Lídia estava no meio da multidão, exibindo a barriga de grávida com um sorriso que misturava satisfação e provocação. Todos os olhares se voltaram para ela. João, ao meu lado, apertou minha mão com força, enquanto Sebastião deu largas passadas em direção a Lídia, claramente enfurecido. Com sua habilidade de manipular o momento, Lídia aproveitou a brecha para falar: — Sr. João, o filho que eu carrego foi o senhor quem prometeu cuidar. Disse que garantiria que ele nunca passasse necessidade. — Pare de falar besteira! — Cátia rebateu, apontando o dedo diretamente para Lídia. — Esse filho que você está esperando não tem nada a ver com a família Martins. Procure o pai da criança e resolva isso com ele! — Chega, Cátia! — João a interrompeu com um tom firme. Enquanto isso, Sebastião já havia alcançado Lídia. Com o rosto fechado e a voz carregada de raiva, ele perguntou: — O que você quer, Lídia? Lídia, sem demonstrar medo algum, virou-se para ele: — Tião, eu já aceitei que v
— Você sabia que seu marido não suportaria a traição da esposa com um amigo próximo, que ele ficaria descontrolado e perderia a concentração ao dirigir. Então, mandou seu irmão arranjar alguém para entrar com o carro no caminho dele naquele exato momento, causando o acidente. — Minhas palavras foram diretas, e o impacto delas começou a se refletir no rosto de Lídia. Ela ficou pálida e começou a balançar a cabeça, tentando negar desesperadamente: — Não foi assim, eu não fiz nada disso! Você só quer me difamar porque tem medo de eu conseguir o parque de diversões! Ao lado dela, Sebastião a encarava com um olhar cortante. Ele apertou o braço de Lídia com força, sacudindo-a enquanto falava: — É verdade? Fala, Lídia! Foi isso que você fez? — Não, eu não fiz nada disso! Sebastião, você sabe muito bem que tudo o que aconteceu entre nós foi porque você quis! — Lídia gritou, desafiadora, enquanto as lágrimas rolavam pelo rosto. Sebastião parecia tomado por uma fúria surda. Seu rosto
Miguel arregalou os olhos de repente, e seu rosto, que até então mantinha uma expressão controlada, desmoronou. Sua mão, que segurava a minha com força, foi lentamente afrouxando. — Agora você me despreza ainda mais, né? — A voz dele saiu baixa, quase um sussurro, mas carregada de amargura. Encarei-o com firmeza e respondi com sinceridade: — No passado, entre você e o Sebastião, escolhi ele não porque te desprezava, mas porque ele despertava algo em mim. Agora, no entanto, suas atitudes realmente me decepcionaram. — Mas você sabe por que eu fiz isso? — Ele perguntou, com a voz rouca e os olhos buscando respostas no meu rosto. Eu ri de forma irônica, balançando a cabeça: — Há quatro anos, quando você foi embora, parecia tão lúcido, tão certo do que queria. Como pode ter se perdido tanto assim? Desde o momento em que comecei meu relacionamento com Sebastião, há quatro anos, ficou claro que entre Miguel e eu só poderia haver uma relação de irmãos. Mesmo que Sebastião e eu te
Não pude evitar olhar para trás, e quando o fiz, fiquei completamente surpresa. As bicicletas que estavam atrás de mim agora estavam enfeitadas com faixas coloridas, e nelas havia algo escrito. Antes que eu pudesse ler direito, as bicicletas aceleraram, e George diminuiu a nossa velocidade. Quando percebi, já estávamos cercados pelo grupo, que formava um círculo ao nosso redor. Foi nesse momento que consegui finalmente ler o que estava escrito nas faixas: “Carina, casa comigo.” Meu coração deu um salto, e imediatamente me virei para George. Ele tinha a expressão tranquila, sem qualquer sinal de constrangimento ou surpresa. Era óbvio, ele havia planejado tudo. — George, você está me pedindo em casamento? — Perguntei, sentindo meu coração acelerar. — Sim. Quero te levar para casa como minha esposa. Assim, ninguém mais vai ousar pensar em você. — Ele respondeu de forma direta, sem rodeios. Pelo jeito, ele sabia muito bem sobre os sentimentos de Miguel por mim. Enquanto eu
