— O que foi? — Perguntou Diana, notando que Esther havia recuado e deixado de brincar. O sorriso de Esther desapareceu completamente, seu rosto estava pálido. Diana, preocupada, seguiu o olhar da amiga e viu o motivo de sua mudança repentina: Marcelo estava parado ali, a alguns passos de distância.O coração de Diana disparou. O que Marcelo estava fazendo ali? A situação, que até então era de descontração e risadas, se transformou em uma tensão evidente.Ninguém naquele ambiente estava mais nervosa do que Esther. Ela havia planejado um momento simples, apenas para relaxar com Diana, conversar e se distrair um pouco. Mas não tinham se passado muitos minutos, e Marcelo já estava ali, surgindo como uma sombra inesperada. O nervosismo tomou conta dela enquanto, de forma quase automática, começou a ajeitar sua roupa, tentando parecer o mais elegante possível.Marcelo estava visivelmente irritado. Seu semblante frio e distante deixava claro que ele não estava satisfeito com a situação. Ele
Marcelo encarou Esther com um olhar questionador.— São só alguns romances, por que você os escondeu? É algo que eu não posso ver? — Perguntou, com um tom de desconfiança.— São romances, Sr. Marcelo! Livros que as garotas gostam de ler em segredo, no quarto, né? É natural ficar meio sem graça! Você está pensando demais. — Explicou Diana, tentando aliviar o clima.Esther, por sua vez, sempre foi cuidadosa com tudo o que fazia. Antes de comprar os livros, ela havia planejado tudo. Comprou alguns romances para despistar e escondeu os verdadeiros livros, os de criação de filhos, dentro de sua bolsa. Ela não queria, de forma alguma, que Marcelo descobrisse. Por isso, estava atenta a todos os detalhes, garantindo que ele não encontraria nada suspeito.Porém, naquele momento, Esther não queria prolongar a conversa com Marcelo. Ele claramente a estava questionando, desconfiado de algo. Ainda que ela não soubesse se estava grávida, o comportamento controlador de Marcelo a irritava muito. A ati
Esther estava saindo apressada quando esbarrou em Gilberto. Ele parou ao vê-la e rapidamente disse:— Senhora, o Sr. Marcelo marcou um jantar com você...Mas, ao notar o brilho úmido nos olhos de Esther, ele entendeu que eles haviam brigado novamente. Tentando aliviar a tensão, acrescentou:— Senhora, não importa o que tenha acontecido entre você e o Sr. Marcelo, ele sabe que errou. Veja, ele até comprou essas flores para você.Gilberto segurava o buquê com cuidado, quase como se fosse uma bandeira branca, um pedido de paz. Ele, que já estava ao lado de Marcelo por tantos anos, sabia que o chefe jamais havia comprado flores para ninguém. Marcelo não entendia nada sobre gestos românticos e, por isso mesmo, o fato de ele ter comprado flores mostrava o quanto Esther importava para ele. Marcelo não era de se deixar levar por gestos românticos banais. Para ele, poucas mulheres mereciam sua atenção a esse ponto.Mas Esther, olhando para as flores, apenas sorriu com tristeza e disse:— Gilbe
— Marcelo, o que te deixou assim tão nervoso? — Perguntou Hélio, observando o amigo do outro lado da mesa.Eles estavam em uma boate, rodeados pelo som alto da música eletrônica e pela movimentação constante das pessoas. O ambiente era cheio de vida, com dançarinas sensuais no palco e grupos aproveitando a noite em uma atmosfera quase frenética. Hélio parecia estar em seu habitat natural, mas Marcelo, claramente, não se sentia à vontade. Ele tinha ido ao encontro dele por estar incomodado, mas essa vida de festas e excessos não era mais para ele. Aquela era a rotina de Hélio, não a sua.— Nada. — Respondeu Marcelo, com a expressão fechada. Não queria falar sobre os problemas com Esther, nem mesmo admitir para si que aquilo estava mexendo tanto com ele.Hélio deu um gole no vinho tinto enquanto mantinha um braço em torno da cintura de uma mulher. Sorrindo com malícia, ele arriscou:— De novo se deu mal com sua mulher, não é?— Isso é impossível. — Comentou Isaac, que conhecia Marcelo m
