— Por que você veio? — Ele largou o trabalho que tinha nas mãos. Caminhei até suas costas e acariciei o queixo dele:— Senti saudades. A declaração repentina não trouxe alegria ao rosto dele; pelo contrário, parecia que algo estava errado. Ele segurou minha cintura com firmeza e, num movimento ágil, me colocou no colo dele:— O que aconteceu? Olhando para o semblante preocupado dele, toquei de leve o nariz dele com o dedo e sorri:— Como é que você sempre sabe de tudo? — Então não esconda nada. — A Luana foi para o exterior. — Comecei falando da Luana, mas não mencionei nada sobre o Pedro. Ele não demonstrou nenhuma surpresa, apenas respondeu com um simples:— Ah. O nariz de George era alto e bem desenhado. Meus dedos traçaram os contornos dele:— George, você é homem. Sabe como os homens pensam. Me diz uma coisa: homens gostam que as mulheres fiquem muito grudadas neles? — Está perguntando pela Luana? — Ele me observava, permitindo que eu continuasse acariciando-o. —
— Por que você está me perguntando se quer fazer algo? — George me devolveu a pergunta.Eu estava deitada em seu pescoço, evitando olhar para seu rosto. Meus dedos inquietos brincavam com o botão da camisa dele:— Porque eu tenho medo de que você pense demais e fique chateado.Senti minha testa esquentar quando George depositou um beijo suave nela:— Então você estava se preocupando comigo.Havia uma nota de alegria em sua voz. Era a alegria de saber que eu me importava com ele. No fundo, parece que até os homens precisam dessa sensação de cuidado.— Claro que sim. Você é meu namorado. Eu não quero que você pense que eu seria capaz de te deixar por causa de outro homem, muito menos que você se sinta desconfortável porque eu ainda tenho algum contato com meu ex. — Confessei abertamente.O que eu não quero para mim, tampouco quero para George. As coisas pesadas que eu mesma já carreguei, de jeito nenhum deixaria que ele as carregasse também.— Carolina, você realmente se preocupa comigo.
— Sua boba. — Ele murmurou com um tom de leve censura, enquanto limpava minhas lágrimas com delicadeza.Eu, contudo, me enfiei ainda mais em seu peito. Afinal, ele mesmo tinha dito que aquele abraço era para enxugar minhas lágrimas.— George, você realmente não sente ciúmes de me deixar ir? Afinal, eu vou ter que lidar com o Sebastião. — Perguntei, precisando ouvir sua resposta.— Você já não quer mais nada com ele, então por que eu sentiria ciúmes? Além disso, depois de mim, tenho certeza de que você nunca mais vai olhar para outro homem. — Ele respondeu, com uma confiança tão exagerada e, ao mesmo tempo, tão irresistível que meu coração se encheu ainda mais de amor.E foi nesse instante que eu soube: no resto da minha vida, jamais conseguiria olhar para outro homem além dele.George insistiu em me levar pessoalmente ao aeroporto e ficou lá até me ver desaparecer no portão de embarque.Quando cheguei a Houston, já era noite. Liguei meu celular, pensando em entrar em contato com Sebast
Sim, eu estava deixando claro para ele. Não queria que Sebastião alimentasse nenhum outro tipo de ideia. Mas, naquele momento, também não queria discutir. Fechei o rosto e disse, em tom sério:— Sebastião, eu cruzei um oceano para vir até aqui. Tem certeza de que quer começar uma briga comigo?Ele imediatamente calou-se. Seus lábios se moveram, como se fosse dizer algo, mas tudo o que saiu foi:— Me dá sua mala.Sem hesitar, soltei a alça do meu carrinho e o deixei pegar. Caminhamos lado a lado para fora do aeroporto.Ele não mencionou Pedro, então eu mesma trouxe o assunto à tona:— Qual é a situação do Pedro agora? E essa história de briga, como foi?— Ele está em detenção temporária. Não estão permitindo visitas. — Respondeu Sebastião, com uma calma que me fez franzir a testa.Se fosse assim, minha viagem teria sido em vão. Ele quem havia dito que Pedro estava emocionalmente instável, e eu queria estar aqui para tentar ajudá-lo.— Mas estou negociando isso. É provável que você consi
