Esther baixou a cabeça. Mesmo já tendo passado dos trinta, suas bochechas ainda se tingiam de um rubor tímido. Ela evitava encarar Michele, como se aqueles olhos pudessem penetrar a suavidade escondida em seu íntimo.

Percebendo a reação de Esther, com um tom terno, mas firme, Marcelo declarou:

— Não estamos aqui para exibir nosso amor. É apenas que eu sinto que devo muito a Esther. Hoje, tudo o que ela desejar, se estiver ao meu alcance, farei o possível para concretizá-lo.

Em suas palavras havia uma mistura de culpa e profunda afeição, quase como se ele estivesse, ao mesmo tempo, explicando a Michele e fazendo uma promessa a Esther. Mesmo diante de desafios que pudessem ir além de suas capacidades, ele se comprometia a dar o seu melhor.

Balançando a mão e sorrindo, Michele interrompeu:

— Já basta, vocês podem ficar à vontade, não precisam me explicar tanto.

Claramente, ela não queria mais ouvir as doces “obrigações” que Marcelo insistia em expor e, com um olhar carinhoso, voltou sua a