Esther ficou parada, observando o borrão de batom na camisa de Marcelo por alguns minutos. Seu rosto não mostrava muitas emoções, mas seus pensamentos estavam a mil. Ela sabia que, nas festas e eventos que ele frequentava, era comum haver mulheres se jogando para cima dele. Até aí, ela conseguia entender, mas nunca tinha visto ninguém deixar uma marca de batom na camisa dele.Seus dedos apertaram a camisa instintivamente, amassando o tecido de leve. Aquele pequeno detalhe parecia prender sua atenção mais do que ela gostaria de admitir. Justo naquele momento, o som da porta do banheiro se abrindo trouxe Esther de volta à realidade.Marcelo saiu do banheiro, ainda secando o cabelo com uma toalha, e viu Esther parada, sem se mover.— O que você está fazendo aí? — Perguntou ele, sem perceber o clima pesado no ar. Marcelo deu uma olhada rápida no relógio e comentou. — Já é tarde. Normalmente a essa hora você já está dormindo. Não conseguiu pegar no sono hoje?Ultimamente, Esther havia deixa
Se Esther estivesse em posição de autoridade total, ela certamente convocaria os outros diretores para lidar com a situação. Porém, naquele dia, todos estavam ocupados e ela era a única disponível para resolver o problema.— Certo, vamos até lá. Velma, você vem comigo. — Disse Esther, com firmeza, enquanto se preparava para sair.— Sim, Esther. — Respondeu Velma, acenando com a cabeça.Esther reuniu alguns membros da equipe para acompanhá-la. Velma, sendo nova na empresa, precisava entender melhor os processos e a dinâmica interna. No caminho, Esther não parou de instruir ela sobre a importância de ser meticulosa e cuidadosa em cada detalhe, reforçando que não podia haver nenhum erro.Pouco tempo depois, chegaram ao porto. A enorme embarcação já estava atracada, e os funcionários do Grupo Frota estavam em plena atividade, descarregando a mercadoria. Assim que Esther desceu do carro, uma voz familiar ecoou pelo local.— Ué, por que não foi o Sr. Marcelo que veio? Agora é você, Esther? D
Esther já tinha ouvido falar de Marcelo e Sofia, mas Luiza? Essa situação era totalmente nova para ela.Enquanto isso, Luiza parecia imersa em lembranças do passado, seus olhos brilhando ao relembrar o que ela considerava momentos românticos e emocionantes.— Você nunca vai entender! — Exclamou Luiza, com um ar quase sonhador, como se estivesse revivendo o passado. — Marcelo me salvou, e foi amor à primeira vista! Eu jurei que, quando eu completasse dezoito anos, me casaria com ele! E ele... Ele prometeu que me esperaria, que se casaria comigo! Esse era o nosso acordo!Esther precisou de alguns segundos para processar o que estava ouvindo. Aquilo tudo parecia tão absurdo. “Ela só podia estar falando de algo que aconteceu quando era criança”, pensou Esther. Que tipo de adulto levaria a sério uma promessa feita por uma criança? E essa tal “promess” de Marcelo parecia, no mínimo, questionável. Era bem provável que Marcelo nem se lembrasse de Luiza. Afinal, ele havia salvado tantas pesso
Esther mordeu Luiza por puro instinto, tentando fazê-la desistir da briga. Contudo, ela estava muito perto da beira do cais. No momento em que Luiza balançou o braço, Esther perdeu o equilíbrio e caiu direto no mar. Enquanto despencava, sua mente não conseguia aceitar aquele fim trágico. Ela, que havia sobrevivido a tantas adversidades, não podia simplesmente desaparecer daquele jeito. Não se fosse para morrer, ela levaria Luiza junto.No exato momento em que começou a cair, Esther agarrou a outra mão de Luiza com força, levando-a consigo para o mar.As duas caíram na água ao mesmo tempo, fazendo as ondas espirrarem com força ao redor delas.Desesperadas, ambas lutavam para se manter salvas. Luiza gritava, em pânico:— Socorro! Socorro! Eu não sei nadar!O vento soprava forte naquela manhã, e as ondas estavam furiosas. Cada onda parecia maior que a anterior, subindo acima de suas cabeças e as arrastando cada vez mais para longe. Luiza, incapaz de nadar, se debatia em desespero. Seus g