— Seja honesto, você já fez amor com Carolina?A voz rouca do homem se espalhou pelo vão da porta, fazendo com que eu, prestes a entrar, parasse meus passos. Através do vão, observei os lábios finos de Sebastião pressionados de leve.— Ela tentou, mas eu não estava interessado.— Sebastião, não humilhe a Carolina dessa maneira. Ela é uma das mais belas do nosso círculo social; muitos caras estão interessados nela.Quem falou isso foi Pedro Santos, amigo íntimo de Sebastião e testemunha dos nossos dez anos de relacionamento.— Estamos muito familiarizados, você entende? — Sebastião franziu as sobrancelhas.Quando eu tinha quatorze anos, fui enviada para a casa dos Martins, onde conheci Sebastião pela primeira vez. Desde então, todos me disseram que ele seria meu futuro marido. E assim vivemos juntos por dez anos.— Isso mesmo, vocês trabalham na mesma empresa durante o dia, veem um ao outro o tempo todo, e à noite vocês comem na mesma mesa. Devem se conhecer tão bem que até sabem quanta
Sebastião levantou a cabeça ao ouvir o som da porta, e seu olhar parou no meu rosto. Ele deve ter notado minha expressão.— Está se sentindo mal? — Ele franziu ligeiramente a testa.Caminhei silenciosamente até sua mesa, engolindo o amargor que subia em minha garganta, e falei: — Se você não quer casar comigo, posso falar com sua mãe.As rugas entre as sobrancelhas de Sebastião aprofundaram; ele percebeu que eu tinha ouvido sua conversa com Pedro.A amargura voltou à minha garganta, e eu continuei: — Nunca pensei que me tornaria uma pessoa com quem você se sente desconfortável em estar, Sebastião...— Para todos, já somos marido e mulher. — Sebastião me interrompeu.E daí? Ele quer casar comigo por causa dos outros? Eu queria que ele case comigo por me amar, por querer passar o resto da sua vida comigo.Com um clique suave, Sebastião fechou a caneta que segurava, seu olhar caiu sobre o documento em minhas mãos, e disse: — Vamos pegar a certidão de casamento na próxima quarta-feira.
O dia todo, fiquei pensando sobre essa questão. Até à tarde, quando ele veio me chamar, eu ainda não tinha a resposta, mas o segui mesmo assim.O hábito era algo terrível. Em dez anos, me acostumei com ele e também a voltar para a casa dos Martins depois do trabalho.— Por que você não está falando? — No caminho de volta, Sebastião provavelmente percebeu que eu estava de mau humor e perguntou.Fiquei em silêncio por alguns segundos e, finalmente, comecei a falar: — Sebastião, e se nós...Antes que eu pudesse terminar a frase, o celular dele tocou. O viva-voz mostrou um número não identificado, mas eu vi claramente que Sebastião apertou o volante com força. Ele estava nervoso, algo raro.Instintivamente, olhei para o rosto dele, mas ele já tinha desligado o viva-voz e atendido com o Bluetooth: — Alô... Ok, estou indo agora.A ligação foi curta. Ele desligou o telefone e olhou para mim. — Lina, tenho uma urgência para resolver e não vou poder se levar para casa.Na verdade, antes mesm
Nunca imaginei que um dia na minha vida acabaria indo para a delegacia por uma acusação de assédio.Derrubei um adolescente, que tinha apenas 17 anos e ainda era menor de idade. Ele insistiu que eu tinha más intenções com ele. Mesmo que eu negasse, ele continuava a afirmar que eu o tinha tocado.— Onde ela te tocou? — O policial perguntou com bastante detalhamento.O nome do adolescente era Augusto Reis. Ele olhou para mim, apontou primeiro para o próprio peito e depois para baixo da cintura. — Aqui, aqui... Ela tocou em tudo.Besteira! Quase gritei. Sebastião, que é um homem tão bonito, eu nunca toquei, então por que tocaria nesse pirralho que nem barba tinha?O policial olhou de volta para mim, e antes que ele pudesse perguntar, eu já neguei: — Eu não o toquei, apenas esbarrei nele sem querer.— Você bebeu? — O policial me olhou com um semblante sugestivo.Nesta sociedade, é normal os homens se entregarem ao álcool, mas quando uma mulher bebe um pouco, geralmente é vista como desre