamente se aproxima da esposa e segura suas mãos, depositando um beijo no dorso de cada uma.ㅡ Você está maravilhosa, minha vida. — Expõe verbalmente o que estava em sua mente e o sorriso dela se alarga ainda mais.ㅡ Tem certeza? Tive que colocar uma rasteirinha porque a gravidez está me impedindo de usar saltos — Demonstra insegurança e Lars a encara com os braços cruzados sobre o peito como se ela tivesse falando bobeira — O vestido não está curto demais ou justo demais? Você sabe… eu ganhei muito peso por causa da gravidez e…— Shh… não fala mais nada, você está belíssima, Ingrid. — A faz girar e a admira silenciosamente. — Cada di