Não pude evitar olhar para trás, e quando o fiz, fiquei completamente surpresa. As bicicletas que estavam atrás de mim agora estavam enfeitadas com faixas coloridas, e nelas havia algo escrito. Antes que eu pudesse ler direito, as bicicletas aceleraram, e George diminuiu a nossa velocidade. Quando percebi, já estávamos cercados pelo grupo, que formava um círculo ao nosso redor. Foi nesse momento que consegui finalmente ler o que estava escrito nas faixas: “Carina, casa comigo.” Meu coração deu um salto, e imediatamente me virei para George. Ele tinha a expressão tranquila, sem qualquer sinal de constrangimento ou surpresa. Era óbvio, ele havia planejado tudo. — George, você está me pedindo em casamento? — Perguntei, sentindo meu coração acelerar. — Sim. Quero te levar para casa como minha esposa. Assim, ninguém mais vai ousar pensar em você. — Ele respondeu de forma direta, sem rodeios. Pelo jeito, ele sabia muito bem sobre os sentimentos de Miguel por mim. Enquanto eu
Eu sabia exatamente o que tinha pedido para ele investigar. Aquilo, para mim, deveria ser uma notícia de alívio, até de celebração, mas, por algum motivo, senti minhas pálpebras tremerem duas vezes, como um presságio ruim.— Qual foi o resultado? — Perguntei, com a voz tensa.— O material que você viu está incompleto. Ainda há uma conclusão final, mas não sei por que você não teve acesso a ela. — Respondeu Pedro, sua voz carregada de dúvida.Respirei fundo e perguntei diretamente:— E você descobriu alguma coisa?— Não. O policial que cuidou do caso do acidente faleceu.Meu coração deu um salto, e minha garganta ficou seca.— Quando ele morreu? — Forcei as palavras a saírem.— Um mês depois de o caso do acidente do seu pai ter sido encerrado.Minha respiração ficou presa. Fiquei em silêncio por um longo tempo, até ouvir a voz de Pedro me chamar:— Carol...Interrompi antes que ele continuasse:— Você acha que a morte desse policial pode estar ligada à conclusão do caso do meu pai?— Eu
Na verdade, eu pedi ao Pedro para investigar por conta própria, em vez de simplesmente esperar pela conclusão do George, porque tinha medo de que ele me enganasse. Afinal, quem estava dirigindo na época era o pai dele. Agora, parece que eu estava sendo paranoica. — Você desconfia da história do problema nos freios, né? — George perguntou, me olhando diretamente. Agora que nosso relacionamento estava oficializado, eu não queria mentir para ele. — Sim, eu preciso de uma resposta definitiva. — Respondi com sinceridade. George ficou em silêncio por alguns segundos, antes de me perguntar com a voz mais baixa: — Carol, se... Eu estou falando "se"... O problema nos freios tiver alguma relação com meu pai, você... Você me deixaria por causa disso? Aquelas palavras bateram fundo. "Me deixaria" foi como uma faca no peito. Minha garganta ficou apertada, como se uma mão invisível estivesse me sufocando. Eu sabia o que ele queria dizer. Era algo que eu nunca tinha parado para consid
O rosto de Sebastião ficou paralisado, e ele me olhou surpreso. Logo depois, o olhar dele caiu sobre as nossas mãos, que estavam firmemente entrelaçadas, minha e de George. Ele não disse nada, nem eu. Foi George quem quebrou o silêncio: — Sebastião, bom dia. Bom dia? O dia mal tinha amanhecido! A voz de George pareceu trazer Sebastião de volta ao presente. Ele apertou o maxilar e fixou seu olhar em mim: — Carol, preciso conversar com você. Eu poderia ter recusado, mas não o fiz. Algumas coisas precisavam ser ditas, esclarecidas. Depois disso, nunca mais seria necessário voltar a esse assunto. — George, sobe lá primeiro. Quero tomar um leite. — Falei com ele de um jeito casual, como se fosse apenas uma esposa comum. George assentiu e puxou a gola do meu casaco para fechá-lo melhor. — Está frio de manhã. Ele entrou no elevador e subiu. Sebastião não se moveu imediatamente. Ficou olhando para os números do painel do elevador como se estivesse hipnotizado. Só quando o