Sebastião soltou uma risada curta e amarga:— Parece que você realmente guarda rancor de mim.— Não diria rancor, mas que a balança nunca ficou equilibrada, isso sim. Afinal, você desperdiçou dez anos da minha vida e dos meus sentimentos. — Respondi, sem rodeios. Já que ele havia começado o assunto, decidi ser honesta.— E os meus dez anos? — Ele perguntou em voz baixa, quase como um sussurro. — Carolina, nesses dez anos eu também te amei. Também coloquei meu coração nisso.Sustentei seu olhar por um momento antes de abaixar os olhos:— Eu não nego isso. Mas no instante em que você beijou a Lídia, todo o resto foi destruído por você mesmo.— Até criminosos têm direito a condicional e a chance de se redimir. Por que eu não teria? — Sebastião insistiu, com uma expressão de quem não aceitava o fim.— Porque comigo não. — Respondi sem hesitar, exatamente quando a comida chegou.Sebastião parecia prestes a continuar o assunto, mas o interrompi antes que pudesse dizer mais alguma coisa:— Se
Quando a videochamada de George chegou, eu estava sentada no terraço do hotel, olhando pela janela. Uma cidade desconhecida sempre parecia amplificar emoções melancólicas. E, para piorar, chovia lá fora.As palavras que eu tinha ouvido sem querer na outra ligação ainda ecoavam na minha cabeça. Finalmente, entendi o que Sebastião quis dizer ao me perguntar se eu realmente conhecia George. Também ficou claro por que Alden sempre teve uma atitude diferente com ele. George era da família Junqueira! Eu, que pensava estar com um homem simples, descobri que ele era, na verdade, um herdeiro de uma família poderosa, um verdadeiro figurão.Mas por que ele escondeu isso? Será que tinha medo de que eu estivesse com ele apenas pelo status?Esse pensamento me fez rir de maneira amarga. Peguei o celular, que não parava de vibrar aos meus pés, e atendi a ligação.O rosto bonito de George apareceu na tela, mas sua expressão era séria:— Carolina, me deixa explicar.Ele sabia que eu tinha escutado tudo.
Meu peito estava apertado, uma sensação de ansiedade me invadia.— Certo, amanhã por volta de que horas? — Perguntei, tentando manter a calma.— Não sei ao certo. Espere minha ligação. — George respondeu, fazendo uma breve pausa antes de perguntar. — Você já comeu?— Sim, comi com o Sebastião. — Respondi honestamente, sem segundas intenções.Na verdade, ele provavelmente não pensaria nada disso. Afinal, foi ele quem pediu para Sebastião cuidar de mim. E, como esperado, George não comentou nada sobre isso. Em vez disso, mudou de assunto:— O que Sebastião disse sobre o Pedro?— Ele disse que está tentando encontrar uma maneira de eu vê-lo. Fora isso, não disse mais nada. — Respondi com sinceridade.— Sebastião conhece bem os colegas de time do Pedro. Talvez ele consiga informações úteis. — Comentou George, mas não aprofundei a conversa, e ele também não insistiu.O silêncio tomou conta da ligação. Era algo que nunca havia acontecido antes. Olhei para a janela novamente, tentando quebrar
[Entre em contato o quanto antes.]Essa foi a mensagem que ele me enviou.Respondi imediatamente com um “Ok”, mas, assim que a mensagem foi enviada, senti que algo estava errado. Ele disse “o quanto antes”; parecia algo urgente.Então, decidi tentar outra abordagem e enviei outra mensagem:Se não for possível ou se tiver algo importante, pode tirar uma foto e me enviar.No entanto, essa segunda mensagem desapareceu no vazio. Ele não respondeu. Era como se ele surgisse e desaparecesse à vontade. Quando ele não me procurava, eu simplesmente não conseguia contatá-lo.Pensar no acidente de carro dos meus pais só tornou meu humor ainda mais sombrio. Passei a noite inteira sem conseguir dormir. Não sabia se era o desconforto de estar em um lugar estranho ou se minha mente estava ocupada demais com tantas coisas.Na manhã seguinte, Sebastião percebeu meu estado no instante em que me viu:— Não dormiu bem.— Dormi o suficiente. — Respondi, teimosa.Eu não queria que ele percebesse minha fragil