Naquele momento, Sebastião ficou me olhando, atônito. Depois de alguns segundos, ele se inclinou e me deu um beijo leve, quase como um toque de pena. Em seguida, passou a mão pelo meu cabelo e disse: — Garota boba. Naquela época, o céu estava como agora: prestes a clarear. Ele havia bebido demais e, em seu estado de euforia, me perguntou: — Quer subir comigo até o topo da montanha para ver o nascer do sol? Eu o conhecia bem. Quando ele bebia, ficava agitado, incapaz de dormir. Ele sempre dizia que, se dormisse bêbado, sentia o mundo girar ao ponto de enjoar. Por isso, muitas vezes, quando ele estava nesse estado, eu acabava dirigindo por horas, levando-o para dar voltas pela cidade ou até mais longe. Naquela noite, peguei o carro e o levei até o topo de uma montanha. Sentamos juntos em uma grande pedra. Ficamos ali, encostados um no outro, olhando as estrelas que ainda pontilhavam o céu antes do amanhecer, observando a escuridão da noite ser substituída pelas cores do nasce
Sebastião não disse mais nada, mas eu já tinha adivinhado. — A condição dela é se tornar a Sra. Martins?Ao ouvir isso, Sebastião ergueu os olhos para mim, parecendo surpreso com o fato de eu ter compreendido tudo com tanta precisão.— Você parece conhecê-la bem. — Disse ele, num tom carregado de sarcasmo, após uma breve pausa.Aquelas palavras não eram ofensivas, mas a ironia era clara.Lídia, a amante, a mulher que roubou meu noivo. Dizer que eu a conhecia era quase o mesmo que insinuar que eu tinha me dedicado a estudá-la, como se ela fosse um inimigo digno de atenção.— Você está enganado. Não é que eu a conheça, mas o que ela faz deixa bem claro quem ela é. A ganância dela por dinheiro e status não é difícil de perceber. — Respondi, e, assim que terminei de falar, o céu escuro clareou de repente.Sempre achei que o processo de anoitecer e amanhecer fosse um movimento lento e gradual, mas naquele momento percebi que, às vezes, tudo pode mudar num instante.— Sebastião, um parque d
Sebastião me olhava, como se ainda não entendesse. — Lídia foi só a última gota de água. — Falei com um sorriso. De repente, me veio à mente uma frase: “quando você consegue falar do passado com um sorriso, é porque finalmente superou.” — Carolina, eu não entendo. Envolver-me com Lídia foi um erro, eu admito, mas antes disso, eu fui bom para você. — Disse Sebastião, ainda parecendo incapaz de aceitar o fato de que nosso relacionamento já estava rachado há tempos. — Você foi bom pra mim, eu não nego. Mas o que dizer do que eu fiz por você? Você percebeu? Ou sequer viu? — Perguntei em voz baixa. Sebastião ficou me encarando, atônito, até abaixar a cabeça alguns segundos depois. — Foi meu erro, não soube valorizar você. Acabei te perdendo. — Agora não faz mais sentido falar disso, faz? Vamos voltar ao assunto: Lídia. O que você pretende? Quer ficar com ela, mas tem medo de que seus pais não aceitem? — Puxei o tema de volta para onde queria. — Ficar com ela? Você me acha id
A inauguração do parque e o trending topic sobre mim ficaram três dias no ar, mas logo a onda passou. Com a internet tão rápida como estava, todo dia aparecia uma nova história. Por melhor que fosse, qualquer assunto era substituído. Esses três dias foram o momento perfeito para Lídia contra-atacar, mas ela não fez nada. Sebastião tinha razão. Ela não teve coragem de divulgar o vídeo. Se fizesse isso, não ganharia nada. Toda a estratégia dela desmoronaria. Mas também não era do feitio de Lídia simplesmente desistir. Eu só não esperava que ela fosse apelar para a cena do "vou me jogar". Estava no quarto do hospital, conversando com João, quando uma das enfermeiras entrou comentando que alguém havia subido no terraço para pular. Só de ouvir, senti um arrepio subir pela espinha. — É uma grávida. Vai ver é mais um daqueles casos de depressão pós-parto. — Comentou a enfermeira, já especulando. Nesse momento, meu celular vibrou. Era Sebastião. Minha pálpebra tremeu duas v